Gravado na Pele escrita por Claire


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

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Já era quase manhã, e eu ainda não havia pregado o olho; repassar as cenas das últimas horas não ajudava muito. Aquele sentimento de raiva por vê-la com outro homem e o alívio quando ela pediu para que eu ficasse, não saíam da minha mente.

Perto das cinco e meia, resolvi sair para apreciar o nascer do sol, gozando da vantagem da varanda ser virada para o leste, e tentando ainda ao máximo esvaziar minha mente. Eu usava somente a calça da noite passada, sem cabeça o suficiente para trocar de roupa nem para (tentar) dormir, e com uma sede de sair daqueles pensamentos me consumindo. Dei uma olhada breve para o armário onde as câmeras de Fab ainda estavam guardadas, esquecidas o suficiente para já estarem acumulando poeira, e dei risada da inutilidade delas antes de abrir a porta de correr de vidro que separava o quarto da varanda.

A brisa da madrugada me invadiu, mas o frio já me fazia bem, e me apoiei no parapeito, esperando ansiosamente alguma centelha de luz brotar do céu, e desejando ter comigo algum copo cheio de álcool para esvaziar a mente.

–Está bravo comigo, não está, Eduardo?

Me virei, e vi uma Nix enrolada em uma coberta, sentada na poltrona em frente ao seu quarto, completamente descabelada e de rosto limpo, como se tivesse acabado de acordar, ou de passar a noite em claro.

–Não estou bravo com você, Nix. Apenas não vejo sentido em nada do que você faz.

Ainda enrolada na coberta, ela se levantou e se juntou à mim no parapeito. Foi quando percebi a presença de um cigarro intocado entre seus dedos.

–O que é isso?-indaguei

–Tenho ele à anos. De vez em quando me dá vontade de acender para ver se me ajuda a relaxar, mas nunca tive coragem.

–Posso?

Ela assentiu. Peguei o cigarro de suas mãos e joguei na piscina do jardim. Ouvi que ela murmurava um “obrigada”, que tive que me esforçar para ouvir.

–Você não precisa de nada disso. Não te entendo... Por que não consegue me contar de uma vez pra quê tudo isso, Nix? –minha voz se elevava, conforme eu ia listando primeiro mentalmente, e percebendo nada mais do que confusão em tudo aquilo – Por que esses caras que não querem nada mais de você do que uma noite de sexo? E aquele caderno, Nix? Eu vi aqueles retratos, por que você tem medo de me contar? Caralho! Eu sou obrigado a ver você trazendo idiotas aqui apenas por uma noite, e chorar depois! Sou obrigado a ver você sofrer por algo que não me conta, mas também insiste em não parar de fazer! Você me pede para ficar, para não te abandonar, mas foge de mim como se eu fosse te morder! E eu não posso fazer nada! Meus dias aqui estão acabando, já é o meu quinto dia, mas eu não sei se consigo deixar você aqui sozinha, nessa situação e ir pra casa como se nada tivesse acontecido...

Ela se aconchegou em meus braços, e disse:

–Parece que você perdeu a aposta– disse, com um sorriso maroto brincando nos lábios.

Demorei a entender que ela se referia à aposta que eu disse que fizera com Fabrício, à versão que contei à ela. Naquele momento, quando percebi que era impossível negar, fui obrigado a admitir que eu poderia, realmente, estar me apaixonando por ela.

–E você é indiferente à isso?

Ela refletiu antes de responder

–Você sabe que não. Mas eu prometi a mim mesma que não teria nada com você enquanto estivesse aqui dentro.

–E quando foi isso?

–No dia em que você chegou.

–E será que já não está na hora de quebrar algumas promessas?

