De Repente Um Conto De Fadas escrita por Rosyta Alonso


Capítulo 8
Capitulo 32


Notas iniciais do capítulo

Esse Capitulo é pra vc Camilita, só vc mesmo pra me fazer ficar melhor Amg.

Boa Leitura



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Santiago me seguiu até a sala de leitura, mas não conseguimos entrar. A maior parte da mobília da sala de visitas havia sido deixada ali. Seguimos, então, para a sala de música. Estava menos amontoada, apenas um sofá e uma mesinha foram adicionados ao cômodo.
Entrei e fechei a porta.
— Então, me diga logo o que descobriu. — exigi, cruzando os braços sobre o peito. Estava ficando impaciente, queria voltar logo para perto do German. Ainda mais agora!
— Se acalme. Temos tempo para isso. — e andou em minha direção.
— Não temos tempo! Se partiremos amanhã...
— Mas não partiremos amanhã! — ele me interrompeu e sorriu maliciosamente, não como o German fazia, mas de forma assustadora e repulsiva.
— Não? — exclamei mais alto do que pretendia, aliviada.
— Não. Eu partirei! Não posso levá-la comigo. Tenho esposa e filhos, — ele se aproximou um pouco mais.
Fiquei confusa.
— Pouco me importa se é casado ou não! Se você sabe como voltar, exijo que me diga como fazer! Tem alguma coisa a ver com o celular? —perguntei apressada. O jeito como ele me olhava estava me deixando mais nervosa a cada segundo.
— Celular? — sua testa se enrugou. — Não importa! Vamos resolver o seu problema primeiro e depois conversamos sobre minha viagem, está bem? — ele avançou em minha direção.
Recuei um passo e acabei batendo nas costas do sofá, ficando encurralada.
— Meu... problema? — repeti lentamente
—Sim, minha cara. Notei que me olha de uma forma... Diferente. — Sei o motivo do sorriso assustador em seus lábios me disse que eu tinha me metido numa roubada. Numa bem grande! — Não é a primeira vez que uma belezinha como você se encanta por minha pessoa.
— O que? — eu não tinha mais para onde ir. — Ficou louco?
— Sim, fiquei. Esse seu vestido... — seus olhos me examinavam minuciosamente meu estômago deu um salto, me deixando enojada. — Bem, vou ensinar lhe algumas coisas, meu bem!
— Meu bem o cac...
Mas Santiago rapidamente me atacou. Tentei empurrá-lo antes mesmo que seus lábios me tocassem, mas suas mãos grandes agarraram meus pulsos com muita força e não pude detê-lo a tempo. Mordi seu lábio o mais forte que pude, ele gemeu e me soltou. Aproveitei seu vacilo para dar a volta, mas seu braço me alcançou antes que eu pudesse escapar e com um puxão, me fez perder o equilíbrio e desabar sobre o sofá.
Não sei bem como ele conseguiu ser tão ágil, mas antes que eu pudesse me levantar, ele já estava sobre mim. Lutei com ele, empurrei com braços e pernas sem conseguir nada; ele era pesado demais.
— Saia de cima de mim! — ordenei.
— Não faça escândalos, minha cara. Não vai querer chamar a atenção de ninguém, vai? — senti sua mão em minha cintura e meu estômago reagiu.
Eu me contorci freneticamente tentando escapar dele. Pensei que fosse vomitar quando sua boca tocou meu pescoço.
— Agora, fique quieta e prometo que acabará logo. — a voz rude e assustadora.
— Tire as mãos de mim, seu porco nojento! — eu tentava desesperadamente fazer com que ele rolasse para o lado e eu pudesse fugir, mas seu peso me imobilizava.
Sua boca esmagou a minha e, com todo seu peso sobre minha barriga, acabei perdendo o fôlego. Ele levantou meu vestido e depois subiu a mão áspera por minha coxa. Meus olhos se arregalaram ainda mais e mordi seu lábio com tanta raiva dessa vez que senti o gosto de sangue em minha boca.
Ele levantou seu tórax minimamente, tocou os lábios e observou o sangue em seus dedos com olhos coléricos.
— Sua... — não pude ouvir o resto. A pancada em meu rosto fez zumbir meus ouvidos.
Fiquei desnorteada por um tempo. Meu rosto ardia e minha cabeça girava desconfortavelmente. Ele se aproveitou disso e tentou baixar o corpete do meu vestido.
