Capítulo 8 - Baile maldito

Capitulo 8- Baile maldito

‘’A vida é um grande baile de máscaras e cabe a nós desvendar o que tem atrás de cada máscara’’

Rafael Cruz

Eu estava prestes a dormir afinal amanhã seria a droga daquele baile totalmente sem sentido, quando ouvi uma batida estridente na porta, senti-me na cama prestes a levantar quando alguém entra no meu quarto, sem pedir ao menos licença, era Aron, ofegante e estranho.

–Aron mais o que?... – Senti ajeitando meu cabelo.

–Dile, quero te ver só isso. –Disse ele entrando indo em direção a minha cama sentar ao meu lado.

–Mais uma crise de imortal do tipo: Ser ou não ser eis a questão? – eu disse desviando o olhar dele não agüentava aqueles olhos verdes me matavam.

–O que? É algum tipo de sarcasmo mundano? –ele perguntou virando para mim a fim de encontrar meus olhos que ficaram vidrados e pousados em armário.

–Esquece. – Falei.

–Porque você está assim? – disse ele pegando na minha mão exigindo mais contato, eu não conseguiria negar.

–Porque somos todos pecadores-ele tentou me interromper arregalando os olhos e fazendo um ruído- afinal não sei que sentimento que nutre por mim se é que nutre algo...

–Dile, eu te amo, não sei se eu disse alguma vez mais digo agora eu te amo. –interrompeu-me.

–...Aron não me ame, por favor, eu não presto para você, não posso ser egoísta.- Tarde demais minhas lagrimas já estavam caindo.

–O que está dizendo?- Disse ele desesperado para me tirar essa dor.

–Estou dizendo que meu coração está dividido em dois, se é que isso é possível, Aron eu te amo e quando estou contigo é só você e quando não estou também é você, porém é ele também. – Disse com dor no olhar morrendo por dentro.

–Dile você ficou com aquele Santori maldito? Dile por quê? – Disse ainda me abraçando me acolhendo naquele peitoral liso e duro, porém firme e acolhedor, pude sentir o cheiro de Aron um que só ele tinha e que ninguém mais poderia ter, não sentia seus batimentos.

–Sim, Aron, e eu com medo de você.

–O que ele fica lhe dizendo? Dile posso, não ser aquele mortal maravilhoso até porque não sou um mortal e não sei ser um, meu instinto é matar vocês não amá-los, mais eu sinto que você não é apenas uma mortal, e mesmo assim eu sinto isso por você eu a amo, amo como nunca amei ninguém, e Santori é um moribundo mentiroso Dile ele quer te iludir, acredite em mim.

Nessas horas já não sabia quem me dizia a verdade.

–Aron me diga sobre você, me diga o que é o que foi só um pouco. – O peguei de surpresa mais estávamos deitados e abraçados, esperando minha dor e confusão amenizar.

–Minha vida mundana? Ou imortal?

–Todas as vidas que tiver.

