Depois de três dias presa na enfermaria recebi alta. Eu estou um pouco desinformada do mundo em geral. Não sei se houve batalhas, se Hazazel rendeu se, ou se Cyrus morreu ou se Ethan está bem. Na verdade, passei a maior parte do tempo dopada. Sim, minha própria mãe me dopou para que eu não fugir-se daqui. E agora é a segunda parte da evacuação. As chances de eu ver Ethan são menores ainda. Mas será possível que eles não entenderam ainda que eu esteja bem? Fiz uma bateria reforçada de exames e todos continuam a dizer que já me recuperei do meu pré-morte! Mas todos também insistem em agir como se eu fosse ter uma parada cardíaca a qualquer momento! Quando finalmente saio do prédio da enfermaria dou de cara com Zoey. A Zoey estava engraçada. Usava uma saia longa estampada e marrom que era maior do que ela, e uma blusa cavada do irmão. Continuava a usar coturnos. Mas tinha algo diferente nela. Acho que é o cabelo. Ele parece maior, na altura dos ombros. E agora ela tem uma franja fofa. Não, Não é isso. A Zoey está mais, como posso dizer, encorpada. É como se ela tivesse tido um surto de crescimento em três dias. Não um crescimento de altura ou peso, mas de curvas.

–Você não acredita no que aconteceu comigo!

–Ok! Já sinto o drama. Seu gato morreu?

–Não! Eu fui amaldiçoada!

–Quem foi a bruxa? Denise? Hanne? Yunet?

–Não! Minha própria tia!

–O que foi que tia Caryn fez?

Pergunto ofendida. A mãe da Gwen é um amor de pessoa. Quando éramos pequenas vivíamos na casa dela nos empanturrando de cookies de chocolate e achocolatado. Isso sem contar que é a paciência em pessoa. Imagina se uma criatura dessas ia amaldiçoar alguém? É claro que não. E ela é uma dama da luz aposentada. Não faz o menor sentido uma dama da luz, fazer o mal. A não ser que seja Denise, mas ela não é exatamente uma dama da luz, só controla uma nevoa prata, meio branca.

–Não foi tia Carrie, foi a Beverly, a dama da luz maligna.

–Se ela é uma dama da luz, por que então ela seria maligna?

–Ela me deu uma fruta, que me deu um útero, e agora posso ter pestes serelepes.

–Como é que é? Repete que eu não entendi.

–Eu agora posso ter filhos!

Repete Zoey gritando praticamente. Limito-me a levantar as sobrancelhas. A Zoey pode ter filhos agora. Agora eu estou com pena dessas crianças. Imagina ser filho da Zoey? Ainda bem que eu já nasci.

–Você não vai dizer nada?

–Eu tenho que dizer?

–É claro, ela é sua mestra agora!

–Desde quando?

–Desde que ela falou com Vinicius em sonho afirmando isso.

–Beverly Blood, a dama da luz, falou com Vinicius em sonho?

–Foi o que eu acabei de dizer.

Grita Zoey novamente irritada. Agora ela tem uma desculpa pratica: TPM! Deu até vontade de rir. A Zoey de TPM. É tão surreal!

–Zoey, você tomou algum calmante?

Pergunto pacientemente. A Zoey olha para cima como uma criança inocente, e pisca rapidamente. Depois me responde como uma menina amarela:

–Não! Só remédio para cólica!

–Você está muito estressada!

–Tanto faz! Pelo menos meus pais me deixaram ir ao carro com as outras damas da luz que estão nessa época! Você vem comigo? Diga que sim!

–Não posso! Vou com a enfermaria.

–Ah é! Você tem que cuidar do seu ex-detento.

–Como?

–Cuidar do Ethan.

–Ex-detento?

–Eles foram liberados.

Suspira Zoey olhando ao redor. Talvez procurando Cyrus. Por incrível que pareça eu acho ele antes dela. Estava a alguns metros de nós conversando animadamente com Aspen. Parece que o Cyrus já arranjou um bom amigo aqui. O Cyrus estava diferente. Usava uma calça de moletom saruel roxa, e botas de cano curto preto e camisa de botões com manga longa também preta. Por cima tinha um suéter de tricô cinza escuro com capuz, e por cima do suéter um casaco de botões estilo militar negro. Do lado de Cyrus rindo euforicamente estava Caleb, de jaqueta de couro preta, calça Jean Black e camisa preta, usando também botas Timberlard preta. Caleb tinha arrumado o cabelo ruivo e feito a barba, diferente de Cyrus, que estava bem relaxado como quem está em casa. Aspen perto dos dois sadics não ficou nem um pouco apagado. Usava uma camisa cinza por debaixo de um sobretudo preto, calça jeans Black e coturnos. Estava também com uma touca de orelhas de gato de crochê roxa que deixava ele uma gracinha. Ainda mais porque Aspen pode ser um pouco pálido por causa de seus sérios problemas de saúde, mas, ele é rubro perto de um sadic. O humano é percebido onde quer que chegue. Só faltava o Ethan entre eles. A propósito, cadê o Ethan? Nem sei se ele já pode ficar de pé. Talvez sim, talvez não. Vai depender muito de quanto ele é resistente.

