Assassin's Creed: Aftermath escrita por BadWolf


Capítulo 60
A Ruína do Forte Arsenal


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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            -Você realmente é filha de Maria de Sousa?

            Shay não pôde deixar de fazer a pergunta à moça. Agora, que tinham sido colocados na mesma cela, após a sessão de tortura no pátio, Shay estava cuidando deu seus ferimentos. Ele sentiu um tanto de tolice em sua pergunta. Não havia dúvidas de que a moça era mesmo sua filha. Ela carregava suas características físicas, e também um pouco de sua própria personalidade, a julgar pela maneira rude como ela estava agindo enquanto tinha sua ferida embebida em água com sal.

            -Gostaria muito de não ser, já que isso me faz ser sua filha, também

            Shay sentiu amargura em seu tom. O que esperar? Ela era uma Assassina, ele um Templário, afinal.

            -Eu não sou tão ruim quanto pensa.

            -Diga isso para todos os Assassinos que você matou.

            -Eu tive meus motivos. Você é jovem demais para entender. Quando for mais madura, você...

            -Não me venha com ladainhas. Tarde demais para bancar o pai preocupado.

            Shay franziu o cenho.

            -Você é parecida comigo demais para o meu gosto, garota. Devo ser um tolo por ainda pensar que você não pode ser uma Cormac.

            -Eu sou uma Lawler, não uma Cormac.

            -Perante o governo, sim. Mas não no sangue. E por falar em sangue... Acho que tenho más notícias.

            -Iremos morrer amanhã. Uma má notícia a mais ou a menos não faz diferença. Desembuche.

            -Bom, eu acho que você carregará uma cicatriz em seu rosto. Quase igual a minha, se não fosse por estar no lado oposto.

            Após um silêncio estranho, ambos se renderam a risadas.

            -Bom, se eu escapar daqui com vida, eu terei ao menos uma história para contar a respeito de uma de minhas cicatrizes. Todas as que eu possuo são íntimas demais para serem exibidas. E essa vai me ajudar a ser mais... Assustadora. Só espero que meu namorado não se assuste também.

            Um bom espírito. Essa garota é mesmo minha filha, pensou Shay.

            -Eu percebi que você estava sempre lacrimoso, cada vez que terminava de utilizar a Maçã. – começou Amália. – O que de tão terrível você presenciou, quando a utilizou?

            Shay pigarreou. Aquele era um assunto complicado. Falar de seu pai era sempre difícil, e lágrimas sempre brotavam de seus olhos, involuntariamente, e ele simplesmente detestava, desde menino, chorar diante de testemunhas. A única pessoa que teve o privilégio de testemunhá-lo derrubar lágrima spela morte de sue pai foi sue falecido amigo Liam. E agora, sua filha recém-adquirida estava prestes a se juntar a este seleto rol de pessoas a testemunhá-lo chorar. Bom, ao menos ela não era qualquer pessoa.

            -A morte de meu pai.

            Ela assentiu. – Ele morreu de forma violenta?

            -Não exatamente. – Shay pigarreou. – Estávamos em alto-mar, quando fomos atingidos por uma tempestade. Meu pai acabou atingido por uma onde forte e... Bem, eu não consegui salva-lo. E continuo não conseguindo, e isso me frustra. E você? O que você viu, depois que tocou na Maçã e a ativou?

            Amália riu.

            -Uma partida de pôquer.

            Shay piscou os olhos, descrente e embasbacado.

            -Como é? Eu passo por um episódio doloroso de minha vida, e você revive uma mera partida de pôquer? Francamente, essa Maçã é incompreensível.

            Amália riu da reação descrente de seu pai. Por um momento, pôde ver a si mesma naquele olhar confuso.

