Atração Implacável escrita por Lia Pallomare


Capítulo 15
Ideia estúpida




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A porta do quarto se abriu e Dakota sentou-se ao meu lado e encarou a tela do computador com certa curiosidade. Eu ainda estava olhando para aquela foto em que Naomi, Lucas e meus pais se abraçavam.

— É sua família? — ela perguntou com a voz tensa. — A sua família de verdade?

— É. — dei de ombros e olhei para a janela. — Parte dela pelo menos.

— Seu irmão é muito parecido com você e a garotinha lembra sua mãe.

—É estranho ver como o tempo passou. Ainda sinto como se isso tudo fosse um sonho e que quando eu acordar, vou ter novamente onze anos e tudo estará bem, mas no fundo sei que a verdade é o oposto disso tudo. Eu estou ferrada, Dakota. Meu mundo virou de ponta cabeça de tal maneira que nem ao menos sei o que é normalidade. Passei os últimos anos brincando de esconde-esconde com um psicopata e sei que se eu perder o jogo, perco também a vida.

Dakota não disse nada por algum tempo e isso foi a melhor coisa que ela fez. Eu não esperava que ela me compreendesse ou que falasse algo para me consolar, pelo simples fato de que eu não precisava ser consolada. Ao falar sobre meus demônios interiores, não queria ouvir palavras doces, queria apenas que alguém me escutasse e não falasse absolutamente nada. O silêncio entre dois amigos é mais reconfortante que as palavras vazias de desconhecidos.

Olhei para ela e onde eu esperava ver compreensão, havia medo. Era como se ela sentisse os mesmos terrores que estavam me atormentando e, estivesse tão perdida quanto eu nisso tudo. A única diferença é que ela não precisava estar envolvida em nada disso, mas eu a empurrei para o meu mundo complexo e cheio de mentiras. Por causa da minha ânsia de ser uma garota normal, meus amigos corriam perigo.

Meu coração batia tão forte, que parecia que ele iria saltar do meu peito e a cada segundo uma ideia brilhava mais e mais. Era uma ideia estúpida e suicida, mas provavelmente livraria meus amigos do mesmo destino que o meu e, por esse motivo, a ideia parecia menos absurda do que de fato era.

Enquanto me concentrava naquela ideia que começava a ocupar toda a minha mente, a porta novamente foi aberta e dessa vez Jordan entrou. Dakota acariciou meu braço e saiu do quarto. Algo que deve ser lembrado quando falamos sobre melhores amigos, é que normalmente, eles tomam atitudes que não queremos que sejam tomadas, por que no fundo, aqueles que amamos entendem mais nossos corações que nós mesmos.

Jordan deu alguns passos na direção da cama e meu corpo ficou tenso. Toda vez que ele se aproximava, eu me dividia entre o amor e o ódio. Não sei como ele é capaz de me levar para extremos e ainda me deixar lúcida.

— Não chegue mais perto. — Alertei-o, temendo mais o que eu faria com sua proximidade, do que qualquer outra coisa.

— Você está agindo como uma garota mimada.

— Eu não me importo. — dei de ombros. — Depois de tudo o que aconteceu nos últimos dias, a coisa que menos me preocupa é como eu pareço para você.

— Jenn, será que dá pra você me escutar? — ele ergue a sobrancelha e andou na minha direção.

— Se eu falar não, vai mudar alguma coisa? — Perguntei, mesmo sabendo a resposta.

— Não.

Olhei-o nos olhos e então desci o olhar por todo o corpo forte dele. É a primeira vez que o vejo realmente cansado e perdido. Durante o tempo em que passamos juntos, nunca vi nada além de confiança, músculos e sua atitude provocadora; era com esse Jordan que eu sabia lidar. Mas o homem sentado ao meu lado era tão diferente dele, que chegava a doer. Seus olhos estavam focados em mim, como se ele quisesse captar cada detalhe meu e, por um momento, senti que poderia perdoa-lo.

— Sei que não agi da melhor maneira com você, mas acho que a verdade não mudaria nada. — Ele disse isso tão lenta e calmamente que parecia ter ensaiado na frente do espelho algumas vezes antes de falar comigo. — E, mesmo que eu quisesse falar a verdade, eu não poderia. Existem regras que precisam ser seguidas, Jennifer, e, uma delas é não falar sobre o nosso trabalho.

