A Liberdade do Corvo escrita por Raquel Barros, Ellie Raven


Capítulo 22
Capitulo Vinte e Um - Arya


Notas iniciais do capítulo

O tempo de sofrimento acabou! Desculpas gente, é que o ensino médio está realmente roubando 99,9% do meu tempo.



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Decididamente, sou uma pessoa impulsiva. Em um milésimo de segundo, enquanto a Emma estava quase sendo devorada pelo Sauter, sentir um estranho impulso de fazer algo. Sabe quando você simpatiza pelo sofrimento alheio e nada te convence a não ajudar? Então, foi isso. Pego uma pedra no chão e assobia alto, chamando a atenção do Sauter. O que uma pedra pode fazer contra um Sauter está entre o nada e zero. Ou seja! Coisa nenhuma. É simplesmente ineficaz. Mesmo assim. Miro a pedrinha no ponto mais sensível se um Sauter: o terceiro olho. E mando-a diretamente nele e acerto direitinho. O Sauter corre furioso na minha direção e me desvio dele. Meu Boreh! Não morri na fortaleza para morrer aqui. Uma das patas do Sauter tenta me acertar e dou uma cambalhota para o lado. Pego alguma coisa e quando vejo é um arco. Maravilha! Eu não sei usar isso. E minha mão está ferida. Estou lascada decididamente e em breve literalmente. Uma das patas do sadic agarra minha blusa. E ele me segura com as seis patas me apertando, enquanto mostrava os dentes afiados. A morte nunca esteve tão perto. Meu coração palpita insistente como se meu nervosismo fosse ajudar em alguma coisa. O bafo de carniça dele estava me deixando tonta. Alguém ao longe assovia chamando a atenção do Sauter que olha para ele e me solta. Quase pisa em cima de mim. Olho para quem está assobiando e vejo aquele humano maluco tentando chamar a atenção do Sauter. Solto um meio grunhido meio rosnado. Aspen quer mesmo morrer. E parece que para ele quanto mais cedo melhor. Levanto rapidamente, e tento em vão contornar o Sauter. Esse tirou sorte grande. Outro assobio chama a atenção do sadic, e eu corro para Aspen e sussurro:

–Você está louco.

–Você ia morrer.

Retruca começando a montar algum tipo de arma com super tecnologia. Parecia um telescópio na verdade. Não era automática, e tem apenas uma bala que contém um liquido verde bem escuro acoplada nela. Nunca tinha visto uma daquelas. Mas parece bem legal.

–O que é isso?

– AQCLS 234. Ou se preferir, o amor da minha vida.

–Significa o que?

–Arma química contra uma legião de Sauters! Parafusa esse troçinho no tripé para mim. Tenho problema de coluna.

Pede Aspen me dando um parafuso minúsculo. Olho para cara suja de terra e um pouco arranhada dele me perguntando se ele estava falando sério. Ele levanta uma sobrancelha. É estava mesmo falando sério. Pego um grampo que meu tio me deu para prender meu cabelo e o abro. Depois pego aquela coisa minúscula e começo a “parafusar“ no tripé. Minha língua coçava. Eu estava louca pra perguntar o que uma bala pode fazer contra uma legião? Tipo, essa matemática não tem resultado. Não dá nem pra dividir na verdade. Um dividido por 600. Mas não vou fazer esse tipo de pergunta para o Aspen por que ele vai rir da minha cara. Como sempre faz quando eu pergunto algo que ele sabe de cor e sorteando. Definitivamente, o humano não nasceu para ser professor, ou pai. É muito metido.

–Ok! Pode perguntar.

–O que é que uma bala pode fazer contra uma legião?

Pergunto terminando de colocar o parafuso. Aspen levanta a mira, me puxa e me faz olhar por ela. Sinceramente, isso foi uma ofensa aos meus bons olhos. A mira serve para aumentar o alvo, mas essa me deixou cega. Embaçou tudo. Tiro a mira para conseguir enxergar.

–Amostrada.

Pigarreia Aspen rindo um pouco. Faço uma careta, mas acabo rindo com ele.

–O que você quer me mostrar?

–Está vendo as pintas na região da barriga?

