Gravado na Pele escrita por Claire


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Gente por favor, a única coisa que peço são comentários. Vocês não fazem ideia do quanto é importante para um autor saber que existem pessoas que leem e gostam da sua história ou querem ajudar a melhorá-la.



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–Corre Eduardo, ou vamos ficar do lado de fora!

Fabrício não continha a ansiedade. Nunca fora convidado para um baile desse naipe e, assim que ganhou os dois convites em uma promoção de uma loja da qual nem se lembrava de ter adquirido algum produto, não ansiou em me chamar. E eu, cumprindo o papel de melhor amigo do qual ele me encarregou, e obviamente, pensando nas portas (e nas mulheres) que um evento como esse me proporcionaria, não hesitei em aceitar de primeira mão. Acontece que é um tanto quanto complicado ir a algum lugar quando se tem um amigo como o Fabrício. Não que ele não seja uma companhia legal... Mas me sinto meio homossexual quando ele chega na minha casa sem avisar, usa meus perfumes, passa gel no cabelo e me obriga a chegar nos lugares no mínimo meia hora antes. Não que eu duvide de sua heterossexualidade, mas todas as vezes que ele se arruma igual (ou até melhor) do que as mulheres, imagino o dia em que ele chegará aqui em casa com as unhas pintadas de vermelho.

–Calma cara, ta pior que namorada! Ainda faltam uns vinte minutos pro início da festa.

–Ok. Vinte minutos. Dois até descermos todos esses oito andares da porra do seu apartamento até a garagem, mais dez minutos pra sair desse seu bairro de pobre e chegar no bairro dos Jasmins. Está prestando atenção?

Assenti e revirei os olhos, enquanto lutava para colocar aquele sapato ridículo reluzente que meu amigo “hétero” comprou pra mim sem a minha permissão. Ele prosseguiu.

–Que bom que está me ouvindo. Até a gente achar a mansão deve dar pelo menos mais uns cinco minutos. E já se passaram mais uns cinco desde que faltavam vinte minutos!! E ei, pode ir tirando esse all star velho do pé e ir colocando aquele sapato novo, ou eu vou enfiar aquela ponta preta reluzente você sabe onde!!

Eu comia uma barra de cereal enquanto Fab tentava, inutilmente, enfiar aquele sapato no meu pé.

–Eu te avisei pra comprar um número maior.

–Cala essa boca, Eduardo, e pega essa porra de sapato pra enfiar dentro do carro!

E obedeci. Mas o que peguei para colocar não era bem o sapato de gala um número menor que o meu pé...

Meia hora depois, estávamos na frente da mansão. E eu lutava para fingir que não escutava as broncas de Fabrício no banco do motorista. Apesar de o carro ser meu, eu preferi deixá-lo dirigir do que escutar reclamações sobre atrasos o caminho inteiro, quando ele indagou que eu dirigia pior que mulherzinha. Quis rebater, mas me contentei em calar a boca pelo menos uma vez.

Por sorte, haviam ainda muitos carros estacionando e uma fila de casais, com roupas que deveriam valer mais do que o meu apartamento, se estendia em frente à porta de uns dois metros e meio de altura.

–Você não me disse que era um baile de casais!!

–Eu prefiro vir contigo à perder essa oportunidade, Ed.

Pronto. Minha noite estava arruinada. Todas as oportunidades que eu imaginava se reduziram à pó em míseros segundos.

–Legal Fab, só espero que não tenha uma aliança embrulhada em uma cueca vermelha de seda quando eu chegar em casa – cruzei os braços.

–Pára de ser tão dramático! É só pra entrar, lá a gente se separa.-e continuou, mais para si mesmo – Até parece que somos os únicos a fazer isso.

Fuzilei-o com o olhar, e desejei ter uma arma em mãos.

De perto, as portas pareciam ainda maiores, e me assustei só em pensar o tamanho daquela casa por dentro, e a fortuna que deveria custar. Fabrício entregou os convites para um dos seguranças, e quando eu ia entrar, um outro me barrou.