–Ok. Irei começar pela minha vida mundana e assim fluindo: ‘’Nasci em Londres em 1603, eu era de uma família simples, trabalhava o dia inteiro para sustentar meus irmãos e minha família, eu era o filho mais velho de três irmãos: Jonas, Erick e eu, e desde cedo tive que aprender a ser um homem, era um filho honrado e minha família viva bem apesar da simplicidade, 1623 eu tinha já 23 anos e naquela época já era um homem, um dia eu indo ao campo conheci uma mulher muito bonita e encantadora o nome dela era Isadora, ela tinha os cabelos louros e um olho muito misterioso, ela me encantou e quando vi estávamos noivos prestes a nos casar, ela parecia ser a esposa perfeita, enquanto meus amigos reclamavam de suas mulheres eu pensava na sorte que tinha em ter Isa ao meu lado, ela tinha um sorriso suave e macio, era amável, e uma semana antes do nosso casamento, eu estava indo comprar algumas coisas para o preparativo e meu irmão Jonas – o do meio- estava extremamente doente, quase morrendo seus olhos estavam de sua coloração natural azul escuro, para um azul cego, pálido como lepra e suas veias saltavam, ele tentava comer mais vomitava tudo e os médicos não sabiam o que havia com ele, até que depois de uma semana ele estava corado e perfeito, apenas não conseguia mais sair no sol, ele chorava e ardia e assim sumiu e Erick o meu irmão caçula- Erick é meu irmão e não nos damos muito bem até hoje- contraio a mesma doença e nisso me passando também, meu relacionamento com Isadora já havia ficado cansativo e sem amor, agora ela era diferente me maltratava, e gastava todo meu dinheiro em jóias e roupas e eu sem condições para me recuperar fui largado na rua, ela roubou todo meu dinheiro e tentou me matar incontáveis vezes, e quando fui descobrir que era ela uma prostituta que dava vários golpes do gênero, eu sem casa e moribundo com aquela doença desconhecida, fui para a floresta para morrer, mais quando acordei fui salvo por Erick que agora estava belo com os olhos violetas sobre naturais e cabelos extremamente castanhos ele parecia com Minha mãe e eu com os dois tínhamos os olhos verdes de meu pai e o cabelo negro de minha mãe e já Jonas nunca mais foi visto Jonas não se parecia com nenhum de nossos pais ele era louro com os olhos azuis glaciais, enfim, descobri minha natureza, eu não comia mais e só pensava em matar e foi o que eu fiz- eu e Erick- nos matávamos sem piedade á qualquer que nos aparecesse, então a pequena aldeia já estava começando a desconfiar, enterramos os corpos na montanha para que ninguém visse, pois achavam que a montanha havia uma peste- enfim me mudei para Veneza e lá continuávamos então, Erick gostou de uma mulher- Eleanor - eu achei que ele deveria gostar dela e então já preparado o deixei, ele não me perdoou até hoje o que me causa arrependimento, e depois havia uma associação de magia que sabia da existência e nos queria enviar para de onde éramos, eu cansado e com uma vida tediosa aceitei, então os mundanos e os imortais mais para frente fizeram um pacto, eu vim para esse mundo e fui condenado sem mesmo saber quem eu sou direito até hoje, e então encontrei você Dile, eu a observei toda minha vida, você colhendo rosas nos campos da França, você uma criança sem medo mexendo em meus cabelos em minha primeira visita, em sua adolescência cujo não passou muito bem, mais eu tinha ciúmes e a protegia de cada pessoa que a quisesse, tanto machucar quanto amar e quando vi você a linda e especial garota agora uma mulher de 19 anos lembrei o que era amar e quando vi que retribuía meu coração se cortou afinal, eu sou condenado eternamente, mais não deixarei que você seja, acredito que temos varias chances e vidas e nessa eu não falharei, eu te amo Dile.’’

–Aron... Eu te amo desde a primeira vez que o vi, o via em tudo nos sonhos e nos lugares mais bizarros, porém meu coração é seu desde o momento que nasci. –Ele riu e selou meus lábios lenta e calmamente e o abracei mais forte.

–Dile eu não ti amo por amar, eu te amo por tudo, pelo que você é, sempre com seu humor negro, com sua compaixão e um pouco de loucura é isso que me faz amá-la, é você.

–Me perdoa Aron eu te amo também, te amo mesmo sendo ranzinza, mesmo sabendo de muitas coisas e sendo muito velho – eu e ele rimos- eu te amo por tudo, me desculpe.

–Me perdoe Dile. – e desta vez eu tomei a iniciativa o beijei e ficamos parados apreciando o rosto um do outro como se quiséssemos guardar cada detalhe.

Na manhã seguinte quando acordei Aron já havia ido, e tinha um bilhete escrito:

‘’ Among all women in the world, all the decades you forever will be the most beautiful and fair, love you up in english ‘’

–Aron

(tradução: Dentre todas as mulheres do mundo, de todas as décadas você eternamente será a mais bela e formosa, te amo até em inglês.)

Eu sorria bobamente, aquele sorriso que só ele conseguia me deixar, enfim era o baile, foi um dia estranho, tive que experimentar vários vestidos com Eleanor que no final escolhei preto cheio de brilho dourado, era bem bonito mais não estava a fim de me vestir e ficar igual uma princesa gótica.

O que garotas comuns pensariam: Ai, um baile com caras lindos!

O que eu penso: Cacete! Como vou fugir dessa... O resto da frase foi censurada por mim mesma, enfim eu sai, Eleanor me maquiou e estávamos conversando:

–Você se acertou com o Erick? –Perguntei a ela.

–Sim, Dile e você e Aron? –Me questionou com malicia.

–Não sei, eu o amo e ao mesmo tempo o odeio. - eu disse e ela estava terminando meu penteado.

–Bem vinda ao meu mundo, Pronto! Esta linda! – Disse ela me olhando no espelho.

Nós saímos do Louvador, afinal já estava na hora, eu estava andando no corredor iluminado com Eleanor que no final ficará estreito e escuro, havia a direita e a esquerda e o centro, Eleanor entrou e foi encontrar Erick uma mão forte puxou meu braço para a esquerda eu ia gritar mais a mão tapou meus lábios, não sabia de quem era o corredor estava extremamente escuro, mais me disse:

–Dile é o Leo, sim amor faz tempo que não á vejo, mais vou te dar uns avisos: primeiro a Isadora voltou ela é uma vadia e não ligue para o que ela fizer, segundo escolha com sabedoria, terceiro tome muito cuidado, quarta, estarei com Antony na janela principal se precisar de algo seja sutil, quinta tome esta chave e se precisar volte pra casa, sim eu sei sexta essa conversa nunca existiu ok?

