POV Bella

Depois que Alice subiu para levar o café da manhã a Nessie não lembro mais nada. Apaguei geral na mesa do café da manhã.

–Ew Bella. Acorda, você tá babando tudo garota! – Alice rezingou me dando solavancos

–Ai, calma. Já acordei. – Murmurei sonolenta erguendo a cabeça da mesa tentando abrir os olhos

–Vai tomar logo um banho para te acordar de vez. Se vista porque nós vamos na cidade.

–Como? Se esqueceu que você emprestou o carro a Rose?

–Não, não esqueci. Eu mandei vir outro carro para a gente. Chegou há pouco.

–Outro carro?! – Exclamei entusiasmada

–Sim, mas esse já é velho. MUITO velho. É um Rabbit. – Falou pegando uma torrada

–Isso ainda existe? – Perguntei admirada

–Ande logo! – exigiu de olho arregalado demonstrando sua impaciência

Subi as escadas molenga e me tranquei no quarto. Assim que me livrei das roupas, me enfiei debaixo do chuveiro sobre a água gelada. Tratamento de choque, eu sei, mas eu precisava mesmo de acordar. Depois de uma ducha rápida, me enrolei na toalha e vasculhei meu closet em busca de uma roupa. Olhei para a janela e constatei que o dia estava ensolarado. Decidi então vestir uma bermuda azul clara e uma bata levinha em tons de turquesa. Calcei umas sapatilhas à marinheiro, amarrei meu cabelo num coque mal feito e peguei minha bolsa a tiracolo preta. Desci as escadas e não encontrei ninguém no andar de baixo. Fiquei vasculhando até que uma buzina desafinada ecoou do lado de fora.

Corri para fora de casa e meu queixo caiu ao ver aquela lata velha parada à porta de minha MANSÃO! Isso é vergonhoso, Deus. Inspira, expira, inspira, expira. Vamo lá Bella, você consegue.

–Até que enfim, a gente não aguentava mais esperar. - Nessie reclamou.

Eu não digo que ela tá ficando igualzinha à Alie! Cruz credo. Eu encolhi os ombros e me deitei na parte de trás, colocando os meus pés do lado de fora da janela.

–Vai perder as sapatilhas assim. – Alie me avisou e eu coloquei os fones nos ouvidos, ignorando os protestos dela

Sim, estou numa fase atrasada de aborrecência. Mas eu virei mulher cedo demais. Quero aproveitar agora aquilo que eu não pude ser, né!

Nem dei pelo tempo passar e logo estávamos em frente a uma enorme universidade.

–Viemos nos matricular? – Perguntei aborrecida

–Sim. Você não estava à espera de ficar de papo para o ar para sempre, né. – Alice respingou

–Não claro que não. Só não contava que fosse tão rápido. – Murmurei absorta na imensidão daquele prédio

–Você não está entusiasmada? – Nessie me inquiriu

–É…acho que não muito…sabe. Eu escolhi seguir enfermagem, porque…porque…não sei porque. – Respondi sincera

–Não sabe? – Alice me perguntou pasmada

–Não. – Confirmei desconsolada

–Mas…quando a gente perguntou o que você queria fazer você parecia tão decidida. – Alice falou sem entender

–E eu estava…porque naquela altura eu lembrei de minha irmã e senti um enorme orgulho…mas agora, pensando bem…eu não sei se levo jeito para isto.

–Bom, não custa nada tentar…se você gostar, continua nesse curso…se não…tem muitos outros para você escolher. – Alice falou condescendente

–Obrigada por não brigar comigo.

–Que nada Bella. É compreensível essa sua indecisão. Agora vamos lá.

Seguimos as duas pela grandiosa entrada até chegarmos numa sala com uma placa enorme indicando que era ali a secretaria. Alie tomou a minha frente e Nessie a acompanhou tomada pela curiosidade dos procedimentos. Eu me joguei no sofá ainda com sono. Puxa, acho que me drogaram e eu não dei conta. Minutos longos se passaram até que elas vieram ter comigo.

–Você já está matriculada. – Alice falou

–Olha, está acontecendo uma palestra interessante sobre beleza e estética. É um tal de Damon Salvatore, um cirurgião plástico, que está dando a palestra. – Nessie falou lendo um panfleto rosa com a foto de uma mulher nua e perfeitamente delineada como fundo

–Parece interessante. – Falei pegando o panfleto das mãos e lendo os subtemas

Me dirigi até o balcão e pigarreei para chamar a atenção da atendente.