— A outra regra é não se apaixonar pela garota que você precisa vigiar — estreitei o olhar e ele sorriu. — O que aconteceu?

— Não pretendia me apaixonar por você, mas eu sabia tanto a seu respeito, que ficou impossível não me importar mais com você do que o necessário. Seu passado não era segredo para mim e, toda vez que suas mentiras convenciam os outros, eu era capaz de ver fagulhas de dor em seus olhos. Você sempre passou a imagem de garota durona e inabalável, mas eu conheço seus medos e sei o quanto você está amedrontada agora. Conheço você tão bem, que sei que não está de fato brava comigo, só está descontando toda a frustração e raiva em mim, por que é mais fácil assim.

— Mas eu não te conheço! — Meus olhos arderam com as lágrimas que começavam a descer e Jordan prontamente as secou.

— Isso não é verdade. — Sua mão tocou a minha e ele sorriu quando não me afastei de seu toque. — A única coisa sobre mim que não era verdade, era o meu trabalho. Eu nunca menti sobre outra coisa para você.

Balancei a cabeça e deixei as lágrimas cobrirem meu rosto. Não era a conversa com Jordan que me fazia chorar, mas sim os pensamentos que me consumiam. Se eu o amava, como tinha certeza que amava, não podia colocar sua vida em risco por minha causa. Não podia deixar mais ninguém correr riscos por minha causa e eu sabia bem o que precisava fazer.

Jordan estava tão vulnerável naquele momento que quando o beijei, ele demorou algum tempo para me beijar de volta, mas quando o fez, seu toque era saudoso e cheio de cuidados, mas carinho era tudo o que eu não queria naquele momento.

Afastei-me de seus lábios e arranquei minha blusa da forma mais sensual que era possível e em seguida voltei a beijá-lo. Minhas mãos logo agarraram sua camisa e com um movimento rápido ela voou para longe. Dessa vez nossos segredos não nos refreariam, muito pelo contrário. A cada minuto Jordan parecia mais voraz e quando as únicas peças de roupas nos separando eram a minha calcinha e sua cueca, ele me jogou na cama e sorriu.

Seus lábios roçaram os meus e então ele beijou meu pescoço e lentamente desceu até meu peito e então para minha barriga, até tocar minha calcinha. Ele avidamente a tirou, me deixando completamente nua. Quando pensei saber o que aconteceria a seguir, Jordan voltou a ficar sobre mim e me beijar. Prendi minhas pernas em sua cintura, implorando por mais e sabendo o quanto eu o desejava, ele me provocava me penetrando com seus dedos lentamente.

Um gemido saiu dos meus lábios e cravei minhas unhas em suas costas quando ele finalmente me penetrou. Ele movimentava seu corpo com agilidade, entrando e saindo de dentro de mim cada vez mais rápido, me causando ondas de prazer irrefreáveis.

Não demorou muito para nós dois estarmos suados e quase adormecidos. Deitei-me ao lado dele e quando sua respiração ficou ritmada, sentei-me novamente na cama, olhei-o dormir e me vesti, sabendo que essa era a única chance que tinha para proteger as pessoas que amava. Vesti uma calça jeans e um moletom e fui para a sala. O relógio cuco fazia seu tic-tac irritante de sempre e, só então vi que já passava das três da manhã.

A essa hora da madrugada, alguns poucos seguranças deveriam estar acordados e, fugir pela janela não deveria ser muito difícil, o único problema é que as janelas, em sua maioria não abriam o suficiente para que eu conseguisse passar por elas. Somente as janelas do segundo andar abriam ou pouco mais e, pular dali, faria muito barulho.

Fui para a cozinha e, para minha surpresa, não havia ninguém ali. Abri a porta e fui para a parte de trás da casa, onde uma piscina imensa ocupava boa parte do lugar. Havia um cercado há uns quinze metros de distância, que davam para a uma floresta, e, para a minha sorte, não devia ter mais que um metro e oitenta de altura. Não era muito difícil pulá-la, uma vez que o material da cerca era duro e com espaçamento suficiente para que eu conseguisse escalar.


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