De Repente Um Conto De Fadas escrita por Rosyta Alonso


Capítulo 3
Capitulo 27


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura



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Fora do casarão, a bagunça era tão grande quanto na cozinha. Muitas pessoas

passando de um lado para outro com caixas nas mãos, carroças e mais carroças cheias de aparatos e alimentos.

German estava no centro do estábulo com Storm. Sua aparência era bem diferente da que eu estava habituada. Vestia apenas camisa e calças, como na noite anterior, mas agora a camisa estava suja de terra e grandes manchas de suor no peito largo faziam o tecido grudar em sua pele, seu cabelo despenteado e úmido pelo esforço, os joelhos da calça repletos de terra. Até seu rosto parecia estar sujo. Estava irresistível e lindo! Fiquei observando a cena por um tempo, não queria perder nem um detalhe.

Com as mãos espalmadas, como se dissesse ao cavalo à sua frente que estava desarmado, ele tentava se aproximar do animal. Contudo, Storm não se deixou enganar. Recuou vários passos todas as vezes que German tentou se aproximar.

German fez mais algumas tentativas e, por fim, conseguiu se aproximar o suficiente para montá-lo. No entanto, o sorriso triunfante em seu belo rosto durou apenas alguns segundos, já que Storm, num ataque de rebeldia, empinou para trás relinchando feito louco, e German não conseguiu mais se segurar e acabou caindo.

— German? — gritei, abrindo a cerca e corri (com o vestido erguido) até ele. — Você está bem?

Atirei-me de joelhos ao lado dele, minhas mãos percorrendo seu peito, seu ombro, seu pescoço. Tudo estava no lugar.

Ele tentou se levantar e gemeu baixinho.

— Ai, minhas costas! — disse, se apoiando nos cotovelos. Encarou-me meio sorrindo, meio gemendo. — Bom dia, senhorita. Como está hoje?

— Eu? Como você está? Acha que quebrou alguma coisa? Quer que eu mande chamar o médico ou te leve em algum hospital ou um pronto-socorro ou seja lá o nome que tem aqui? Você quebrou alguma coisa? Bateu a cabeça? Quantas Angies você está vendo?

Ele riu, me acalmando um pouco.

— Acalme-se. Estou perfeitamente bem. — sua mão tocou a minha ainda, sobre seu peito. — Não é a primeira vez que ele me derruba, lembra-se?

Ele tentou se sentar, coloquei minhas mãos em seu ombro tentando dar apoio.

— Tem certeza que tá tudo bem mesmo? — o cavalo era tão alto! Talvez ainda não sentisse a dor porque o corpo ainda estava quente.

— Tenho. Agora, pare de se preocupar comigo. — ele sacudiu a camisa cheia de terra. Uma chuva de areia caiu dela.

— Acho que a Olga me passará outro sermão hoje. Ontem já falou pelos cotovelos por conta de uma ou duas manchas de tinta. — depois sorriu com cara de quem tinha aprontado e tinha sido pego. E que não se arrependia nem um pouco.

Não achei graça.

— Você poderia ter se matado, idiota. — o soltei, rapidamente me levantando. — Pensei que tivesse desistido deste cavalo. Está tentando deixar a Violetta sozinha? Sem pai, mãe e sem irmão também? — como se atrevia a fazer aquele tipo de idiotice? Qualquer um podia ver que Storm não seria domado por ninguém. Era claro como cristal. Apenas aquele teimoso não via isso! Por que ele ainda insistia?

— É claro que não. Só estou tentando uma nova técnica. — ele ainda sorria.

Minha raiva aumentou.

— E qual é a nova técnica? Ser atirado a dois metros de altura por um animal selvagem? Parabéns! Funciona perfeitamente bem! — a ironia e a raiva se misturaram em minha voz.

Ele se levantou e sacudiu as calças, fazendo cair outra chuva de areia.

— Pensei que não fosse possível, mas vejo que me enganei. — ele disse, endireitando as costas.

Fiquei confusa.

— Que não fosse possível o que?

— Pensei que não fosse possível que, você pudesse ser mais adorável do que já é. Mas me enganei. — ele explicou, sorrindo carinhosamente. — Fica ainda mais adorável quando está preocupada comigo!

Eu bufei e lhe dei as costas, marchando de volta para casa. Obviamente, ele estava bem, já que era capaz de ficar me gozando!

Entretanto, na pressa de sair dali, e com a raiva turvando minha visão, acabei enroscando a barra do vestido na cerca de madeira ao sair, abrindo um buraco grande o suficiente para passar uma laranja.

— Droga de vestido estúpido! — resmunguei puxando a saia e aumentando ainda mais o rasgo.