–Bom dia, Emma.

Sussurra Ethan atrás de mim. Minha primeira reação é dá um pulo de puro susto. Ah, Meu Deus! Meu coração. Depois fica difícil não ter um treco. Olho para o lado procurando a Zoey, mas ela tinha ido falar com o Aspen. Ou o Cyrus, talvez. Olho para o Ethan, e dou de cara com um meio sorriso fabuloso. Quer dizer, como se não bastar-se os olhos verdes inteligentes e misteriosos, ele tinha covinhas nas bochechas.

–O... Oooo... Oi.

Gaguejo igual uma retardada. Efeito Ethan sobre mim, e qualquer uma que não seja Zoey, Gwen ou Arya. Quer dizer, gente, ele é lindo. Confesso. Lindo de se apaixonar. Tipo, aqueles olhos, aquele cabelo, aquele sorriso... Aquela pose de príncipe, aquela aura de nobreza, aquele ar de perigo e mistério... Affs, pena que é um Lorde Dark.

–Oi, se você prefere. Estás bem?

–Eu estou, e você?

–Estou sobrevivendo.

–Cuidaram bem de você?

–Defina bem.

Pede Ethan em um suspiro com meio ar de obstinado.

–Eles te alimentaram, deu banho, remédios, você foi bem tratado?

–Fui! Muito a propósito! Teve uma garota que só jogou todos os remédios que provoca dor nas minhas costas. Foi maravilhoso!

Ironiza Ethan azedo. Acabo sorrindo pela maneira que ele fala. Era como se tivessem terminado de tirar sua pele e passado limão com sal logo depois. Acho que devem ter até tratado Ethan bem, mas ele tem uma cara de orgulhoso que até dói. Deve está apenas azedo com nossa hospitalidade quase educada. Diferente da de Master Great. Ouvi as enfermeiras dizer que a Arya até cicatriz de chibatas tem.

–Qual é a graça?

–Você é muito, mais muito orgulhoso mesmo.

–Não sou não!

–Não? Ethan, você sabia que as feridas da chibata têm mais chances de ter infecção, tétano e outras merdas que poderiam te levar a orbito? Se você está vivo é por que cuidaram razoavelmente bem de você!

Discordo já esperando uma retaliação. Ethan levanta uma das sobrancelhas e fica me olhando com cara de bobo. Depois tira alguma mecha de meu cabelo caída sobre meu rosto e coloca atrás da minha orelha.

–Você deveria ser advogada, não enfermeira.

–Acha mesmo?

Pergunto. Acho que uma segunda opinião sobre profissão até que seria legal. Quer dizer, eu teria que me mudar para a Cidade de Onyx, fazer uma faculdade de direito, e é mais fácil ser enfermeira, por que aqui já temos os cursos para trabalhar por Onyx e pela Revolução. É limitado, mas trabalhar diretamente por sua pátria e pela liberdade que talvez as próximas gerações possam usufruir é um orgulho que nutro amorosamente. Pelo menos é engraçado quando se tem aqueles pacientes escandalosos que só falam bobagens.

–Com essa carinha de quem está sempre certa, é difícil que alguém não te ouça. Se esse alguém for minha pessoa principalmente.

–Acha que as pessoas me ouvem?

Pergunto, enquanto caminhamos com a caravana a pé. Ethan coloca as mãos no bolso, e olha para o céu. Os olhos dele são bem brilhantes, e ficam mais verdes por causa das folhas da primavera que já aparecia em pinheiros e cedros. O príncipe estava mais relaxado do que o normal. Na verdade, ele estava muito relaxado.

–As pessoas te ouvem, mas não sabem por que. Eu particularmente acho que deve ser genética. A propósito, quem são seus pais?

–Bem, existem duas teorias sobre meus pais: Ou eles me abandonaram, ou morreram na guerra e nossa guarda foi a algum parente que nos abandonou.