            -Não foi uma mera partida, mas “A Partida”. Foi nesta partida, contra um homem chamado Samuel Gray. Eu morava em Boston na época, vivia com meu padrasto e ele já tinha falecido. Isso era 1772, eu acho. Joguei contra ele em uma partida de pôquer lendária, que creio que ficará na memória de todos os presentes naquele pub. Entrei nesta confusão porque tivemos uma discussão na rua, onde ele me rechaçou por eu ser uma mulher. Então, eu disse que era capaz de jogar e deixa-lo sem as calças, isso em plena praça pública. E, é claro, como “bons cidadãos civilizados”, fomos resolver nossa diferença em um pub. Ficamos o dia inteiro jogando, nossa disputa sendo bastante equilibrada, com nossos lances aumentando a cada rodada. O fato é que, quando dei por mim, tinha colocado na mesa toda a herança de meu pai. Suas poucas propriedades, e inclusive a casa onde morava. E então... – Amália suspirou. – Eu perdi tudo.

—Que irresponsável. – disse Shay, reprovando-a.

—Não me culpe, eu estava bêbada assim como Gray, um forte frequentador de pubs de Boston. Quantas loucuras você não fez quando bêbado?

Shay riu fortemente. – Pergunta complicada de se fazer a um irlandês. E provavelmente, uma dessas “loucuras” tenha resultado em você.

Amália franziu o cenho, com o desgosto em ouvir tal declaração de seu pai.

—Desculpe minha grosseria, Amália. Eu realmente gostaria de dizer que sua mãe foi o grande amor de mina vida, mas...

—Por favor, não continue.

Shay assentiu, diante da rispidez de sua filha.

—Mas... Então, você voltava o tempo todo para o mesmo lugar, perdendo sempre na mesma partida?

—Não exatamente. A primeira vez que fui transportada, de fato eu perdi, e então, tudo voltou a ser o que era. Mas na segunda vez, perdi por pouquíssimo. Na terceira, eu já sabia dos blefes de Gray e poderia facilmente vencer, mas... Mas decidi perder.

—Como?! Você perdeu de propósito?! Mas por quê?!

—Porque se eu vencesse, a minha vida estaria em Boston. Se hoje eu moro em Nova York, é graças aquela partida estúpida, porque perdi tudo e tive de reunir as poucas economias que restaram daquela jogatina e mudar de ares, tentar refazer minha estupidez. A primeira coisa que fiz foi comprar um pub, ironicamente.

—Se tivesse vencido a partida, provavelmente nem estaríamos conversando agora. Você poderia ter simplesmente vivido sua vida, longe dos Assassinos. Tal como teria acontecido comigo, se meu pai não tivesse morrido. Eu seria marinheiro, talvez conseguiria ter meu próprio navio, mas jamais teria me tornado Assassino, muito menos Templário. Acaso não pensou nisto? Sua vida agora estaria melhor.

—Estaria mesmo? Porque eu deixaria de conhecer Assassinos, mas também deixaria de conhecer Connor. E isso é algo precioso demais para se perder.

—Connor? Espere... Está me dizendo que o seu “namorado” é Connor, o Assassino filho de Mestre Kenway?

            Amália não sabia como explicar, mas sentiu-se constrangida.

—Santo Deus... – balbuciou Shay, surpreso pela coincidência.

            Um estrondo, entretanto, interrompeu o clima de animosidade. Um pouco de terra caiu do teto. Shay conhecia muito bem aquele som. Eram sons de canhões.

            -O que está acontecendo? – perguntou Amália, se levantando.

            -Canhões. – explicou Shay. – Acho que estão atacando o Forte Arsenal!

            -Connor... – balbuciou Amália, esperançosa. – Só pode ser ele.

            -De qualquer modo, precisamos estar preparados. Se seus amigos Assassinos estão realmente atacando o Forte para te libertar, sem dúvida teremos de estar alertas para a oportunidade e...

            Outra salva de tiros, desta vez mais forte, interrompeu a fala de Shay. O chão da masmorra estremeceu, fazendo Shay e Amália cair ao chão.

            -Espero que eles não nos matem depois de todo o sacrifício! – exclamou Shay, irritado pela falta de zelo dos Assassinos. No entanto, Amália chamou sua atenção a um fato.