German estava bem atrás de mim quando voltei a andar.

— Por que está tão furiosa? — falou mais sério.

— Por que ficou tão imbecil? — retruquei.

Ele alcançou meu cotovelo, me fazendo parar.

— Por que está tão irritada comigo? — a confusão estampada em seu rosto. — Não pode ser apenas por causa do cavalo!

E na verdade, não era apenas por isso. Eu teria que partir e teria que esquecê-lo. Teria que esquecer a coisa mais bacana e intensa que já senti, sem que nem mesmo tivesse começado direito.

Respirei fundo várias vezes, tentando me acalmar. Ele esperou pacientemente, sem dizer nada.

— Eu preciso falar com você. Agora! Te esperei ontem à noite, mas você não chegava nunca... Onde esteve afinal?

— Precisei ir até a cidade. Faltavam alguns detalhes para o baile e eu precisava lhe comprar uma coisa...

— Me comprar o que? — perguntei cautelosa. Não gostei muito da cara dele quando disse isso. O jeito como falou e o seu sorriso me diziam que eu podia me meter em outra enrascada. Uma enrascada deliciosa, mas ainda assim uma enrascada!

— Ficará pronto dentro de alguns dias. Em breve, você saberá, prometo. Por que queria falar comigo ontem? — o tom carinhoso em sua voz derreteu minha raiva de uma vez.

Suspirei.

—Você sabe o porquê.

— Ah! — ele assentiu. — Podemos conversar agora. Também tenho algo importante para lhe dizer.

O German parecia ansioso para termos nossa conversa. Talvez pensasse que poderíamos encontrar uma forma de resolver tudo. Que tudo acabaria bem. Mas ele não conhecia a história toda, e nem toda a conversa do mundo consertaria minha vida naquele momento.

— Ótimo! Mas eu preferia que fosse num lugar mais reservado. — se eu ia contar que nasci duzentos anos à frente, seria melhor não ter toda aquela plateia.

— E onde gostaria de fazer isso?

—Tanto faz. Desde que ninguém nos ouça, não me importa onde seja. — dei de ombros. Minha coragem começava a fraquejar. Seria tão bom se eu pudesse simplesmente não pensar em nada, não contar nada e agir apenas como eu queria.

Suspirei outra vez. Não adiantava mais adiar o inevitável. Ele tinha que saber tudo antes que eu desaparecesse de sua vida para sempre sem deixar nem uma explicação.

German deu uma arrumada na gola da camisa e passou as mãos pelos cabelos suados.

— Se não se importar que eu não esteja vestido adequadamente para acompanhá-la...

— Não seja ridículo, German! Você está ótimo assim. Vamos logo, antes que eu perca a coragem. — e comecei a andar, esperando que ele me seguisse. E assim ele fez.

Porém, andamos uns três ou quatro passos apenas, antes que a olga aparecesse correndo e gritando desesperada. Aparentemente, alguém deixou alguns animais escaparem e agora sua cozinha estava repleta de galinhas vivas empoleiradas para todo lado, porcos gigantes rolando os sacos de milho que estavam no chão e ela tinha que começar a preparar os assados para o dia seguinte.

German se virou e me lançou um olhar de súplica.

— Vá logo! Eu espero. — falei desanimada.

Tentei me aproximar da cozinha, mas foi impossível. Havia muita gente tentando agarrar os bichos. Achei melhor esperar do lado de fora. Levou mais tempo do que eu esperava para capturarem todos os animais. Ouvi muito cacarejo, grito e oincoinc.

— Porra! — exclamou German, e eu arregalei os olhos, completamente maravilhada. Gostei de vê-lo despido de sua fachada educada e se comportar mais como o tipo de gente que eu estava acostumada. A palavra foi repetida mais algumas vezeS por alguns empregados.

Depois de quase meia hora, German saiu da cozinha, uma galinha em cada mão, algumas penas no cabelo.

Tentei muito não rir.

Bem que eu tentei!

Ele entregou as galinhas ao moleque que passava.

— Cuide disso, por favor. — pediu, parecendo cansado.

Depois foi até a "torneira" ao lado do cocho e meteu a cabeça na água. Seus cabelos ensopados brilhavam um tom de azul muito escuro. Um pouco da água escorreu pela camisa. O tecido grudou em seu peito, cada músculo bem definido ficou exposto através do tecido transparente. Foi impossível desgrudar meus olhos, mas ele não pareceu notar meu olhar de cobiça.

German se aproximou e sorriu afetuosamente.

— Onde aprendeu aquela palavra? — perguntei, queimando de curiosidade.

— Qual? — ele disse confuso.

— Porra! Onde aprendeu isso?

