Desligo o registro do banheiro e os jatos d'água param de molhar minhas costas. Me sinto realmente relaxada nesse momento. Sem minha mãe brigando comigo, nem Finnick me enchendo o saco e muito menos com Peeta pra me infernizar. Definitivamente um momento de paz
Pego meu shampoo e já o coloco em minha cabeça.
Enquanto o enxáguo minha mente viaja para meu encontro de hoje
Cato foi gentil o dia inteiro, ele é engraçado e inteligente. Além de ser gato. Muito gato
Seu cabelo loiro liso um pouco arrepiado, seu porte de atleta e seus olhos azuis chamam atenção de qualquer um.
E foi realmente surpreendente quando ele me chamou pra sair
Sinto um cheiro estranho e saio de meus devaneios
Que cheiro era aquele? Meus olhos ardem um pouco então eu ligo o chuveiro para lavá-los
Mas quando olho minha mão, ela está toda vermelha.
– Mas o que..?
Pego uma mexa de meu cabelo e ele está vermelho também
Assim que ligo o chuveiro uma água extremamente vermelha escorre pelo ralo.
Era tinta.
Esfrego com toda minha força meu cabelo, até meu coro cabeludo doer
Isso tinha que sair
Definitivamente tinha que sair
Isso só pode ser obra de uma pessoa.

– Filho da puta desgraçado! – grito ainda tentando tirar a tinta. O Mellark me paga. Sou capaz de esfregar a cara desse estúpido no asfalto se isso não sair do meu cabelo
me enrolo na toalha e me olho no espelho. Realmente tinha tinta pra todo lado.
Mais parecia o cabelo do pica-pau.
Saio do banheiro pisando firme até o quarto de Finnick. Paro na porta e os dois me olham surpresos. O Mellark dá um riso discreto mas logo depois volta a fazer seu teatro.

– Que merda você fez no cabelo Katniss? – Fala Finn franzindo o cenho

– Resolveu dar um tapa no visual baixinha? – diz cínico e minha raiva fica maior

– Você merece uma morte lenta e dolorosa sabia

– Eu não faço ideia do que voce esteja falando – diz e Finnick apenas observa cena sentado em sua cama.

– Você fez isso comigo, seu desgraçado. Eu vou acabar com a tua raça

– Quer um banquinho pra ver se alcança meu rosto? – nessa hora tento partir pra cima dele mas Finn é mais rápido e me segura

– Nem inventa Kat, não quero ver minha maninha baixar o nível. – Nesse momento me lembro de estar de toalha e mando Finn me soltar

– Você vai ver, louro oxigenado – dizendo isso, saio do quarto. Ainda ouço Finn dizer algo como “Você fez isso?” mas nem preciso ouvir a resposta
Entro em meu quarto e pego uma toalha para enrolar meu cabelo, ciente de que ela ficará vermelha
Eu tenho que me vingar, mas tem que ser a altura. E ainda nesse final de semana
Se é guerra que o Mellark quer, é guerra que ele terá

***

“não faça a janta, estou levando uma pizza”

Leio a mensagem do meu pai e uma ideia vem em minha cabeça.
Depois da minha “conversa” com o Mellark voltei para o banheiro na expectativa de tirar essa maldita tinta do meu cabelo. Mas como eu tenho muita sorte, ela não saiu.
Durante esse tempo fiquei pensando em vinganças mas nenhuma superava o que ele tinha feito.
Bom, pelo menos ate agora.
pego meu celular na cômoda e disco o numero de Gale. Ele vai ter que me ajudar

– Oi Katniss– diz. Sua voz está um pouco cansada

– Gale, meu irmão lindo. – faço uma vozinha meiga na esperança dele me ajudar

–Ta. O que você quer?

– Onde você ta?

– Voltando para casa porque?

– Eu preciso de um favorzinho seu. Fico te devendo uma

***

Sinto cheiro de pizza e meu estomago protesta. Meu pai grita avisando que chegou e nos manda descer.
Gale ainda não chegou e eu estou com um pouco de medo que meu plano não funcione.
Desço normalmente e Finn e o capeta em forma humana logo aparecem também
Meu pai me olha surpreso e franze o cenho

– O que aconteceu com seu cabelo?

Eu optei por prendê-los em um coque alto, para não chamar muita atenção. Mas pelo visto não está funcionando.

– Eu devo ter confundido as cores da minha tinta quando fui comprar pai – Digo. Eu preferi manter essa guerra em segredo. Tudo que acontecer vai ser por baixo dos panos

– Não sabia que você pintava o cabelo – Fala um pouco confuso

– Nem eu – diz o ser irritante. Eu o olho calma e dou um pequeno sorriso.

– É. Vocês homens não prestam atenção em nada mesmo – meu pai da de ombros e pega a pizza para pôr encima da mesa. Ouço um barulho e Gale entra com uma mochila nas costas.

– Onde vocês estava? – pergunta Finn

– Eu fui entregar alguns currículos. Quero começar a trabalhar.

– Ah você deve estar super cansado – digo fazendo uma cara de pena – deixa que eu levo sua mochila lá pra cima – me aproximo dele.

– Ta tudo ai – pego sua mochila e falo baixo um pequeno ‘valeu’

– É uma ótima notícia filho. Viu garoto – meu pai da um leve tapa na cabeça de Finn que já estava atacando a pizza – Você deveria fazer o mesmo.

– Trabalhar não é muito comigo pai. Quem sabe daqui a uns...20..30 anos eu pense no caso. – meu pai olha para mim e eu já sei o que vem por ai. Então subo logo as escadas e vou para o meu quarto. Coloco a mochila em minha cama, a abro e logo acho duas sacolas. Uma do mercado e outra da farmácia.
Tudo exatamente como pedi. Da farmácia Gale trouxe laxante e do mercado cordões fedorentos

– Hum. Não sabia que vendiam isso no mercado. – murmuro

pego o potinho de laxante e o coloco em meu bolso. Escondo os cordões atrás de um porta-retratos com uma foto minha e da minha mãe.
Eu lembro de quando tirei ela. Foi no aniversário de 13 anos de Finn. Foi um dia feliz, era na época que minha mãe era parcialmente legal comigo. Saio do meu estado nostalgia quando meu pai grita perguntando se eu morri. Desço as escadas rapidamente e todos estão na sala assistindo algum filme

– Kat, já que você está em pé pega mais coca pra mim? - Diz Finn estendendo o copo em minha direção. O Mellark também pede e eu vejo a oportunidade perfeita para por meu plano em ação.

– Claro – digo. Pego os dois copos e vou em direção a cozinha. Pingo varias gotas de laxante no copo do Mellark. Sempre olhando para ver se ninguém esta vindo. Misturo com uma colherzinha e vou para sala. No caminho olho para seu copo e dou uma cuspida nele. Ele merece. – aqui esta. – estendo os copos e o ridículo da um sorriso cínico para mim. Sorrio da mesma forma. Voce não perde por esperar louro oxigenado.