–Desculpe, poderia me dizer onde está acontecendo a palestra do Dr. Salva…Salvatore. – Confirmei o nome olhando de novo para o panfleto

–Você é nova aqui, não é? – a senhora presumiu e eu assenti – Vou pedir para que alguém a acompanhe até o prédio que está decorrendo a palestra, pois é bem provável que se perca e só chegue lá no final. – A senhora falou divertida chamando pelo telefone algum funcionário – aguarde um pouco. – Ela pediu indicando os sofás

–Então você vai mesmo ficar? – Alie me perguntou ajeitando a alça da bolsa no ombro

–Vou sim.

–Então tá. Eu vou na High School matricular a Nessie e depois vou ver se acho jeito de arranjar emprego. Não posso sobrecarregar Rose. – Falou desgostosa

–Ok. – Me despedi das duas e as vi sair da secretaria

Me joguei nos sofás de novo e esperei que alguém aparecesse para me encaminhar até a palestra. Logo um senhor de uma idade já avançado mas com umas feições muito simpáticas chegou e me pediu gentilmente que o seguisse. Andamos por vários corredores, entramos e saímos do prédio diversas vezes, subimos e descemos escadas, até por fim chegarmos ao gigantesco anfiteatro. Juro que fiquei zonza com esse caminho e pode crer que não me recordo de nada desde que sai da secretaria. Agora como eu vou voltar? Ah, simples, é só seguir o resto do pessoal.

Desci as escadas e me sentei numa das cadeiras das filas centrais. Foi quando prestei atenção no palco que meu queixo caiu. Nossa. Esse é que é o Salvaterra?? Que GATO! Pensei que fosse algum velho babão que vem falar de mulheres e que baba só de falar. E vocês acham que eu prestei atenção a alguma palavra que melodicamente saiu daquela boca gostosa? Não né! Inclinei meu corpo para a frente e apoiei minhas mãos e cotovelos sobre o banco da frente e em seguida pousei meu queixo sobre as mãos. Fiquei assim por tempos infinitos, apenas vislumbrando aquele DEUS!!

Quando dei por mim a sala estava vazia e eu continuava na mesma posição. Vocês devem estar se perguntando como eu acordei do transe. Então pasmem e se roam de inveja. O gostosão Salvaterra veio até mim me acordar. Eu sei que posso! Ok. Parei. Ele tá falando prea mim e eu não tô escutando nada.

–Oi? Ahn? – Perguntei aluada

Ele soltou uma risadinha gostosa que me fez voar longe. Foco, Bella, FOCO!

–Perguntei se gostou da palestra? – Falou me olhando com aqueles olhos cor do céu tão deslumbrantes

–Muito. – Enfatizei a palavra e depois cocei a cabeça sorrindo timidamente – Na verdade…não prestei atenção em nada. – Sorri tímida

–É. Eu notei. Todo mundo já saiu e você continua aqui olhando para o palco como se a palestra ainda estivesse decorrendo. – Ele falou dando uma pequena olhadela para o palco e voltando a me olhar

–Droga!! Estou perdida! – Falei me levantando abrutamente e percebendo que não tinha ninguém para eu seguir de volta à entrada da universidade

–Perdida? Posso ajudar? – Ele perguntou confuso

–Estou presa na universidade! – Falei quase me pânico só de me recordar de todos aqueles, sobe e desce, entra e sai, corredores e mais corredores

Juro que me senti perdendo a cor e a esperança. Será que eu vou mofar aqui?

–Ei. Estou falando contigo? Você está bem? Está pálida! – Perguntou preocupado

–a gente está preso aqui. A gente vai morrer aqui. – Falei num fio de voz me segurando aqueles braços firmes

.Você pode por favor me explicar o que tá acontecendo! – Ele me pediu começando a se desesperar também com o meu desespero

–Eu…não…sei…o…caminho…de…volta… - Falei arfando descontroladamente

O tal de Salvaterra caiu numa gargalhada estridente e bufou de alívio diversas vezes.

