Já em casa fiquei pensando em um futuro com Peeta: ele irá me trazer segurança, mas realmente não podia me proteger se alguém me sequestrasse. Ele irá me trazer tranquilidade, mas não podia trazer para sempre. Ele irá quer passar todo o tempo comigo, mas não podia, ele tem que cuidar da padaria. Ele irá querer ter filhos, mas eu não vou poder realizar esse sonho.

Fiquei triste com a esse pensamento. Se ficarmos juntos, Peeta irá querer ter filho e eu não vou poder dar isso a ele. Não que eu não tenha curiosidade de saber como o bebe se desenvolve dentro de uma barriga e sentir ele se mexer, mas eu tenho medo. Medo que tudo volte como era antes. Não iria suportar ver meu filho passar pela mesma coisa que eu passei.

Alguém bateu na porta me tirando dos pensamentos. Fui até lá e abri. Haymitch estava para em minha frente. Ele parecia sóbrio e fiquei feliz por ele esta assim.

–Haymitch! Que surpresa. –disse eu- Entra.

Disse eu e Haymitch entra. Logo ele já estava sentando no sofá.

–Obrigada. –disse ele.

–Bem, o que veio fazer aqui? –perguntei curiosa.

–Bem, eu só vim trazer uma noticia. –disse ele calmamente- A Effie virá fazer uma visita ao Distrito 12.

Uma enorme onde de felicidade me invadiu. Mesmo não gostando tanto da Effie, eu tinha um enorme carinho por ela. Ela me ajudou muito na época que fui para a arena. Nunca vou poder agradecê-la da forma certa.

–Que ótima noticia, Haymitch! –disse eu sorrindo- Quando ela vira? Quanto tempo irá ficar? Onde vai ficar? Na sua casa?

–Calma Katniss. Ela irá vim depois de amanhã, na quarta. E irá ficar apenas uma semana. E irá ficar em minha casa. –explicou.

Na casa de Haymitch? Que estranho, pensei.

–Quem bom. Não vejo a hora de vê-la. –disse eu com sinceridade.

–Bem, eu vou voltar para minha casa. –disse e levantou- E conte a novidade ou garoto. Ele também irá ficar feliz.

Depois de dizer isso ela se foi. Fiquei pensando se era uma boa ideia contar isso para Peeta hoje. Delly estaria lá e ... Não seria muito legal. Por mais que eu quisesse ficar perto de Peeta, eu não irei lá. Vou deixar os dois a sós.

Sei que o que eu estou pensando é meio bobo, porque Peeta gosta de Delly apenas como uma amiga. Mas o jeito deles parece que sentem algo a mais que amizade e isso me incomoda de certa forma.

Resolvi dormi, mesmo estando cedo. Não queria ficar acordada fazendo nada. Fui para meu quarto e fui dormi esperando não ter pesadelos...

Estava tudo escuro. Não enxergava nada além da escuridão. Andei com cuidado até que uma forte luz iluminou o lugar onde eu estava. Percebi que estava na mansão do Presidente Snow. Eu não sabia por que eu estava naquele lugar. Por que logo ali? Não fazia sentindo alguma. Andei na esperança de encontrar alguém e logo me arrependi profundamente de ter dado qualquer passo. Peeta estava preso pelas mãos. Duas cordas grossas amaravam as delicadas mãos de Peeta. O que estamos fazendo nesse lugar?

Foi então que entrou dois pacificadores e começaram a distribuir socos no corpo de Peeta. Corri para alcança-lo, mas fui impedida por dois braços segurando minha cintura. Quando me virei vi Gale. Por que ele esta me segurando?

Foi ai que aconteceu. Mais pacificadores entrarão e começaram a me bater. Escutei Peeta dizer:

–Morra sua bestante! –disse ele e ouvi dois tiros.

Meu coração parou no mesmo momento ao ouvi os tiros. Procurei por Gale, mas ele não estava mais lá. Apenas ouvi a risada gelada do Presidente Snow.

Acordei chorando, gritando e ofegante. Mais um pesadelo com Peeta. E o mais estranho foi a presença de Gale. Não entendi nada desse pesadelo.

