Primeiros Erros escrita por Lost Satellite


Capítulo 5
Capítulo 4 - E se eu gostar da pessoa errada?


Notas iniciais do capítulo

Muito bem, agora a história está ganhando mais vida. Gostaria de agradecer ao Sr Stark e ao Coração Valente pelos comentários e incentivos para continuar a história. Capítulo dedicado a vocês leitores lindos. e se houver algum novo leitor, seja bem vindo ;)

Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/581034/chapter/5

Caminhou até a área de serviço do castelo, onde ficavam os quartos dos funcionários, fez seu caminho habitual até seu amigo e companheiro de tardes entediantes. Enquanto dava seus passos, lembrou-se do breve encontro que teve com Elena, e a sensação estranha que a impressionou em relação à outra. Não era como se gostasse dela, Marina sequer a conhecia, tampouco havia achado a garota uma coisa assim tão interessante. Mas não era a primeira vez que se sentia assim, já acontecera uma vez. Primeiro achava que a pessoa era familiar, depois como num passe de mágica sentia prazer na presença e como consequência se sentia apaixonada. Não era uma paixão comum, como a paixão carnal, era engraçado, pois sentia necessidade de ter a pessoa em sua vida, mas sentia acima de tudo vontade de que olhasse para ela de forma especial e única. E isso a assustava, talvez seus sentimentos fossem diferente daquilo que a maioria considera certo, e se fosse real, temia sofrer.

− Se eu gostasse da pessoa errada, eu não teria chances de ser feliz não é mesmo? – Ela falou em voz alta para que o amigo a ouvisse.

− Gostasse da pessoa errada? Por que está pensando nisso?

− Não sei, acho que é terrível e trágico se apaixonar por alguém que não pode ser seu e acima de tudo alguém que você não quer.

− A vida não se resume a gostar ou não de alguém. E não é tão terrível assim, dá pra sobreviver, o amor não é tão ruim assim.

− E o que você entende de amor? Eu nunca te vi com alguém meu amigo.

Jeferson baixou a cabeça voltando sua atenção para o pequeno rádio de pilha que tentava concertar. Ele era o mordomo da família, havia cuidado de Marina desde que ela era um bebê e nutria por ela um carinho especial, do tipo que um pai sentia pela filha, em verdade ele se sentia como um pai para ela, por isso eles eram amigos.

− Menina eu não entendo dessas coisas, apenas sei que tem coisas mais urgentes do que o amor e não dá pra se dar ao luxo de viver de sentimentalismo. A gente pode até amar alguém de um jeito muito forte, do tipo que parece te marcar para sempre, e esse alguém pode não ficar com você e isso vai doer muito, mas não quer dizer que você não vai ser feliz, nem que não vai amar outra pessoa. Se você decidir ser feliz, assim será independente do que aconteça.

− Jeferson, você já gostou de alguém?− Ela perguntou encostando-se a porta enquanto o mais velho finalmente a olhava.

− Mas é claro que sim. Acho que todo mundo já gostou de alguém nessa vida, pelo menos uma vez.

− Me conta, por favor. – Ele a olhou tentando decifrar qual era a intenção da garota.

− Parece que foi ontem sabe, ela era linda. Eu tinha meus vinte anos e já trabalhava para sua família, também a conhecia desde sempre. Costumávamos brincar juntos quando éramos crianças, mas aí fomos crescendo e ela foi estudar fora e bem, eu fiquei aqui. Quando ela voltou, me apaixonei no mesmo instante em que a vi, mas ela já havia dado seu coração a outro. Depois disso acho que nunca amei alguém como amava aquela garota.

− Como ela se chamava? – A menina perguntou sentindo compaixão pelo amigo.

− Voltou a se importar com nomes menina? – Ele riu evitando responde-la.

− Talvez. Jeferson você acha que sua vida poderia ter sido totalmente diferente se tivesse ficado com a garota?

− Certamente... – Ele a encarou pensativo e logo em seguido deu um risinho tímido. – Mas acho que nunca saberei, nunca saberemos.

− Às vezes eu sinto que não sou o que deveria ser.

− E por isso tem medo de nomes?