–Garota, você é muito irada…você…tá pensando…que vai…morrer aqui…só porque…não sabe…o…caminho…de volta. – Falou entre gargalhadas se apoiando em mi para não rolar no chão de tanto rir

–Isso é sério tá! – Bravejei tremendo de pavor de só encontrarem meu corpo daqui a trocentos anos

Ok. Eu estou sendo dramática demais…exagerada demais…mas dá licença! O papel é meu tá. Eu que sou a Bella, eu que decido como vou reagir…ok, tô pagando um mico enorme na frente desse gostoso pra caralho…mas será que eu posso me fazer de donzela indefesa uma vez na vida? Quero que ele seja meu salvador, Salvaterra…é isso, bem parecia que não era esse o nome dele. Salvatore. Salvador em italiano. Nossa, nem parece que eu vim de lá. Acho que a droga que me deram era das brabas!

Ele olhou para a minha cara e percebeu que eu não estava de brincadeira.

–Tudo bem…isso é sério. – Falou contendo uma nova risada – Mas não se preocupe, eu sei o caminho de volta…você não vai mofar aqui, ok? Palavra de Damon Salvatore. – Falou erguendo a mão em sinal de promessa

–Ok. Eu vou confiar em você. – Falei olhando ele de lado como quem tá com uma pontada de desconfiança

Ele me fez um gesto de cedência de passagem em meio a uma espécie de vénia. Não consegui deixar de suspirar com tamanho cavalheirismo e isso o fez gargalhar mais um pouco. Claro que eu corei brutamente. Fomos em silêncio o resto do infinito caminho até a entrada principal da universidade.

–Pronto, está entregue. – Ele falou parando bem na saída da Universidade

–Muito obrigada. – Falei ajeitando uma mecha do meu cabelo pra trás da orelha, que se tinha soltado do coque, com o vento – Puxa, já está de noite? – Falei admirada

–É. Escurece muito…à noite…por estas bandas. (N/A: Citação da Holly no filme “P.S. I Love You”) – Ele falou desconcertado e eu tive de rir um pouco

–Bom, então…eu vou indo… - falei começando a descer as escadas

–Espere…você ainda não falou seu nome. – ele falou me segurando por um braço

–Bella. Anabella Swan. – Me apresentei com um sorriso torto nos lábios

–Prazer conhecer você, Bella. – Ele falou e eu voltei a descer as escadas – Espera…você não quer saber o meu nome? – Ele perguntou

Mais uma vez eu tive de gargalhar. Era impressão minha, ou ele estava ficando sem jeito? Logo eu peguei o panfleto da palestra e apontei para o nome dele que estava escrito em letras garrafais. Ele abriu um largo sorriso e enfiou as mãos nos bolsos das calças, recolhendo os ombros em um gesto encabulado e fitando o horizonte por segundos.

–Então nos vemos por ai…Bella. – Ele falou descansando os ombros para parecer confiante

–Nos vemos por ai. – Assenti me despedindo com um aceno leve para ele

Caminhei pelas ruas de Forks pensando insistentemente naqueles faróis azuis encarando os meus simples olhos verdes. Me vi perdida.

–Perdida? – Ouvi uma voz falar pra mim

Olhei para o meu lado esquerdo e vi um Volvo prato andando bem devagar do meu lado, acompanhando o ritmo dos meus passos.

–Passeando. – Falei indiferente puxando pela cabeça para lembrar de onde eu conhecia aquele cara

–Não tá lembrada de mim, pois não? – Ele falou como que lendo meus pensamentos

–Sinceramente…não. – Falei mordendo o lábio inferior embaraçada

–Edward…Edward Cullen…Filho de Esme… - Me elucidou

–Isso…eu sabia que sua cara não me era estranha. – Falei fazendo um clique com os dedos

–Está indo para casa?

–É estou…

–Se quiser eu te dou carona. Tô indo pra casa também.

–Oh, ótimo. Assim não tenho de ir naquela lata velha. – Murmurei vislumbrando encantada o belo carro de Edward

Entrei no carro e me apressei a mandar um torpedo a Alice avisando que já estava indo para casa e que não era preciso ela me vir buscar. Assim que guardei meu celular, percebi Edward me olhando fixamente.

–Que foi? Tenho a boca suja? – Perguntei me olhando no espelho do carro

–Não. – Ele sorriu pelo nariz

–Então? – Perguntei confusa

–Nada…é que…você é linda demais. – Ele confessou e automaticamente eu corei

–Ok. – Respondi me encolhendo no banco e encostando minha cabeça no vidro – Falta muito para a gente chegar? – Perguntei num sussurro

–Não. Mais 10 minutos. – Ele esclareceu sorrindo de novo

Só espero chegar a tempo de beber muita água. Não tô a fim de ficar seca.

Ed-Bella-Damon

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Damon

Edward

Emmett

Jacob

Jasper