–Nos?

–É que eu tenho um irmão: O Vinicius.

–Aquele pupilo de Alef que me derrubou?

–Esse aí!

Confirmo rindo. Ethan para bruscamente. Acho que talvez ele não goste do meu irmão. Mas pelo olhar pensativo dele, tenho a impressão de que não é isso. Ele parou confuso. Sua mente estava trabalhando em alguma coisa, eu podia vê isso em seus olhos. Alguma coisa para ele não estava se encaixando. Engraçado que para mim, nunca se encaixou. Sadics tem uma razoável dificuldade para ter filhos. A não ser que seja um Worf, que por natureza são mais férteis. Mas os presais e os tradicionais têm uma dificuldade imensa para gerar crianças. Os tradicionais principalmente, por causa da briga entre luz e trevas. Tanto que as taxas de aborto espontâneo por que trevas e luz brigaram pelos genes do bebe hoje são imensas. Um exemplo de casal nêutron que perdeu bebês nos dois primeiros anos de casamento, e por um milagre foram ter um bebê foi as nossas lendas de hoje. Dexter e Angel demoraram dois anos para ter o Bryan, e Beverly e Alef perderam cinco casais de gêmeos antes de ter o Henry. E eu faço parte dos tradicionais, assim como meu irmão. Então não faz sentido sadics do tipo mais difícil de ter filhos ter dois neutros, gêmeos, de sexos diferentes, e os abandonarem para a morte.

–Eu achei que ele era filho... Mas ele não pode ter gêmeos. Eles são tão parecidos.

Pensa Ethan em voz alta esquecendo que eu estou aqui, e suspirando no final. Mas o raciocínio louco dele me chama a atenção. De quem Ethan estava achando que Vinicius era filho? E quem não podia ter gêmeos? E com que ele era parecido? Com o Alef não é, porque primeiramente, Alef tem apenas sete filhos: Henry, Douglas, David, Jeremy, Richard, Justin e Jamie. Ele nunca teve filhos gêmeos, não tem cromossomos X o suficiente para ter uma garota, e Beverly sumiu um ano antes de eu e Vinicius nascer. Não poderíamos ser filhos de uma amante? Sim e não. Sim, porque fomos abandonados e não, por que Alef tem uma lealdade inacreditável pela mulher desaparecida. Então definitivamente não somos filhos dele. Mas, podemos ser filhos do Gary Ospen por exemplo. Ele é um Lorde Dark, solteiro, pegador, que tem um monte de filhos gêmeos e nunca olha para minha cara ou para a cara de Vinicius. Isso sem contar que a namorada dele estava grávida, prestes a dar a luz quando eu e Vinicius nascemos. E ela sumiu no mundo um dia antes de eu e meu irmão aparecer. Se fizermos um teste de DNA para sabemos se ele é nosso pai? Não fizemos. Até porque, eu prefiro um milhão de vezes sermos uma criança abandonada a ser a filha do patético Gary Ospen.

–De quem você está falando?

Pergunto trazendo Ethan de volta à vida.

–É só uma hipótese, mas ela não faz sentido nenhum.

–Aaah!Por que não me conta?

–Por que é patética, sem fundamentos e não faz o menor sentindo.

–Por que você não me fala de você?

Pergunto mudando de assunto. O príncipe rir baixo, como se ele mesmo não soubesse nada dele. O que seria estranho. Todo mundo sabe um pouco sobre si mesmo. Não o suficiente para dizer que se conhece, mas é um pouco.

–Bem, o que eu posso dizer para você?

Pergunta-se, dando uma mordidinha de leve no lábio inferior. Repito o gesto quase que automaticamente. Mas para esconder um sorriso. Vou anotar essa como minha maior proeza, o dia em que eu deixei o príncipe de Master Great sem resposta. Pena que meu diário eu perdi na nossa antiga base. Ethan passa a mão no cabelo branco como a neve branca, e suspira enquanto olha para mim e me pergunta:

–O que você quer saber?

–Algo que não esteja em uma revista de fofoca de Great Master.

Respondo lembrando-me das muitas revistas de fofoca que a Regina coleciona e eu leio com muita freqüência. Elas falam que a cor preferida do príncipe é preta, mas isso é obvio. Ele usa muito preto. Agora mesmo está todo de preto. Desde o suéter a calça de couro e os coturnos mal amarrados. Mas isso é uma mania sadic. Tanto preto quanto botas. Eu mesmo amo preto. As revistas de Master Great falam tudo superficialmente sobre o príncipe. E passa dele uma imagem igualmente superficial.