            -Escute. Acho que tem alguém se aproximando...

            A porta se abriu, e logo se revelaram as presenças de Howard Davidson, Charles Lee e alguns Casacas-Vermelhas, carregando mosquetes. A notar por seus semblantes preocupados – e também pelo chão, que não parava de estremecer pelas salvas de canhões – algo não estava indo bem para os Templários.

            -O que querem, afinal? Já perceberam que não conseguimos usar a Maçã do modo que desejam! Por que não nos liberta? – ordenou Shay, furioso.

            -Libertá-los? – questionou Lee, com o olhar frio costumeiro. – Para depois, tê-lo em nossos calcanhares? Não mesmo, Mestre Cormac. Seria tolice agir com misericórdia quando estamos em guerra.

            Mal proferida esta frase, outro estrondo ecoou, desta vez mais próximo, fazendo estremecer os presentes na cela. Um pouco de terra caiu sobre os ombros de Howard Davidson, fazendo o Grão-Mestre limpar-se compulsivamente.

            -Vamos acabar logo com isso, Mestre Lee.

            -Como queira, Grão-Mestre. Soldados, preparar...

            Ao ver que os soldados estavam em clara posição de fuzilamento, Shay arregalou os olhos, em horror. Aquela seria, sem dúvida, uma execução. Claro, por que seriam poupados? Tinham se mostrado inúteis aos Templários, e se os Assassinos estavam atacando o Forte Arsenal apenas para resgatar Amália, matá-la seria uma boa vingança.

            Sem hesitar, Shay puxou Amália pelo braço, e se colocou diante da moça. Como um escudo humano.

            -O que está fazendo? – questionou Amália, sendo impedida de sair de sua posição pelo próprio Shay. Diante da cena, Charles Lee zombou.

            -Que bonito. O cão, protegendo a cria.

            -Ótimo. Assim, matamos dois coelhos numa só cajadada. E poupa munição, também. Mande continuar, Charles.

            -Apontar...

            Colocando os fuzis em posição de mira, os soldados se prepararam. Shay fechou os olhos, e também apertou sua mão ainda mais forte na de Amália, que já choramingava diante da inevitabilidade daquela situação.

            -Eu sinto muito, eu...

            -Fogo!

            Todos os seis mosquetes dispararam ao mesmo tempo, deixando diante dos olhos de Charles Lee e Howard Davidson um temporário rastro de fumaça provocada pela pólvora. Quando a fumaça se dissipou, os dois Templários olharam, com bela satisfação, o Lendário Caçador de Assassinos com seu tórax carmesim de sangue, caído sobre o corpo inerte da Assassina. Não dava para distinguir, pela poça de sangue que se alastrava por aquele cômodo, a quem aquele sangue pertencia. Provavelmente, aos dois.

            Outro estrondo aconteceu, deixando os soldados com temor por suas vidas.

            -Vamos embora, Charles. Já que querem o Forte para eles, deixemos que os Assassinos limpem essa bagunça. – disse Howard, impedindo Lee de verificar os corpos.



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            O chão tremia abaixo dos pés de Howard Davidson, depois de mais uma salva de tiros de canhão disparada. O Forte Arsenal já trazia consideráveis danos em sua estrutura. Havia muitos soldados despedaçados e mutilados ao redor do pátio. Alguns fugiam daquela batalha sangrenta e, ao que tudo indicava, perdida.

            -Mestre Davidson! Precisamos ir embora agora mesmo! – alertou Charles Lee, enquanto saíam da masmorra.

            -Eu não vou embora deixando minha Maçã para trás! – gritou o Grão-Mestre, possesso de raiva ao notar que a situação tinha piorado.

            -Mas Grão-Mestre...

            Quando Charles Lee pegou Howard pelo braço, acabou recebendo um soco.

            -Se não quer ficar, Mestre Lee, devido à sua covardia, então fuja. Mas vou avisá-lo: fuja, e este será seu último ato como Templário.

