Kagerou - O Resgate da Princesa. escrita por L e m o n


Capítulo 2
Falsa lenda.


Notas iniciais do capítulo

Im back



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Mestra, estou tão perto de atingir meu objetivo.

...

Por que chora? Você que pediu por isso.

...

Agora arque com as consequências.

–---

– Kuwo, o que faremos hoje? - A voz doce ecoou pela sala, dando-lhe náuseas.

– Já disse para se referir a mim como Lorde, o que essa sua estupida cabeça não entende? - Bufou, estapeando o ar e agarrando a menina pela gola - Ainda não consegue controlar seus poderes? Que inútil.

– ... Papai...? - Ela tentou e recebeu um ranger de dentes como resposta, entendendo o recado - L-Lorde - Começou cuidadosamente - Podemos sair hoje?

Kuroha encarou a garota, de quase 6 anos, e segurou um suspiro. Não lhe avisaram que crianças davam tanto trabalho. Mary parecia um ser iluminado, a pele impecavelmente branca, ganhava uma coloração vermelha quando se envergonhava ou queria chorar, os cabelos loiros lhe chegavam na cintura e brilhavam com a luz do Sol e os olhos, grandes e arredondados, eram misteriosamente rosados e tinham um brilho alegre e infantil neles, era fácil se prender ali. Mas eram só os poderes despertarem que ela parecia um pequeno demônio, com aqueles olhos vermelho-sangue e as pupilas de cobra. Não que aquilo o assustasse, afinal, ele era uma cobra. Mas odiava aquele sentimento estranho em seu peito. Odiava Mary.

– Não sairá para lugar nenhum. Já não te expliquei o significado da palavra proibida? – Bufou, mexendo nos papéis sobre a mesa - Vá procurar alguma coisa com o que brincar, estou ocupado.

– Ocupado com o que?

– Nada que te interesse.

– Mas estou curiosa. - Ela inclinou-se pra perto dele.

– O que te falei sobre curiosidade? - Falou baixo, começando a se irritar.

– É um sentimento mal e que deixa as pessoas bravas. - Repetiu as palavras dele.

– Pois bem, é uma menina má?

– ... Sou...? - Mary tombou a cabeça pro lado, confusa, Kuroha sempre a chamava de garota má, mas não entendia se era algo bom ou ruim.

– Você...

Kuroha soltou um longo suspiro, envolvendo a cabeça com as mãos e contando mentalmente até 10. Não queria explicar a diferença entre bom e mal, talvez devesse começar a chamá-la de "demônio" em vez de "menina má". De rabo de olho, encarou a garota, furioso. Por mais que tentasse, sabia que Mary não era má, ela tinha um coração puro demais e isso sempre o fazia se perguntar onde tinha errado em sua educação. Esperava que Mary o odiasse, que sua fúria fosse libertada e que tivesse o potencial de ser sua rainha. Mas toda vez que a repreendia ou a tratava mal, ela sorria. Um sorriso ridiculamente bobo e inocente que quase o fazia se arrepender.

– Dodoi? - Mary estendeu as mãozinhas e envolveu o rosto dele, preocupada.

– Estou bem - Sentiu ganas de empurrá-la e fazê-la chorar, mas não conseguiu - Você - Levou os dedos a testa dela e lhe deu um peteleco, afastando-se - Demônio miúdo. - Resmungou - Se me der mais trabalho quando crescer, nunca mais trago bolo pra ti.

Mary arregalou os olhos e depois sorriu. Aquele sorriso bobo que odiava. Mas sentiu-se um pouco, bem pouco, mais leve.

–---

– Dê mais um passo e eu juro pelas minhas cobras que eu te tranco naquele quarto e só abro quando tiver 80 anos. - O moreno bebericou o café, sem tirar os olhos dos papéis.

Mary suspirou, desanimada. Tinha confiança que dessa vez conseguiria. 14 anos se passaram como uma flecha. Mary não crescera muito desde a infância, mas sua maturidade era visível em alguns traços da sua aparência e atos, já Kuroha não mudou nada, era um demônio, afinal. Com 180 anos, ainda tinha aparência de um homem de 20 anos.

