Deixe ir escrita por Thalia


Capítulo 5
Sem respostas


Notas iniciais do capítulo

Como estão, cupcakes? Desculpem a demora para postar. Tive pouco tempo tempo e quando finalmente terminei no fim da tarde a internet cai :( Enfim ,espero que curtam o capítulo. Eu realmente gostei dele!



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O salão não está tão lotado como eu previa. Enquanto desço a longa escadaria que dá para ele, percebo apenas umas vinte pessoas, incluindo meus conselheiros e uma porção de nobres, que reconheço como aqueles que moram nas proximidades. Serviçais servem vinho, sucos e comidas leves aos convidados e uma pequena orquestra toca a um canto.

Suspiro, aliviada.

–O quê? Achou que eu ia dar um baile? - Cecily pergunta.

–Sinceramente, por aí. –rio.

–Sei sua situação, criança. Não iria desgastá-la desse jeito.

–Eu agradeço. –assumo.

–Mas, afinal, você acordou a pouco. Não ia ter tempo de convidar muitas pessoas.

Uma coisa me intriga.

–Como soube que eu tinha acordado? –pergunto.

–Sua serviçal me contou. –ela responde, como se isso não fosse muito importante.

Aceno com a cabeça, em concordância e imediatamente penso em Sarah. Mas afinal, eu tinha dito a ela para não avisar a ninguém, por que ela desobedeceria uma ordem minha?

Logo, todos os convidados percebem a minha presença e o salão é irrompido em aplausos. Me sinto um pouco tímida, não é todo dia que tinha essa honra, mas mesmo assim, não parece certo. A voz foi que me impelira a entrar naquela casa...

Alissa Farley vem ao meu encontro. Ela me abraça, com lágrimas nos olhos.

–Você está bem! Ai, meu deus, você está bem! –ela fala, a voz um pouco rouca. Quando a olho de perto, percebo que seu rosto está abatido, Seus olhos, vermelhos.

–Obrigada por se preocupar, Alissa. Eu estou bem, sim.

–Me preocupar? –ela fala, exasperada- É claro que eu iria me preocupar, era o mínimo que eu podia fazer. Me sinto tão culpada... Eu não devia ter deixado você ir, não devia... –ela se recrimina.

Sorrio.

–Ei, está tudo bem. –consolo. –De verdade, não me arrependo do que fiz. –Pelo menos isso é verdade.

Ela assente, entendendo e começa a limpar as lágrimas do rosto, rapidamente. Como se só agora tivesse percebido que estão ali.

–Estou parecendo uma destrambelhada, eu sei.

–Nada disso! - ajudo-a. –Você está ótima.

Ela assente, mas não parece convencida.

–Eu vou... vou me recompor. – Me dá um último abraço e sai apressada pela escadaria.

Olho preocupada para ela e estou quase a seguindo quando Cecily me detém.

–Ela vai ficar bem, criança. Mas você tem outros convidados. –ela sussurra em meu ouvido.

Olho para trás e percebo o que ela quer dizer. Imediatamente, começo a falar, forçando um sorriso no rosto, com todos os presentes. “Estou admirado”, “Vossa alteza é nossa heroína”, “Que bom que está tudo bem” são as palavras que mais ouço e outras parecidas. Reconheço uns comentários como sendo sinceros, mas outros, apenas pura conveniência. Eu nem sei porque a maioria se dá ao trabalho de me dizer que o que fiz foi um ato de boa ação, eles provavelmente não dão a mínima para a aldeã que “salvei”.

Um lorde, que para a falar a verdade não lembro o nome, acaba de me cumprimentar quando reparo Tenardy conversando com alguém que está de costas para mim. Ele me vê e acena com sua taça na mão, como se estivesse brindando à minha saúde. Porém, não há sorriso em seu rosto, só a mesma expressão arrogante de sempre. Ele não deve estar nem um pouco feliz com a situação.

Me divirto com a hipótese.

