Maldição | Amor Imortal 03 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 35
Capítulo 35




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Alguns dias haviam se passado desde o seu encontro com Argent e apesar dos hematomas ainda estarem presentes no corpo da imortal, ela já conseguia se movimentar sem ter vontade de morrer. Contudo, ela ainda tinha que ser cuidadosa para não sentir dor conforme os seus movimentos.

O seu relacionamento com Dimitrius também parecia ter melhorado, por mais que ele ainda se negasse a falar sobre o futuro em que eles teriam que dormir juntos, o arcanjo da humanidade sempre estava presente e de olho em Gaia para que ela não fizesse nada errado. E o mais estranho era que a imortal já não desejava mais que ele se afastasse dela como antes, ainda mais quando o mesmo não ficava a importunando com perguntas sobre quem havia a espancado na floresta.

Talvez o anjo estivesse esperando que ela revelasse a verdade sem ser forçada a isso. Ou ele simplesmente não se importava com o que havia ocorrido a ponto de...

Não.

Ela não devia pensar isso.

Gaia sacudiu sua cabeça para espantar os pensamentos que agrediam a honra de Dimitrius. Por mais que ela não confiasse nele para dizer tudo o que Argent fazia, isso não significava que o imperador aceitava que fosse espancada apenas por diversão.

No passado ela até pensaria que Dimitrius era como Argent e Gregory, pois o anjo sempre a assustava com suas ameaças a ponto de fazer a imortal se perguntar quando elas deixariam de ser apenas palavras. Mas seus encontros com o anjo e o seu casamento forçado fizeram com que ela conhecesse quem realmente era esse arcanjo.

Gaia parou de caminhar e olhou em direção de Dimitrius que estava a alguns passos atrás dela para que pudesse observá-lo.

Naquele dia o anjo estava a acompanhando em um pequeno passeio ao redor da sua mansão, pois a imortal ainda não estava preparada para fazer longas caminhadas. E como Dimitrius não estava aceitando muito bem a ideia de que ela ficasse sozinha depois de sair do seu quarto, ele a seguia como se fosse sua própria sombra.

Os pequenos lobos também estavam presentes, mas eles estavam mais interessados em Dimitrius do que nela desde que perseguiam o arcanjo e paravam quando ele fazia o mesmo. A imortal não tinha dúvidas sobre quem era o favorito dos pequenos filhotes e isso a deixava confortável. Afinal, os animais inocentes sabiam muito bem em quem podiam confiar.

E os filhotes confiavam cegamente em Dimitrius.

— Vamos voltar, Gaia.— O arcanjo falou antes que ela pudesse deixar de observá-lo.— Eu não quero que ninguém te veja e pense que estou a espancando.— Ele murmuriou de forma seca.

A imortal tinha certeza de que seria exatamente essas palavras que estariam nas fofocas das dimensões caso alguém a visse cheia de hematomas. E o imperador seria o único culpado desde que ela não era vista com ninguém além dele.

Gaia se virou para estar ao lado do anjo e voltar a caminhar, mas antes que realmente pudesse se mover, seus olhos encontraram uma árvore que havia passado despercebida durante a sua caminhada já que a imortal sempre tentava ignorar a natureza ao seu redor por causa do desespero dela ao lhe querer contar o futuro.

A árvore parecia comum, com seu tronco escuro e galhos cheios de folhas que provavelmente dariam belas flores no futuro. No entanto, a imortal sabia que isso não ocorreria.

— Ela está morrendo.— Ela comentou em tom calmo.

A energia que lhe dava vida estava escapando daquela árvore e era lamentável que ela estivesse morrendo quando deveria ter uma longa vida. Logo a árvore ficaria sem suas folhas e seu tronco se tronariam fracos a ponto de até mesmo virarem poeira quando um vento forte se debatesse contra ela.