–Ok Leo, você é um amigo muito especial – O abracei, senti a sua surpresa de começo mais depois ele retribuiu com afinco.

–Oh princesa, vá lá. – ele me empurrou para sala e eu entrei parecia o centro das atenções havia muitas faces pálidas e a maioria estranha para mim, umas até conhecidas, os vampiros sensuais e misteriosos trajando roupas bonitas e sofisticadas, mais o meu centro de atenções era Aron, ele estava mais lindo que os dias comuns, um smoking preto e sob medida, uma gravata dourada borboleta, uma camisa branca, lindo demais eu com meu vestido muito bonito também, eu estava com um vestido da cor da família Cisplen, e meus cabelos estavam soltos e bonitos, mais quando vi aquelas belas vampiras me senti inferior de certa forma, Aron ia vindo em minha direção, quando foi parado drasticamente por uma linda vampira com um vestido que deixava à costa inteiramente nua e muito roxa, seus cabelos louros escuros em ondas sensuais e seus lábios brilhosos e rosados, depois disso tudo foi um flash, ela segurando na lapela do smoking ele surpreso e com os olhos cheios de ódio e repulsa, ela forçou o pulso de Aron que saia daquele aperto, então o beijou ele querendo sair daquele sufoco e até desesperado, ela olhava para mim e sorria com deboche, e quando vi uma lagrima rolou de meu olho e estava esporando ela e dei-lhe um tapa que fez sangrar seus lábios grossos, ela se recompôs e me olhou com incredulidade seu olhos negrosm estavam com muito ódio então ela disse:

–Imunda... –E pulou em mim, mas foi contida por Leonard e Antony, suas presas estavam expostas, Aron incrédulo e parado, estava em choque e surpreso demais para tudo aquilo, de repente como algo indescritível, eu senti queimar, queimar dentro de mim e aquilo ira insurgir para fora então eu não estava mais lá, eu via uma garota com o vestido queimando aos poucos e aquelas marcas de fogo rasgando sutilmente sua pele branca em marcas de mais brancas ainda como neve e mármore, e aos poucos seus olhos não eram mais seus, eram tomados pelo dourado que queimava-a toda a deixava ebulir, ela queimava era fogo no gelo, seus cabelos castanhos ficaram com pontos douradas e pareciam flutuar, de repente eu voltei, e essa garota era eu, uma sensação indescritível e estranha e quando voltei Aron me olhava admirado e estava do meu lado, e todos se afastaram inclusive Isadora, que agora se movimentava lentamente para trás e o salão ficou todo mudo e devastado, a barra do meu vestido queimou e meus cabelos continuavam mais dourados nas pontas, então corri, corri como nunca e escorreguei em meu vestido, Aron corria atrás de mim, mais continuei, meu vestido rasgou e mesmo assim corri e quando percebi que a pulseira que Nick me dera tinha se quebrado toda e estilhaçado no chão e Aron gritava:

–DILE! DILE! PELO DIABO! DILE! NÃO FUJA DE MIM DE NOVO! – Ele parou seus cabelos emaranhados e pelo corredor se ajoelhou eu parei e ele sussurrava:

–Por Deus Dile, por qualquer coisa, não fuja de mim.

Aproximei-me e ele sibilava e dizia:

–Quando era criança fugiu de mim, e agora foge de novo, sim sou um monstro mais não para você, para você sou Aron, apenas um simples... Nem eu sei o que sou imortal, sou extra-humano, sou um condenado...

–Aron, você é meu, você é desigual como eu, mais agora eu te encontrarei na Terra no mesmo lugar em que ti vi pela primeira vez, e você estará lá comigo, eu te amo todos os dias da minha vida e isso é meu castigo e meu pecado, me perdoe, me perdoe, saberá onde eu estou, tome. – Selei os lábios dele ele continuou parado apenas me ouvindo e coloquei minha corrente em seu pescoço ele sorriu e uma lagrima saiu de seus olhos onde beijei e ele me deu um anel e sussurrou:

–Era de minha mãe, e ela disse que a mulher que eu desse esse anel seria a mais feliz e que saberia onde encontrar o amado. – Disse ele sorrindo e passando a mão em meus cabelos.
–Aron, encontro você com ou sem anel, eu te amo, agora vá e diga que eu fugi, e viva, viva e me encontre, até mais meu amor. –Eu fui sem olhar para trás porque me cortaria mais ainda, ele se recompôs, colocou sua armadura e foi.

Joguei a chave no chão, recitei cada palavra e elevei meus pensamentos um portal estranho e difícil de descrever se abriu, e eu cai nele...