–Você está bem? -perguntou Otto.

–Sim, claro. Só más lembranças...

Os irmãos ficaram encarando Eva, mas ela nem ligou. O silêncio reinou no espaço até Eva Nove terminar seu sanduíche improvisado de geléia. A garota quebrou o gelo:

–E então... Onde estão seus pais?

Os irmãos se olharam. Sabiam que mais cedo ou mais tarde teriam que falar disso. Mas não queriam que Eva fosse a "primeira" a conversar com eles sobre o assunto. Não que ela aparentasse ser uma má pessoa (ninguém podia garantir), mas era estranho. Até que Andrew decidiu responder, gaguejando:

–Eles... morreram.

–S-sinto muito! Eu não sabia!-respondeu Eva gaguejando.

–Ah, não é sua culpa.

Otto sorriu para Eva. Um sorriso sincero. Eva respondeu com um sorriso tímido. A menina sentiu suas bochechas corarem.

–O que faremos agora? Já sei! Podemos ir ao North Park, ou ao Leiked Donuts! O que acha, Otto? Eva?

A animação de Andrew lembrava Eva de seu papai. Mas ela não queria pensar nele. Finalmente havia encontrado dois bons amigos e estava muito feliz!

Os amigos decidiram ir aos dois. Foram primeiro ao parque, subiram em árvores, correram na grama, contaram piadas uns para outros e Otto fez cócegas em Eva Nove. Depois foram comer donuts! Eva pediu um de baunilha e limão, Otto quis um de chocolate e Andrew preferiu um donut de morango. Pra completar, foram ao Starbucks! Todos quiseram o famoso Frapuccino de morango! Era REALMENTE incrível.

Eva não se sentia assim há um bom tempo... Andrew e Otto foram os "anjos" dela. Os três novos parceiros voltaram para casa alegremente. Observaram o pôr do sol pela pequena varanda do lar dos irmãos. "É tão lindo!", pensou Eva Nove. Abriu um pequeno sorriso involuntário, enquanto admirava o degradê formado no céu.

–Vou buscar chá para nós. De que sabor prefere, Eva? - perguntou Andrew.

–Gengibre, eu acho. Mas também serve chá preto!

–Otto? Vai querer chá de quê?

–Maracujá, se tiver. - resondeu Otto.

E Andrew deixou os dois à sós. Eva sentiu uma sensação estranha, mas muito boa, de ser observada. Virou a cabeça e percebeu que Otto a encarava. Eva corou. E passou a encará-lo também. Os olhos de Otto eram tão... atraentes. Ela adorava os azuizinhos de Andrew, mas os acinzentados de Otto eram intrigantes e sensuais! Eva sentia-se dominada quando Otto a olhava. Eva Nove só queria que Otto a olhasse cada vez mais. Quanto mais, melhor! A garota queria isso, porquê sabia que no outro dia teria de partir e que talvez nunca mais veria os tons de cinza maravilhosos de Otto...

Otto começou a rir. Rir histericamente, e Eva Nove também! Depois de uns três minutos rindo como loucos, Otto e Eva decidiram parar, e finalizaram a diversão sorrindo um para o outro.

–Eva... - disse Otto.

Eva olhou para ele, como se respondesse "Estou aqui!".

–Quando você vai embora? - perguntou Otto

–Amanhã. - respondeu Eva tristemente.

–Eu estava pensando: você pode ficar aqui com a gente! Nós temos uma cama a mais, e comida não fará falta, pois sempre compramos muita, mas tudo acaba envelhecendo e mofando, pois não tem tantas pessoas para consumi-la. Eu e Andrew trabalhamos no parque de diversões do North Park, você poderia trabalhar ali por perto também. Por favor, Eva, fique!

Eva ficou boquiaberta e, é claro, bem corada! "Não é uma má ideia, mas preciso saber o que houve com papai e com mamãe!", pensou Eva Nove.

–Otto, agradeço de coração, mas não dá. Tenho muitos problemas a resolver. E se eu virar um fardo para vocês? Nem consigo imaginar.

–Eva, por favor... Finalmente encontramos uma amiga bonita e legal! Fica com a gente!

–Ok, ok! Mas temos que falar com o Andrew antes. Será que ele vai concordar?

–Espere só para ver... - respondeu Otto com um sorrisinho malandro.