Maldição | Amor Imortal 03 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 33
Capítulo 33




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Dimitrius abriu seus olhos no momento em que sentiu a mente de Gaia tocar a dele e apesar das palavras terem demorado a chegar, a imortal permitiu que ele soubesse da sua localização. Imediatamente o arcanjo sentiu a furia crescer em seu interior por causa dela não estar na mansão e provavelmente sem Cameron como acompanhante.

Dimitrius, suas palavras foram um sussurro baixo em sua mente, ajude-me.

O imperador da humanidade se levantou da sua cama e foi para o lado de fora no segundo seguinte para encontrá-la. Dimitrius não perdeu seu tempo vestindo suas botas ou uma camisa para sair e voar em direção da imortal que o chamava de forma tão estranha.

Ele voou pelos céus claros das primeiras horas do dia o mais rápido que pode, pois sabia que Gaia estava com problemas. Já era estranho que ela iniciasse uma conversação por mentes e tudo piorava quando a imortal pedia por ajuda.

Levou apenas alguns minutos para que Dimitrius chegasse ao local onde ela estava e o anjo não se preocupou com o bem estar das árvores quando foi em direção do chão desde que não estava com pâciencia para procurar uma clareira e aterrisar.

Alguns galhos se quebraram e machucaram levemente seu corpo e asas ao atingirem ele com força, mas nenhuma dessas dores lhe causou tanta raiva quando encontrou Gaia encolhida próxima a uma árvore e suas enormes raizes.

Apesar da imortal estar de costas, Dimitrius já podia imaginar que os anciões novamente estavam agindo e a machucando para que ambos tivessem um herdeiro o mais rápido possível. Contudo, agora que o anjo sabia como parar com o avanço do veneno, ele beijaria Gaia quantas vezes fosse preciso. Afinal, o ato nunca seria um sacrificio.

O arcanjo da humanidade caminhou em direção dela e quando se aproximou ele pode ver que a filha dos elementos estava suja de sangue.

Não.

Dimitrius caiu em seus joelhos para que pudesse virá-la até que suas costas tocassem o chão e ficou horrorizado ao ver os diversos hematomas que manchavam a pele de Gaia junto com o sangue.

Isso não tinha nada haver com os anciões.

Ela havia sido espancada.

O anjo fechou seus olhos para controlar a ira que crescia dentro dele. Dimitrius não podia se permitir ficar tão irritado ou as sombras em sua alma tomariam o controle de suas ações. De sua vida.

Mas parecia ser impossivel fazer isso naquele momento.

Ele respirou fundo e abriu seus olhos para ver Gaia.

A imortal abriu seus olhos azuis quando o imperador tocou o rosto dela delicadamente para limpar uma gota de sangue que escorria de um corte da sua bochecha.

Você veio. Suas palavras chegaram em sua mente como um sussurro cansado.

— Por que eu não viria, Gaia?— Dimitrius falou de forma calma para não deixá-la assustada.
— Obrigada.— Ela disse com dificuldade, mas ainda assim não deixou de sorrir após dizer a palavra. E o anjo se deu conta que era primeira vez que a imortal sorria para ele.

E ela era linda.

Dimitrius afastou seus pensamentos da sua mente, pois sabia que aquele momento não era o ideal para pensar tais coisas. No entanto, o arcanjo percebeu que acima de qualquer vingança que deveria estar planejando para matar o responsável por aquilo, ele queria cuidar de Gaia e ficar próximo para que ninguém a machucasse mais.

A vingança não parecia tão importante naquele momento.

O arcanjo se moveu para levantá-la em seus braços e se sentiu um completo bruto quando a imortal gemeu pela dor que ele causou ao carregá-la. Gaia passou seus braços ao redor do seu pescoço e o abraçou com o restante da força que ainda restava em seu corpo.

— Nós não vamos voar, gatinha.— Dimitrius a avisou, pois sabia que os movimentos no ar apenas fariam com que ela sentisse mais dor.
— Essa seria a primeira vez que voaria com você sem estar inconsciente.— Disse em um murmurio fraco e o anjo pensou que ela a soltaria desde que não precisava se proteger tanto agora que sabia que eles continuariam no chão, mas Gaia não se afastou e muito menos diminuiu a força em seu agarre.

Dimitrius percebeu que ela procurava proteção, como um filhote que se escondia atrás daqueles que eram mais fortes. E a filha dos elementos estava confiando nele para protegê-la de qualquer mal que tentaria atacá-la enquanto estava em um estado tão vunerável. Afinal, o arcanjo já havia percebido que o processo de cura dela era tão lento que estava próximo a ser igual ao de um humano.