Ela ia me dar uma resposta quando a campainha soou. Nos entreolhamos, uma confusão nos rodeava. Ela abriu a porta que separava a varanda de seu quarto e eu a segui escada abaixo. Ela largou a coberta no sofá, dando lugar à uma fina camisola, e me senti estremecer ao vê-la assim. Nix aproximou-se da porta, abrindo somente uma fenda e, vendo quem era, num gesto rápido, abriu a porta inteira, mas bloqueava a entrada. Do lado de fora, um homem que devia ter por volta dos seus cinquenta anos de idade, baixo e magro, se encontrava, com o pouco cabelo que lhe restava e um grosso casaco preto que lhe cobria o corpo inteiro. Olhei confuso para Nix, me perguntando quem era e por que ela lhe barrava a passagem. O homem pareceu irritado ao me ver, mas logo abriu um sorriso falso e abraçou-a. Eu reconhecia aquele cara de algum lugar...

–Filha, que saudade!

Nix permanecia imóvel, com a expressão fechada e sem demonstrar sentimentalismo algum. E murmurou entre dentes:

–Vai embora daqui. Eu cansei de tudo isso.

Porra, o que estava acontecendo?

O homem continuava com um sorriso notavelmente forçado no rosto.

–Me deixa entrar, filha, ou prefere encerrar essa discussão do lado de fora?

–Seria muito pior para sua reputação, com certeza!

Naquela hora, eu percebi que o homem parado à nossa frente era, na verdade, o presidente da cidade, e me espantei com a notícia de Nix ser filha do cara em quem eu havia votado.

–Se não me deixar entrar, Camila, vou entrar à força! E aliás, quem é esse cara? –disse, apontando para mim

–Não interessa, Oséias, e também não me interessa mais o seu dinheiro! Eu decidi que vou começar a me sustentar, mas não vou me submeter à tudo isso de novo!

O prefeito ficou vermelho, julguei ser de raiva, quando ele entrou na casa, empurrando Nix e fechando a porta com força. Ele agarrou-a com força e começou a arrancar sua camisola com brutalidade.

O sangue foi me subindo, quanto mais ouvia os gritos dela e via aquele homem obrigando-a a algo que ela não queria. De repente, não existia mais prefeito ou pai de alguém, eu pulei em cima dele, dando um soco em sua cabeça, enquanto Nix caía no chão, semi-nua e chorando compulsivamente. Eu chutei o corpo do homem caído, ele tentou revidar algumas vezes, mas sua idade, fraqueza e posição lhe eram desfavoráveis. Quando eu já me sentia satisfeito com meu trabalho, segurei o prefeito pelo casaco e o soltei do lado de fora da porta.

–Escuta aqui, seu filho da puta, se você ousar encostar as mãos nela de novo ou simplesmente tentar entrar nessa casa, eu mato você. –E fechei a porta com toda a força que me foi concedida.

Corri para o encontro de Nix, que ainda chorava no chão, e abracei-a com a maior cautela que consegui.

–Você está bem? Ele machucou você?

Enxuguei suas lágrimas com meus polegares, me preparando para mais uma pergunta sem resposta, quando ela começou:

–Ele me usava... Ele vinha aqui em casa todo mês, me batia e me obrigava a dormir com ele, igual ele fazia com a minha mãe...

Aconcheguei-a em meus braços antes de perguntar:

–E por que você ainda deixava ele entrar?

–Ele me dava tudo que eu precisava. Uma noite por mês em troca de todo o dinheiro que eu quisesse. Acontece que eu não quero mais isso, Eduardo. Eu cansei de bancar a prostituta pro canalha do meu pai!

–E eu ainda votei naquele filho da puta... E sua mãe?

–Ele mandou ela para a Inglaterra e a sustenta lá, com a promessa de ela nunca contar para ninguém o que ele fazia com nós duas... Ele disse que se ela não aceitasse, daria um jeito de botá-la na cadeia, provavelmente julgando-a por um crime que não cometeu.

–Obrigado por finalmente confiar em mim o suficiente para não me deixar completamente sem rumo de novo.

Ela avaliou o próprio estado antes de me olhar nos olhos.

–Eu te amo, Eduardo.


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Notas finais do capítulo

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