POV Emm

-Será que já posso finalmente ter as minhas férias? – Perguntei em um tom brincalhão para meu chefe

-Férias? Que férias? Como se eu não conhecesse você. Tá pedindo férias mas vai ficar investigando a tal Mary Brandon não é? – Ele me falou batucando os dedos na mesa de mogno

-É. – Afirmei – Mas você não me dá outro tempo para eu investigar, então tenho de usar das minhas férias para fazer isso.

-Tudo bem Emmett. Quanto tempo você precisa? – ele me perguntou

-Quero gastar todas as minhas férias acumuladas. – Falei sério

-Como é que é? Mas isso…isso…são quase dois anos. Dois anos sem trabalhar? Você enlouqueceu? – Ele falou visivelmente irritado

-Na verdade pretendo gastar apenas metade das minhas férias. Preciso de um ano.

-Eu não te entendo. Porque você precisa de tanto tempo assim para caçar essa garota. Um peixe miúdo.

-Bom, pra caçar o peixe miúdo eu só preciso mesmo de dois meses… - Tentei falar mas logo ele me interrompeu

-Então para que um ano?

-Como eu ia dizendo…só preciso de dois meses pra caçar Mary Alice Brandon. Mas o resto do tempo eu quero aprofundar a investigação da morte do meu tio.

-Emmett. – Ele falou esfregando os dedos na têmpora – Esse caso já foi encerrado. Não há mais o que investigar. – Tentou me mobilizar

-Eu sei o que estou fazendo. E eu prometi a mim mesmo que resolveria esse caso. Além do quê eu tenho de procurar uma outra pessoa.

-Que pessoa?

-Uma mulher. Meu tio andava sustentando uma mulher. Uma amante ou namorada, talvez…

-E porquê é tão importante procurar por ela?

-Pode ser que ela tenha conhecimento de alguma coisa. Não sei. Eu preciso começar por algum sítio. – Falei seguro e meu chefe suspirou pesadamente deliberando o meu pedido de férias em suas mãos

-Tudo bem Emmett. Um ano. Vai ser uma grande diminuição para a empresa de forças, mas a gente aguenta. – Por fim concordou e eu abri um largo sorriso

-Obrigado. – Falei me levantando e cumprimentando ele com um aperto firme de mãos

Não levei muito tempo para partir para Dublin. O ponto de união das minhas duas investigações. Sim. Mary Alice morava aqui e meu tio tinha a amante aqui.

Já estava há dois meses em Dublin investigando e rastreando as contas de meu tio e a fuga da Brandon e estava próximo de resultados.

As investigações eram extensivas e intensivas mas com a ajuda dos meus contatos tudo se tornou mais fácil e rápido. Acedi aos números bancários de meu tio e consegui descobrir a conta para a qual ele fazia mensalmente transferências monetárias.

-Tem aqui os resultados. – John, um hacker meu conhecido, me falou

-Não. Não posso crer. Isso só pode ser brincadeira. Uma péssima brincadeira. – Falei aturdido

-O que foi? O que esses resultados determinaram

-A dona da conta que meu tio fazia transferência, é a mesma que eu ando investigando. A irmã de Aro. Mary Alice Brandon.

-Isso é mesmo sério?

-Você mesmo rastreou, me diga se isso é sério? – Perguntei

-Bom…minhas fontes são seguras…não que duvidar. Se é esse o nome que tá ai, então…mas pense, pode haver mais que uma Mary Alice Brandon em Dublin. Talvez seja melhor você investigar isso mais a fundo.

-Sim. Eu estou quase descobrindo para onde ela foi. Irei ter uma reunião com uma companhia de viação particular. Ao que parece, no dia em que ela fugiu ela tomou um jato. Estou próximo de descobrir para onde ela foi.

-Bom, parece que afinal suas investigações se tornaram numa só.

-É. Parece que sim. – Falei intrigado – Me veja se ela ainda mexe nessa conta. Pode ser que dê para rastreá-la através daí.

-Tudo bem. Quando eu tiver resultados eu te ligo.

-Ok. Brigada John.

Nessa mesma tarde fui até o aeródromo de Dublin falar com o cara que levou a Brandon para fora do país.

-Qual o seu nome?

-Gavin McConnor.