— Eu voarei com você depois.— Ele prometeu, uma promessa que nunca havia feito para ninguém antes.— Nós voaremos no mundo dos humanos durante a noite para que possa ver as estrelas.—

Dimitrius começou a andar em meio da floresta para chegar em sua mansão, seu desejo era correr para chegar mais rápido, mas era ciente que os movimentos iam causar dor em Gaia. O arcanjo a amaldiçoou por um breve momento por não desmaiar, pois tudo seria mais fácil desde que não sentiria tanta dor ao estar inconsciente. No entanto, essa pequena raposa branca estava lutando para ficar consciente.

— Você não devia fazer promessas.— Ela sussurrou com o seu queixo apoaido em um dos seus ombros.
— Por que não?—
— Porque eu acreditarei que você irá cumprí-las.—

O imperador da humanidade suspirou para controlar a raiva que apenas crescia em seu interior, sabendo que os arcanjos do passado eram responsáveis por estragarem o espirito único que Gaia possuía.


E Dimitrius era ciente de que Gregory não era o único culpado.

Até mesmo ele tinha suas parcelas de culpa por ameaçá-la e assustá-la apenas por não gostar da sua presença. O anjo era um grande tolo por pensar que algum dia Gaia seria um perigo para sua família e se arrependia por todas as vezes que tratou essa imortal tão mal.

O arcanjo andou o resto do caminho em silêncio enquanto prestava atenção nos pequenos suspiros que Gaia soltava devido aos movimentos leves que eram brutais para os seus hematomas. Dimitrius desejou ser capaz de curar todos os seus machucados para que não sentisse dor, mas Gaia estava muito a cima de um anjo para que seus poderes de arcanjo tivessem algum efeito.

Levou mais do que alguns simples minutos para a mansão começar a ser vista e quando o imperador deixou para trás toda a mata que os escondiam, seus olhos imediatamente encontraram Ryan e Cameron que se mantinham como estatuas em frente da sua casa.

Dimitrius percebeu que a surpresa invadiu suas expressões quando viram Gaia em seus braços, mas foi uma emoção que sumiu em questão de segundos. Afinal, seus tenentes acreditavam que a demonstração de sentimentos era algo próximo a fraqueza.

O que aconteceu com ela? A voz de Ryan foi a primeira a invadir sua mente.

Vá para o leste e procure qualquer pista que de nome ao responsável que fez isso. Ele ordenou ao seu tenente quando passou por ambos os soldados.

— Leve Liv para o meu quarto.— Dimitrius pediu a Cameron e os tenentes imediatamente começaram a se mover para obedecer suas ordens enquanto o anjo continuava a andar para levar Gaia para um lugar em que sempre estaria segura.

***

Dimitrius estava encarando a porta do seu quarto fechada enquanto se mantinha apoiado na parede para controlar a sua ansiedade e não invadir o seu comodo privado para ver Gaia. Ele havia pedido para Cameron chamar a sua tenente para ajudá-lo a limpar as feridas da sua nova imperatriz e logo em seguida pediu para Katherine vir à sua mansão e ajudar a sua tenente.

Considerando o fato de que Gaia estava completamente despertada quando chegaram em sua casa, a imortal jamais permitiria que ele arrancasse suas roupas e limpasse seu corpo que estava completamente sujo de sangue e terra. Então o anjo pediu para as mulheres que mais confiava que fizessem esse pequeno trabalho por ele.

O arcanjo apenas não imaginava que seria expulso do seu próprio quarto por ambas as mulheres e teria que ficar esperando toda a eternidade até que alguém saísse para lhe dar noticias.

Dimitrius queria estar com Gaia naquele exato momento e lhe fazer diversas promessas que iria cumprir sem nenhum esforço.

O anjo levou suas mãos até seus cabelos e os bagunçou para controlar a sua frustração que crescia dentro dele por diversos motivos. E um deles era que não compreendia o motivo de estar tendo pensamentos tão estranhos sobre Gaia.

A imortal tinha sorrido enquanto o seu próprio sangue a sujava devido ao hematomas que recebeu e provavelmente estava alucinando, mas Dimitrius havia a achado linda quando sorriu. E nada pareceu importar além daquela visão.

O que aquela raposa astuta tinha feito com ele?!

Os pensamentos de Dimitrius fugiram da sua mente no momento em que a porta do seu quarto foi aberta e Katherine saiu com uma bacia cheia de água e panos que estavam sujos de vermelho.

