Between us escrita por IS Maria


Capítulo 39
When love hurts...




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Sua reação havia sido engraçada, a maneira que me olhava como se não acreditasse em minhas palavras, como se não houvesse compreendido direito e em seguida os olhos vermelhos e cheios de lágrima, fazendo com que meu coração saltasse do peito. Me beijou e aos poucos, deixei-me ser envolvida pelo doce sabor do pecado, era engraçado como eu sempre me esquecia quem éramos e a que estávamos condenados e estar ali não tornava nada mais fácil. Eu me lembrava da primeira vez que havia estado em seus braços, me lembrava de tudo o que havíamos vivido naquelas paredes e me doía pensar que aquilo teria que ter um fim. Eu sabia que não poderíamos continuar, ele sabia e as ameaças que recebemos eram apenas uma amarga confirmação, mas eu me recusava seguir adiante sem antes admitir que o amo, o amo já a muito tempo, provavelmente o amo desde o momento em que ele me fez sua.

No resto do dia, nada parecia mais importar, nem sequer meu tornozelo mais uma vez machucado ou os assassinatos. Nós sabíamos que mais uma pessoa próxima da nossa família havia sido executada e que o próximo poderia ser qualquer um de nós, mas ali era o nosso mundo e isso simplesmente não nos atrapalharia. Amanhã eu finalmente faria dezoito anos, Patrick não sabia, provavelmente meu pai não tinha contado, e eu acreditava que era melhor assim, não é algo que eu costumo celebrar. Em um ano, por mais que fosse difícil acreditar que tudo isso já havia se passado, meus objetivos haviam mudado, eu tinha escolhido um caminho diferente do que pretendia e tinha me apaixonado, não uma, mas duas vezes, tinha passado a ver meu pai e Carol com outros olhos e agora finalmente podia chamar aquele lugar de lar e pensar que a muito, não via a hora de deixar tudo isso, agora não sei como prosseguir sem qualquer um deles em minha vida... ou como fazer qualquer coisa que seja sem Patrick.

Ele entrelaçou nossos dedos e meu coração ardeu com o simples gesto, seus olhos encontraram os meus e então, permiti que as lágrimas transbordassem de meus olhos, seguidas de um sorriso... eu estava feliz, feliz de uma maneira que eu nunca estivera antes. Secou meu rosto com o polegar e eu senti um aperto ainda maior em meu peito, seguido de um desejo profundo de tomar seus lábios aos meus.

– Ele... vai a pedir em casamento - Disse depois de uma longa pausa. O observei confusa por alguns segundos, depois então compreendendo o que ele dissera.

– O que ? - Disse, mais do que surpresa.

– Ouvi Oliver e o pai conversando - Completou, claramente desgostoso. - Ele pretende fazer isso amanhã...

– Casar ? De onde ele tirou essa ideia ? - Levei as duas mãos a cabeça, pensando em como reagiria.

– Eu o entendo - continuou - Eu no lugar dele, faria o mesmo... por que não o faria se tenho certeza que não desejo passar mais um só segundo longe de você ? - Aquilo me cortou em pedaços.

– Patch... - Sussurrei.

– Não, Alice... vai ser bom, ele pode te dar uma vida que eu não posso ... - Levei meu dedo aos seus lábios o impedindo de continuar.

– Não ouse estragar isso aqui - O olhei nos olhos e o beijei - Eu amo você e por agora... apenas isso importa - sussurrei contra seus lábios, ficando satisfeita quando ele me puxou ainda mais para si em seguida.

Já não poderia mais dizer o que era apenas eu ou o que era apenas ele uma vez que havíamos nos tornado um só. Suas mãos, naquele dia e naquela noite, nem por um segundo deixaram o meu corpo, assim como as minhas não o deixaram. Seus olhos fitaram os meus por horas, trocamos carinhos e carícias, conversamos sobre um futuro que não viveríamos apenas pela diverção de imaginar possibilidades, nos imaginar viver em um mundo onde não possuíssemos o mesmo sangue. Relembramos tudo aquilo que tinhamos vivido no decorrer de tão pouco tempo, parecia uma vida, uma vida onde por mais que parte de mim amasse o outro, eu havia sido dele, apenas dele. Eu sabia exatamente o que eu queria, nunca estando mais convicta em toda a minha vida, eu apenas não poderia ter.

Quando o sol invadiu violentamente os meus sonhos na manhã seguinte, acordei sentindo o pesar daquela data e antes que ele pudesse acordar, deixei aquele lugar. Liguei para que o motorista do meu pai me apanhasse, pois sabia que com o tornozelo daquela maneira, eu não conseguiria ir a lugar algum e em poucas horas, antes mesmo que Patch acordasse, eu estava longe. Eu adoraria o observar dormir e em seguida o ver acordada, mas eu não estava pronta para me despedir definitivamente dele. Oliver havia me mandado uma mensagem me pedindo desculpar por não poder passar o dia ao meu lado como queria, mas que a noite eu seria apenas dele e eu apenas agradeci em silêncio, não havia algo que eu mais desejasse do que ficar sozinha.... casamento...

