Que os jogos comecem!

Já faz uns três dias que estou no chalé 20 e não é tão ruim quanto eu pensava. Devo dizer que mesmo ficando lá por menos de 24 horas, fiquei triste em me despedir do chalé de Hermes, mas como consolo, prometi continuar fazendo pegadinhas junto com os Stolls. Voltando ao chalé 20, por fora é feito de pedras com símbolos e inscrições, por dentro tem quatro beliches de ébano preto, dois banheiros, uma estante com livros estranhos, uma mesa com algumas coisas bem esquisitas e uma lareira com alguns sofás em volta. É bem confortável. Ele tem apenas sete membros contando comigo.

Lou Ellen, conselheira-chefe do chalé, tem 16 anos, olhos dourados e cabelos cor de chocolate, com as pontas verdes. O casal de gêmeos Cristine e Cricket Jones, tem ambos os cabelos castanhos e heterocromia. Robert, um garoto que nunca vi. Johnny, um garoto de 17 anos, com cabelos pretos e olhos brancos. E por último, Annie, uma menininha de 10 anos, com cabelos vermelhos e um olho azul e outro verde. Todos são bem fechados, mas até que Annie e Lou Ellen são bem, hã, animadas.

– BOOOM DIAAA!!!!- disse Annie, pulando em cima de mim, ela me lembra muito a minha irmã Clarie

– Bom...

– Bom dia, dorminhoca!- disse Johnny- Vejo que dormiu bem!- disse sarcasticamente, apontando para a minha cara que devia estar cheia de olheiras, eu realmente não tinha dormido muito bem nesses últimos dias.

– Cala boca, Johnny!- disse, jogando uma almofada nele, mas, como sempre, ele parou a almofada no ar com um feitiço.

– Por favor, maninha, tente algo mais original- disse ele, enquanto brincava de levitar a almofada

– Você quer algo original?- perguntei

– Foi o que eu acabei de dizer- disse Johnny, concentrado na almofada e eu aproveitei isso e taquei outra nele, só que dessa vez ele não consegui segurar. Acabou caindo de bumbum no chão, enquanto eu e Annie caiamos na gargalhada.

– Gostei- disse ele se levantando- Originalidade...Ai!... Agora, maninhas é melhor vocês se arrumarem logo, porque o café já está na mesa- disse saindo do chalé

– Vejo você no café da manhã?- perguntei

– Não!

– Ótimo!- disse me levantando da cama. Peguei minhas roupas no meu baú e segui em direção ao banheiro, depois de uns dez minutos, eu saí do banheiro, estava vestindo uma regata azul, um shots preto e meu All Star preto, no cabelo eu fiz um coque frouxo. Annie estava na minha cama, lendo um livro

– Annie, você poderia ter ido, não precisava me esperar- disse, gentilmente

– Mas você ia ficar sozinha e ficar sozinha não é legal!

–Tabom, vamos?

– Vamos!- disse segurando a minha mão.

Pedi a comida de sempre: torradas com geléia de morango, Toddynho e um pedaço de bolo de chocolate. Lou Ellen, Johnny e Robert não estavam na mesa. Cristine estava conversando com um filho de Melinoe e seus olhos coloridos brilhavam, já Cricket estava comendo um grande pedaço de torta de laranja, sozinho.

Depois do café, Annie e eu voltamos para o chalé e ela continuou a me ensinar feitiços simples, mas eu não tinha nenhum sucesso.

– Vamos, Mah- ela me chamava do mesmo jeito que Clarie- Você consegue!- eu estava tentando um feitiço simples de levitação quando eu senti meu corpo inteiro ser sugado e voltado e do nada do meu lado surgiu Lou Ellen.

– Eita! Como você....?- perguntei surpresa, Annie olhava para ela sem nenhuma surpresa no olhar e Lou deu um sorrisinho

– Depois de muito treino, isso eu lhe garanto

– Oh, claro!

– Eu só vim avisar que na semana que vem nossa instrutora chegará

– Instrutora?- perguntei

– Sim, você acha que aprendemos a fazer feitiços como?