Lorde Mason, o que ficou estranhamente calado na reunião do conselho, parece aflito. Toma o conteúdo de sua taça um pouco rápido demais e logo a enche de novo. Penso em ir até lá e perguntar o motivo de seu comportamento quando vejo Theo parado a um canto, bebendo solitariamente um copo de vinho. Um grupo de garotas está há alguns metros dele, sem ousarem se aproximar mais, olhando para meu conselheiro e dando aqueles risinhos. James parece nem notar. Eu já tinha falado com ele, mas vou até lá. Ele olha para a escadaria, como se esperasse alguém.

–Por que não vai falar com ela? -pergunto. Ele se assusta ao perceber minha presença ao seu lado e me olha confuso, buscando entender o que eu dissera.

Arqueio as sobrancelhas. Ele suspira, vencido.

–Está tão óbvio assim? –ele pergunta, sem olhar para mim.

Dou um sorriso fraco.

–Sim

Ele não responde.

–Mas... e quanto a minha pergunta?

Ele dá um sorriso de escárnio.

–Alissa me odeia, Elsa. Você sabe.

–Ah, James, vamos lá. Por que não se dá uma segunda chance? –pergunto, porque não suporto ver meu amigo infeliz assim. Ele e Alissa tinham se aproximado muito... mas ai veio a víbora da Natasha, irmão do Conde Hugo. Ela se infiltrou na felicidade dos dois, James teve um momento de fraqueza e bem... ele e Alissa acabaram se desentendendo. Isso foi há quase um ano.

–Ela nunca vai me perdoar, não entende? –ele está quase suplicando. –Por favor, Alteza, não me faço falar disso de novo.

Ele bebe de sua taça.

–Está bem. –digo, infeliz. –Só... lembre-se de que não devemos viver em função de algo que fizemos no passado.

Ele me lança um olhar, mas apenas volta a seu silêncio. Lembro de algo importante.

–Sabe, James.... –começo- Você talvez seja um dos únicos que se interessaram em saber disso, então eu pensei... Você sabe como está a moça que... –paro, me preparando para mentir outra vez- salvei do incêndio?

–Ouvi falar. É... Amber, se não me engano. Ela está muito bem, acho, pelo menos para alguém como ela. Seus pais ficaram muito aliviados em tê-la de volta.

–O que quer dizer com “alguém como ela”?

–Ela é louca, Alteza. –diz ele, olhando para mim com pesar. –Estive na casa dela quando fui ver o estrago do incêndio e seus pais me contaram. São trabalhadores da casa de máquinas, sua filha os ajudava. Ela vive “ouvindo” vozes entende?

Aceno com a cabeça, afirmando. Também ouço vozes de vez em quando, como a que me advertiu no galpão e a que falou para entrar na casa em chamas. Será que isso me torna louca também?

O assunto me atormenta de tal maneira que me despeço de James e vou em direção a uma sacada que dá para o jardim, pensar. Mas meus planos falham pois logo outro de meus conselheiros, Ethan Spencer, vem falar comigo.

–Majestade, desculpe perturbá-la. –ele parece ansioso.

–Não tem problema. –o tranquilizo- O que houve?

–Eu... realmente me senti impotente quando não consegui resultados da investigação que a senhora me ordenou fazer.

–Ah, não se preocupe com isso. –digo. Afinal, já sei a origem do problema, só falta descobrir a razão.

–Bem, devo dizer que finalmente consegui algo de seu interesse. –ele abre um saco que está segurando e retira duas estacas de gelo do tamanho de minha mão.

Dou um pequeno suspiro de surpresa. O que, afinal, esse Jack está fazendo? Mais uma pergunta na minha enorme lista.

–Estranho, não é? –comenta, me entregando as estacas, que vejo atentamente. –E isso não é tudo. –ele olha ao redor, para se certificar de que não há ninguém por perto. –Havia rastros de sangue onde as encontrei, lá na beira de uma montanha atrás do palácio.

Arregalo os olhos.

–Meus homens não notaram a princípio. Parecia que alguém tinha misturado o sangue com a terra em volta, para que ninguém visse, imagino. Uma tentativa falha, mas acho que isso demonstra pressa por parte de quem quer que tenha feito isso.

