Between us escrita por IS Maria


Capítulo 23
Entre barcos e paixões


Notas iniciais do capítulo

Os capítulos sairão todos os sábados de agora em diante e se entrarem em um sábado e não encontrarem nada , no próximo eu postarei dois .



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O sol brilhava ao alto , porém eu já havia acordado bem antes dele . Meu corpo estava elevado ao êxtase e eu não poderia deixar de me sentir melhor , porém , nenhuma das incríveis sensações sentidas , seriam suficiente para que minha mente se desligasse e em fim eu não mais pensasse que novamente , eu havia errado . Quanto mais fujo , mais a ele sou levada e isso vem se tornando um incomodo . Aquele que se deitara ao meu lado , o que possuí total controle sobre mim ou meus sentimentos , aquele a quem vejo sempre que fecho meus olhos , ainda é o meu irmão , por mais que o sangue não nos ligue de tal forma .

Facilmente eu havia conseguido levar o barco de volta para o pier e em seguida me sentado a ponta a espera da luz clarear o dia e meus pensamentos . Porém , mesmo depois de me sentar por horas , encarando o vazio , a água , eu não tinha chegado a conclusão alguma . Talvez tenha começado a abraçar o que sinto , porém , não vejo como isso poderia fazer algo a não ser complicar ainda mais . Eu deveria deixar de lado e viver como qualquer adolescente , ignorando todos os avisos da minha consciência , mas sempre que estou longe dele , parando para pensar nesse tipo de situação , sinto um pesar enorme . Não que eu deva alguma satisfação ao meu pai , mas se ele sequer sonhasse com algo do tipo , eu jamais me perdoaria .

Senti seus braços me envolverem por trás . Permaneci imóvel e permiti que a sensação de sua pele junto a minha , acalmasse toda a confusão e agitação que tinha se formado dentro de mim . Eu estava claramente tensa e ele notara , pude perceber assim que seus lábios tocaram a curva do meu pescoço e foi como se pudesse visualizar a careta que ele fizera . Obviamente sabia no que eu pensava . Eu odiava isso , odiava ter de acabar com tudo , mas novamente era forçada a discutir o mesmo assunto .

— O que fazemos é errado . - Eu disse ainda sem me virar , permitindo que ele continuasse a me abraçar .

— Defina errado . - Disse com a voz rouca .

— Você ... é o meu irmão . - Ele era ! E me deitar com ele , fazia com que eu me tornasse a pessoa mais repugnante do mundo .

— Hey ... - Me virou, pressionando então minhas costas contra a proteção fria de metal , fazendo-me suspirar profundamente . Levou uma de suas mãos a minha nuca e levantou meu rosto , forçando-me a o encarar . - Olhe nos meus olhos e diga que me vê como seu irmão ... - Olhei profundamente em seus olhos , mas tudo o que conseguia ver , era a imensidão azul que ele havia aberto apenas para mim .

— Como eu poderia ? - Respondi quase sussurrando e tornei a fitar o chão . - Mas , não significa que podemos .

— Você pensa demais . - Disse me soltando e se curvando contra as barras , se posicionando ao meu lado .

— Alguém tem que pensar por nós dois .

— Você sabe que só precisa pedir ... e eu me afastarei . - Virou seu rosto e seu olhar se chocou contra o meu novamente . - Porém , terá que ser boa o suficiente para me convencer de que é realmente o que deseja .

— Temos que tentar ... agir ...

— Já tentamos .

— Eu tentei . E você me ... tentou . - O que não era nem um pouco mentira .

— Sinceramente ... não é como se eu pudesse me manter longe de você . - Encarava a água , seus olhos cintilando como se fizessem parte de um todo .

— Eu sei ... - O puxei para mim e encostei sua testa a minha . - Temos que voltar . - Abri um sorriso e mesmo não desejando , me afastei .

A noite jamais seria esquecida por nenhum de nós dois , disso eu tinha certeza . As emoções ainda fluíam dentro de mim e permanecer por longos minutos em um carro com ele , não ajudava nem um pouco . O silêncio que havia se formado , aos poucos ia fechando-me em um labirinto de pensamentos que ao mesmo tempo conseguia me deixar confusa , eufórica e enfurecida . Estava extasiada apenas por me lembrar de suas mãos em mim , seus lábios aos meus , o pecado dançando junto a nós . Minha cabeça fazendo-me retornar aos momentos onde estava ao alto e então despencava , desmanchando-me completamente . Encostei a testa da janela de vidro e sem notar , me peguei sorrindo abertamente .

— Espero que eu seja o motivo desse sorriso . - Disse enquanto abria um sorriso sem tirar os olhos da estrada .

— Teria como não ser ? - Sussurrei e me encolhi no banco de couro .

Ele vem sido o motivo de muitos dos meus sorrisos , mesmo que a maioria deles tenham sido seguidos de pensamentos cheio de culpa . Eu era racional o suficiente para saber que aquilo era mais do que errado , mas eu simplesmente , em alguns momentos , não possuía força alguma para o negar , o rejeitar . As vezes acordo ao meio da noite , pensando em muitos dos momentos que tivemos juntos , me pego pensando em como tudo seria se não fossemos irmãos e então quando noto , estou sorrindo novamente .

Os minutos ao seu lado , se tornavam horas , mas não era algo que me incomodava . A cada segundo que se passava , em que pensava que poderia ao momento estar o tocando , é como se tudo se tornasse uma tortura . Seu corpo tão próximo e ao mesmo momento tão distante . Batia os dedos no volante ao ritmo da música e uma vez ou outra , se voltava para mim . Olhava-me e sorria e aquilo apenas me deixava ainda mais constrangida .