Pergunta ele apontando para o Sauter, que lutava contra Zoey, Cyrus, Ethan, e os lobos Caleb, Tio Cam e Gwyneth. Emma como sempre era a distração. Jogava ela pra cá, pra lá e o Sauter só a seguia para ser atacado em sua retaguarda. Olho para a barriga do Sauter. E realmente, é cheia de pintas pretas bem destacadas. Concordo com a cabeça.

–É por que esse Sauter é ela. As fêmeas Sauters podem ter até seiscentos filhotes de uma vez. Sorte nossa é que se tem apenas uma fêmea em cada grupo de mil sadics e ela está bem na nossa frente!

–E o que essa arma faz?

–Vai esterilizar ela! Não vai mais poder gerar Sauters que vão acabar com nossas crianças na primeira oportunidade.

–Foi assim que a espécie foi extinta?

–Claro! Essa praga não tem predador natural. Quer dizer, ter, tem, mas os predadores deles foram extintos pela ganância egoísta que parece que toda a espécie que deveria ser inteligente tem.

–De que espécie você está falando?

Pergunto desconfiada. Em quesito inteligência a espécie do Aspen não sai perdendo em nada. Quer dizer, na época em que os humanos eram a grande maioria eles não usavam tanto a inteligência ou não teriam acabado com o planeta, mas hoje, não há um sadic no mundo que não fique impressionado com a inteligência dos remanescentes humanos que ainda restam no mundo. Eles tinham tudo para continuarem por muitos séculos ainda, mas a ganância por mais conhecimento, mais tecnologia os fizeram esquecer que os recursos do planeta um dia iriam acabar. E isso aconteceu mais cedo do que o planejado. Espero que minha espécie não erre o mesmo erro dos nossos antepassados.

–A minha e a sua.

Responde com uma careta de mau humor preparando a arma que fez um barulho tão alto que meus ouvidos zuniram. Isso chamou a atenção da Sauter que rugiu para nós. Tremi da base ao ultimo fio de cabelo. Meu santo Deus! É agora que eu morro! Isso está sendo treinado o dia todo. O momento em que um Sauter me devora. Um Sauter que no caso é ela. Mas isso não faz aquela besta ser um ser sensível de qualquer maneira. Aspen olha para mim e para o Sauter e fica claro que ele também está se pelando de medo.

–Qual é o plano?

Pergunta Cyrus aparecendo atrás de nós do nada. Dou um pulo de susto. Boreh! Quase achei que era um Sauter! Esse meu primo não tem mais o que fazer? Imagina! Aparecer atrás de uma pessoa tensa do nada. Ele queria o que mesmo? Matar-me do coração? Melhor, nos matar do coração? Por que o Aspen colocou a mão no peito como quem fosse ter um ataque cardíaco.

–A primeira parte é não morrer do coração, a segunda é fazer essa coisinha entrar na boca daquela Sauter ali...

–Ela é a Alfa?

–Eles têm Alfas?

Pergunto estranhando isso. Os Sauters então têm uma burocracia parecida com a dos lobos. Um só controla todos. Talvez a natureza goste de se plagiar.

–É claro que tem! É como uma matilha! Só que se você mata o Alfa Sauter você acaba com todo o restante!

–E por acaso você viu ele por aí, Cyrus?

Pergunta Aspen entediado, um tanto irônico o que á a cara do Aspen! Aquele ar de quem sabe mais volta nele todo instante e se você não trás nenhuma grande novidade é provável que seja vitima da sua superioridade em informação. E eu já sou freguesa por ter passado os últimos três dias sem largar dele por nenhum instante. E aprendi um monte de coisas. Uma delas é pegar o livro e estudar para não passar vergonha. Por que com o Aspen não basta usar 100% da sua capacidade mental, com ele é 200% e acabou. Não sei por que o humano se cobra tanto, ou cobra tanto de mim. Ser pupila dele é mais trabalhoso do que ser qualquer outra coisa. É cansaço mental e físico na certa. Claro que tive alguns momentos de descontração, mas agora eu preferiria ter que fingir ser sua namorada a ser sua pupila. Um selinho aqui e ali não me mataria, mas o perfeccionismo do Aspen bem provavelmente vai fazer isso.

–Não! Ele fica protegendo os filhotes.

Responde Cyrus sem se intimidar com o olhar eu já sei de tudo do Aspen.

–Que no caso não nasceram ainda e se nasceram foram os últimos! Por que aí está à fêmea.