            Hesitante, especialmente após uma bala de canhão cair bem perto de si, Charles Lee olhou para os lados e pôs-se a correr, acompanhado de alguns soldados.

            -Ratazana covarde! – exclamou Howard Davidson, enquanto observava Lee fugir pateticamente dali. No entanto, ao ouvir a sineta do forte tocar, e perceber que não mais havia soldados ali, e que alguns patriotas já começaram a escalar o muro do lugar, Howard decidiu que era hora de buscar a Maçã, que estava em seus aposentos.

            Howard já era capaz de ouvir os urros de vitória dos Patriotas quando se aproximou da porta de sua sala, logo hesitou ao entrar, quando viu que já havia alguém ali. Era um Assassino, ele notou, vigiando o corredor. Retirando uma faca, Howard se esgueirou pelo canto do corredor, e com precisão, arremessou a faca, que acertou o pescoço do jovem Assassino. Sem dúvida, tinha sido um golpe certeiro e fatal.

            -Ninguém pega a minha Maçã. – proferiu o Grão-Mestre. Um estrondo, entretanto, chamou sua atenção, e seus olhos se voltaram para a vela do George Lendário, que dava para ser vista parcialmente do muro do Forte Arsenal. Ao vê-la em chamas e ameaçando desabar, Hoaard Davidson tornou-se possesso de raiva.

            -Assassinos imundos! Destruíram o menu navio! O navio mais forte da Marinha Britânica, que pertenceu ao meu pai, o Almirante Edgard Davidson! Malditos vermes!

            Ao olhar para o lado, Howard percebeu que o Morrigan, navio de Shay, estava ancorado na área lateral do Forte Arsenal. Claro, tinha sido expulso da área principal do Forte desde a chegada do George Lendário. Até que não foi má idéia deixa-lo em local tão discreto.

            Mas ainda assim, usar o Morrigan para voltar à Inglaterra lhe dava asco. Afinal, ele sempre navegou em Man O’War.

            -Eu vou mata-los um por um, por me forçarem recorrer a um brigue ordinário!


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            O ataque ao Forte Arsenal tinha sido bem sucedido. Connor observava com satisfação a bandeira dos Patriotas, sendo finalmente hasteada. Aquela batalha traria mais rumo à Independência dos EUA, que sem dúvida era algo cada vez eminente.

            O George Lendário acabou não se apresentando um grande problema. O Man O’War já apresentava sérias danificações em sua estrutura, antes da batalha começar. Sem dúvida estava passando por uma reforma. Afundá-lo não foi tão problemático quanto Connor imaginava. Três salvas de canhões, e então o lendário navio inglês já começara a sucumbir lentamente, naufragando.

            Finalmente, o Áquila conseguiu atracar no Forte Arsenal. Havia escombros, fumaça e sangue por quase toda a parte. Connor só esperava que seu plano desvairado não tivesse ferido Amália, ou ele jamais se perdoaria.

            -Vamos, as masmorras ficam por ali... – apontou Haytham, entretanto, este foi interrompido por Connor, que se aproximou de um grupo que parecia cuidar de alguém ferido.

            -O que foi, Connor?

            -Clipper, um de meus recrutas! – exclamou Connor, tentando se aproximar do Assassino ferido no pescoço.

            -Clipper! Você está bem?

            A julgar por sua ferida, Connor sabia que não. Na verdade, era um milagre que Clipper ainda estivesse vivo, depois de ter perdido tanto sangue. Sem dúvida, aquele era seu momento final. Outra vez.

            -C-Connor... E-E-Eu sinto muito... – disse Clipper. Entretanto, a cada vez que se esforçava em falar, mais sangue escorria de seu ferimento. Como se sua vida esvaísse em cada palavra dita. – U-U-Um Templário... Me atacou...

—Não! – esbravejou Connor. – Clipper, por favor...

            -E-E-Ele di-disse...

            -Clipper? O que quer dizer?