Ainda chorando levantei e fui até a cozinha beber um copo de água para me água para me acalmar. Acalmei-me um pouco e me perguntei por que Peeta não veio para minha casa. Sempre achei que se ele um dia me escutasse gritar viria ver como eu estava.

Então eu lembrei que Delly está lá e ele não pode deixa-la sozinha. Delly sempre estraga alguns momentos, mas não sinto raiva dela. Ela esta me mostrando que eu realmente perdi o Peeta. Para sempre.

Tentei dormi novamente, mas não seu. Então fiquei acordada até amanhecer. Até os primeiros raios de luz entrar no meu quarto.

Assim que tive coragem de levantar, fui tomar um banho para relaxar. Assim que saí alguém bateu na porta. Vesti-me rapidamente e fui abrir a porta. Peeta estava segurando alguma coisa em sua mão e com um sorriso no rosto. Retribui o sorriso e fiz um sinal para que ele entrasse.

–Obrigada. –disse assim que entrou- Trouxe alguns pães para você.

–Obrigada. Eu não sei cozinhar mesmo, então iria morrer de fome. –disse eu rindo. Ele me acompanhou.

–Onde esta Greasy Sae? –perguntou.

–Eu pedi para que não viesse mais. Eu disse para ela descansar e que sei me cuidar sozinha. -disse eu.

Na verdade, Greasy Sae não vem mais por conta própria. Ela achou que eu deveria viver por conta própria, então parou de vim.

–Ahn. –disse ele sentando.

Foi então que eu lembrei que Haymitch me pediu para dizer para Peeta que Effie irá vim.

–Peeta, Haymitch me pediu para te dizer que Effie irá vim amanhã. –disse eu esperando a reação dele.

–Que ótima noticia! A melhor do dia. –disse ele sorrindo- Ela irá amar ver como a padaria esta ficando.

–Ela irá sim. –eu me lembrando da padaria- Peeta, você irá para padaria agora?

–Sim, estou indo. Por quê? –perguntou confuso.

–Posso ir com você?

–Claro que pode. Será ótimo ter mais ajuda. –disse ele sorrindo- Vamos indo?

Assenti com a cabeça e fomos a direção a obra da Padaria Mellark. A padaria estava mais evoluída do que a ultima vez que a vi. Estava apenas faltando o telhado. Peeta disse que em breve começará a pintura.

–Aposto que essa é a parte que você mais gosta. –disse eu de repente.

–Com toda certeza. –disse ele alegre- Mas ainda irá demorar um pouco, infelizmente.

–Que pena. –comentei.

Ele assentiu e me guiou até um lugar onde estavam seus novos funcionários e me apresentou a eles. E como esperado, todos já me conheciam. Eu ainda não estou acostumada a todas as pessoas me conhecerem todo tempo.

–É um prazer conhecer pessoalmente a Katniss Everdeen! –disse Elliot o funcionário de Peeta.

Fiquei um pouco sem graça. Acho que todos perceberam e deram um risinho.

–Espero que não se arrependa de ter feito isso. –disse eu brincando.

Todos deram mais risadas, inclusive eu. Eu não me lembrava de mais como era sorri de verdade. Não lembrava o que era esta feliz. E Peeta estava me trazendo isso. Ele estava fazendo o que eu esperava. Ele estava me trazendo a felicidade novamente.

–Não irei mesmo. –disse ele.

Depois que nós conversamos um pouco, Peeta me arrastou para fora da padaria e fomos para um lugar mais afastado de todos. O lugar não era muito longe da padaria, mas também não era muito perto.

–Obrigada por vim, Katniss. -disse ele- Você até sorriu. Coisa que eu não vi você fazer mais.

–De nada, Peeta. –disse eu sorrindo- Realmente eu mais nunca ri como hoje. Obrigada.

Eu estava mesmo sendo sincera. Não iria mentir para Peeta. Não agora quando não tem câmeras nos vigiando. Eu devo dizer apenas a verdade.

