Between us escrita por IS Maria


Capítulo 36
Yatsi




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Eu sabia exatamente o que tinha visto e por mais que desejasse acreditar que não passava de uma alucinação , meu novo par de olhos parecia afirmar que não mentia . Não conseguindo mais ignorar , fui em direção ao closet , não que eu esperasse encontrar um buraco que me levasse ao país das maravilas ou Nárnia , mas sabia que não me aquietaria enquanto não tivesse provas de que estava vendo coisas . Não havia nada ali além do meu exemplar de Alice no país das maravilhas . Eu não me recordava de ter o deixado ali , por isso o apanhei e o coloquei novamente no criado mudo ao lado da minha cama . Vesti-me por fim e retornei para sala onde sabia que encontraria meu pai , por mais que odiasse discussões , eu lhe deivia uma boa explicação . Assim como imaginei , ele estava sentado na sala junto com minha madrasta e Patrick . A expressão aliviada indicava que ao menos não estavam mais preocupados .

– Pai - Chamei-o assim que entrei na sala , atraindo a atenção de todos .

– Filha ... - Ele colocou-se de pé . - Não sabe o quanto senti sua falta , o quanto todos nos preocupamos ... pensamos ...

– Que eu jamais fosse retornar ... - Completei acrescentando um sorriso compreensivo. - Espero que não se zangue pai , fui por vontade própria ... apenas não imaginava que tudo fosse se prolongar desta maneira .

– Alex nos contou que passou alguns dias com ele , tive de controlar seu pai para que ele não fosse tirar satisfações . - Disse Carolyn sorrindo .

– Alex ? Quando ele falou com o senhor ? - Perguntei alarmada . Aquele cretino ainda me devia boas explicações .

– Ele estava no hospital quando chegamos , disse que estava a ajudando com alguns assuntos e que no processo você se recusou a comer direito e acabou indo parar no hospital por desidratação . - Meu pai me explicou . Aquilo era ridículo . - Por mais que tenha doído sua separação com Oliver , não é motivo para que tente se matar filha . - Eu não acreditava que até disso ele já sabia .

– Claro que não . - Abri um sorriso e me calei .

O que quer que fosse que Alex planejava , me parecia ser ainda pior a cada minuto que se passava . Eu sentia que precisava conversar com ele , ao menos tentar descobrir o que ele fez comigo , se é que fez alguma coisa , mas parte de mim está assustada , talvez por não querer saber a resposta , talvez por não querer vê-lo nunca mais . Era verdade que meu término com Oliver me fizera perder o equilibrio em muitas coisas , mas eu não me mataria por ele . Sim , eu havia sido imatura ao tentar me colocar como o monumento principal na vida dele e tinha sido horrível a maneira que eu havia o culpado pelo ataque , mas fora ele quem havia sumido por dias sem sequer me dar uma explicação decente , sem me falar que sua mãe estava doente e que precisaria dele , me dando espaço para imaginar o que eu quiser . Não , eu não tinha nenhum direito de o culpar , mas não havia como saber que sua moto havia sido vendida sendo que ele nem se preocupou em me contar , então , posso até me sentir culpada , mas não sou a única .

Passei a calça preta pelas pernas ignorando a saia que minha madrasta havia separado . Abotoei as botas que haviam chamado a minha atenção , completei com a camisa de uniforme e a grava preta , dei uma breve ajeitada nas longas ondas do meu cabelo e estava pronta . Eu não sabia se era uma boa ideia voltar para a escola , não sabia mesmo , nem mais sabia se aquilo deveria ser uma preocupação , mas considerando que minha vontade de deixar aquele lugar havia retornado , era o mínimo que eu poderia fazer . Eu tinha muito o que colocar no lugar , meus pensamentos , minhas atividades , meus dias , mas quando tentava , tudo parecia sair de controle . Vê-lo era doloroso , esmagante , fazendo-me notar que ele havia feito com que me importasse com ele de uma maneira que eu jamais havia imaginado que poderia acontecer e agora que eu já não tenho mais o direito de me preocupar , sinto-me ainda mais debilitada ... não mais tão frágil , mas ainda de coração partido . Alex havia sido um idiota , mas ele havia me dado um presente que não possuía preço , tinha me devolvido os exos da minha vida , o que eu achava ter se perdido .

– Nunca sabemos se vamos te encontrar viva ou morta quando some . - Amber estava um docinho ao lado do meu irmão .

– Quem sabe em algum dia você não tem uma sorte maior e não me vê nunca mais ? - Disse abrindo um sorriso e me dirigindo para as salas .

