Por trás de Frozen escrita por TamirisJ


Capítulo 5
Capítulo 4 - Eu sei que amanhã termina, por isso hoje deve ser!


Notas iniciais do capítulo

Olááá, pessoas frozenzásticas! Como vão, tudo belê?
Depois de uma semana de atraso (uma semana extremamente maluca - por favor, me perdoem T_T), cá está o capítulo 4: o encontro de Anna e Hans.
Espero que gostem! :D



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POV ANNA

Vejo os portões castanhos diante de mim. Escuros, pesados, fechados. São três portas que me separam da liberdade. Que me separam do meu futuro. Que me separam de uma vida de verdade.

Três míseras portas.

Os guardas estão em posição. Eles abrem a primeira porta, e corro para alcançar a próxima. Meu coração parece que vai explodir de tanta alegria e emoção, e a única coisa que posso fazer para isso não acontecer é extravasar ao cantar. Então eu canto, canto alto e até estranho a felicidade contida na minha voz.

Segunda porta. O processo para abrir as portas é rápido mas, para mim, parece uma eternidade. Ouço um guarda rindo, provavelmente me zombando por estar tão ansiosa com uma porta aberta. Mas ele não sabe, por mais que conheça minha história, que essas portas representam o passado, meu passado terrível e solitário, que será deixado para trás. Aperto minhas mãos para ver se elas param de tremer.

Terceira porta. Respiro profundamente para tentar me acalmar. O tempo parece parar. Meus pés parecem se movimentar mais devagar. Tudo fica, instantaneamente, mais colorido.

Então, sinto um choque tão grande que, com certeza, chegou à minha alma e, se não estivesse perto das paredes para me apoiar, teria caído.

Meu sonho – meu sonho se tornou realidade. E, nesse momento em que estou estática observando todo aquele aglomerado de pessoas – espere, era minha prima Rapunzel ali? Ah, quem se importa em ver isso agora, eu tenho um dia inteiro para procurá-la! -, todo aquele colorido da decoração da aldeia a qual já tinha até me esquecido dos detalhes, toda aquela energia positiva que se apossa de mim e parece emanar das pessoas, eu tenho a certeza absoluta de que a segunda parte de meu sonho, aquela em que o inverno acaba com minha vida, não se tornará realidade.

Eu não vou deixar isso acontecer.

“Por uma vez na eternidade, os meus sonhos ganham cor!”

Vejo Ludvig passar por mim com o que imagino ser sua família, e ele está acenando para mim, sorridente, os olhos brilhantes e emocionados.

E é aí que não consigo mais me segurar e que cai uma lágrima. Deixo-a escorrer, porque essa não é qualquer lágrima. Não é como todas as outras que já deixei cair e que representavam minha tristeza. Fecho os olhos e, enquanto essa lágrima especial escorre, sinto uma esperança bela e profunda, como um amanhecer que traz novas possibilidades depois de uma noite terrível e que parecia infindável. É uma lágrima nova. É uma lágrima de alegria. Meus lábios se separam e devo estar com um sorriso tão grande que algumas pessoas param de andar e me encaram.

Esse novo sentimento que me parece desconhecido faz com que eu não consiga mais ficar parada e, de repente, o tempo volta ao normal e me vejo correndo, e minha ansiedade é tanta que nem consigo parar para ver os detalhes ou as pessoas. Tudo o que me importa é essa sensação de liberdade, e eu corro, corro como corri em meu sonho, ansiosa por cada centímetro distante do castelo que possa estar.

Desvio de um bolo gigante – será que é porque eu joguei a cabeça de uma estátua no outro? -, subo em postes – mal posso esperar para contar isso para Joana! -, e continuo cantando como se não houvesse amanhã.

Reflito por um segundo e vejo que, realmente, não há amanhã.

“Eu sei que amanhã termina, por isso hoje deve ser!”

Todo o mau humor e solidão se foram, e agora só existem minha liberdade e eu. Agora, farei de todo o possível para mudar. Mudar tudo.

Agora, “nada vai me deter”!

Espere um pouco.