            -N-Ninguém... Leva a m-minha... M-Maçã. – disse o jovem Assassino, morrendo por fim. Connor suspirou, sentindo-se fracassado. Agachando-se ao corpo, Connor fechou os olhos de seu recruta.

            Quando Connor se levantou do chão, ainda tentando absorver a perda de Clipper, notou Haytham voltar, com semblante entristecido.

            -O que foi, pai? Parece que viu um fantasma.

            Haytham engoliu em seco. Ao notar que os olhos de seu pai estavam lacrimejados, Connor preferiu deixar de lado as perguntas e ir às masmorras.

            Ao chegar lá, Connor soltou uma exclamação em horror. Havia muito sangue espalhado, e sob o chão daquela cela, jaziam os corpos de Shay Cormac e Amália Lawler.

            -Não! – esbravejou Connor, aproximando-se de Amália. Haytham fez o mesmo, fechando os olhos paralisados de Shay. No entanto, o que mais causou espanto a Haytham foi notar que os dois traziam as mãos entrelaçadas, em um aperto. Ela provavelmente contou sobre sua paternidade. Haytham suspirou em alívio. Ao menos, você morreu sabendo que tinha uma filha, meu amigo.

            -Pai... Amália, ela... Eu acho que ela está respirando!

            A reação entusiasmada de Connor alertou Haytham, que se aproximou da jovem Assassina. Após verificar seu pulso, ele constatou: Amália estava viva.

            -Ela recebeu dois tiros, pai. Shay recebeu boa parte deles.

            -Como um verdadeiro escudo humano. – concluiu Haytahm. – Ele ainda teve tempo de agir como um verdadeiro pai. E isso é o pouco que me conforta, muito embora eu tenha certeza de que jamais irei me perdoar por tê-lo poupado por tanto tempo da alegria de ser pai. Eu deveria ter contado a ele, eu...

            Outro estrondo de canhões, e mais poeira do teto caiu sobre eles. Na porta, apareceram Dobby e Duncan, aparentemente surpresos com a cena.

            -Connor! Está tudo bem? E Amália, ela está...?

            -Não. – interrompeu Connor. – Por favor, Duncan, leve Amália para um médico.

            Duncan assentiu, carregando o corpo de Amália, que ainda estava inconsciente.

            -Eu darei cobertura a ele, não se preocupe. – disse Dobby, sacando duas pistolas. – Dará tudo certo.

            Estando sozinhos outra vez, Haytham suspirou.

            -Pensei que você levaria Amália para o médico. O que te faz agir desta forma?

            -Clipper, um dos Assassinos, disse que a Maçã foi levada por um Templário. Se este Templário for Howard Davidson ou Charles Lee, irá aproveitar esta confusão para fugir para a Inglaterra. Não podemos deixar que a Maçã permaneça nas mãos dos Templários.


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            Howard Davidson se apressou, desviando dos escombros que voavam após balas de canhões caírem contra o Forte. Diante da magnitude do ataque e da quantidade de soldados feridos que o Templário vira pelo caminho, era quase um milagre que ele chegasse ao Morrigan ileso.

O navio de Shay era forte e veloz, talvez tanto quanto o George Lendário, mas o Grão-Mestre ainda estava insatisfeito. Temia que o Áquila ainda estivesse em condições de arrasa-lo também. De fato, o Áquila era um navio lendário.

            -Gist! – ordenou Davidson, ao quartel-mestre, que parecia preocupado com a destruição do Forte. – Conduza-nos em direção à Europa.

            -Mas sir, eu não creio que haja mantimento o suficiente para uma viagem tão longa e...

            -Conduza-nos logo... – disse Howard, sacando sua pistola e encostando-a à testa de Gist. – Ou arranjo outro quartel-mestre para este navio. Tenho certeza de que candidatos nesta tripulação não faltarão.

            -Si-Sim, senhor. – disse Gist, por fim, tomando o leme e dando as primeiras coordenadas à tripulação, que parecia assustada e incerta do que estava acontecendo.

            -Este homem... Nem se compara ao Capitão Cormac... – disse um dos marujos, enquanto amarrava a corda. O outro concordou.