Apenas em ver aquilo, uma chama de raiva se acendeu no corpo do arcanjo e ele desejou dar meia volta para ajudar Ryan a encontrar o responsável que tinha feito aquilo com a sua esposa.

— Quem fez isso?— Sua amiga de séculos parecia chocada e até mesmo preocupada pela situação em que Gaia se encontrava.
— Eu não sei ainda.— Ele foi sincero.— Gaia disse alguma coisa à vocês?—
— Não.— Kath respondeu sua pergunta com olhos vagos.— Ela desmaiou assim que começamos a limpar as suas feridas.—

Dimitrius suspirou e Katherine deve ter percebido a sua preocupação.

— Ela ficará bem.— A outra imortal garantiu.— Você sabe... Não é primeira vez que isso ocorre.— Katherine vacilou e o arcanjo da humanidade a encarou.

Sim, ela tinha razão, todos sabiam que os imortais maltratavam Gaia por ser considerada como uma fofoqueira que podia destruir os arcanjos e muito mais ao dizer o futuro para os anciões. No entanto, Dimitrius nunca imaginou que essas maltratações chegavam a esse nível em que ela se encontrava.

Ele era um grande tolo.

Deveria saber melhor que ninguém que a bondade não se encontrava no mundo deles e que quem maltratava a sua esposa não se limitava apenas em jogar terra nela.

— Eu sou um grande idiota.— Dimitrius murmuriou para si mesmo.

Os arcanjos recebiam o dever de proteger essa imortal tão enigmática e naquele momento ele se perguntava o quanto não tinha falhado nessa missão. Dimitrius acreditava que tudo estaria bem enquanto ninguém ameaçasse a vida dela, mas havia se enganado. Afinal, haviam coisas muito piores do que a morte.

— Eu não posso discordar disso.— Katherine disse de forma sarcastica e o anjo deveria mandá-la sair de sua frente antes que arrancasse a sua cabeça por ofendê-lo. Contudo, essa imortal tinha sido sua amiga durante tanto tempo que ele não sabia ao certo quantos séculos tinham sido. Uma vez ambos acreditaram que podiam ser amantes e até mesmo desenvolver um relacionamento maior que isso, mas acabaram descobrindo que o amor entre eles não passava de uma amizade que seria tão eterna quanto a vida deles.— Mas ela só tem a você.—
— Eu quero protegê-la, Kath, mas Gaia prefere estar distante de mim.— E o anjo tinha certeza de que entraria em uma batalha com a imortal para saber quem tinha a espancado desde que até hoje ela não havia revalado o nome das pessoas que jogaram terra nela.
— Ela precisa confiar em você, Dimitrius.— Katherine disse.— Filha dos elementos ou não, Gaia não deixa de ser uma mulher. Uma mulher com segredos e que foi danificada por muitos.—

Katherine tinha razão. Dimitrius odiava o fato de que sua amiga sempre tinha a razão.

O anjo esteve trabalhando para que Gaia superasse o seu medo por ele, mas nunca pensou em conquistar a sua confiança.

Dimitrius observou Kath colocar a tigela de porcelana que segurava em cima do batente da janela para em seguida tirar as suas luvas que estavam tão molhadas quanto os panos mergulhados na água.

— Você não precisava das suas luvas para tocar em Gaia.— O anjo disse e captou a atenção dela.
— Eu não queria esbarrar em Liv acidentalmente.—

Sempre cuidadosa.

Essa era a Katherine que ele sempre conheceu desde que era uma criança. E Dimitrius nem ao menos podia julgá-la por isso desde que podia transformar qualquer um em cinzas quando os tocava.

O arcanjo da humanidade achavaa sua anomalia genética algo maravilhoso, mas a sua amiga considerava como uma maldição por não poder tocar ninguém além dos arcanjos sem suas luvas que eram feitas especialmente para controlar o efeito do seu toque.

Uma filha de dois anjos e que estava longe de ser uma angelical.

Katherine era um anjo, sem asas, mesmo que seu nascimento fosse impossivel desde que só um anjo e um angelical podiam reproduzir outro anjo. Contudo, a mulher em sua frente era a prova de que nada era impossivel no mundo deles.

— Obrigado.— Dimitrius agradeceu a ela, pois essa imortal não tinha nenhuma obrigação com ele para estar o ajudando naquele momento.
— Apenas pegue o bastardo que fez isso e o destrúa.— Katherine disse ao mesmo tempo que recolhia suas coisas e começava a andar para se afastar dele.

E novamente o arcanjo se encontrava encarando a porta fechada do seu quarto, esperando que chegasse o momento em que finalmente fosse permitido entrar e ver Gaia.


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