–Bem, eu uma vez cair de uma arvore perseguindo uma borboleta para alguém, e foi bem em cima de uma lasca de uma pedra afiada, tenho uma cicatriz gigante no tornozelo por causa disso, e eu tentei esconder dos meus pais, e quase infectou. E tinha uma menina em nossa casa que brincava muito comigo e ela descobriu e contou pra minha mãe que me deu uma surra. Até hoje não sei se odeio ou se sou agradecido a essa menina. Mas não dá para saber, ela sumiu e nunca mais voltou. Assim como minha mãe.

–Quem é sua mãe?

–Não sei... Eu apenas lembro que ela tem cabelos bem escuros, como a noite sem estrelas. Na verdade não lembro quase nada da minha infância. É como um sonho bom que quando você acorda esquece por completo, sobrando apenas fragmentos de uma felicidade ilusória. De vez em quando eu me sinto estranho em Master. Um peixe fora d água. É como se eu não tivesse com minha verdadeira família. É estranho. Acho que é por causa do Miguel e seu ódio descomunal por mim.

–Miguel é seu irmão mais velho?

–É! Ele quase roubou a Beverly Blood do Alef. Aquele idiota ficou contando vantagens, a Beverly descobriu e ficou com o Alef. Desde então ele odeia qualquer um. Sobrou para mim, o irmão mais novo que vai herdar o trono.

–Você acha que o Dark deixaria barato?

–Ele iria casar na época! E não seria com a Beverly. Não sei o que mudou, mas como conseqüência Alef ainda está vivo.

–Não entendi.

–A noiva dele era uma assassina profissional contratada por meu pai para matá-lo na lua de mel.

–Como ela faria isso?

–Nyx tem muitos mistérios. Ela é a irmã mais nova de Ivy, então acho que isso deve ser alguma coisa de família.

–Acho que quero ficar longe de qualquer uma capaz de matar o Lorde Dark.

–Nem sempre temos o que queremos.

Suspira Ethan, novamente sendo rodeado por aquele estranho ar de mistério. De vez em quando desejo que ele não falar-se como se a vida fosse um grande enigma. Ela não é. Na verdade a vida é bem simples: Você sofre enquanto existe, e depois morre. Mas viver tem suas vantagens. Uma delas é que em meio ao sofrimento, tem alegrias.

–A vida é tão estranha!

Diz Zoey atrás de mim, me dando um susto. Olho para o lado e Vinicius tinha se enfiado do meu lado, atrapalhando minha visão de Ethan que rosna irritado.

–Zoey, você não ia falar com o Cyrus?

–Já falei, agora vim grudar em você amiguinha, por que estou com medo de que o Ethan Baelfire te coma. Não é, Bael?

–Bael e Baelfire são para os íntimos, Loira Maligna.

–Deixa disso! O que mais tem aqui nessa base é Lorde Dark com Baelfire como segundo nome. O Vinicius também é Baelfire, o meu tio Alef tem Baelfire, Thomas e Niall também têm Baelfire, e o irmão da Arya também é Baelfire. Parece mais um sobrenome a um nome. Poderia ser que eu estivesse falando com o Marcus Vinicius Baelfire Cover e não com o Ethan Baelfire Apache!

–Adeus, Emma. Foi bom conversar com você em paz. E lasque-te Zoey.

Despede-se Ethan irritado, indo em direção aos amigos de Master Great já adaptados a Onyx. Suspiro pesadamente e olho para Zoey rindo da minha cara, e Vinicius furioso com os braços cruzados me olhando com aqueles olhos negros assustadores.

–O que foi? Matei alguém?

Pergunto ironizando, e aproveitando para dá uma alfinetada nos dois. Não posso mais ter uma conversa em paz que esse povo já pensa em bobagens. É tão difícil ser dama da luz hoje em dia. Você parece uma boneca frágil de porcelana que qualquer coisinha pode rachar e quebrar em pedacinhos.

–Não! Mas quem vai matar sou eu! Vou matar aquele descarado filho da p...

–Quer isso, Vini?

–Ah! Você está perdendo a noção do perigo!

–E desde quando você fala palavrão?

–Eu não terminei ainda!

–E não vai terminar. Imagina, falar mal da mãe dos outros. E pode parar com isso, não está acontecendo nada! E vê se largam do meu pé. E a propósito Vinicius eu tenho a impressão de que seu mestre prefere você perto dos Lordes Darks, do lado dele.