Infelizmente, nada seria tão fácil como pensei. Carol me sequestrou e quase me matou quando viu a situação do meu tornozelo. Para ela parecia o fim eu não poder desfilar na noite de lançamento de sua coleção, para mim, uma salvação. Enquanto ela escolhia qualquer garota que pudesse possuir um corpo ao menos semelhante com o meu, fiquei em silêncio, notando que aquele dia possuía menos cor do que os demais. Meu pai apareceu e foi perfeito e carinhoso, assim como imaginei que ele seria. Trouxe-me um cupcake e entregou-me uma caixinha me pedindo que apenas a abrisse de noite. Briguei com ele por ter me comprado algo, porém ele apenas deu de ombros, partindo em seguida para o encontro de Carol. Os dois costumavam ter um relacionamento um tanto frio, mas melhoraram graduavelmente e eu ficara feliz, aquela era a minha família.

– Onde conseguiu isso ? - Perguntou apontando para meu tornozelo.

– Patch - disse por fim, mordendo uma maçã. - Não, ele não me bateu - completei depois de ver os olhares de Carol. - Fomos nadar e eu bati em uma pedra ou algo assim...

– Planos perfeitos arruinados por causa disso - Ela disse sacudindo seus cabelos. - Matarei meu filho.

– Eu fui a irresponsável - me coloquei de pé - Pelo menos desta vez - sorri, deixando a sala.

Cruzei alguns corredores a procura de qualquer coisa que fizessem as horas passaram rapidamente, porém o que encontrei, foi pra lá de desagradável. Eu sabia de sua associação com Carol e sabia que eu havia sido o motivo de tudo, mas eu não esperava o encontrar ali. Cruzei os braços e tomei a frente do caminho o impedindo de passar, ele definitivamente me devia algumas respostas e eu as arrancaria agora, uma por uma.

– Alice - disse depois de notar que não poderia passar por cima de mim. - Minha bela e provocante, Alice - Seus olhos azuis eram frios e suas palavras, divertidas.

– O que fez comigo naquela sala ?

– Direta - arqueoou as sobrancelhas.

– Responda - o cortei.

Ele me puxou pelo pulso, me levando até uma das sacadas. Eu sabia que não era uma boa ideia estar em um lugar daqueles com alguém que se mostrou não ser confiável, mas minha teimosia sempre falou mais alto do que qualquer outra parte de mim. Fiquei parada diante a ele com os braços cruzados, já esperando por qualquer tipo de provocação.

– Gostou do meu presente ?

– Não ouse mudar de assunto.

– Olha, minhas empresas possuem vários setores e uma deles vem procurando desenvolver uma espécie de soro que aumenta a capacidade cerebral do ser humano. - Disse, como se aquilo não fosse nada.

– E aplicou em mim ? Sem sequer me consultar, sem ter certeza de que não me mataria ? - Perguntei, incrédula.

– Tecnicamente, eu sabia que não te mataria... foi só uma injeção energética. - Revirou os olhos. - Aposto que te fez bem.

– Tive alucinações. - Disse, controlando-me para não o espancar ali mesmo.

– Passaram, não passaram ? Só alguns efeitos colaterais - Deu de ombros. Sua indiferença era irritante.

– Vai fazer alguma coisa comigo ? - Perguntei, dando-me por vencida.

– Nada além do que foi criado para fazer, melhorar sua visão, seus sentidos e sua intuição. - Continuou. Se virou e passou por mim. - Ah... gostou do meu presente ?

– Gostaria que não tivesse me dado nada - suspirei - Ainda não o olhei, mas agradeço mesmo assim.

– Não tem de que... Use esta noite - Completou, dando-me uma dica do que poderia ser. - Todos os dois. - Continuou - Digamos... que vai precisar. - E saiu andando.

Ouvi um barulho conhecido e ao olhar para baixo, notei que Oliver estava ali. O observei por alguns segundos do alto e em seguida fui ao seu encontro. Como eu esperava, o sorriso que ele abriu assim que me viu foi o suficiente para fazer valer a pena descer as escadas com o tornozelo dolorido. Ele caminhou em minha direção e me beijou por um longo momento, o suficiente para que eu me derretesse em seus braços. Seu perfume era tão bom que me permiti envolver, cada vez mais e mais.

– Pensei que estivesse ocupado - Disse, uma vez que nos separamos.

– Alguns problemas que eu precisava resolver - Deu de ombros - Mas, não consegui ficar muito tempo longe de você.

– Eu poderia não ir a festa esta noite e ficar ao seu lado... - Disse enquanto brincava com a gola da sua camisa.

– Claro, mas sua família não aprovaria que você faltasse um evento tão importante, não é o tipo de aprovação que eu busco - Arqueou as sobrancelhas, fazendo-me suspirar.

– Se você diz... - Não insisti. - Me deixa em casa ? - Perguntei notando que o melhor seria ir agora.

– Com certeza - disse entrando novamente no carro.

Ele passou mais algumas horas ao meu lado e então comecei a correr contra o relógio. Como se não bastasse minha falta de tempo, eu ainda não fazia a menor ideia do que usaria e depois de revirar tudo o que eu tinha ali, encarei por um longo instante o enorme embrulho de presente. Usar aquilo, se é que fosse usável, poderia significar engolir o meu orgulho e fazer uma das vontades de Alex, mas não era como se eu tivesse escolha. Como se não bastasse o meu eterno ódio por ele, ele ainda tinha que ter um ótimo gosto. O vestido era longo, vermelho em um tecido fino e macio, de alcinhas. O levantei e então senti que algo pesado havia caído ao chão. Procurei por alguns instantes, acendi a luz e então me deparei com algo inesperado.

" Use os dois... sinto que vai precisar " Lembrei-me do que ele havia dito enquanto colocava a arma em minhas mãos.


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