— Ah! Perdoe-me, Angie! Eu não imaginei que você pudesse ter ouvido.

— Não se desculpe. Eu adorei! Só fiquei curiosa pra saber onde aprendeu um palavrão desses. Pensei que não existissem essas palavras aqui.

— Eu leio muito. — explicou envergonhado.

— E aprendeu isso num livro? — instiguei ainda mais interessada. — Um livro que tem porra escrito nele? De verdade?

Ele corou.

—Sim. E não repita o que eu disse, por favor.

— Que livro é esse? Deve ser um autor revolucionário! — Ele relutou, parecia muito embaraçado. Mas acabou me dizendo.

— Bocage. — sua voz tão baixa que mal pude ouvir.

— Acho que já ouvi falar. Não é aquele carinha português que escrevia poemas eróticos? — eu me lembrava de parte da poesia, o pessoal de Letras adorava citá-lo... "Aqui dorme Bocage, o putanheiro; Passou vida folgada, e milagrosa; Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro."

— E como é que você sabe disso? — German inquiriu, exasperado.

— Faz parte do que eu tenho pra te contar. — apontei.

Ele suspirou.

— Que tal conversarmos na margem do rio? Creio que não correremos o risco

de...

— Senhor Castillo, que bom que o encontrei! — Ramalho desceu os degraus da cozinha com o rosto em pânico. — Aconteceu um acidente com as carroças de entregas, patrão. Uma delas acabou batendo na outra por acidente e os dois cavalheiros não estão se entendendo. Estão muito exaltados. Temo que acabem perdendo a cabeça.

Os olhos aflitos do mordomo não deixavam dúvida quanto ao que seria esse "perdendo a cabeça."

— Não em minha casa! — German vociferou e depois saiu quase correndo, com o mordomo em seu encalço.

Estava começando a pensar que o destino não queria que eu contasse minha história a ele! Tudo acabava dando errado de alguma forma toda vez que eu tentava.

Tentei falar com ele outras vezes naquela tarde, mas toda vez alguma emergência aparecia e lá ia ele salvar o mundo. Pensei que poderíamos conversar depois do jantar. Eu ainda não entendia por que tanto carnaval só por causa de um baile.

— É como as pessoas se lembrarão da família. — German me explicou, enquanto seguíamos para a sala de música. Violetta queria tocar um pouco antes de dormir. — Lembra-se do que disse a Senhora Ferro sobre o baile que o marquês ofereceu?

— Claro. — homens que se comportaram mal a fizeram sair mais cedo da festa.

— Então, por mais que o marquês ofereça outros bailes, bailes melhores que qualquer um já tenha ouvido falar, ele sempre será lembrado por este, em que os convidados foram obrigados a se retirar porque alguns cavalheiros não souberam se comportar perante as damas.

Sentei-me ao lado dele, e Camila ao lado da Violetta no piano. Imaginei que estivesse nos dando um pouco mais de privacidade. Começava a gostar de Cami.

— E por que você se importa com isso? — ele não parecia ser tão vaidoso a ponto de querer dar o baile mais perfeito que já existiu.

— Na verdade, não me importo, mas a Violetta sim.— ele olhou para a irmã com ternura. — Quero que tudo ocorra como ela planejou.

Também observei Villu, que começara a tocar uma música familiar. Reconheci de imediato, tinha aquela música no meu mp3! Só que era tocada por uma banda "dinossáurica" de rock, juntamente com uma filarmônica.

Sorri. A primeira coisa em comum até agora! Bem, com exceção do palavrão de German.

— Gosta dessa? — German indicou o piano com a cabeça.

— Muito! — respondi entusiasmada, agarrando seu braço com as duas mãos. — Eu tenho essa música. É uma versão um pouco diferente, bem mais pesada, mas é a mesma! Tive muito trabalho pra baixá-la na internet. Eu não conseguia enc... — parei no instante que a ruga em sua testa se aprofundou. Eu tinha que conversar com ele logo. A situação estava ficando insuportável.

— Pretende me contar algum dia onde fica esse tal lugar? — perguntou, depois de algum tempo de silêncio, exceto pela música.

— Na verdade, pretendo te contar hoje. Tenho que te contar tudo, German! Acha que pega mal se fossemos conversar lá na sala de visitas? Só nós dois?

— Não sei. O que é pegar mal? — perguntou educado como sempre.

Argh!

— É tipo... Ruim. Ofensivo ou indecoroso. Não fica bem...

— Senhor Castllo! Ainda bem que lhe encontrei. — era o Ramalho outra vez.

Ah! Pelo amor de Deus!