Avisa Aspen apontando para a Sauter ainda de olhos fixos em mim. Acho que ela colocou minha carne em sua lista de sonhos de consumo. Eu devo parecer mesmo bem apetitosa apesar de ser mais osso do que qualquer outra coisa a não ser cabelo. Ou os Sauters não são muito exigentes no que comem. Deve ser a segunda opção. Eles devem gostar de comer tudo o que se mexe e o que não se mexe também.

–Odeio confessar isso, mas você é um gênio.

–Eu sei, Cyrus, eu sei!

–E muito modesto!

Ironizo não perdendo a oportunidade de alfinetá-lo. Afinal de contas passei os últimos três dias descobrindo meus maravilhosos defeitos, e planejando não deixar barato. Aspen me olha de lado e sorri daquele jeito que só ele sabe sorri. Aquele sorriso de eu estava esperando por isso que só ele sabe dar e consegue fazer meu coração voar a dez mil por hora. Escondo meu encantamento com uma careta. E olho para Cyrus me encarando com uma careta meio estranha. Acho que ele captou algo que eu não percebi.

–Um dia talvez.

Responde Aspen começando a assoviar. Pronto! Agora que a Sauter fica maluca de vez. Ela abre aquela boca enorme e rugi. Nessa hora o Aspen atira bem dentro da boca dela. E não acontece nada.

–E o que fazemos agora?

Pergunta Cyrus já se preparando para a maior corrida da vida dele. Meu sangue já quente está sendo bombardeado para o meu cérebro ao mesmo tempo em que minhas pernas já se preparam para correr. Acho que nem quando eu escapei de Fell corri tanto quanto vou correr agora. E eu também não lembro.

–Corremos?

Responde Aspen já pegando impulso enquanto colocava uma pílula vermelha na boca. Cyrus e eu compartilhamos um olhar não acreditando no que Aspen acabou de falar apesar de ter certa lógica. De nós três o Aspen é com certeza o mais lento. As chances de ele ficar no meio do caminho são de oito de dez. Ouvi dizer que o humano tem problemas cardíacos, respiratórios e não pode fazer exercícios físicos muito intensos apesar de não obedecer a essa ordem médica. Enquanto eu e Cyrus pensávamos no que iríamos fazer para ajudar o Aspen, ele já estava a uns quinze Km de distancia. Era rápido pelo menos. Sendo assim começamos a correr também, até por que a Sauter pouco se importava se queríamos ajudar a um amigo ou não. Ela queria mesmo era garantir o rango da tarde. A Sauter rugiu furiosa a dez metros nosso. Olho para o Cyrus, ele para mim, e chegamos a uma conclusão: Correr. E assim fazemos. Corremos como dois loucos deixando tudo para trás. Evitando troncos, pedaços de corpos e qualquer outra coisa nojenta que possa nos fazer tropeçar e virar uma coisa nojenta. A Emma estava do lado da mãe apoiada no Ethan ajudando a construir uma barreira de luz e o Aspen já estava do outro lado, caído de cansaço no chão. Graças a Boreh! A Emma, o humano e todo o resto que lutavam conosco já estava em segurança, só faltava mesmo eu e Cyrus.

–Ah, eu amo e odeio esse truque.

Comenta Cyrus sem o menor sinal de cansaço. Pelo menos ele por que as minhas pernas doíam de exaustão. A barreira estava se completando rápido. Sobrava um espaço pouco para engatinhamos que ia diminuindo aos poucos. Tínhamos que ser mais rápidos, ou a Sauter nos pegaria. Corri a todo vapor, morrendo e quando faltavam poucos metros escorreguei de propósito para dentro da barreira. A luz chegou ainda a roçar na minha pele e queimou as pontas do meu cabelo, e os fios do meu braço. Olho para o lado e vejo Cyrus tendo um ataque histérico de riso. O sigo. Foi por pouco. Muito pouco. Alguns fios do cabelo do meu primo tinham sido queimados, assim como os pelos de seu braço e sua camisa estava chamuscada. O que não é nada preocupante. A Luz normalmente queima mesmo os Darks.