Então ele segurou minhas mãos delicadamente e olho nos meus olhos. Seus olhos azuis estavam bem vivos, como o azul do mar. Senti uma sensação estranha, era medo e nervosismo ao mesmo tempo.

–Katniss, eu queria te dizer... –disse e logo foi interrompido por alguém gritando o seu nome.

Ele soltou minhas mãos rapidamente e olhou para a direção que alguém gritou. Lá estava Delly vindo em nossa direção. Ela estava com um vestido vermelho que batia nos joelhos. Seus cabelos louros estavam solto e o vento que batia o fazia voar.

E nesse momento senti inveja. Ela era do jeito que todos os homens queriam que todas as mulheres fossem. Mas eu não sou assim. Visto roupas básicas e uso uma trança o tempo todo.

–Delly. –disse Peeta assim que ela se aproximou- Aconteceu alguma coisa?

–Ahn, não. Apenas querem falar com você. –ele me olhou e olhou para Peeta novamente.

–Claro. Já estou indo. –disse e Delly ficou parada olhando para ele.

Decidi ir embora, mas quando eu me movi Peeta disse:

–Pode ir Delly. Já estou chegando lá. –disse em um tom quase impaciente.

–Claro. –disse com uma voz tímida e saiu.

–Bem, eu já vou indo também. –disse eu me virando.

–Katniss, espera! –disse Peeta e eu virei novamente para ele- Eu... Posso ir à sua casa? Depois que eu terminar aqui, é claro.

Não tinha o que falar. Ou pelo menos eu não conseguia falar. Então, assenti e sorri para ele. Fui andando sem olhar para trás.

Já à noite, eu tive uma ideia brilhante: eu, Haymitch e Peeta poderíamos fazer um livros em homenagem as pessoas mortas. Incluindo os tributos. Peeta poderia desenhar e eu e Haymitch poderíamos contar a historia de todas as pessoas. Isso com certeza é uma boa ideia. Só preciso saber se eles vão aceitar a participar.

Meus pensamentos foram interrompidos quando alguém bateu na porta. Dei uma pequena ajeitada no cabelo (coisa que eu nunca faço ) e fui abrir a porta. Não fiquei surpresa quando vi Peeta olhando para mim. Sorri e ele retribuiu. Pedi para que ele entrasse.

–Eu trouxe alguns pães para você. Sei que você gosta. –disse ele.

–E acertou. Gosto principalmente dos pães de queijo. –disse eu sorrindo.

–Foi o que eu trouxe.

Peeta sabia o que eu gostava, mas eu não sabia do que ele gostava. Peeta sabia o que eu queria. Peeta sabia de tudo.

Nós comemos e conversamos um pouco. Tentei não tocar em um assunto relacionado a Capital e aos Jogos, mas não precisei. Peeta falava sobre isso em certos pontos. Isso me deixou feliz. Isso quer dizer que ele estava melhorando. Sem flashbacks, sem horrores...

Depois eu lembrei-me de contar para Peeta a minha ideia do livro. Ele ouviu tudo com atenção e percebi que sua expressão ficou um pouco triste. Talvez tenha se lembrado da sua família. Então ele me olhou e disse:

–Ótima ideia, Katniss. É um tipo de homenagem?

–É sim. Não acho justo esquecer todos eles. Mesmo estando em nossas memórias. –expliquei.

–Também acho isso. –disse pensativo.

–Deveríamos falar com o Haymitch. –disse eu.

–Sim. –disse levantando-se- Vamos?

Assenti com a cabeça e levantei. Quando saímos e eu fechei a porta, Peeta entrelaçou seus dedos nos meus. No começo fiquei surpresa, pois isso é uma sensação nova. Ele nunca segurou minha mão sem ter câmeras nos filmando. Então sorri e fomos andando em direção a casa do Haymitch, que não é muito longe.

Bati na porta assim que chegamos. Esperei um pouco e ele não veio. Peeta bateu também e ninguém veio. Olhei para Peeta que deu de ombros.

–Acho que ele não esta ai. –disse eu.

–Eu tenho certeza. –disse e olhou ao redor- É melhor nós irmos.