–Eu nem sei o que pensar. –minto.

–O gelo ainda não começou a derreter. Creio que não faz muito tempo que o deixaram lá.

Suspiro. Pode ser que sim, ou não. Afinal, descobri que assim como eu, Jack pode criar um gelo “mágico”, que não derrete, como testemunhei no galpão.

–Eu agradeço por isso, Spencer. Foi realmente muito útil. –digo, olhando as estacas em minhas mãos.

–Vivo para servi-la, Alteza. Vou informar se encontrar mais alguma coisa.

–Ah... não há necessidade. Pode encerrar a investigação. –digo. Seria muito perigoso ele continuar com isso. E se acabasse descobrindo Jack? O que este poderia fazer contra ele?

Spencer arqueia a sobrancelha.

–Tem certeza, majestade? Um ato de violência pode ter ocorrido.

Outro, na verdade.

–Sim, acho que isso só pode ser um ato rebelde, querendo nos assustar. –digo, já sabendo que minha desculpa é péssima.

–Mas e o galpão? Ronuas e Gharnes? –ele parece confuso.

–Como Lorde James disse no conselho, o tempo se desregulou por minha causa. O inverno que provoquei deixou... efeitos colaterais. Só estou querendo tempo para fazer uma viagem a Gharnes e Ronuas e descongelá-los.

–Tem certeza disso?

–Acho que é provável. –respondo.

Ele não parece muito convencido, mas assente e se retira.

Minha mente não para de se preocupar pelo resto do dia. E ele já foi bem cheio. Vários outros nobres vieram me visitar pela tarde e tive que dá um longo discurso para os aldeões que se amontoaram na frente do palácio, falando sobre minha “coragem”. Houve aplausos e muitos gritaram meu nome, assim como no sonho que tive. Me arrepiei quando lembrei do fim do sonho: meu corpo desaparecendo completamente.

Estou muito cansada no fim do dia. Cecily lamenta eu ter me esforçando tanto, mas nós duas sabíamos que ia ser assim. Apesar de parecer pouco, três dias com uma rainha desacordada causa mais pânico do que se pode imaginar.

Pelos próximos dois dias não vejo Jack Frost. Mas minha cabeça não pensa muito nisso, pois me atualizar do decorrer da administração do reino enquanto eu estava desacordada foi minha prioridade. Quando me encontro com ele novamente, já é bem tarde da noite e estou quase dormindo, até que ouço sua voz perto da janela.

–Sentiu saudades?

Abro os olhos, surpresa e me sento para olhar o garoto de cabelos brancos à minha frente.

–Isso são horas? Eu estava dormindo! –reclamo, apesar de o sono já ter ido embora.

Ele sorri, como sempre, e dá de ombros.

–Não posso me responsabilizar por isso. Você sabia que eu voltaria.

–Não a essa hora! E você está invadindo minha privacidade! - digo, colocando o lençol de modo a cobrir minha camisola.

Ele revira os olhos.

–Vai ficar aí reclamando ou vai vim comigo? –pergunta, como se estivesse entediado.

–Ir com você? –sorrio, irônica- Para onde?

Ele estreita os olhos, fingindo pensar.

–Digamos que é um lugar onde podemos conversar com mais privacidade.

Imediatamente, penso em dizer que não haveria mais privacidade do que meu próprio quarto, mas achei que a frase soaria estranha, então fico calada.

–E então? –ele pergunta, um tanto impaciente.

Não confio nele, mas não podia deixar a chance de interrogá-lo passar de novo.

–Espero que não tenha em mente algum plano traiçoeiro contra mim. Não confio em você, Jack Frost e estarei atenta a cada passo seu. –digo, fazendo minha voz soar autoritária o máximo que posso.

Ele ri.

–Certo, rainha da neve. Vou fazer o possível para que você não descubra meu plano maligno. – ele debocha, indo até a janela aberta.