Sim , eu sabia que precisava parar de sumir daquela maneira , deixar todos preocupados , mas eu não controlava a quantidade de vezes que eu necessitava deixar aquele lugar por alguns dias . Quando eu me mudei , pensei que seria um ano monótono , onde eu teria de lidar comigo mesma e o meu pai , além de uma família que eu pensava me odiar , mas não . Agora tenho de sobreviver a assassinos , uma paixão proibida , um ex-namorado e uma vadia de cabelos loiros , quem esperaria por isso ? Ainda existia a possibilidade de Alex ter me transformado em uma mula de drogas e eu estar a poucos passos de receber um passaporte com uma nova identidade , passagens para o méxico ou sei lá o que e depois perder um rim ... ou o fígado . Claro que isso ainda parecia melhor do que aguentar os telefonemas da minha madrasta me falando de sessões de fotos ou reuniões , comentando sobre calendários ou qualquer coisa que eu não deseje fazer de maneira alguma .

Ao fim do dia , eu mal podia acreditar que havia sobrevivido , sem sequer dormir em algumas das aulas . Surpreendentemente , eu entendia o conteúdo perfeitamente , percebendo que os dias que perdi não fizeram diferença alguma , ao menos não para a nova eu . Consegui fazer perfeitamente cada uma das ligações sem precisar ler o conteúdo perdido para saber aonde começava a base e o fundamento . Fiquei surpresa ao encontrar as viaturas de polícia na porta da escola , mas não fiquei surpresa quando soube que me procuravam . No começo pensei que estavam ali porque tinha descoberto o plano malígno de Alex de contrabandear drogas , mas na verdade estavam ali para me levar até a delegacia e tirar meu depoimento novamente , não apenas do último atentado , mas de tudo o que venho sofrido desde que cheguei ali .

O detetive não foi nenhum pouco esperto quando saíu de sua sala em busca de uma chícara de cafezinho . Me deixou sozinha com um monte de documentos que eu sabia que não poderia sequer tocar . Claro que eu teria feito isso , se não soubesse que era sobre mim . Esperando que ele demorasse um século , passei os olhos por tudo . Liguei os fatos , as evidências recolhidas em diferentes casos . Analisei um quadro que havia em uma das paredes contendo algumas das suspeitas da polícia . O caso era grande , claro , meu pai era muito influente e aquilo parecia ser uma ameça grande a cidade . Eu não sabia que aquilo já vinha acontecendo a muito tempo . Um homem havia morrido depois de supostamente se jogar do pier e se chocar contra as pedras que eu havia conseguido me livrar , o número de estupros havia aumentado e nesses casos , ninguém havia aparecido para ajudar aquelas mulheres , algumas acabaram mortas , outras se suicidaram e algumas passam por acompanhamento médico , mas o interessante ... é que cada um dos atentados , sendo os assassinatos ou os estupros , estavam conectados , por apenas uma pessoa . Não , eu não era o Alvo , meu pai era .

– Você não deveria ter olhado . - Disso o detetive se aproximando e me pegando no flagra .

– Quero participar das operações . - Disse me voltando para ele .

– Por que eu permitiria que uma adolescente , que mal sabe segurar uma arma , sem treinamento algum , que vem sendo ameaçada por nosso assassino , se juntar a nós ? - Perguntou se aproximando . Abri um sorriso , me aproximei e então tirei a arma de sua cintura e atirei contra uma das fotos do quadro , acertando o rosto perfeitamente .

– Ficará surpreso com o que consigo fazer . - Devolvi a arma .

– Mesmo assim não tem um treinamento . - Ele estava embasbacado , mas sabia que não cederia com facilidade .

– Vai ficar surpreso ... - Eu sabia que conseguiria facilmente fazer o que qualquer um deles faz .

– Venha a um treinamento e prove o seu ponto - disse fechando os documentos .

– Obrigada . - Disse empolgada .

– Não me agradeça , no fim do dia , estará no fim de suas energias . - Abriu um sorriso divertido , estava mesmo convencido de que eu não conseguiria .

– Veremos isso . - Pisquei .

Ao sair da delegacia , eu estava com uma ideia fixa na cabeça . Eu não permitiria que ninguém machucasse meu pai , não agora que finalmente havíamos nos acertados . Eu tomaria aquelas dores e quando chegasse ao fim , eu acabaria com o filho da mãe . A polícia podia não ter nenhuma ideia de quem poderia ser o culpado , mas eu já havia formado uma lista de suspeitos em minha cabeça e apesar de alguns nomes me incomodarem e me fazerem acreditar de que estava ficando louca , eu sabia perfeitamente como começar . Com ou sem a polícia ao meu lado , eu leveria aquela cidade ao puro choque de eletricidade , porque a festa havia acabado de começar .


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