— Cure-a.— Dimitrius chamou a atenção de Gaia.— Você pode salvá-la, gatinha.—
— Eu não posso interferir no destino da natureza.—
— Eu poderia contar quantas vezes já escutei você dizer que não pode.— O arcanjo se aproximou dela e olhou em direção da árvore.
— Você ouviria menos se prestassse mais atenção no que falo.— Ela resmungou.

Dimitrius sorriu e em seguida pegou Gaia por sua mão para aproximá-la dar árvore junto com ele. O arcanjo colocou a mão dela sobre o tronco fraco e a manteve sob o seu toque frio para que a imortal não se afastasse.

— Arcanjos não sabem nada sobre a natureza como você, nós apenas podemos nos intrometer com almas.— O anjo disse o que ela já sabia.— Diga-me quando tudo estiver bem.—

Gaia não compreendeu muito bem o significado das palavras do arcanjo, mas tudo fez sentido em sua mente quando o anjo moveu sua mão apenas um pouco para que seus dedos também tocassem a árvore e logo ela sentiu os poderes de Dimitrius em volta daquela árvore.

O imperador da humanidade estava curando a árvore com os mesmos poderes que ele usaria para ajudar algum imortal a se curar.

Era errado desde que aquela árvore estava predestinada a morrer, mas Gaia não conseguiu o impedir quando a natureza era tão importante pra ela. Além do mais, os poderes dos arcanjos não afetavam o equilibrio da natureza como os dela.

— É o suficiente.—

Assim que a imortal falou, Dimitrius deixou de usar seus poderes sobre a árvore. Contudo, o anjo não tirou a sua mão de cima da dela.

— Essa é a primeira vez que salvo algo relacionado à natureza.— Ele disse com seus olhos presos aos dela.
— É a segunda vez, Dimitrius.— Ela o lembrou e olhou em direção dos pequenos lobos.— Eles estariam mortos se não fosse você trazê-los para sua casa.—
— Eu me pergunto que tipo de feitiços você está usando para me transformar em uma boa pessoa, gatinha.—

O arcanjo da humanidade deu um passo para frente em sua direção e por um momento Gaia imaginou que ele poderia beijá-la novamente. Ao pensar isso, a imortal rapidamente expulsou esses pensamentos da sua cabeça, pois querer que Dimitrius a beijasse era muito incomum.

Algo que não deveria existir em sua mente.

No entanto, Gaia não se moveu para longe do anjo e esperou para ver qual seria o seu próximo movimento. E acabou sentindo uma leve decepção quando Dimitrius virou o seu rosto para o lado antes de soltar a sua mão para que pudesse dar um passo na direção em que a imortal não estava.


O anjo encarou a floresta em sua frente e ela percebeu que eles não estavam mais sozinhos. Depois de alguns segundos, Gate e Patrick surgiram em meio da mata, fazendo com que a imortal congelasse onde estava e até mesmo esquecesse de como respirar.

Dimitrius lançou um rápido olhar por cima dos seus ombros em direção dela e Gaia viu o quanto os seus olhos se tornaram frios. Todo o humor que existiu momentos antes tinha sido substituido pelas sombras de sua alma por causa da presença de Patrick diante dela.

— Eu me pergunto o motivo de demônios estarem caminhando por minha dimensão.— O arcanjo falou com seu humor negro.
— Como é bom vê-lo também, Dimitrius.— Patrick respondeu o imperador de forma irônica.
— Eu não diria o mesmo sobre você.— Dimitrius resmungou e pareceu ser totalmente sincero em suas palavras.— O que posso fazer por vocês, cavalheiros?— Ele perguntou logo em seguida.
— Nós estamos fazendo um favor para a nossa amada imperatrice.— Gate o respondeu e mostrou em seus dedos um envelope vermelho amarrado com uma fita branca.

Gaia desviou seus olhos para Patrick quando sentiu que o soldado ruivo a encarava e ao cruzar seu olhar com o dele, o tenente não desviou para o outro lado. Ele continuou a olhando para examinar os hematomas que existiam em seu rosto.