Aviso evitado um treita. O irmãozinho de imaginação fértil eu tenho! Ele não poderia usar essa criatividade toda para algo mais útil do que ver algo que não existe? Acho que não! Vinicius está cada vez mais impulsivo! E isso me irrita profundamente. Meu irmão vai para o lado de seu mestre, que está com os braços cruzados, olhando para ele com uma advertência muda, O Dark acena para mim de leve e vai atrás do meu irmão furioso.

–Você tinha mesmo que trazê-lo, Zoey?

Pergunto irritada com a Zoey. Ela faz beicinho. Obrigando-me a revirar os olhos. Mas eu mereço tudo isso. Meu irmão, a Zoey, minha mãe o Ethan... São todos testes de paciência. Alguns mais agradáveis do que outros, mas ainda sim requerem paciência.

–Eu quero falar com você!

–Então fala.

–É que eu quero que pergunte a Beverly se ela tem certeza mesmo de que o Cyrus vai ter que competir pelo meu coração ou foi apenas uma hipótese.

–Mas por que eu tenho que perguntar isso?

–É por que eu tive dois sonhos, e estou quase com certeza absoluta de que é o Cyrus. Mas não entendo por que ele mataria tantas pessoas e colocaria a culpa em mim.

–Frustração?

–E por que eu o frustraria?

–A Bev acha que é um triangulo amorosos, mas seu coração á está balançado por ele não é?

–Eu não confesso nada.

–Claro que não! Mas, só existe algo Zoey em que você coloca acima de si mesma.

–O que?

–Sua família.

–E...

–Ela não aprova o Cyrus!

–Acha que é isso.

–Não tenho certeza, mas acho que sim.

Concordo já com pena da Zoey. Do jeito que são exigentes é provável que tanto Cyrus quanto os pais da Zoey façam pressão para ela escolher um deles. E quando tem a família no meio a Zoey sempre escolhe a família.

–Acho que estamos caminhando para uma tragédia!

Comenta Zoey em um suspiro.

–Vocês não deveriam ser tão pessimistas.

Comenta alguém atrás e nós. Olho para trás e vejo a sobrinha de Alef nos encarando meia com pena meia com alivio. Arya tinha olhos claros de mais. Eram como gelo se derretendo. E ela tinha a mania de olhar para as pessoas com desafio, o que a dava uma impressão perigosa e rebelde. Segundo o Vinicius ela era. Não perigosa, rebelde. Arya sorri para nós, de maneira um tanto simpática ao perceber que nos deu um susto. Sério, as pessoas de hoje fazem tanto barulho ao andar que sabemos que estão se aproximando, mas ela foi diferente de tão silenciosa.

–Éh menina! Parece mais um fantasma de tão silenciosa. Nem te ouvi chegando.

–É parece que anda nas pontas dos pés.

Concordo olhando para os pés da Arya. Ela é de estatura média e bem magra. Têm traços estranhamente infantis como os cílios negros tão longos que fazem sombras em suas bochechas que aos poucos começava a aparecer sardas. Era pálida até para um sadic e tinha cabelos escuros, acastanhados ao sol e negros a sombra, que eram lisos e grossos até o queixo e descia até o quadril em cachos também grossos e bem definidos. Acho que ela engordou um pouquinho, mas ainda parecia doente. Não se dar para curar anos de negligencia me uma semana. Mesmo assim era uma sadic bela. Do tipo que arranca suspiros dos machos por onde passa.

–Sou um pouco mais leve do que o normal.

Explica ela piscando os olhos de leve.

–Linda e graciosa também.

Elogia Aspen também aparecendo do nada. Aspen, o humano, era uma pintura da perfeição em movimento. De vez em quando tenho serias duvidas se ele é realmente humano. Não é lindo como o Ethan, mas é bonito. Arya fica quase que automaticamente vermelha com o elogio inesperado, enquanto Aspen a olha com intensidade desigual. Ah a paixão! A maior das maldições. Mas eles até que ficam lindos juntos... Ainda sim eu tenho um seria impressão de que Aspen não contou um detalhezinho bombástico da vida dele. Esse sim colocaria a Arya em perigo psicológico.

–Odeio amigos apaixonados!

Resmunga Zoey revirando os olhos. Como ela não estivesse se colocando nessa mesma posição aos poucos! De vez em quando a Zoey é tão hipócrita.

–Zoey vê se me err...