O Sauter bate furioso contra a barreira e é consumido pela luz com gritos horrorosos. Por pouco seríamos nós que estaríamos gritando. Não tinha como ter pena daquela besta. Muitas pessoas tinham morrido hoje. Homens, mulheres, crianças... Famílias inteiras pranteavam a morte de um a cinco entes querido. Nossas perdas hoje foram maiores do que as de três dias atrás. A lava não foi tão voraz. Tão cruel. Nossas baixas foram intensas em todas as áreas. E a deles foi pequena se compararmos. Perdemos pessoas, comida e munição. Eles, no máximo extrapolando cinqüenta de uma matilha de cem, dividida de uma maior de mil. Os outros cinqüenta tentavam passar a barreira que fora construída. Muitos batiam contra ela de vez. A balançando. Tínhamos medo de que a barreira não agüentaria. Claro que os Sauters eram consumidos pela luz como o fogo consumia o papel.

Olhamos a cena com apreensão, fixação. Lobos uivavam ao longe de tristeza. Alguém da matilha tinha sido perdido, assim como com os Presais, e com o Tradicions. Muitas damas e lordes darks também choravam por terem perdido alguém. Era um cenário melancólico. Triste. Deprimente. Cada um de nos morreu um pouquinho hoje. Olho para os lados e procuro meus irmãos. Eles estavam bem? Espero que sim. Já perdi meus pais para os Sauter, não suportaria perder meus irmãos também. Levanto. Preciso procurá-los. Mas acabo sendo impedida por uma multidão que deixou de olhar os Sauters para me olharem. O que foi que eu fiz agora? Pelo que eu me lembre nada. Seus olhos demonstram um pouco de tristeza, mas algum tipo de respeito repentino. Não me lembro de ter feito nada para merecer o respeito desse povo todo. Ainda mais por que eles estavam desconfiados com minha presença desde que cheguei. Agora se curvaram como se eu merecesse uma atenção e respeito especial. Por Boreh! Estou cada vez mais confusa com isso. Jasper e Neal abrem por entre a multidão que me aplaudi e me dão ma abraço duplo de urso. O Sauter não me matou para os meus irmãos fazerem isso.

–Ah, meu Boreh! Está bem, Arya? Machucou-se? Está ferida? Ele te mordeu?

Pergunta Jasper como uma metralhadora. Segura minha cabeça e conferindo tudo. Só mostro minha mão para o alivio um pouco preocupado dele. Estou um pouco arranhada por causa das pedras e galhos. E as pontas dos meus dedos um pouco comidas. E meu pulso está doendo.

–Estou bem, Jasper! E vocês?

–Você me deu um susto.

Esbraveja Neal. Suspiro pesadamente e abraços os dois novamente. Eles ainda estavam tensos. Meus superes cuidadosos irmãos não relaxariam tão cedo. E logo hoje que ia ver estrelas com o Aspen. Deus! Vou ter que fugir deles.

–Onde vocês estavam?

–Em cima da árvore atacando os Sauters sem que eles nos vissem... Sabe... Foi o Aspen que mandou... Segundo ele era melhor para atiramos de lá... Depois fomos ajudar os feridos na enfermaria... E não achamos você, e a Emma disse que tinha a salvado, e quando chegamos aqui fora estava quase sendo devorada pelo Sauter...

–Ah, Meu Deus! Respira Neal.

Peço já incomodada. Ele estava falando rápido de mais e interrompendo-se sem terminar os períodos direito. Mas eu tenho que agradecer o Aspen por mandar meus irmãos para cima das árvores. E cadê ele a propósito? Deve ter sido levado para a enfermaria. Com tantos problemas de saúde.

–Você tem que ir à enfermaria cuidar desse arranhão.

Avisa Jasper, me conduzindo por entre a multidão que abre caminho para mim. É a vida está cada vez mais estranha.

–-

Só me liberam da enfermaria depois de me injetarem um antibiótico. Parece que até arranhões causados pelos Sauters tem bactérias malignas fortes o suficiente para causar uma infecção generalizada. E ter uma infecção em uma situação dessas é tudo o que você não quer de maneira nenhuma. Ainda mais com falta de remédios e muitas outras coisas essências na enfermaria. Estão usando os materiais que a elite cedeu. Agora temos apenas duas soluções: Continuar até a base Três a uns 10 km daqui ou voltar à base dois com grandes chances de sermos atacados novamente por Sauters a espreita. A primeira possibilidade pode levar uns três a dez dias para chegamos lá e a segunda é apenas dez minutos se fomos correndo. Mas os riscos são cada vez mais incalculáveis ainda mais com tantas pessoas feridas. E se os Sauter nos atacar a caminho para Castle? E se eles não atacarem se voltamos para base dois? E como foi que eles voltaram? Como eu consegui sobreviver a um deles? Escapar quando não tinha mais esperanças? Boreh! São tantas perguntas sem respostas. Tantas preocupações. De vez em quando imagino que se eu tivesse morrido quando nasci teria sido bem mais fácil. Com certeza a morte é mais fácil. Mas a vida eu conheço e a morte não. É tão difícil temos certezas hoje em dia. A única certeza de quem nasce é a morte. E qual é a certeza da morte? Quem é que sabe? Nenhum morto voltou para nos contar como é ser um morto.