Paramos em frente ao prédio e a tensão que se estabelecera entre nós , era apenas o primeiro sinal de que tudo havia acabado . A realidade nos atingindo com força , destruindo a tranquilidade que havia sido construída . Suspirei , olhei para ele uma última vez abrindo um sorriso e coloquei a mão na maçaneta abrindo a porta . Fiquei feliz ao notar que ele ainda se sentia próximo o suficiente para passar o braço por minha cintura e caminhar de tal maneira comigo pelo hall . Eu desejaria saber o que se passava pela cabeça de todos aqueles que nos viam e adoraria não me importar , mas aquilo me incomodava muito .

Meu pai estava na sala , envolto por papeis . Lançou um olhar de reprovação para nós dois , porém eu estava cansada demais para que esperasse ele dizer algo , então simplesmente subi as escadas e fui direto para o banheiro , tomando um longo e relaxante banho . Passei um bar de calças jeans claras pelas pernas , vesti uma regata branca simples sem manga e por cima , coloquei uma camisa de seda azul clara . Joguei-me sobre a cama e tentei dormir . A cada vez que fechava os olhos , cenas da noite passada me vinham a cabeça , fazendo-me ferver e inclusive suar . Aquilo estava me perturbando demais , para que eu permanecesse ali .

Calcei o primeiro par de sapatilhas que vi pela frente e sai correndo tomando o elevador . Eu não tinha nenhum plano em mente e nem sequer havia apanhado o celular para que pudesse pedir socorro para alguém , estava desesperada demais , sabia que precisava deixar aquele lugar e precisava fazer isso logo .

Pude notar que o carro de Patrick não estava mais lá , bem , talvez ele também precisasse esfriar a cabeça . Enquanto caminhava pela única direção que conhecia o suficiente para não perder , tentei avaliar aonde eu já havia chegado em um mês . Lembro de raiva que tinha de tudo isso e agora , a sensação que sinto , é de que estou me acostumando e ao mesmo tempo me atrapalhando com tudo . Jamais tinha parado para pensar que talvez não houvesse sido culpa do meu pai por ter de se afastar e eu ainda não estava pronta para saber de tudo , mas poderia ver o dia em que teria de o enfrentar , se aproximando cada vez mais . Eu tinha me afastado , negado e o odiado , mesmo antes de o conhecer e agora , um irmão que jamais esperei ter , pode estar me fisgando cada vez mais ... por mais nojento que possa parecer .

O corrimão de madeira do pier me trazia uma vaga lembrança da noite passada , uma lembrança que apesar de bela deveria ser esquecida . Encostei-me na madeira e tentei me focar em algo que não trouxesse o rosto dele a minha mente , porém , até a água fazia-me o ver , sorrindo e então zombando da minha incapacidade de o esquecer . As pedras lá em baixo , pontiagudas e desafiadoras faziam-me recordar da vez em que havia caído , aquelas mãos em minhas pernas , forçando-me a desequilibrar e então cair , a sensação de que tudo terminaria , isso sim me deixava bamba . O medo que eu havia sentido , era tão forte que não poderia ser descrito , tão intenso que apenas por lembrar , senti uma profunda cãibra em uma das pernas , aquela que mais havia sido atingida com a queda . Suspirei tentando manter o equilíbrio do meu corpo e em seguida procurei um lugar para me sentar .

Dentro do fliperama , o mesmo em que antes havia estado com Oliver , havia um banco de madeira que por pouco ficara escondido por um grupo de pessoas . Caminhei pacientemente e me sentei , passando as mãos pela perna esperando que aquela horrível agonia passasse . Suspirei recostando-me , tentei observar o ambiente e notei que estava mais cheio do que o normal , provavelmente o motivo era alguma disputa em uma das máquinas de vídeo game . Ao longe , pude perceber um rapaz alto , cabelos médios , porém , apenas quando ele se virou , notei que era Oliver . Acabara de sair de uma pequena portinha escura que antes eu nem sequer havia notado , passou as mãos pelo cabelo e direcionou seus olhos a sua frente . Um outro homem saíra do mesmo lugar , apertaram as mãos e Oliver concordara com algo que fora dito em seu ouvido .

Segui-o com meus olhos com dificuldade , já que cada vez mais ele se camuflava em meio a multidão , mas , ainda pude o ver até quando esbarrara em um homem alto que usava terno , abriu um sorriso e se desculpou , em seguida , algumas pessoas se moveram tampando o meu campo de visão . Levantei , me esquivando no meio de todos a procura dele . Estava chateada por ter me deixado na noite passada , porém , ainda desejava conversar com ele . Ainda não sabia o que fazia na festa , como conseguira me ajudar a tempo e aonde fora com tanta pressa . Ouvi um enorme estrondo e em seguida uma grande agitação . Precisei de um longo tempo para notar que aquilo havia sido um disparo . Meu coração batia rápido e eu estava assustada demais para poder me mexer . Fiquei ali observando todos saindo correndo , abrindo meu campo de visão para que eu em fim pudesse ver o cadáver no chão . Fui puxada e então me choquei contra alguém , olhei para cima a tempo de ver Patrick apertando-me contra si e me levando para longe de tudo .

Passamos do lado do corpo sem vida e olhei bem em seus olhos que ainda estavam abertos , a tempo de brevemente o reconhecer . Olhei assustada para trás e vi Oliver , seus olhos estavam presos em mim , frios como na noite passada . Quando notou que eu havia o visto , se virou e saiu pela porta ao seu lado . Entrei dentro do carro de Patrick e apenas balancei a cabeça para cada pergunta que ele me fizera , estava perturbada demais para sequer poder me distrair do que havia acontecido . Eu sabia muito bem , que aquele no chão , o que havia sido baleado , era o mesmo que a pouco havia esbarrado em Oliver .


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Notas finais do capítulo

CoMeNtÁrIoS ?? *-*



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