Incondicional escrita por Selena West


Capítulo 1
O começo do meu fim


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá. Mais uma história, e eu estou bem animada com essa, espero que se empolguem como eu hehe.



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Quando minha mãe disse o sim para o Jeremy eu soube que minha vida estava acabada, não me leve a mal, eu até gosto dele e a forma como minha mãe parece uma adolescente apaixonada quando está com ele, o que me preocupa é o filho do meu novo padrasto, o Darren. Ele foi detestável comigo desde a primeira vez que nos encontramos em um restaurante chique no centro, o idiota fez com que eu e minha mão parecêssemos golpistas sem classe, até insinuou que seu pai foi enfeitiçado, um absurdo.

Minha mãe diz que é só ciúmes do pai, eu digo que é pura maldade. Em contra ponto a irmã dele, a Bree é a criança mais meiga e angelical que já conheci, Bree me apelidou de doce Summer, porque eu sempre fazia doces para ela quando seu pai a levava em minha casa, eu achei o gesto dela um amor.

A musica para saída dos noivos começou a tocar e como se acordassem de um longo período de letargia todos que estavam no altar começaram a sair, primeiro os noivos e depois o resto de nós. Darren me ofereceu o braço para que eu segurasse, olhei para ele com suspeita, tinha que ter algo por trás daquilo, sempre tinha.

— Qual é Morrison, eu não vou te sacanear. – Darren sempre me chamava pelo sobrenome, como se fosse um lembrete que não erámos da mesma família.

Ele me deu um sorriso ordinário.

— Prefiro cair de cara no chão a dar o braço a você. – Eu disse ríspida.

— Seu desejo é uma ordem.

Antes que eu pudesse processar a frase dele, Darren pisou na barra do meu vestido fazendo com que eu caísse de quatro, o casal que vinha atrás da gente quase caiu por cima de mim. Por sorte segurei o tomara-que-caia a tempo dele não mostrar mais do que devia. Darren riu tanto que suas bochechas pegaram fogo, como alguém de dezessete anos poderia ser tão infantil?

— Oh, meu bem você precisa de ajuda? – A moça que estava atrás de mim perguntou estendendo a mão.

Engoli meu orgulho e aceitei a ajuda.

— Obrigada. – Saiu quase como um sussurro.

— É muito difícil não cair com esses saltos tão altos, não é mesmo? Vocês mulheres merecem um premio por essa proeza, eu mesmo não seria capaz. – O acompanhante da moça disse dando um sorriso solidário.

— É verdade. – Foi tudo que eu consegui dizer antes de sair o mais rápido que consegui da igreja.

Minha mãe e o Jeremy estavam posando para fotos quando sai. Eles pareciam tão certos juntos, de uma forma que ela e meu pai nunca pareceriam, no fundo eu sentia uma pontada de ressentimento, mas meu pai estava na África fotografando animais selvagens, ocupado demais para atender aquele maldito celular via satélite.

Mamãe e Jeremy se conheceram em uma pequena padaria, minha mãe estava comprando um cappuccino para o chefe opressor dela e o Jeremy estava tentando comprar uma rosquinha para matar a fome antes de ir para uma reunião, mas o cara do caixa não tinha troco para uma nota de cem, então minha mãe se voluntariou para pagar o doce e ele sair logo da fila antes que o chefe dela desse outro piti pelo telefone, e então aconteceu a magia do amor, ele a convidou para jantar e eles não se desgrudaram no ultimo ano, com três meses de namoro o Jeremy pediu ela em casamento, eu ainda nem conhecia o enviado de satã que ele chama de filho, senão eu teria dito algo a respeito.

— Summer, Darren e Bree. Venham tirar uma foto conosco. – Jeremy nos chamou.

Eu hesitei, mas assim que a Bree passou correndo por mim e puxou minha mão não tive escolha. Fiquei ao lado da minha mãe, a Bree se sentou aos pés deles e o Darren foi para o lado do pai.