Concordei e nos voltamos para minha casa. No meio do caminho soltei a mão de Peeta que pareceu decepcionado, mas mesmo assim ele sorriu. Quando chegamos fui procurar um livro em braço, mas eu não achei.

–Já olhou no *escritório? –perguntou.

–Já. E não tem nada lá. –disse eu decepcionada.

–Bem, a gente podia comprar na Capital. –sugeriu.

–Como? Pelo telefone? Eu não sei o... –então eu tive uma ideia- A gente podia falar com a Effie!

–Boa ideia! Você tem o numero dela?

–Não. Apenas Haymitch tem e ele não esta em casa.

–Bem, vamos ter que esperar. –disse Peeta olhando para as mãos.

–E o que vamos fazer por enquanto? –perguntei.

–A gente podia pintar. –sugeriu.

–Peeta, eu não sei pintar.

–Eu te ensino. –disse sorrindo.

Isso não vai dar certo, pensei.

Nós fomos à casa dele para pegar o quadros, tintas e pinceis. Eu tentei convencer Peeta a desistir dessa ideia, mas ele não cedeu. Mesmo sabendo que isso não iria dar certo, resolvi dar uma chance para mim. Talvez eu realmente aprenda a desenhar.

Chegamos e arrumamos as coisas. Peeta tentava me ensinar a desenhar um tronco de uma árvore, mas sempre eu fracassava. Então eu tive certeza que eu não levo jeito para desenhar. Peeta até tentava me animar dizendo que eu não devia desistir, mas eu já tinha desistido.

–Vamos, Katniss! Sei que você consegue! –disse ele.

–Não, Peeta! Eu não vou conseguir. –disse eu desanimada.

–Consegui, sim! Estou depositando minha fé toda em você.

–Então esta depositando sua fé no lugar errado. Sou um caso perdido!

–Se você treinar mais...

–Não, Peeta! Eu realmente desisto. –disse eu o interrompendo.

–Tudo bem. –disse ele- Eu desisto. Mas...

–Mas, o quê? –perguntei.

–Você vai me ensinar a caçar.

–Peeta...

–Então vamos continuar a aula de desenho. –disse ele.

Isso é pura tortura. Ele não pode fazer isso comigo!

–Ta bom! Tudo bem, amanhã eu te ensino a caçar. –disse eu vencida.

Peeta ficou com o ar vitorioso depois que eu disse isso. Ele não ia me deixar em paz até eu dizer que sim, então eu disse sim.

Nós combinamos que amanhã cedo iríamos sair de casa. Sem atrasos, sem nada. Pois tem mais animais de manhã e não fica tarde para voltar para casa. Peeta concordou com tudo isso. Eu sabia que eu iria acordar mais cedo por causa dos pesadelos, mas isso não era problema algum.

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Acordei assim que os raios iluminaram meu rosto. Fiquei surpresa por eu não ter pesadelos essa noite. Geralmente eu estou tendo todas as noites, mas hoje foi diferente. Acho que a presença do Peeta ontem a noite me fez bem.

Levantei e tomei um banho. Vesti roupas simples e fiz a trança que tanto uso. Peguei uma bolsa não muito grande e desci para a cozinha. Não sabia se eu iria realmente iremos precisar dessas coisas, mas é melhor leva-las mesmo. Coloquei duas garrafas de água, dois sanduiches e algumas frutas.

Peeta chegou uns minutos depois. Ele estava vestido quase igual a mim. Achei graça e não consegui segurar o riso.

–O que foi? –perguntou confuso.

–Você. –disse eu ainda rindo.

–O que tem eu? –perguntou olhando para si mesmo- Alguma coisa esta errada comigo?

–Você esta vestido quase igual a mim. –respondi.

–Talvez eu deva trocar...

–Não precisa. –disse eu- Você está bem assim.

–Então tudo bem. Vamos? –perguntou.

–Vamos. –disse eu sorrindo.

Então Peeta pegou a bolsa da minha mão e eu peguei o meu arco. Eu não estava apenas decidida a ensinar Peeta a caçar, eu estava decidida a abrir meu coração para ele.