—Pare! — gritei, tentando tirar suas mãos de meus seios. — Me solte, seu imbecil! SOCORRO! GERMAN! SOCORRO!— gritei até minha garganta arder. Mas duvidei que ele pudesse me ouvir, o barulho de música e falatório que vinha da sala abafava qualquer outro som.
— Cale-se! — outro zumbido nos ouvidos.
Meu rosto latejava, queimava. Eu queimava. De raiva, de desespero, de medo, de vergonha por ter sido enganada e principalmente de nojo. Enganei-me pensando que ele pudesse me ajudar e ainda acabei dando a impressão de que estava interessada naquele animal!
Que imbecil!
Senti contra minha coxa a rigidez de seu membro. Fiquei apavorada. Aquilo não podia estar acontecendo! Tentei mover meu joelho para fazer o tradicional golpe na virilha, mas as pernas dele me impediram.
Não desisti da luta. Continuei me contorcendo, empurrando e chutando em vão. Sob a luva, a pele do meu punho estava em brasa pela fricção que as mãos de Santiago exerciam enquanto eu tentava me soltar.
—Você vai gostar, tenho certeza. Agora fique quieta, — seu rosto transformado numa carranca horrenda.
— Me solta! — empurrei mais uma vez, meus braços já não tinham mais forças. — SAI DE CIMA DE MIM!
Vi sua mão se erguer mais uma vez e fechei os olhos esperando. Contudo, o barulho que ouvi foi diferente do que eu esperava. Primeiro, o barulho da porta sendo arrombada, seguido de um urro gutural e um POW ! e o peso se foi.
Abri os olhos e vi German sobre o monstro, esmurrando sua cara com determinação. Ramalho entrou instantes depois, com mais dois empregados ao seu lado. Eu não conseguia me mover, não conseguia parar de tremer.
Santiago não reagiu aos golpes que recebia. Talvez só gostasse de bater em mulheres. E o German parecia ainda mais transtornado com o fato de ele não revidar. Nunca tinha visto o German tão furioso daquele jeito. Cheguei a pensar que, se ninguém o impedisse, acabaria matando aquele homem asqueroso.
—Já chega, patrão. Podemos cuidar disso, — pediu Ramalho, com um sorriso estranho nos lábios. German pareceu recuperar a sanidade e parou. Sua mão repleta de sangue do miserável.
— Cuide dele, Ramalho. — ele disse, soltando a gola da camisa de Santiago, que havia servido como apoio para seus golpes certeiros, depois se levantou do chão. — Cuidem para que ele jamais volte a dar as caras por estas bandas. — os empregados assentiram, vendo a raiva homicida em seus olhos. Nenhum deles parecia estar aborrecido com a tarefa.
— Espere. — pedi. German me olhou confuso. — Espere. Não vai matá-lo, vai?
Por mais que eu gostaria de estraçalhar a cara de Santiago se bem que não tinha sobrado muita cara para ser estraçalhada, — German fez um ótimo trabalho — não queria ser a culpada da morte de ninguém.
— Angie, é claro que não! — seus olhos se acalmavam gradualmente. E pareceram sinceros quando me respondeu. — Apenas aprenderá a se comportar perante uma dama!
Concordei com a cabeça. Essa era uma lição que Santiago precisava aprender.
Os dois empregados grandalhões rapidamente levantaram o infeliz do chão pelo ombro, começaram a levá-lo meio arrastado.
— Espere. — me levantei do sofá. Percebi que ainda tremia muito. Meus joelhos não estavam prontos para me sustentar. German me pegou antes que eu caísse. Endireitei-me e, depois de respirar fundo algumas vezes e arrumar o vestido com a dignidade que me sobrara, andei até ficar cara a cara com Santiago.
— Me diga de onde você veio! — ordenei.
Ele não disse nada, nem mesmo me olhou. Talvez não conseguisse focalizar nada com os olhos tão inchados.
— Posso pedir ao Senhor Castillo para ser mais persuasivo. — ameacei. Precisava ter certeza que ele não era a outra pessoa presa no passado.
Santiago engoliu seco, depois falou.
— De um pequeno povoado na divisa do estado.
Assenti lentamente
— E em que ano? Continuei. Senti todos os olhos na sala grudarem em mim. Não me importei.
Santiago ficou confuso, não me respondeu — Em que ano? — repeti trincando os dentes.
— Não sei se entendi sua pergunta.
Respirei fundo.
— Você saiu do povoado em que ano? — eu disse, observando atentamente sua cara desfigurada.