-Me diga Gavin, se lembra de transportar uma jovem moça no dia 25 de Abril depois das 23 horas da noite? – Perguntei e notei o homem limpar o suor que escorria em sua testa

-Eu…eu não vou ser acusado de cúmplice de crime nenhum, pois não? – Perguntou nervoso

-Se colaborar, claro que não. – Assegurei me assegurando também

-Bom…eu transportei sim uma jovem e bela moça nesse dia. – Confirmou

-Para onde? Ela lhe ameaçou com uma arma? – Perguntei diretamente

-Não, não. A moça me pagou uma nota alta para eu a transportar e manter o bico calado.

-Ele falou prontamente.

-Então não o ameaçou mas pagou. Tudo bem. Mas me diga para onde a levou.

-Sul de França. Mais precisamente numa cidade que faz fronteira com Itália. Só não sei se ela ficou por França e partiu daí para algum ponto da Europa, ou se foi para Itália. – Ele ponderou

-É. Mas isso faz parte do meu trabalho. Obrigado. Está dispensado.

Voltei para o pequeno apartamento que tinha alugado e me pus analisando os fatos. Mary Alice Brandon era o alvo principal da minha investigação e eu tinha dois grandes motivos para a apanhar. Um, era porque queria ela atrás das grades pelo assalto ao banco de Dublin e o outro, era porque eu queria e precisava entender o porquê de meu tio a ter ajudado durante tantos anos.

Despertei de minhas ideias com o celular tocando.

-Alô, Emmett. Olha, consegui rastrear o cartão. – John falou

-E então? – Perguntei ansioso me ajeitando na cama para me sentar com os pés no chão

-Tenho duas notícias. Uma boa e outra má. – Ele enrolou

-Fala logo cara. Não tenho cabeça para jogos.

-Calma, já vou falar. A má notícia é que ela já não usa a conta desde que ela deixou Dublin.

-Droga! – Resmunguei

-Espera, mas aí vem a boa.

-Então fala! – Me exasperei

-Nervosinho, hein. – Pegou e eu rosnei – Pronto, eu falo. A boa é que ela foi descuidada. Cancelou a conta de um banco em Itália, mais precisamente em Génova. – Ele falou e uma luz se acendeu no fundo do túnel

-Isso é excelente cara. Era a resposta que eu precisava ouvir. – Falei animado e festejando

-Precisa agradecer não. – Zoou

-Cala a boca, você tava devendo favores. – Peguei

-Tá, tudo bem. Você ganhou. E vai atrás da garota?

-Claro. Parto logo de madrugada. Quero chegar em Itália com o dia já alto.

-Então boa sorte.

-Brigado. – Falei desligando o celular

Peguei minhas malas e as fiz apressadamente. Peguei o primeiro avião que saiu para Itália em direção a Génova.

Nem esperei para descansar e comecei logo minhas investigações. Já que estava no aeroporto, para quê esperar?

-Oi, eu sou um agente da Interpol e precisava acessar aos vossos dados. – Falei assim que me trouxeram o gerente

-Claro. esteja a à vontade. Essa senhorita vai o ajudar. – Ele falou apontando para uma morena bem constituída e atraente

-Meu nome é Maria. – Ela falou cheia de charme e empinando o peito

-Prazer, Maria. Confira se Mary Alice Brandon viajou daqui entre os dias 25 e 30 de Abril. – Pedi me focando essencialmente em minha investigação

-Tudo bem. – Ela falou prestável e sorridente batucando rapidamente nas teclas do computador – Sim. Ela partiu daqui no dia 27 de Abril com destino aos Estados Unidos da América.

-Desembarcou em que cidade? – Perguntei triunfante

-Los Angeles. – Me certificou

-Excelente. Bom trabalho. Marque uma passagem imediatamente para o primeiro voo que saia para Los Angeles. – Pedi impaciente

Estava tão próximo de deslindar toda a verdade. Eu iria encontrar todas as respostas com ela. Com Mary Alice Brandon. Isso me deixava acirrado e nervoso.

O voo só partiria à noite, então tive tempo para descansar. Me arranjaram um quarto no próprio aeroporto e me avisaram assim que o voo estava prestes a sair.

Em poucas horas cheguei em L.A. agora a coisa se iria complicar. Com certeza ela utilizou o dinheiro por um bom tempo, como eu iria achar ela?

Não. Nada me era impossível e eu iria achar ela nem que ela estivesse confinada no mais obscuro dos recantos do fim do mundo. era tudo ou nada. E eu odiava ficar no nada.