Só há um pequeno problema. Um problema que nunca pensei que existiria, já que imaginei que, assim que os portões se abrissem, o destino iria me mostrar o que mudaria minha vida.

Sinto meu estômago se contorcer de nervosismo.

Calma, Anna, sem pânico. Sempre foi assim, o destino é aquele que apresenta um caminho, e você deve segui-lo e moldá-lo. Mas como saberei? Como farei? Talvez se eu...

E então meus pensamentos são interrompidos quando sinto uma dor excruciante, sou jogada para trás e caio de costas em um barco, que se estabiliza assim que um cavalo coloca suas patas nele.

– Ei! – digo, subitamente raivosa por um lindo corcel ter me atropelado e atrapalhado o andamento de meus planos e...

Espere aí, um cavalo?! Geralmente, corcéis são acompanhados de um...

Tiro um pedaço de alga que caíra em meu rosto e vejo um homem lindo, robusto, ruivo, magro, alto, bem-vestido, com um cabelo lindinho com um corte que faz com que alguns fiapos caiam em seu rosto.

– Eu sinto muito, você se machucou? – ele pergunta, preocupado. A voz dele é melodiosa e bela, como em meus sonhos.

E, como em meus sonhos, meu coração começa a bater tão rápido e fortemente que chega a doer. Eu tremo, e não é mais ansiedade pelos portões terem sido abertos.

– Oi...! – é o consigo pensar em dizer. Vai, Anna, você é melhor do que isso. – Ah, sim, ah, não, quer dizer... – sério mesmo que esperei tantos anos por esse momento para perder a fala? Respiro fundo. – Estou bem.

– Está mesmo? – tento dar meu sorriso mais encantador, mas com certeza não chega perto do dele.

Ele desce do cavalo e se aproxima de mim.

– Estou, eu só não estava olhando para onde ia mas, na verdade, eu estou... – procuro a palavra certa, enquanto tiro o restante das algas dos meus braços. - ... ótima.

– Ah. – suspira, aliviado. - Eu fico feliz.

Ele estende a mão para me ajudar a levantar e, quando toco a dele, é como se o mundo cantasse uma canção nova. Mesmo que ele esteja com luvas, sinto meu braço começar a formigar.

E é nesse instante que percebo que é a primeira vez que alguém me toca desde que os portões foram fechados. Eu queria que esse momento nunca passasse. Enquanto nos olhamos, é como se eu fosse transportada para as nuvens e ficasse lá, flutuando por horas, esquecendo-me de todos os meus problemas...

De repente, ele interrompe nosso silêncio contemplativo, balança a cabeça e se afasta, como que pensando ter feito algo errado. Meu coração se aperta com seu distanciamento.

– Sou Príncipe Hans, das Ilhas do Sul. – ele se curva, se apresentando.

Um príncipe.

– Princesa Anna, de Arendelle. – me apresento, enquanto também faço uma reverência.

E uma princesa.

– Princesa?! Milady! – tenho vontade de rir com a postura fofa dele quando se agacha para fazer uma nova reverência.

Ele é tão educado!

Entretanto, o cavalo dele também faz uma reverência – até o cavalo dele é educado! -, o que faz com que o barco perca o equilíbrio. Meu corpo é jogado para trás, e só não caio no mar porque Hans me pega pela cintura – o que me causa arrepios - e me seguro ao colocar minhas mãos ao redor do seu pescoço.

Ele me olha, sem graça, enquanto afasta as mãos de mim e posiciono meus braços perto do meu corpo. Seus olhos não se afastam dos meus.

Será que ele consegue sentir o meu coração batendo tão rápido quanto o vento? Sentir o calor que emana das minhas bochechas quentes? Perceber que minha respiração está ficando cada vez mais rápida e que eu...

O barco balança de novo, desta vez para frente, e caio em cima de Hans, deitada sobre ele.

– Ops, de novo! – eu digo, tentando deixar a situação um pouco menos tensa. Tentar me deixar um pouco menos tensa. Eu gostaria de parar de tremer, mas eu simplesmente não consigo e...

Meu Deus, como alguém pode ter olhos tão lindos?!