Não prestei atenção em qual era a emergência que o German simplesmente tinha que resolver naquela hora da noite. Esperei impaciente que ele voltasse, mas a hora foi passando, ele não voltava, a Cami e a Villu estavam cansadas e resolveram se retirar. Fiz o mesmo. O que mais poderia fazer?

Não consegui dormir, é claro. Na verdade, nem tentei. Fiquei andando de um lado para o outro, esperando que ele viesse me procurar. Esperei mais algumas horas e desisti de esperar por ele.

Abri a porta decidida e vi o corredor totalmente escuro. Alguém devia ter apagado as velas e eu nem ao menos percebi. Peguei a vela do quarto e andei pelo corredor, tentando não fazer barulho e chamar atenção. Encontrei a sala igualmente escura e vazia. Continuei em frente. Eu iria falar com German! Nem que precisasse ficar sentada na porta de seu quarto esperando a noite toda.

Bati levemente na porta quando a alcancei. Violetta dormia poucos metros dali e eu não fazia ideia de qual era o quarto da Camila. Ouvi alguma coisa lá dentro.

Ele estava no quarto.

A porta se abriu um pouco e pude ver que ainda estava de camisa.

— Ainda está acordado. Que bom! — sussurrei. — Vamos conversar? Agora! — exigi.

Ele abriu a porta um pouco mais, seu rosto perturbado.

— O que está fazendo aqui a essa hora? — sussurrou me reprovando.

— Eu te esperei até agora e, como você não me procurou, resolvi te encontrar, e te encontrei. Agora, vai me deixar entrar ou vamos conversar no corredor e acabar acordando a casa toda?

— Angie, eu não posso deixá-la entrar! Você enlouqueceu?

— Tem alguém aí dentro com você? — essa seria a única coisa que me impediria de entrar e ter esta conversa com ele.

— É claro que não! — respondeu, horrorizado e ofendido. Sua voz mais alta que meus sussurros. — O que você está pensando?

— Não estou! Agora me deixe passar. — não esperei que ele respondesse, me enfiei entre ele e a porta e entrei.

German olhou para os dois lados do corredor antes de fechar a porta.

— O que acha que está fazendo, Angie? — ele foi até uma mesa (como a do meu quarto com o jarro e a bacia) e lavou as mãos cheias de tinta. A água ficou negra quando as cores se misturaram. — Se alguém souber que está aqui... Vai arruinar sua reputação!

— Tenho coisas mais importantes para resolver agora que me preocupar com minha reputação! — não tirei os olhos dele. Vestido novamente apenas com camisa e a calça. — Tenho que dizer muita coisa. É importante. Não saio daqui até que você me escute!

Ele secou as mãos e, depois de colocar o pano sobre a mesinha, se aproximou.

— Não pode esperar até amanhã?

—Não!

— Muito bem, então. — suspirou. — Vamos conversar.

— Vamos. — concordei.

Mas, de repente minhas palavras fugiram e eu não sabia por onde começar. Respirei fundo algumas vezes, juntando a coragem, que já não era muita. German me observava atentamente.

— Talvez... — comecei hesitante. — Talvez queira se sentar para ouvir tudo o... — fiz um gesto apontando para a cama e parei de falar.

Acho que de respirar também.

Havia um quadro ao lado da cama. Uma tela inacabada. Meus pés foram atraídos até ela sem que eu me desse conta disso. Levantei a vela que ainda segurava para iluminar melhor o retrato e arfei.

Mas era...

Eu!

O quadro inacabado era uma cópia perfeita da noite em que fomos a ópera. Eu usava o vestido rosa, a flor presa em minha trança, meus olhos brilhantes. Minha figura estava quase pronta, meus cabelos, meus olhos, minha pele, meus lábios. O vestido, porém, tinha apenas um pequeno contorno de tinta rosa no colo.

Levantei a mão para tocá-lo. Era tão real que parecia um espelho. Um espelho de meio corpo que refletia a imagem mais bonita que a original.

— Não toque! — pediu ainda do outro lado do quarto.

Virei-me para vê-lo. A tinta ainda está úmida. — Vai borrar — ele parecia desconfortável, assustado, inseguro.

Olhei para o quadro mais uma vez.

Essa mulher linda no quadro sou eu?É assim que ele me vê?

— German — minha voz distorcida por culpa do nó em minha garganta.v Por que me pintou? Pensei que não gostasse de retratar pessoas!

Ele não respondeu. Virei-me para encará-lo, a pergunta ainda em meus olhos. Nós nos encararmos por um minuto eterno antes que ele me respondesse.

— Porque não posso perdê-la, Angie! Porque, se tudo que posso ter é este retrato... — e apontou para a tela com um gesto derrotado.

— German. — deixei a vela no apoio de tintas e me atirei em seus braços.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.

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