Rainha da neve... até que combina comigo, mas logo afasto esse pensamento. “Eu não gosto dele, não confio nele. Seus apelidos não me importam”.

–Saia daqui para que eu possa me trocar. –falo, ainda com meu tom autoritário.

Ele me olha com incredulidade mas apenas o encaro de volta, decidida.

Ele suspira.

–Tudo bem... mas não demore. Você não vai a um baile.

Como se ele me desse ordens...

Vejo-o sair pela janela e, curiosa para saber como ele ia descer daquela altura, me agarro aos lençóis e vou até a sacada. Lanço meu olhar para baixo e lá está ele, a três metros de distância, flutuando com o apoio de seu cajado.

“Ótimo, o cajado faz ele voar”, penso, imaginando quais outras surpresas iria ter com aquele garoto.

Cinco minutos foram o bastante até que eu estivesse devidamente vestida. Novamente, olho através da sacada. Jack está deitado sobre seu cajado, ainda flutuando, mas logo me vê. Ele sorri e sobe até mim.

–Venha. –ele me dá a mão.

–O quê? –pergunto, alarmada. Ele não espera que eu voe com ele naquela coisa.... Pela saída dos fundos do palácio, por mais arriscado que fosse, parece mais seguro.

–Vamos logo, Elsa. –apressa, ainda com a mão estendida.

–Isso é insano, esse cajado não nos aguenta! E onde é que eu vou me segurar?

Ele dá um sorriso malicioso e se aproxima ainda mais de mim, descendo até a sacada. Nossos rostos estão a milímetros de distância e estou quase recuando, quando ele sussurra:

Eu é que vou lhe segurar.

Sinto um calafrio percorrer meu corpo só de pensar na possibilidade e estou balançando negativamente a cabeça quando ele segura minha cintura e me arranca do quarto. Quero dá um grito de protesto, mas me contenho. Apenas o empurro rudemente para que ele se afaste, mas ele é mais forte do que parece.

Logo estou equilibrada junto a ele, sentada de lado no cajado de madeira, este já voando pela sacada. Não sei como isso é possível, mas já tinha acontecido tantas coisas estranhas... Sua mão direita agarra firmemente minha cintura e a outra toca a parte de trás do cajado.

–Está pronta? –ele pergunta, como se tudo fosse perfeitamente normal.

–Eu quero descer imediatamente! –digo, exasperada. Não tento me esforçar para sair sozinha. Poderia dar de cara no chão.

–Vou entender isso como um sim! -ele diz, sorrindo.

Arregalo os olhos.

–O quê? Você não pode....

Mas já é tarde demais. Rapidamente, o cajado sobe em direção ao céu. Faço um enorme esforço para não gritar, enquanto vejo as fracas luzes em alguns pontos da cidade se distanciarem cada vez mais.

Em uns dez minutos, chegamos ao nosso destino. Ainda estou tomada pela estranha experiência, por isso não pude discernir onde estamos imediatamente. Apenas vejo, pela luz da lua, que todo o chão está coberto de neve. Meus pulmões agora inspiram em busca de ar, só para descobrir que ele é rarefeito. Devíamos estar em um lugar bastante alto...

–Espero que tenha gostado da viagem. –provoca. Ao contrário de mim, descabelada e assustada, ele está intacto. Com o cajado agora em sua mão direita, ele me olha com uma expressão divertida no rosto.

“Ele é detestável”.

–Foi a pior coisa que já fiz na minha vida. –minto, colocando o máximo de raiva em minhas palavras. Mas a verdade é que eu tinha gostado. A sensação de estar voando, o vento se chocando contra mim, a incrível velocidade em que estávamos... Foi uma das melhores coisas que já fiz na vida. Mas é claro que eu nunca, nem em um milhão de anos, iria assumir isso para ele.

–Sério? –ele sorri- Eu não ouvi você sequer reclamar.

–Eu estava em estado de choque! –digo, tentando parecer convincente.

Ele ri.

–Tudo bem, então, Rainha da neve. Venha comigo –ele se vira e começa a andar.