— É ou não é, uma linda família? Hein Sabine? – O fotografo perguntou para assistente que segurava um refletor em nossa direção.

A mulher de cabelos rosa nos observou por um segundo.

— Lindos, com certeza. – Ela não pareceu muito convicta.

Nós sequer parecíamos da mesma família. Eu e minha mãe temos cabelos castanhos, olhos verdes, eu sou um pouco mais baixa e magra do que ela. Não chamaríamos muita a atenção das pessoas se andássemos na rua, a não ser pela nossa semelhança óbvia. Ao contrario de nós, os Ferris parecem saídos de um catalogo de roupas caras, o Jeremy é alto e moreno como se fosse à praia todos os dias, ele tem olhos azuis e espessos cílios loiros, seu cabelo loiro está sempre alinhado, ele é muito elegante, a minha tia Cassie tem razão, a mamãe tirou a sorte grande. A Bree parece uma pequena Barbie, ela tem longos cabelos loiros, sua boca tem formato de coração, ela tem apenas oito anos, mas poderia destruir um coração com aqueles olhos azuis. E por fim temos o Darren, que parece ter sido adotado, mas é igualmente bonito, seus olhos são verde escuro, o cabelo ondulado dele é preto, e ele tem a pele bem mais clara do que a minha o que eu pensava ser impossível. Confesso que acho as sobrancelhas grossas dele bem expressivas, mas isso é o máximo que me permito elogia-lo. Pra mim parecemos mais um bando de estranhos vestidos com roupas de gala.

A festa estava linda, a equipe que o Jeremy contratou fez um ótimo trabalho no salão e no jardim do jóquei clube, havia luzes por todos os lados, flores rosa e brancas decoravam as mesas e os arranjos, uma banda tocava no palco, parecia uma cena de filme. Sentei-me na mesa dos noivos sozinha, mamãe e Jeremy estavam rodando o salão e cumprimentando seus convidados, Bree se juntou a algumas crianças no parquinho e o Darren sumiu. Eu precisava descansar, meus joelhos latejavam por causa da queda, acho que esfolei um deles. Pedi um copo de suco para um dos garçons que estavam servindo as mesas. Minha prima Jenny se sentou do meu lado.

— Você pre-ci-sa ir dançar comigo. – Jenny disse pegando o suco que o garçom trouxe pra mim.

— Primeiro: isso é meu. – Eu disse pegando o copo de volta. – Segundo: Não, meus joelhos estão me matando.

— Imagino, eu vi você caindo. Aquilo foi... Wow, eu morreria se fosse comigo.

Jenny nunca foi minha prima mais agradável. Ela faz o tipo gostosona, usando roupas coladas e brilhantes, ela tem um corpo bonito, mas isso não significa que ela deva exibir isso por ai como se fosse um pedaço de carne em promoção no pior açougue da cidade. Ela tem os cabelos vermelhos e lábios grossos, seus olhos castanhos estão sempre pintados de preto.

— Como você sente sendo a mais nova milionária da cidade? – Ela nunca se cansava de ser inconveniente.

— Não sou. O Jeremy é. Não estou interessada no dinheiro dele, só em como ele vai fazer minha mãe feliz. – Era a verdade.

— Seeeei... Você vai comer isso? – Ela apontou para um canapé que o garçom havia deixado.

— Não, é todo seu. Aproveite. – Ironizei.

Ela pegou o prato e saiu rebolando.

— Classuda. – Darren disse enquanto ocupava o lugar ao meu lado.

Ele endireitou a gravata e acertou o cabelo olhando o seu reflexo em uma colher.

— Não podemos escolher quem pertence a nossa família. – Lamentei.

— Senti que isso foi uma indireta Morrison. – Darren fingiu estar ofendido.

— Nem tudo é sobre você, pelo amor de Deus. – Revirei os olhos.