– Quando vou poder sair? - Ela perguntou mesmo já sabendo a resposta.

– Quando eu disser que pode. - Ele quebrou uma torrada, passando-a na geléia e pondo os papéis de lado - Terminou seus deveres?

– Sim.

– Ótimo - Kuroha bocejou - Já está pronta para governar este país com garras de fogo?

– Não...

– Então ainda tenho muito que te ensinar. - Suspirou, exausto.

Ele sabia. Sabia que não conseguiria corromper o coração dela. Pura demais, boa demais, tanto que o amoleceu e ao reconhecer esse fato, foi rápido o bastante em cortar relações íntimas demais com ela, se tornando frio e cruel. Mas esse comportamento não durou muito tempo, a primeira vez que a fez chorar, suas forças foram derrubadas como se catapultas tivessem o atacado. Mary era perigosa, não fisicamente, mas ela mexia com seu emocional e seu interior. Com 20 nos, ela já era capaz de controlar seus poderes muito bem, mas Kuroha não encontrou a oportunidade de testá-los e ver o quão destrutivos eram.

... Não até aquela noite.

O poderoso Lorde Demônio parecia um animal enjaulado. Era madrugada e ele não parava de se movimentar em círculos na sua pequena sala na torre esquerda do castelo. Se as teorias e lendas estivessem certas, oh diabos, como estaria fodido. Como podia ter deixado algo como aquilo passar? Ou teria sido um truque de Azami para amaldiçoa-lo por tudo que fez?

– Inferno! - Chutou a mesa, derrubando-a para o lado.

Era muito tarde para mudar seu destino, sabia disso, mas não custava tentar. Fixou o olhar no relógio, eram quase 3h da manhã.

– Acho que posso adiar meus planos... - Murmurou, sem notar a presença do corvo ali.

– Não pode, com certeza irá procrastinar - O corvo gracejou - E quando procrastinas, é difícil te trazer de volta aos princípios.

– Eu sei, eu sei - Bufou - O que me traz, Bhur?

– Shion está morta, Kenjirou e Ayaka tomarão posse do trono na próxima lua cheia. - O corvo devagar se transformou num homem magro, de longos cabelos negros e olhos afiados, mantinha o sorriso perigoso no rosto - Já abriu o jogo para a garota? O dia está perto.

– Abrir que jogo?

– Ou não pretende contar para sua preciosa princesa que ela é fruto de uma maldição e que quem a tirou da familia foi seu amado guardião? - Bhur riu - Tem medo que ela o odeie, Kuroha?

– Não seja ridículo, eu nunca amaria ou temeria um monstro como aquela garota. - Virou o rosto - A lenda era falsa. - Murmurou, furioso - A verdadeira foi feita como uma maldição pra mim!

– Quer dizer que vai ter que arranjar outros meios de tomar o trono? - Bhur não parecia preocupado - Sabe que sempre te seguirei e esta maldição não deve ser tão ruim assim, diga-me, o que é?

Kuroha franziu o cenho, talvez não fosse perigoso para os outros, mas para ele, era algo que não podia perdoar. Antes que pudesse abrir a boca, um estrondo foi ouvido perto dos muros do castelo. Alarmado, a primeira coisa que fez foi checar em Mary, não precisou abrir totalmente a porta para ver a bagunça. Ela tinha arrumado as coisas às pressas e fugido.

– Ela fugiu. - Sentia a fúria borbulhar em seu interior, precisava matar alguém e seria bom que Bhur não aparecesse para o atazanar.

Não esperou muito tempo para refletir, Mary sabia controlar seus poderes e encontrá-la seria um trabalho infernalmente difícil. Infelizmente, não pode sair de imediato, tinha que orientar sua guarda em como proteger o lugar e como deveriam arrumar aquele buraco na muralha o mais rápido possível. Demorou 2 horas para que estivesse pronto para partir, o que o irritou profundamente.

Se perdesse Mary, estaria morto.


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Notas finais do capítulo

Fiz um capitulo rápido só para não abandonar a fic, desculpem pelo atraso.



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