— Neste mesmo ano, em meados de Janeiro — ele se apressou em dizer assim que o German se aproximou.
— Neste Ano. Você saiu desse povoado em Janeiro de 1830? —fui mais explícita. Não podia haver enganos.
— Certamente. Em 1830. — respondeu, me olhando como seu eu fosse louca.
— Vi um objeto prateado em sua mão naquele dia na vila. Onde ele está?
Lentamente, Santiago alcançou o bolso do casaco e me estendeu o objeto retangular. Não era um celular, era uma caixinha prateada Eu a abri e vi meia dúzia de cigarros ali. Era apenas uma cigarreira.
Respirei fundo novamente e fechei os olhos,
— Então, você realmente foi assaltado quando chegou aqui. Nada de estranho aconteceu? — eu estava confusa demais. Se ele não era a pessoa que estava ali perdida no tempo como eu, então quem era?
— Sim. Fui assaltado por três homens que me levaram tudo, até mesmo meu cavalo. Precisei ficar na cidade por alguns dias a pedido da guarda, no intuito de encontrar os mal feitores. Quando foram capturados, recuperei parte...
Minha cabeça girava, não ouvi sua explicação. Não me interessava.
Então, talvez eu não soubesse como voltar. Seria tão ruim assim? Ficar ali com Ian para sempre e poder amá-lo sem medo? Mas e quanto às mensagens no celular? Esteja preparada, dizia a última. Elas chegaram sem a interferência de Santiago...
German percebeu minha confusão e me levou de volta para o sofá.
— Levem-no daqui! Pela cozinha, Ramalho, por favor! Não quero estragar a festa da minha irmã. — ele entregou a cigarreira para o Ramalho, a raiva ainda em sua voz me fez estremecer um pouco.
Os quatro homens saíram rapidamente. Ramalho fechou a porta ao sair. German
tocou meu rosto em chamas.
— Desculpe-me por não chegar a tempo, senhorita — seus olhos ficaram furiosos quando notaram o vermelho em minha bochecha. — A procurei por toda parte e ninguém a viu sair. Estava indo até seu quarto quando ouvi seu grito... — seu rosto transtornado pela fúria.
— Você chegou a tempo. — coloquei minha mão sobre a dele, pressionando-a levemente em meu rosto latejante. — Bem a tempo!
— Como se sente? — indagou com delicadeza. Vi que se esforçava para manterse calmo. — Precisa de alguma coisa? Um vinho, talvez?
— Pode ser. — eu queria tirar o gosto podre dos meus lábios. German pegou a garrafa perto do piano e a trouxe, me serviu uma taça cheia. Virei tudo num único gole. Senti o álcool queimar minhas entranhas e afugentar um pouco do tremor.
— Melhor? — perguntou.
Sacudi a cabeça, mais por hábito.
— E agora me explique o que aconteceu. — exigiu, sentando-se ao meu lado novamente. — Por favor!
— Não é ele! Eu pensei que fosse Santiago, mas não é me enganei. Não é ele a outra pessoa perdida aqui. Ele é como você, German. Um homem do século dezenove.
— Não sou como ele! — contestou colérico e ofendido,
Ele não entendeu a palavra-chave. Precisaria ser mais explícita.
— Claro que não! — sacudi a cabeça. — Não foi isso que eu quis dizer. Ele é como você ou Ramalho ou Violetta, não como eu. A pessoa que procuro deve ser como eu.
Ele me observou por um longo tempo, tentando compreender o que eu dizia. Respirei fundo. Peguei a garrafa de sua mão e enchi minha taça. Bebi um grande gole.
— Exatamente como eu. — murmurei. — Solvi outro gole de vinho. A coragem ainda não tinha dado as caras. Não tive outra alternativa se não seguir adiante sem ela. Olhei profundamente em seus olhos e soltei a verdade. — Alguém que nasceu no século vinte e um.
Sua testa vincou. Seu rosto ainda mais confuso.
— Alguém que também estava em fevereiro de 2014 e veio parar aqui no século dezenove sem saber como voltar. Exatamente como eu!
Ele piscou várias vezes, tentando absorver minhas palavras. Perdoe-me, o que disse? — sua voz tremeu um pouco.
— Vou te contar toda história, German. Desde o início. Meu nome é Angeles Saramego, nasci nesta mesma região onde, daqui a muitos anos, se erguerá uma enorme metrópole. Foi nela que eu nasci, em 29 de maio de 1985.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.

Comentem.



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