Olhei em volta e tudo que eu podia ver era nada. Completamente nada. Estavam me mandando para o meio do nada, definitivamente!

Já estava sendo ruim o bastante ter que lidar com o vazio que meus pais me causavam e a minha mente agora perturbada. Agora me mandam para um internato/hospício/clinica ou sei lá que droga seja esse lugar, não ta ajudando muito. Logo na entrada tinha outros carros estacionando na frente da escola. Os portões enormes tinham o nome cravado no alto "Gobayer". Os muros eram tão altos que eu não conseguia ver o local por dentro a não ser pelo portão de ferro que eu apenas enxergava um caminho cheio de pedras e muitas arvores envolta deixando o lugar sombrio. Ótimo isso parece uma prisão!

–Tia eu não posso ficar aqui! - Falei olhando em volta. Aquele lugar era longe da cidade, longe de tudo. - Eu não to louca!

–Sinto muito Izzy, mas não há nada que eu possa fazer! - Desligou o carro e tocou minha mão de modo carinhoso - Os últimos dias foram esgotantes pra você, eu sei. Ver a perda dos seus pais não foi fácil, mais te trazer pra cá não foi uma escolha minha!

–Olha só pra esse lugar! Parece uma prisão, e tenho certeza que é assombrado!

–Não fale besteiras, sei que vai ficar bem aqui. Temos um combinado lembra? Quando você estiver melhor levo você pra morar comigo!

–May nunca iria aceitar! - Seu sorriso se desfez e ela me encarou. - Ela é minha avó, mas gosta de me ver infeliz! - Ela abriu a boca para dizer algo mais um apito chamou a nossa atenção.

Uma senhora estava na frente dos portões apressando os alunos para entrarem. Droga! Eu estava atrasada!

Sai do carro levando minhas malas e ajeitando minha mochila nas costas com pressa, ela já estava fechando o portão.

–Vai ficar tudo bem, venho te ver quando puder! - Disse tia Josie me abraçando e depois depositou um beijo na minha testa - Se comporte! Amo você!

–Também amo você!

Foi a única coisa que disse antes de sair correndo e ela voltar para o seu carro.

A senhora estava prestes a fechar o portão quando me viu se aproximando. Fechou a cara me medindo de cima a baixo.

–A senhorita esta atrasada!

–Desculpe é que...

–Nome, por favor - Pediu me interrompendo.

–Isabelle Monroe - Falei num fio de voz. Ela avaliou a lista na prancheta que segurava, trocando olhares dela para mim.

–Tudo bem, leve as malas dela - Ordenou. Dois seguranças arrancaram as malas da minha mão a jogando num carrinho onde estava escrito "Para avaliação" onde havia outras inúmeras malas - Vão levar suas malas pra avaliar se tem objetos cortantes ou qualquer coisa do tipo. Ela estará no seu dormitório depois do nosso tuor.

Respirei fundo. "Objetos cortantes". Ok. Eu vou surtar nesse lugar.

Como já viram eu sou Isabelle Monroe, mas prefiro que me chamem de Izzy. Completei 16 anos a pouco tempo, e já poderem perceber que não estou na melhor fase da minha vida por estar sendo mandada pra esse lugar.

Meus pais foram mortos brutalmente na minha frente, e eu espero do fundo do meu coração que o assassino queime no inferno. Ter visto aquela cena mexeu com a minha cabeça.

Minha família tem muito dinheiro, meus pais eram dono de uma empresa de jóias e por isso eram conhecidos por muita gente. Nossa casa foi invadida por ladrões, eles irromperam o alarme que acionou a policia. Quando viram que a policia viria, arrombaram o cofre e mataram minha mãe e logo em seguida meu pai que caiu nos meus braços e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa eles vieram atrás de mim, mas consegui me esconder no quarto e trancar a porta, eles iam arrombar mais a policia chegou e eles fugiram. Pois é, não foram presos e isso me perturba todas as noites.

Desde então eu não consigo dormir e quando durmo tenho pesadelos, acordo de noite gritando e chorando. Estou com síndrome do pânico. Sabe aquela sensação horrível de que tem sempre alguém te seguindo, que tem sempre alguém atrás de você, não conseguir sair de casa, nem andar na rua que já começa a passar mal querendo voltar pra casa, ficar longe de tudo? Pois é, e pra completar estou com inicio de depressão. Realmente ótimo. Então minha querida avo May, que agora esta com a minha guarda achou que seria melhor pra mim passar um tempo nesse lugar. Na verdade ela quer se livrar de mim, seria ruim ter que criar uma neta adolescente, pior ainda cheia de problemas psicológicos.

–Seja bem vinda a Gobayer! - Disse a senhora com um sorriso quase maldoso - Seu novo lar!

Só de encarar aquela escola enorme senti um frio percorrer minha espinha. Acho que o certo seria: Seja bem vinda ao inferno!