–Que lugar é esse? –pergunto, o seguindo.

–Não reconhece mesmo? –ele diz, sem virar.

Olho ao redor e com alguma dificuldade vejo, ao longe e bem abaixo, o centro de Arendelle. Pela sua posição e pela altitude, suponho que só poderíamos estar em um lugar.

–Ronuas. –digo, surpresa. Afinal, aquela cordilheira de montanhas é o lugar mais remoto e inóspito de todo o reino.

–Ponto para você. - diz ele.

–Mas por que tão longe?

Ele para e olha para mim, um pouco receoso.

–É um ótimo lugar para praticarmos sua magia. Deserto, sem ninguém para nos ouvir...

Percebo que está escondendo alguma coisa, o que é frustrante. As perguntas embaralham-se na minha cabeça e a cada minuto com ele surgem outras novas. Meu plano de conseguir respostas está indo incrivelmente falho.

Ele volta a caminhar pela neve.

–Qual o motivo de ter congelado Gharnes e Ronuas, afinal? E o galpão?

Ele para novamente e suspira, impaciente.

–Elsa, o que combinamos sobre suas perguntas irritantes? –ele olha para mim.

–Você ao menos tem que me dizer alguma coisa! –exaspero. –Não confio em você e a cada minuto você me dá provas de que não devo mesmo! Minhas suspeitas de que você é um assassino que pode me matar a qualquer momento só crescem.

Então ele faz uma coisa inesperada: ele ri.

–Qual é a graça? –pergunto, sem entender.

–Acha que quero matar você? Sério? Eu te salvei! –ele diz, com se minha ideia fosse completamente inconcebível.

–Bem... –cruzo os braços. Ele poderia estar esperando o momento certo, não? - Devo suspeitar, já que novamente encontrei provas contra você.

Ele parece levemente interessado, apesar de não demonstrar preocupação.

–Ah, é mesmo? E quais são?

–As estacas e o rastro de sangue! Não tente negar, meus homens viram, na beira da montanha atrás do palácio.

Ele, pela primeira vez, parece surpreso. Mas logo soube disfarçar. Seu semblante risonho volta. Ele me lança um longo olhar e se aproxima.

–Não vou negar. –ele fala, simplesmente. –Mas deixa eu te dizer uma coisa, Elsa.

Ouço, atenta.

–As estacas são minhas... e o sangue que ouviu falar... –ele levanta sua camisa até a região do abdômen, onde um corte feio, de uns vinte centímetros e visivelmente recente se destaca -...Também era meu. –ele solta a camisa.

Dou um pequeno suspiro de surpresa.

–Você foi atacado. –digo, esperando sua confirmação.

Ele assente com a cabeça.

–Por falar com você. Como eu disse, é contra as regras. Um deles descobriu, mas já o silenciei.

Não gosto de como ele usou a palavra “silenciei”, mas o detenho por outra coisa.

–Quem são eles, Jack? E o que são essas regras, finalmente?

Ele olha para a lua, como se buscasse alguma intervenção dela.

–Vamos fazer o seguinte, Elsa. –fala, voltando seu olhar para mim- Não temos muito tempo. Você ainda tem que descansar. Deixe-me ajudá-la com seus poderes por esta noite, e prometo que na próxima vez que visitá-la, responderei a tudo o que me perguntou hoje.

Estreito os olhos, desconfiada.

–Por que quer tanto me ajudar com meus poderes?

–Vou incluir essa na lista. –ele diz, impassível.

Suspiro, frustrada.

–Está bem! Vamos andando. –digo, ainda receosa de que ele fosse realmente me contar.

Ele dá um sorriso vitorioso e volta a andar pela neve.

Alguns minutos se passam até que estamos em uma parte da montanha que me parece exatamente a mesma de antes, exceto que possui uma caverna a um canto, coberta de neve.

–Chegamos. –diz.

–Por que não descemos logo aqui?

–Errei o lugar, a pouca luz prejudicou minha visibilidade. –ele olha ao redor, distraído e vai em direção à caverna. sigo-o.