Quando saio da barraca todos os que já tinham sido atendidos, ou não se feriram estavam se esquentando ao redor de uma grande fogueira. A melancolia é o que mais se ver. A maioria chorava e o restante agia como se a vida fosse um fardo. Dou graças a Boreh por não está entre quem perdeu alguém hoje. Mas ainda tem amanhã e depois de amanhã e vai continuar assim até essa guerra acabar ou chegamos a um lugar seguro. Subo em uma árvore e fico olhando para o céu estrelado como se nada estivesse acontecendo aqui embaixo. Seguro o colar da minha mãe com força, ele estava queimando contra a minha pele. Tento imaginar o que ela me diria se tivesse aqui, mas isso não acontece. Não a conheci o suficiente para tentar imaginar um grande conselho acolhedor. E se auto-aconselhar não é exatamente eficiente. Olho para o galho da minha frente e vejo Aspen mal humorado, descascando alguma fruta que ele pegou na árvore. Parece que toda vez que Aspen fica mal humorado ele tem que fazer alguma coisa. Como se soubesse que eu estava olhando-o, ele olha de volta para mim, esboça um sorriso e volta a fazer o fazia antes. Aspen é tão fechado que de vez em quando chega a ser irritante. O mundo dele é apenas dele e ele não gosta de compartilhar. Volto a deitar e olhar para as estrelas brilhando sobre mim. Suspiro pesadamente. É! A vida tem seus prazeres. Ver as estrelas está entre um deles. Só temos que acalmar o coração acelerado e curtir cada momento de paz que temos. Mesmo que essa paz tenha como trilha sonora choros em demasia.

–Você deve mesmo gostar de estrelas.

Comenta Aspen subindo no tronco em que eu estava. Sento para dar espaço para ele.

–Fui privada por anos de vê-las, estou apenas aproveitando.

–Com essa trilha sonora?

–Isso aí! Com essa triste trilha sonora! Eu prefiro o silencio, mas se não posso ter, fico com o que tenho.

–Você parece com meu irmão.

Sussurra Aspen pensativo.

–Ele era mais velho ou mais novo do que você?

–Gêmeo idêntico, cinco minutos mais novo.

–Ok! Você tem um gêmeo idêntico? Ele também deve ser muito mal humorado e metido a sabido.

–Não! O Nico era um cara digno. Isso pelo menos até ele se tornar um sadic e sumir nessa floresta.

–Virar sadic e sumir na floresta?

Pergunto não acreditando no que ouvi. Se é que ouvi isso. O Aspen tem um irmão que é um sadic. Até aí já está tudo errado. Primeiro por que como conseguiram transformar o irmão do Aspen em um sadic e não fizeram o mesmo com ele? E porque o Aspen detesta tanto os sadics se o irmão dele é um também? Por que nesse curto período de tempo em que convivemos isso ficou claro. È claro que há exceções, mas Aspen trata a maioria dos sadics da base com cautela, um pouco de rancor. Talvez seja por isso que ele trata minha espécie assim.

–Deve ter morrido ou virado um ladino, sei lá! De vez em quando acho que vocês são mais complicados do que nós, os humanos.

–Não sente falta dele?

–Só muita! Seria bom ter alguém para ser confidente. O Nico era um ótimo amigo.

–E a Louise não é?

–A Louise é garota!

–Eu também.

–Mas eu não estou te contando nenhum grande segredo.

–E se contar eu o levo para a enfermaria.

–Me acha tão fechado assim?

Pergunta me encarando. É difícil encarar o Aspen de volta. Com aqueles olhos cinza que parecem entrar em sua alma e fazer uma varredura sustentar seu olhar é praticamente impossível. Acabo por desviar meu olhar.