− Não, acho que preciso descobrir quem eu sou de verdade, e um nome não me ajuda muito nisso. Se eu aceitar meu nome, aceito que junto a ele eu já saiba quem sou.

− Você sabe quem é, bem lá no fundo sabe. E se for diferente daquilo que os outros esperam, não ligue. Se a gente for viver para agradar os outros, acaba perdendo a graça de viver.

Mais tarde quando aquela conversa já havia acabado há horas Mari desceu à surdina até a cozinha, era de seu costume assaltar a geladeira na calada da noite.

Na geladeira encontrou um pote de sorvete, que prontamente foi atacado por ela, estava sentada na bancada de granito, por cima do pijama, apenas o robe para lhe proteger do frio da madrugada. O silêncio pesado do castelo lhe fazia companhia, e somente se ouvia o som dos sapos coaxando no lago. Quando parada a porta a figura de uma jovem tocou suavemente o batente da porta.

− Elena? – Marina se assombrou com a presença da menina.

− Desculpe, eu incomodo?

− Não, claro que não. − E a outra se sentou ao seu lado. – Com fome?

− Não, apenas sem sono. É complicado dormir em um lugar novo.

− Tudo bem, tenho sorvete, isso sempre ajuda.

− Sempre toma sorvete quando dorme fora?

− Não, mas acho que sorvete deve resolver noventa por cento dos problemas das pessoas.

− Vou provar talvez você tenha razão.

As duas ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas tomando o sorvete.

− Você sempre morou aqui? – Elena perguntou quebrando o silêncio.

− Nem sempre, quando eu era um bebê vivia com meus pais em São Paulo, só vim para cá depois que eles faleceram.

− Sinto muito pelos seus pais.

− Tudo bem, já faz muito tempo. E você, não deveria passar as férias com seus pais?

− Eu queria, mas eles estão ocupados, sem tempo para mim.

− Deve ser difícil ter pais que estão ocupados demais para passar as férias com a filha.

− Tudo bem.

E então outra vez um silêncio se formou.

− Você namora? – Dessa vez foi Mari quem puxou o assunto.

− Sim, mas ele não está aqui. E você?

− Fica difícil namorar quando se vive presa em um castelo, eu até pareço a Fiona. − As duas riram.

− Se você é a Fiona, certamente deve haver um Shrek por aí, apenas não te encontrou ainda.

− Eu não sou do tipo que acredita em contos de fadas.

− Você é uma contradição em pessoa.

− Por que diz isso?

− Mora num castelo, se considera a Fiona, mas não acredita em contos de fadas. É meio incomum.

− Você também não tem nada de comum.

− Que quer dizer com isso? – Elena a olhou nos olhos, em meio à escuridão da cozinha.

− Bem, você me chamou a atenção. Geralmente não costumo gostar de cara de alguém.

− Gostou de mim?

− Achei que já te conhecia, você parece ser uma boa pessoa Lena. – E dizendo isso ela se levantou. – Eu vou me deitar te vejo por aí. – E com uma piscadela marota ela se foi, deixando Elena sozinha com seus pensamentos.

No quarto Jeferson acordou assustado em sua cama, o celular vibrava sem parar debaixo do travesseiro.

− Pronto. – Sussurrou num sibilo, em seguida uma voz frenética falou meia dúzia de palavras.

− Vai acontecer como combinamos, sem erros. Preciso desligar. Não ligue mais para mim, nos falaremos quando eu entrar em contato.

Jogou o celular no lugar em que estava antes, sentou-se na cama, a camisa do pijama ensopada pela transpiração noturna. Os dedos agitados ajeitaram os cabelos oleosos para trás.

− Não pode haver erros. – Falou para si mesmo, numa tentativa de se acalmar, e então se levantou, seria impossível dormir com tantos pensamentos agitando sua cabeça.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá, tudo bem?
Alguma dúvida sobre o que está acontecendo? Algum palpite, critica, conselho, opinião, sei lá, qualquer coisa? Que tal me contar o que está achando?

A notícia para o próximo capítulo é que algo muito grande vai acontecer e agitar a história muahahaha

Bem é só isso, nos vemos nos reviews e no próximo capítulo.

Abrass



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Primeiros Erros" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.