Dentro da caverna, a escuridão é quase total. Eu só posso discernir os cabelos brancos de Jack à minha frente. De repente, uma luz surge em minha visão. Cerro os olhos tamanho é seu brilho, mas logo ela diminui, nos fazendo enxergar plenamente o interior da caverna. A fonte da luz é um pingente de gelo, idêntico ao que eu vira perto de minha janela, só que agora ele literalmente flutua, com seu brilho azul, acima da mão de Jack.

Fico encantada com aquilo, mas não falo nada. Observo o teto cavernoso e as paredes úmidas. O chão é de terra com alguns respingos de neve, em contraste com a imensidão branca que é a montanha. É um lugar pequeno. O limite da caverna é um chão com uma forma levemente circular. Jack senta-se por ali e pega gravetos que estão ao seu lado, provavelmente que ele mesmo tinha colocado ali.

–E agora... –ele começa, esfregando um graveto em outro com ambas as mãos. Após alguns minutos uma pequena chama surge. Ele coloca o graveto queimando no chão e põe muitos outros por cima. Logo, estou vendo uma fogueira.

–Sente aqui. –ele aponta com a cabeça para o seu lado.

Desconfiada, faço o que ele pede e espero.

–Isso é algo bem básico, Elsa. Mas vai lhe exigir muita concentração de início. –ele mantém seu olhar para o fogo. -Está pronta?

É estranho ver aquele homem que tanto me perturbara agora como um professor, mas assinto com a cabeça.

–Ótimo. Escute com atenção: quero que tente apagar a fogueira.

Olho-o, incrédula.

–Mas isso é muito fácil!

–Eu ainda não terminei. –ele sorri- Você vai tentar apagar a fogueira de dentro dela, entende?

–Não. –respondo, sincera.

Como se já prevesse isso, Jack olha para a fogueira, atentamente. Sua mão se abre em direção a ela e um fio de luz branca a penetra, assim como vi no incêndio. Poucos segundos depois, a fogueira se extingue, sendo consumida pelo gelo em forma de estacas que agora toma o lugar do fogo.

Dou um suspiro de surpresa.

–Entende a diferença? Eu poderia muito bem criar algum monte de neve e jogar em cima da fogueira, a derreteria de todo jeito. Mas isso...- uma nova luz surge de sua mão-... é meu, Elsa. Emana de meu próprio ser. É claro que temos, eu e você, o poder de transformar umidade em gelo, mas essa habilidade é incompleta. Em situações como a que você passou, é totalmente inútil.

–É incrível. –Não posso deixar de comentar, admirada.

–Quando lanço minha magia através do fogo, a umidade dentro dele é inexistente. Eu, através disso... –a luz em sua mão se acende ainda mais- ...o faço se apagar.

Ele sorri, observando minha expressão atenta.

–É um exercício bem simples: a luz nos representa, eu e você, em algum lugar muito quente, mas emanamos de nós mesmos o poder de fazer congelar o que quisermos, sem precisar da umidade. E essa habilidade... é bem mais poderosa.

Ele olha para mim e, com um arrepio, sinto seus olhos em minha alma. Olhos que pertencem a alguém tão jovem, mas que parecem repletos de um saber que só alguém muito velho poderia ter.

–Quer tentar? –ele pergunta, me afastando de meus devaneios.

Aceno rapidamente com a cabeça e o observo refazer a fogueira.

–Posso fazer uma última pergunta? Acho que essa você não se importaria.

Ele assente, desconfiado.

–Quantos anos você tem?

Vejo um fino sorriso sair de seus lábios.

–Se eu contasse, você não acreditaria.


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Notas finais do capítulo

Jack bem misterioso né? rsrsrsrs no próx. teremos muito mais respostas. Esse ficou um pouco mais longo, mas o que vocês acham? valeu a pena? Sério, pessoal, comentem. Qualquer opinião, para me incentivar, sugestões, avisar sobre erros graves de ortografia são úteis. Fico muito feliz quando comentam, sinto que vcs estão lendo mesmo.



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