            -Eu também acho. Mestre Cormac era...

            O homem jamais pôde completar suas palavras. No mesmo instante, recebeu um tiro em sua cabeça. Seu corpo caiu sobre o chão, já sem vida, espalhando uma poça de sangue sobre o convés. Todos os marujos estavam atemorizados e assustados.

            -Se continuarem a falar desse jeito, eu vou matar um por um. Agora, livrem-se desse corpo imundo, e depois voltem a trabalhar.


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            Connor e Haytham correram apressadamente até o cais do Forte. Lá estava parado o Áquila, ainda com os canhões fumegantes pelas últimas salvas de tiros.

            -Veja só, meu filho. Aquele navio no horizonte é o Morrigan! – disse Haytham, apontando para um navio de velas marrons, e com as cores vermelhas e pretas. – E ele está sozinho. Provavelmente, Davidson está embarcado nele!

            Sem pensar duas vezes, Connor correu para o Áquila. No entanto, assim que embarcados no navio, eles notaram algo estranho na tripulação. Um clima muito sombrio assolava a todos os marujos.

            -O que houve? – perguntou Connor, ainda mais preocupado ao notar uma mancha de sangue pelo convés.

            -Mr. Falkner foi atacado, sir. Quando o senhor mal saiu do navio, um soldado britânico, que ainda resistia, deu um tiro na cabeça dele, sir. Fizemos tudo que podíamos, mas ele...

            Não. Mais uma morte, não...

            Connor estava prestes a entrar em desespero outra vez. No entanto, ele sentiu algo tocar em seu ombro. Na mesma região em que ele foi ferido.

            -Assuma o leme, Connor. – ordenava Haytham, seriamente.

            -Mas... – hesitou Connor, confuso pela sugestão de seu pai.

            -Não é hora de hesitar, Connor! Assuma o leme, eu sei que você já foi capitão deste navio! – esbravejou Haytham. – Não temos tempo, meu filho. Fomos longe demais para desistirmos agora. Agora, tome o leme e comande esta tripulação. Como... Você já fez por muitos anos.

            Connor respirou fundo, assentindo. Puxando seu capuz de Assassino, Connor correu até o convés, onde a tripulação o observava com curiosidade e temor.

            -Eu conheci Mr. Falkner há muitos anos. Ele era um bom homem, e eu sei que todos vocês sabem disso até melhor do que eu. Sei que estão atemorizados agora, porque o navio está nas mãos de um estranho. Mas saibam que este navio não é meu, ou da Irmandade. Ele é de todos vocês! São vocês, com seu suor, lágrima e sangue, que tornaram o Áquila a maior Lenda dos Sete Mares! E desta vez, lutaremos não por prêmios, ou por conquistas, mas em memória de Mr. Falkner!

            A tripulação soltou urras de vivas, agora motivada.

            -Pelo Mr. Falkner! – gritou Connor. – Soltar velas mestras!

            Enquanto escutava o filho dar ordens ao navio, Haytham tomou-se de orgulho.

            Sem dúvida, ele já foi um capitão. Tal como meu pai.

            Parece, meu pai, que seu neto honra sua memória mais do que eu.


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Notas finais do capítulo

Surpresos?

Uma coisa: a pessoa com quem Amália jogou e perdeu no pôker foi um dos mortos no Massacre de Boston - que Connor impediu que acontecesse....

Logo... Amália conheceu Connor não exatamente porque perdeu tudo que tinha nas cartas para Mr. Gray e se mudou para Nova York, mas porque se o Massacre realmente tivesse acontecido, a partida jamais teria ocorrido, já que Mr. Gray estaria morto...

:O

E no próximo cap: uma batalha entre Titãs do Mar (ao menos, no Universo de Assassin's Creed...)

Morrigan X Áquila

Não sei se sou boa em escrever batalhas navais... Espero que gostem.

PS: Assisti Black Sails e... Tudo que fiz foi me lembrar de Black Flag! kkk



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