Enquanto ele fica parado, me observando, sei que eu deveria pensar muitas coisas – inclusive em me afastar, de acordo com os bons modos -, mas tudo o que me vem a cabeça é que nunca mais quero sair do conforto de seus braços e de sentir alguém tão perto de mim. É uma sensação reconfortante e que eu não conhecia há tanto tempo que me faz ter vontade de chorar.

Entretanto, seguro as lágrimas e começo a me levantar. Olho para ele e seu rosto está tão vermelho que uma onda de vergonha se espalha por mim.

Como alguém é capaz de causar tantos sentimentos em tão pouco tempo?

– Ai, que vergonha. – solto. Ele olha para mim, impassível. Deve estar pensando no quanto sou irresponsável e destrambelhada. Não, deve estar pensando que o estou culpando por tudo isso! – Você não fez nada de errado, é que nós... eu..., hã, tô com vergonha. – explico, me afastando. Ele tem um sorriso no canto dos lábios, pega minha mão com a sua para me ajudar a levantar e parece que todos os meus sentimentos se sobrepõe a qualquer razão que eu poderia ter. – Você é lindo. - peraí, o quê?! – Peraí, o quê?!

Será que eu simplesmente não consigo parar de falar?

– Eu gostaria de me desculpar por derrubar a Princesa de Arendelle com meu cavalo. – ele respira fundo, o rosto extremamente rubro. – E... por tudo que aconteceu depois.

Se ele soubesse o quanto eu não me arrependo de tudo que aconteceu depois...

– Não, não, não... Tudo bem. Não sou esse tipo de Princesa, quer dizer, se fosse com a minha irmã Elsa, ela daria um chilique! – ele me fita atentamente, e eu me distancio um pouco para ver se meu coração para de querer explodir. Rio um pouco para disfarçar essa minha tática fugitiva. – Sabe como é. – viro-me para o cavalo dele e acaricio seu queixo, tentando desviar meus olhos dos dele. – Oi! – Tudo bem, aqui é uma distância boa. Viro-me para fitar o príncipe. – Mas, para sua sorte, sou só eu.

Ele ri, uma risada curta e impressionada.

você?

Então nos encaramos, enquanto o céu parece que vai aterrissando até onde estou.

Eu me perco. Me perco naqueles olhos verdes, profundos, brilhantes que, silenciosamente, me fazem promessas às quais me agarro desesperadamente. “Eu vou tirar você daqui”. “Eu vou te salvar”. “Eu te amo verdadeiramente, Anna”. Em poucos minutos, em poucos segundos, eu pude sentir o que o destino estava me dizendo.

Ele me dizia que aquele moço, na minha frente, é o que vai mudar o curso de minha vida. Neste momento, e tudo que importa, é que Hans e eu estamos cá, nos encarando apaixonadamente, com as vidas absolutamente viradas de cabeça para baixo em minutos.

De repente, sinto um certo pânico, e vem até mim aquele pensamento infeliz que sempre me lembra da parte invernal de meu sonho – aquela em que congelo até morrer de tristeza. Pelo menos, Elsa não está aqui para me lembrar da solidão e de que tudo pode dar errado. Ela está longe, no castelo, além dos portões, se preparando para ser Rainha.

Espere, Elsa se tornando Rainha?

– Oh, céus, a coroação! Eu... – tenho que correr, Ludvig vai me matar! Corro um pouco para trás e acabo batendo em alguma coisa. – Ai! É melhor eu ir. – ele observa, sorrindo. – Eu já vou. – ele acena, como que prometendo me ver mais tarde, e me atenho a mais aquela promessa. – Eu... já estou indo. Tchau!

Ele continua acenando, enquanto corro com o coração apertado por deixá-lo.

Mas eu preciso mesmo deixá-lo?

Por um segundo, paro de correr e observo a paisagem oposta ao castelo: as montanhas. Eu poderia fugir. Eu poderia fugir com Hans e deixar todo meu passado para trás. Poderia me esquecer de todas as minhas responsabilidades e problemas e ser livre. Eu não preciso voltar ao castelo. Ninguém precisa de mim lá. Os quadros podem falar com outras pessoas.