Aspen é interrompido por um rugido que faz todos pararem de se mover. Podia se ouvir os muitos corações batendo acelerados. Seria possível? Eles não estavam extintos? Segundo os relatórios originais sim. Há exatamente um século. Então como poderíamos ouvir esse mesmo rugido? Seria possível? As mãos de Aspen e de Zoey vão automaticamente para as armas pertos deles. A Arya começa a suar frio. E eu fico paralisada enquanto olho para as criaturas douradas como a areia nova se movendo em nossa direção. Tinham olhos cor de púrpuro e a boca era redonda e grande como uma lada de lixo cheia de dentes. Tinham também seis patas, e um olho menor no meio da testa. Assustador. Parecia que os Sauter tinham voltado. E dessa vez em quantidade para matar muitos. Sauters são talvez as bestas mais perigosas que tem em Onyx. Seu veneno é fatal, sua mordida capaz de imobilizar e arrancar membros inteiros e sua fome é voraz. E são muito difíceis de matar. Com seis patas de garras afiadíssimas e três olhos precisaram de mais de doze homens fortes e saudáveis para matar um. Seu ponto fraco são seus ouvidos. Eles têm uma audição tão ruim que não consegue ouvir um tiro se quer. Seu olfato também não é muito bom, mas a visão é impecável. Enxergam no escuro e conseguem ver as presas mais fáceis apenas com um olhar. E tinha dois exatamente olhando para mim. Maravilha! Agora me sinto exatamente uma boneca de porcelana. Outros dois olhavam para a Arya, e mais um para o decidido Aspen. Outro maior ainda olhava para a Zoey. Desse eu tenho pena. A Emily, minha irmã mais nova gruda no meu braço de medo atraindo mais três olhares para nós.

–Sauters.

Sussurra Arya com olhos arregalados sem ousar se quer mexer. Eu também estava paralisada, com o coração palpitando no peito. Os Sauters não se moveram até alguém espirrar. Quase que automaticamente todos atacaram suas presas recém escolhidas. Tive de pensar rápido e peguei a pistola de alguém em algum canto. Merda! Era pesada e estava travada. Como destrava essa porcaria? Olho para Arya, pegando uma das armas extras de Aspen e destravando-a com uma facilidade impressionante. Tento fazer a mesma coisa, mas a Zoey toma a arma da minha mão e me dá a ela. É mais pesada ainda. Nem sei usar essa coisa. Então sou obrigada a observar o Aspen atirando no Sauter que corria em direção dele. Ele acertava os olhos, segando-os. Os cinco que vinham em minha direção e na de Emily são menores e consequentemente mais rápidos do que os outros.

–Emma apóia o pé!

Berra Zoey se desviando do Sauter que tentava morde-la e jogar-lhe veneno nos olhos. Faço o que Zoey manda. Minhas mãos suam frio. Estou ofegante e meu coração bate tão forte que sinto que ele vai sair pela boca.

–Emily vai para a mamãe. Bem lentamente saia da visão periférica deles, eu vou distraí-los.

Ordeno a ela lentamente, enquanto deixo a luz envolver minhas mãos chamando a atenção dos cincos Sauters para mim. Meu Deus! Eu vou morrer. Eu já tenho certeza absoluta disso. Mesmo que eu consiga atirar em dois, o que já pouco provável, ainda vão sobrar três. Preparo meu dedo no gatilho enquanto eles se aproximam. Um é abatido por Arya que já tinha acabado com os dois dela, outro foi pelo Aspen que estava usando sua atenção para tentar achar sua irmã Louise. Aperto o gatilho uma, duas, três, quatro, cinco até as balas acabarem e eu ainda estou apertando o gatilho da arma. Consigo para um. Para outros dois vem na minha direção e uma voz me ordena abaixar. Como não tenho outra solução faço isso. Um dos Sauter pula por cima de mim, enquanto o outro quase consegue me agarrar. Suas garras arranham meu braço enquanto rodo para o lado. Agora estou encurralada. Engatilho para o único caminho livre que tem, mas algum agarra minha bota e me puxa pego uma pistola caída no chão e atirado dentro da boca aberta do Sauter. Ele despenca em cima da minha perna. Um dor insuportável sobe por ela inteira que formiga, logo após paro de senti-la. Estou anestesiada de tanta dor. Choro de desespero. Meu Deus! Agora eu estou presa. Pronto! Vou virar almoço de Sauter. Vou morrer! Pelo menos a Emily está com minha mãe. Ela está segura. E a Arya está bem, assim como a Zoey, o Aspen. O Sauter que restou caminha para mim com a boca aberta. Fecho os olhos esperando a morte.