Gravado na Pele escrita por Claire


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de dizer que estou a três meses sem entrar na conta por falta de comentários e quando finalmente voltei e vi duas recomendações maravilindas na minha história, não pude evitar. Esse capítulo lindo (e esperado) foi escrito pela felicidade que aquelas recomendações me trouxeram! Obrigada, muito e muito obrigada, vocês foram cruciais para a continuação de "Gravado na Pele"! Beijos e espero que gostem :3
P.S.: Recomendo a leitura do capítulo com a música "I Wanna Be Yours" - Arctic Monkeys



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Quando eu tinha sete anos, havia visto na vitrine de uma loja de brinquedos uma réplica miniatura do carro do Batman. Lembro-me de ter soltado a mão da minha mãe e ir correndo para a loja, sem hesitar. Então eu a vi entrando em meio àquele monte de brinquedos, correndo à minha procura e vi um sorriso iluminar seus lábios quando ela me viu sentado no Batmóvel, dirigindo-o. Minha família nunca foi rica e, por mais que fosse o meu sonho ter aquele brinquedo, era bem improvável que, mesmo com quase um ano pagando, meus pais conseguissem comprá-lo. Eu passei o resto daqueles 365 dias almejando aquele Batmóvel como um louco e, no natal daquele mesmo ano, meu pai havia me avisado que o Papai Noel só iria trazer um presente pra mim, porque ele era grande demais e toda a família teve que ajudar a construí-lo. Assim que chegou a hora de abrir os presentes, o meu brinquedo dos meus sonhos estava ali, bem na minha frente e prontinho para ser meu. Foi a primeira vez que fiquei sem palavras. Quando Nix disse que amava, foi a segunda.

Naquele momento, tudo o que se passava na minha cabeça foi embora. Eu não sabia o que sentir. Minhas emoções simplesmente não apareciam e eu permaneci imóvel, sem saber exatamente o que pensar e fazer. Não sei quanto tempo fiquei assim e só voltei à lucidez quando me dei conta do tamanho da súplica nos olhos de Nix, ansiando por alguma resposta minha. Eu devo realmente ter parecido um idiota por um bom tempo, pois ela abaixou a cabeça e abraçou seu próprio corpo, murmurando:

–Não precisa falar nada. Me desculpa por toda essa situação. Eu vou... tomar um banho... acho.

Ela levantou sem me olhar nos olhos. Ainda não conseguia pensar racionalmente quando me levantei e puxei seu braço, fazendo-a virar e olhar para mim. Havia lágrimas em seus olhos. Peguei seu rosto entre as mãos e neguei com a cabeça. Foi o máximo de expressão que consegui demonstrar e, quando voltei a mim, já estava com sua boca em meus lábios.

Ao contrário do que sempre achei que aconteceria quando sonhava com esse momento, ela não virou o rosto ou ousou romper o beijo. Ela também ansiava por aquilo. Quando percebi que era real, retirei minhas mãos de seu rosto e apoiei-as em seu quadril, no mesmo instante em que várias explosões aconteciam dentro de mim. A sensação era quase como a de ganhar um Batmóvel quando se tem sete anos, só que melhor. Bem melhor. Ela agarrava meus cabelos com força, como se desejasse mais de mim do que o possível. Não posso dizer que era a única. Minhas mãos passeavam por suas costas, sem saber exatamente onde repousar. Eu a puxava para mim com uma força que eu imaginava não ter. Eu ansiava por ela. Minha consciência total foi voltando à medida que o tempo passava e, quanto mais o tempo passava, mais tempo eu ansiava ter. Empurrei-a até que estivesse encostada na parede e assim que o fiz, ela enrolou as pernas em torno dos meus quadris. Não pude deixar de sorrir com aquilo e percebi que nela a reação havia sido a mesma. Ela abriu os lábios em um sorriso e não pude evitar de abrir os olhos, e percebi que ela possivelmente havia tido a mesma ideia. Sorri como um idiota naquela hora, aquilo realmente estava acontecendo? Foi inevitável:

–Parece que você acabou de quebrar uma promessa.

Ela sorriu com aquilo e, fixando os olhos nos meus, disse:

–Foda-se!

Meu sorriso foi do tamanho do mundo quando aquela centelha de medo de ter falado a coisa errada desapareceu. Meus lábios procuraram os dela ansiosamente e o beijo tinha apenas recomeçado quando a porra do meu celular tocou.

–Me desculpa – eu disse, deixando-a ali e indo procurar meu celular que tocava ridiculamente alto em algum lugar daquela casa.

Achei-o no balcão e atendi.

–Oi. –disse, seco.

–E aí cara! Como vai a estadia?

–Para de ser irônico, Fab. O que você quer.

–Entender por que você anda tão idiota quando fala comigo. –Ele disse, sendo o mais grosso possível dentro da capacidade de encenação que lhe era atribuída. Peguei o telefone e fui para o jardim, afim de que Nix não escutasse a nossa conversa.

–Desculpa cara, mas minha vida anda meio confusa ultimamente. Eu não sei o que tá acontecendo aqui...

–Já descobriu alguma coisa?

Cobri a boca com a mão, a fim de abafar o som, e disse:

–Na verdade, teve um cara que veio aqui uma vez e... Esquece, eu te conto depois quando estiver sozinho.

–Tá, né. Mas olha só, você deveria me ligar mais, eu tô preocupado contigo.

–Ela não morde, Fab

–Haha, sua ironia me comove Eduardo.

–Para de ser cínico. E a propósito, me manda uma mensagem antes de me ligar da próxima vez.

–Por quê? Atrapalhei seu cafezinho da manhã?

–Não, idiota. Eu tava... Tava tendo uma “conversa séria” com a Nix –Disse, fazendo as aspas com a mão, para não me sentir tão mentiroso.

–Uhum... Tá. Mas que fique claro que eu não te atrapalharia mais se você me desse notícias constantes.

–Beijos, mamãe, tenho que desligar.

–Você é um idiota, sabia?

Revirei os olhos e desliguei o telefone. Quando voltei para dentro da casa, Nix não estava lá. Subi as escadas à sua procura e, quando ouvi o barulho do chuveiro por detrás de sua porta fechada, relaxei, imaginando se eu teria sido um pouco grosso demais ao deixá-la plantada na sala só para ir atender ao telefone. Desci, deitei no sofá e resolvi continuar a leitura do livro que ela havia me dado para ler. O livro era realmente incrível e o autor conseguiu entrar em primeiro lugar no meu ranking mental. Eu devorava as palavras e só parei ao chegar em uma frase que, de algum modo, conseguiu me fazer querer tatuá-la em alguma parte do corpo.

“-Você e eu somos iguais, Óscar. Estamos sós e condenados a amar alguém sem salvação..."

Fechei o livro após a leitura desse trecho, percebendo a verdade naquelas palavras e como elas se encaixavam perfeitamente na minha vida naquele momento e comentei mentalmente: "Será que alguém pode me adicionar a essa lista?”


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Notas finais do capítulo

No aguardo de mais manifestações dos leitores para a postagem de mais um capítulo. Uma ótima semana a todos!



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