– Sozinhos...- respondi meio envergonhada

– Não, se aprendêssemos tudo sozinhos, este chalé seria uma bagunça!

– Hum....

– Mas será a mesma do ano passado, irmã?- perguntou Annie, se dirigindo para Lou

– Receio que sim- ela pareceu meio assustada quando disse isso- Bem, era só isso, vejo vocês mais tarde!- disse saindo do chalé

– Até, Lou!- gritei mas ela já tinha ido

– OK, vamos continuar, Mah!- disse Annie, animada

– Nãããão!

– Siiiimm!

Passamos a manhã inteira no chalé, Annie tentando me ensinar alguns feitiços enquanto a tal instrutora não chegava e eu tentando não explodir o chalé. Eu já havia aprendido alguns feitiços nesses três dias, por exemplo como criar uma chama azul na minha mão e...só! Fomos almoçar era uma da tarde e depois do almoço, ao invés de voltar para o chalé e ficar lá a tarde inteira lendo grego (literalmente), fui direto em direção a floresta, me divertir um pouco. A maioria das pessoas pensaria que eu sou louca de entrar desarmada numa floresta cheia de monstros e armadilhas, mas eu precisava de ar fresco. Segui até o uma pequena clareira, bem no centro de floresta, me sentei, me encostando numa árvore e fiquei lá, ouvindo os pássaros e os monstros. Acho que eu dei uma cochilada, porque eu dei um salto depois de ouvir um ruído estranho. Me levantei e acendi uma chama em minha mão. De repente vi uma sombra cortar as árvores e depois outra perto de um arbusto de forma engraçada, mesmo sem querer admitir, eu estava assustada. Eu senti uma respiração na minha nuca e pensei “É agora!”, mas nem tive tempo de gritar socorro, porque a “criatura” tinha apertado minha cintura, me deixando (1) vermelha e (2) me fazendo cócegas. Acabei caindo no chão e quando olho para cima, o di Angelo está lá, rindo da minha cara.

– Hahahaha- ele estava gargalhando- Agora estamos quites!- eu estava rindo por dentro, admito

– Seu idiota!- disse, lançando a bola de chamas azuis nele, não o atingiu mas o assustou

– Ei!- disse ele assustado- Eu também sei brincar desse jogo!- dito isso, nas mãos dele apareceram chamas negras

– Pois bem, que os jogos comecem!- disse e no mesmo instante lancei uma bola de chamas azuis e chamusquei o cabelo dele

– Ah é? Toma essa, Moore!- disse, lançando duas bolas de chamas negras em mim e eu me esquivei. Ficamos nesse jogo, acho que por uma meia hora, até que o di Angelo lançou uma bola de chamas nos meus pés e eu acabei caindo, mas também lancei uma bola de chamas nos pés dele e ele acabou caindo em cima de mim. Os braços dele, agora descobertos porque estava sem o casaco, estavam um de cada lado da minha cabeça, o sustentando. Eu olhei nos olhos negros dele e não consegui mais desviar meu olhar de tão intensos.

– Nico...- hipnotizada, eu disse apenas isso e ele me encarou de forma mais intensa e ele começou a chegar mais perto e mais perto- Nico....- ele me olhou assustado e levantou rapidamente, eu não entendi nada e me levantei de novo. Ele estava andando em círculos e xingando em grego.

– Nico- eu disse e ele não me escutou- Nico- disse de novo, estava ficando irritada- Di Angelo!- gritei e ele finalmente me escutou- O que aconteceu?

– O que aconteceu? E você ainda pergunta? Você é burra ou o que?- ele estava irritado e eu não entendia o motivo- Eu quase...eu quase te.....

– Você quase o que, di Angelo?- perguntei irritada também, principalmente por ele te me chamado de burra

– Quer saber, Moore, não me enche- disse, virando as costas e saindo andando

– Pode esperar, di Angelo!- gritei, tentando agarrar o braço dele mas ele desapareceu como fumaça, me deixando sozinha na floresta mais uma vez.