–Que foi? Preciso trazer comprovante de residência pra entrar? –um sorriso irônico brotou em meus lábios. O segurança continuava a me olhar sério, alheio à minha piada infame, e se contentou em olhar para os meus pés.

–Você não pode entrar com esses sapatos.

–E por que não? Os outros não entravam na porra do meu pé, por que o filho da mãe do meu amigo comprou um número menor do que o meu! E eu até lavei eles!

Fabrício já tinha entrado e me encarava lá de dentro com expressão de quem está louco para dar um sermão em alguém. O segurança se negou, e foi recolher os convites de um outro casal que entrava. Bufei. Calculei as chances de passar despercebido no meio da multidão que entrava, mas desisti ao perceber o grau absurdo de organização que aquelas pessoas da alta sociedade tinham até para formar uma fila. Neguei em silêncio. Como eles podem ser seres humanos normais agindo assim?. Achei melhor dar uma volta para avaliar a casa. Eu não tive que aguentar a mulherzinha do Fabrício reclamando no meu ouvido durante mais de uma hora pra nada! E agora que eu estava ali, eu iria entrar de qualquer jeito.

Eu já tinha rondado a casa umas três vezes sem sucesso, quando resolvi sentar na pequena praça que tinha atrás da casa.

–Porra, eu pago meu carro em dez anos enquanto eles têm uma praça atrás de casa!

Suspirei e resolvi tentar novamente. Assim que virei, dei de cara com uma escada de madeira coberta por folhas e flores de todas as cores. Certamente o propósito dela era enfeitar, mas eu tinha outros planos. Verifiquei se não havia alguém ali, pronto para me denunciar e, assim que tive certeza de que a barra estava limpa, subi até a janela acesa mais próxima. Ela era um tanto menor do que as outras, mas era meu único jeito garantido de entrar naquela casa. Depois de alguns esforços, e de um rasgo no paletó, bem abaixo do meu braço, consegui abri-la. Forcei minhas pernas para dentro e fui empurrando com os braços, até estar completamente dentro do recinto. Arfei.

–Finalmente..

Mas quando olhei em volta, percebi que não era bem o salão que eu esperava. Era um cômodo enorme, mas estava mais para banheiro do que qualquer outra coisa. De certo modo, fiquei aliviado por ninguém ter me visto entrar, mas me assustei ao perceber que não haviam mictórios no local. Puta que pariu. Corri para a porta, mas hesitei em abrir, com medo de que alguém me visse saindo do banheiro feminino e tirasse conclusões completamente erradas ao meu respeito. Eu abria a porta com cautela, quando alguém a abriu com mais força para o lado contrário, e a porta bater na minha cabeça. Recuei, e tive certeza de que teria um galo para me acordar de manhã. Pelo menos agora não preciso mais de despertador. Pensei com ironia, e ri de minha própria piada.

–Ai minha nossa, eu te machuquei?

Uma voz feminina falou, e quando olhei à minha frente, tive a sensação de sentir a dor desaparecer e meus olhos se arregalarem. Ela usava um vestido azul que caía até seus pés, e deixava os ombros pálidos descobertos. Tinha o cabelo preso em um coque atrás da cabeça, e uma vontade imensa de beijar aquele pescoço de cisne tomou conta de mim. Ela apoiava as mãos envolta do meu rosto, procurando algo na minha cabeça. Foi quando me dei conta de que ela procurava meu machucado, e lembrei de sua pergunta. Neguei com a cabeça e estendi-lhe a mão.

–Eduardo. Mas pode me chamar de Ed.

Sorri da maneira mais sedutora que consegui, e seus olhos brilharam quando apertou minha mão.

–Nix. E pode me chamar assim mesmo.

Seus lábios vermelhos sorriram para mim com malícia, e naquele momento eu tive certeza de que a noite estava longe de acabar.


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