O que aconteceu com você? A voz calma de Patrick invadiu sua mente no momento em que permitiu que ele se comunicasse com ela.


Eu encontrei uma das pessoas que não gostam de mim.

Se o tenente ia respondê-la, Gaia não teve a chance de ouvir a sua resposta. Dimitrius movimentou sua asa apenas o suficiente para tampar a sua visão que tinha do tenente e por causa do movimento inesperado, ela acabou sendo surpreendida e fechou o link de comunicação que tinha aberto com Patrick pela surpresa.

A imortal sabia que Dimitrius não podia ouvir sua conversa com o tenente ruivo, mas ele era esperto o suficiente para saber o que estava acontecendo enquanto ambos mantinham seus olhos fixos um no outro.

Gaia se permitiu sentir as emoções que manchavam a alma do anjo e logo se deparou com a frieza e a maldade das sombras que existiam ali. No entanto, existia algo a mais em meio dos seus sentimentos que o dominava e a imortal só podia denominar aquilo como ciúmes.

Ciúmes... Isso era impossível. Talvez podia ser raiva por não conseguir lidar nem mesmo com a ideia de uma traição por causa de Diane.

A imortal não podia nomear as emoções do anjo quando nem mesmo ela podia fazer o mesmo com as suas próprias.

O arcanjo da humanidade havia dado alguns passos para frente e conversava com Gate sobre o convite que Ellylan havia enviado. Ela focou sua atenção na conversa para saber o que a imperatriz do inferno planejava e logo ficou claro que Elly estava montando um baile com Katherine para apresentar Luna diante dos olhos dos imortais pela primeira vez.

A nova imperatriz provavelmente não estava feliz com isso desde que odiava os imortais, mas haviam regras no mundo deles que não podiam ser evitadas. E a apresentação de uma futura arcanjo para o seu povo era algo que não podia ser ignorado.

— Acredito que não seja o momento para Gaia aparecer diante dos imortais.— Dimitrius falou e ela sabia que o anjo estava apenas negando o convite do seu irmão por causa dos hematomas que apareciam em seu corpo que não podiam ser escondidos por roupas.

Não era correto que um arcanjo deixasse de participar de um baile feito por seu próprio irmão para apresentar a sua filha e por mais que Gaia desejasse ficar longe dos imortais naquele momento, ela sempre havia gostado dos bailes.

Mesmo não tendo vestidos bonitos ou dançar inúmeras vezes no salão, a filha dos elementos gostava de observar os demais fazendo o que ela sempre quis fazer.

Gaia desviou da asa meia aberta do anjo para que pudesse ficar ao seu lado e pegar o convite que ele segurava ainda fechado. Ela olhou em direção de Dimitrius para que o anjo encontrasse o olhar dela.

— Eu quero ir.— A imortal falou para o arcanjo.

O anjo movimentou sua cabeça em breve aceno enquanto a olhava e não precisou de mais nada para que ele mudasse de opinião com o pedido simples de Gaia.

— Então nós devemos encontrar um vestido de baile para a nova imperatriz da humanidade.— Ele disse de forma atenciosa e a única forma que Gaia pensou para responder suas palavras foi movimentar os seus lábios em um pequeno sorriso.

A filha dos elementos nunca tinha conhecido alguém que pensasse tanto nela como Dimitrius, talvez nem mesmo ela pensasse em si mesma como ele. Contudo, a imortal estava agradecida por sentir novas emoções que nunca havia conhecido antes.

Ela não sabia ao certo quais eram os significados de todos os sentimentos que tinha em relação a Dimitrius, mas estava longe de ser tão simples ao que ela sentiu por Patrick. Afinal, o demônio ruivo estava diante dela naquele momento e a imortal só conseguia pensar no arcanjo que havia se tornado o seu marido.


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