–Acho que isso é um sim!

Conclui por fim com um suspiro. Ainda sinto-o olha para mim e não é nada confortável. Ainda mais se o humano tiver bons olhos. Eu sei que estou ficando vermelha que nem pimentão maduro. Olho rapidamente para o lado e Aspen continua a me encarar confortavelmente. Dessa vez ele me da um meio sorriso que fez meu coração disparar. Boreh! O que está acontecendo comigo?

–Acho que você tem ainda muito a aprender, Arya!

–Por que diz isso?

–Eu minto?

–Não! Definitivamente não. Mas aonde você quer chegar?

Pergunto não sei por que com medo do rumo que essa conversa poderia tomar. Tomo coragem e olho para o Aspen. Ele tinha se inclinado um pouco para frente. Assim, um pouco mais perto o Aspen consegue ser muito mais belo. Como um anjo traquino. Um belo anjo traquino de sardas, e boca vermelha felina. Qual seria o gosto dessa boca? Acho que meus hormônios em ebulição estão afetando a capacidade de meu cérebro pensar direito. É isso! Hormônios em ebulição.

–Talvez...

Enrola ele, brincando com meus cachos negros. Agora bem mais perto de mim. Ele acaricia minha bochecha com a ponta de seus dedos quentes. Por que a pele de um sadic normal é morna, mas a de Aspen é tão quente quanto uma fogueira. E ele tem a pele macia. Mãos grandes, fortes e habilidosas.

–Talvez...

–Em você.

Sussurra Aspen sorrindo torto. Seu rosto estava a centímetros do meu. Meu coração batia tão rápido e forte que me sentir aliviada por Aspen nunca conseguir ouvir. Nem a Sauter conseguiu me deixar tão nervosa. No meu estomago borboletas brincavam de pega-pega. Eu não reconheci a intenção nos seus olhos. O que era aquilo misturado em seus olhos cinza? Sentir uma sensação nova quando seus cálidos lábios tocaram o meus. Uma estranha corrente elétrica percorreu meu corpo. O que senti era novo, estranho, tão maravilhosamente doce e intenso. Eu acho que a intenção era só tocar os seus doces lábios nos meus, de leve, mas as coisas mudaram quando nossas peles se encontraram. Sua boca tornou-se firme e rude, suas mãos firmaram meu rosto enquanto sua boca se movia contra a minha com movimentos urgentes. O meu corpo não se rebelou. Eu não o controlava mais, ele que me controlava. E bem no fundo meu consciente estava me acusando. Eu estava tendo meu momento lindo e emocionante de descobertas. Mas que se dane a razão. Se dane tudo. Meu corpo queria Aspen. Tão desesperadamente. Tínhamos sido feitos um para o outro, mesmo ele sendo um humano. Totalmente compatíveis. Em sincronia como o mundo ao nosso redor. Nossas respirações ecoavam alto: a minha frenética e selvagem; a dele, ofegante. Meus braços se libertaram do meu controle. Minha mão esquerda alcançou o seu rosto, seu cabelo. A minha mão agarrou seu cabelo, puxando-o para mim, enquanto eu subia em seu colo para ficamos mais próximos. Enrolei as pernas em volta da cintura dele. Sua língua torcendo com a minha, e não havia parte da minha mente que não estivesse invadida pelo insano desejo que me possuía. O que estava acontecendo comigo? Aspen se interrompe para respirar. E eu encosto minha testa na sua. Estava totalmente incendiada.

–Acho que meu coração não agüenta tanta adrenalina.

Sussurra meio rouco me fazendo rir. Encosto minha cabeça em seu peito e ele me abraça. Seu coração bate tão ou mais forte do que o meu. Era um som amável. E foi esse mesmo som, o do coração forte e pulsante de Aspen que embalou minha noite e se tornou a minha trilha sonora favorita. E espero que seja assim por muito tempo.


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Notas finais do capítulo

Demorou, mas chegou! E ai, quem gostou do capitulo? Eu achei que o primeiro beijo descrito nunca iria chegar, mas como a Arya e o Aspen merecem chegou. Agora me comentem e mandem opiniões. E desculpas adiantadas pelo próximo capitulo, está cada vez mais difícil arranjara tempo para escrever, então vai demorara mesmo. E até a próxima sadizinhas, beijos.



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