— Tenho um acordo Morrison, vamos ter uma trégua até o fim da noite por nossos pais. Eu realmente gostaria de aproveitar esta linda festa. De qualquer maneira já vi você no chão hoje, foi divertido, mas estou disposto a me comportar.

Eu não sabia se ele estava falando sério, mas eu realmente estava afim de um pouco de paz.

— Feito. – Estendi a mão para ele.

— Não vou te tocar Morrison, nem adianta tentar, somos irmãos agora.

— Não, não somos.

Darren sequer me respondeu, ele levantou da cadeira onde estava e sumiu no meio dos convidados. Aquilo era só um aperitivo de como seria minha vida até a faculdade, e eu não gostava nenhum pouquinho, talvez eu devesse ir morar com a vóvó Los Angeles, porém eu sabia que minha mãe nunca permitiria. Acho que me fazer de vitima era minha forma de esquecer que eu teria que deixar o apartamento onde cresci, pode parecer besteira, mas era mais do que minha casa, era meu lar, onde eu sabia que a noite a pia da cozinha pinga, que a janela faz um barulho engraçado quando o vento bate muito forte ou que no rodapé da sala tem o meu nome escrito com um canivete. Não entrava na minha cabeça que aquilo era passado, que minha nova casa era uma mansão em um bairro nobre, mas nunca seria meu novo lar. Por tanto tempo foi só eu, mamãe e um namorado ocasional dela, era uma vida fácil e simples, e era passado, o que não faço pela minha mãe.

— Finalmente te achei. - Carly disse desabando do meu lado.

Ela é minha melhor amiga desde sempre. Ela é descendente de coreanos, seus olhos puxados pretos são sempre atentos e seu rosto redondo é gracioso, ela me lembra a Mullan, mesmo que a Carly diga que ela é chinesa e a comparação é bem racista da minha parte por insinuar que orientais são todos iguais.

— Você está linda, cara onde você esconde esse corpão todo?- Ela disse analisando o meu tomara que caia azul marinho.

— Não gosto de chamar a atenção toda para mim, já basta ser a mais inteligente. – Eu ri e ela fez careta.

— Sou oriental, você não tem como ser mais inteligente do que eu.

— Quem está construindo estereótipos agora?

Ela me deu um tapinha no braço de leve e gargalhou.

— O que eu perdi? Não consegui chegar a tempo da cerimonia.

— Foi lindo, bem simples, nada que você já não tenha visto antes. – Dei de ombros.

— O Darren não aprontou nada? – Ela arqueou uma sobrancelha me indagando.

— Claro, ele pisou na barra do meu vestido e eu cai de quatro na hora de sair da igreja, por pouco não fiquei com os peitos de fora na frente de todo mundo. – Lembrar daquilo me deixou com raiva de novo.

Carly deu um soco de leve na mesa.

— Garoto nojento esse seu novo irmão. E onde ele está?

— Ele NÃO é meu irmão. – Eu disse nervosa.

— Calma eu sei.

— Não sei onde a peste está e nem me interessa. Ele pediu trégua, e sinceramente espero que continue assim, não estou afim de brigar hoje.

— OK, talvez você queira vir para a mesa dos Hongki e se sentir um pouco menos deslocada.

— Claro, eu adoraria.

Passei o resto da festa com a Carly, dançamos, comemos e nos divertimos. Tirei algumas fotos para revistas e jornais, o Jeremy era um figurão conhecido pelas colunas sociais, vários fotógrafos vieram cobrir o casamento dele e da minha mãe, estavam chamando a união deles de o conto moderno de Cinderela, era quase isso. Com toda certeza do mundo eu torcia pela felicidade deles, não pelo dinheiro, mas pela minha mãe, ela passou tanto tempo cuidando de mim que se esqueceu de cuidar dela e era por isso que mesmo odiando o Darren, nunca me opus ao casamento dela, eu seria a fortaleza dela da mesma maneira que ela foi a minha por dezesseis anos.


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de comentar e dizer o que acharam, não sejam tímidos.


beijos.
S.W.



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