Eu não precisaria ver ou falar com Elsa novamente, nem ser ignorada.

Penso em minha irmã se resguardando em seu quarto, fugindo de tudo e de todos. Escolhendo ter uma vida solitária e triste. Fugir seria, talvez, uma alternativa para Elsa, e eu prometi, desde que meus pais morreram, que nunca seria igual a ela. Que sempre enfrentaria meus problemas e os venceria. Que eu seria responsável por ter uma vida diferente.

Não, eu não vou fugir. Elsa precisa de mim para mostrar que a vida não precisa ser somente solidão.

Com determinação renovada, ergo a cabeça e corro para o castelo até a Sala do Rei, onde marquei de me encontrar com Ludvig – meu coração se aperta ainda mais quando passo pelos portões para dentro do castelo, e um medo irracional de que eles se fechem antes que possa ultrapassá-los novamente me domina; digo a mim mesma que hoje é o dia da mudança, e isso não ocorrerá novamente.

Daqui, Ludvig me levará até a capela onde a coroação será formalizada. Observo o quadro de meu pai na parede, e um pesar cai sobre meus ombros. O olhar dele na foto é austero, altivo, poderoso, assim como o de Elsa, das poucas vezes que a vi nesses anos todos.

Coloco minhas mãos sobre as de papai no quadro e fecho os olhos.

– Querido pai, sinto tanta falta de você e de mamãe. Gostaria, mais do que tudo, que estivessem aqui hoje. Gostaria que tivessem visto os portões serem abertos e que minha alegria fosse compartilhada com vocês. Não sei o motivo de os fecharem, mas acredito que foi para o meu melhor. Pelo menos, é o que espero. – respiro fundo. – Vocês sabem o quanto me senti sozinha depois que foram embora. Espero que me guiem na nova vida que virá a partir de hoje, e que vocês se orgulhem de mim. E também de Elsa. – faço um minuto de silêncio, o amor que sinto por eles transbordando em lágrimas que me esforço a conter. – Amo vocês.

Ouço a porta abrir e tomo minha postura novamente: cabeça altiva e sorriso brilhante. Penso em Hans, e meu sorriso se torna verdadeiro.

– Princesa Anna? – ouço a voz de Ludvig, e seu corpo rechonchudo entra na sala.

– Olá, Ludvig! – ele faz uma reverência.

– Sua irmã já está posicionada próxima à capela, vim somente para buscá-la. Deixei minha família esperando e... – ele se cala, percebendo que adicionou informações pessoais, o que não é muito correto para empregados, e Ludvig é bem criterioso quanto a isso.

– Já disse que não tenho problema em saber da sua família, Ludvig. Pelo menos, você tem uma, e gosto de ouvir sobre ela. – ele fica corado, sem graça. Eu rio enquanto ele me dá passagem e fecha a porta. – Agora, diga-me: Daven aceitou colocar o casaco?

Vamos conversando até atravessarmos os portões novamente – ufa – e chegarmos à igreja do vilarejo.

Os cidadãos estão se sentando nas cadeiras, felizes, e começo a ficar cada vez mais ansiosa. Tudo parece mais real do que nunca porque, pela primeira em anos, irei ver minha irmã e ela não poderá me ignorar. Como vou reagir? Como ela vai reagir?

O padre chega, o cumprimento e me posiciono, em pé, ao lado do altar em que Elsa será coroada Rainha. O coro já está pronto. As pessoas se aquietam. A expectativa é palpável, e todos estão com olhares ansiosos em direção à porta, inclusive eu. Não consigo despregá-los de lá. Irei vê-la, e ela me verá.

Finalmente, o coro começa a cantar, e uma silhueta branca e loura aparece na entrada da igreja e olha para mim.


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Notas finais do capítulo

Meu Deus, está ficando cada vez mais difícil escrever, porque muitas vezes as falas das personagens no filme não seguem a linha de pensamento que dou a elas hahaha
Apesar de tudo, espero que tenham gostado e, por favor, peço que deixem comentários! :D
Até o próximo capítulo! o/