A noite havia sido mais agitada do que de costume, os sonhos de Prim perduraram toda a noite e nada que eu ou minha mãe fizéssemos fez com que seu medo passasse. Acho que é porque não estávamos passando tanta segurança assim, eu estava tensa por mim e por ela ,e minha mãe nem se fala ,só de passar na cabeça dela que nossos nomes poderiam ser sorteados ela já entrava em choque.

Acordamos bem cedo e minha mãe já havia preparado um pedaço de pão com queijo para cada uma de nós. Olhei para Prim que estava paralisada olhando seu pequeno e delicado vestido azul com branco que estava em cima de sua cama.Com um nó na garganta me dirigi a ela.

–Bom dia Prim! Ela virou pra mim com os olhos cheios de lágrimas e me abraçou. - Calma meu anjo, tudo irá ficar bem.

Minha mãe chega a porta e sem nos olhar , manda nós arrumarmos para não chegarmos atrasadas.Ajudei Prim a se vestir, ela realmente ficava igual a uma princesa com aquele vestido e seus sapatinhos brancos, enquanto me vestia vi minha mãe fazendo uma trança nos cabelos loiros de minha irmã e amarando as pontas com lindos laços. Comemos o pão bem devagar e em extremo silêncio uma olhando o rosto da outra, até que minha mãe se desmanchou em lágrimas. Nos abraçamos e então me dirigi a ela com um jeito duro mas necessário.

–Seja forte, não por mim mas pela Prim ela precisa de você!

Nos dirigimos a praça onde seria feita a colheita, a cada passo dado sentia o corto de minha irmã travando. Na hora de nos apresentarmos para a retirada de sangue e para dar o nome ,como todo ano é feito minha irmã não conseguia ir de tanto medo. Foi ai que lembrei do broche que meu pai havia me dado em minha primeira colheita.Peguei -o e entreguei a Prim

– Toma Prim agora ele é seu. O papai está com você , seja forte.

Ela o colocou e então foi ,sem ao menos olhar para traz , parecia que esse broche era mesmo uma fortaleza para nós. Eu nunca o tirava mas dessa vez era preciso o tordo que meu pai havia me dado agora era da minha irmã e eu tinha certeza que havia feito a coisa certa.

Aos poucos estávamos todos alinhados esperando começar o mesmo show de todos os anos da Effie. Vi o Gale de longe e acenei discretamente para ele , Prim estava um pouco a minha frente e estava totalmente imóvel. Effie então foi se aproximando do microfone. E começou com sua voz estridente.

– Bom Dia distrito doze sejam bem vindos a 74º edição dos jogos vorazes. Todos os anos a capital organiza esses jogos para nunca nos deixa esquecer do lendário massacre quartenário. Dois jovens de cada um dos doze distritos são escolhidos para representar com honra e bravura o seu lugar de origem mas, infelizmente um só saíra vitorioso da arena. Então sem mais delongas começamos a colheita da 74º edição dos jogos. Feliz jogos vorazes! E que a sorte esteja sempre a seu favor.

Quando ela termina o silêncio perdura pela multidão. Todos com medo olhando pra ela.

– Como sempre começaremos pelas damas..

Ela vai até o recipiente onde estão depositadas as fichas com o nome das meninas.

–Antes de falar o nome da queridinha que irá representar o 12 , devemos ressaltar que não é mais permitido se voluntariar para os jogos. Quem te escolhe é o jogo não você escolhe a ele.

Nos anos passados tiveram alguns voluntários que não teriam pelo que lutar por suas vidas e isso não era de total agrado para a capital, não dava tanta audiência como uma criança desesperada para não morrer.

–A escolhida deste ano é...Primrose Everdeen!

Na hora em que ouvi o nome da minha irmã sendo falado por Effie, o desespero tomou conta de mim e eu não consegui conter as lágrimas. Minha irmã não subiu de imediato então Effie a chamou mais uma vez

– Vem queridinha pode vir não precisa ter medo.. Primrose cadê você?

Então minha irmã em estado de choque foi andando escoltada pelos pacificadores. Na hora que vi minha pequenina em cima do palco não contive o meu grito.

– Nããããão! As lágrimas rolavam como pedra.. - A Prim nãoo!

Os pacificadores me contiveram e então tive que tentar me acalmar, corri para os braços da minha mãe como uma criança indefesa meu mundo havia caído eu não podia acreditar que a Prim aquela menininha tão ingenua iria para a arena.

–Então continuando a colheita veremos qual será o garotinho que irá juntamente com Primrose para essa edição dos jogos! Ela foi lentamente retirar o papel dos meninos.

–O escolhido deste ano é... Peeta Mellark.

Eu estava tão atordoada que não sabia quem era Peeta , não lembrava de sua feição ate que então vi aquele cabelo loiro reluzindo a luz do sol e seus olhos por incrível que pareça estavam fitados em mim ai me lembrei quem era o tal garoto sorteado..O seu pai tinha uma feição dura como se não se importasse e sua mãe nem a vi em meio a multidão.

–Palmas para os escolhidos deste ano!

Ninguém se manifestou então Effie e os mais novos tributos foram escoltados da praça. Como de costume a família tinha alguns minutos para se despedir. Fui correndo abraçar Prim que estava sem chão. Minha mãe não parava de chorar e dizer o quanto a amava, aquilo de certa forma era uma despedida porque não sabíamos se a veríamos novamente.

– Eu te amo Prim.. Nos duas falávamos isso sequencialmente , abraçando a forte.

Até que então entrou o pai de Peeta pela porta, me assustei quando ele se dirigiu a mim.

– Katniss, o Peeta quer falar um instante com vc!

Abracei Prim por um ultimo momento e enquanto me dirigia em direção a porta disse com lágrimas no rosto.

–Seja forte Prim, não tenha medo ele está com você.

Ela apertou fortemente o broche e balançou a cabeça em concordância.Fui direto para a sala onde estava Peeta quando abri a porta me espantei por não ter ninguém com ele.

– Você me chamou?

– Sim Katniss, entre. Sei que nunca nos falamos você nem deve saber quem sou mas...

– Eu sei quem você é..Sinto muito por você ter sido sorteado.

–Não sinta.. Está tudo bem, ninguém se importa! Mas não te chamei pra isso. Katniss eu queria te dizer que eu farei de tudo para que a Prim volte a salvo , eu te prometo que ela voltará bem. Sei o quanto ela é importante pra você e te garanto você não ficará sem ela.

As palavras dele foram as melhores coisas que eu poderia ter ouvido, alguém irá defender minha irmã. Não sabia o porque ele estava fazendo isso por nós, nunca havia sequer falado com ele, mas naquele momento estava indescritivelmente agradecida e havia depositado todas as minhas esperanças nele.Abracei-o em um gesto espontâneo e olhando em seus olhos disse

– Muito obrigada! Você não sabe como estou agradecida.

Um pacificador entrou e foi me puxando pelo braço enquanto eu ainda falava..

–Boa sorte Peeta, cuide dela pra mim!