Assassin's Creed: Aftermath escrita por BadWolf


Capítulo 56
Shay e a Maçã


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!

Para onde será que Shay será transportado??

A julgar pelos palpites, acho que irei surpreender.

Boa leitura!



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Em algum lugar do Oceano Atlântico. 18 de Outubro de 1747.


Foram os uivos dos ventos que despertaram Shay Cormac. Seu corpo imediatamente tremeu pelo frio, provocado pela força do vento batendo em suas roupas molhadas pela água do mar. Sentindo-se nauseado e tonto, Shay estava catatônico, ao sentir o conhecido cheiro da água do mar, bem como o balançar característico de um navio debaixo de seus pés. O que tinha acontecido, afinal? Ele estava no Forte Arsenal, ao lado de Howard Davidson e Charles Lee, e não em um maldito navio no meio de uma tempestade!

–Shay, meu filho! Amarre aquela roldana!

Essa voz... Essa é a voz do meu pai!

Shay tremeu em expectativa. Horrorizado ao perceber que seu pai estava vivo e por perto, o Templário alisou suas têmporas para aliviar a dor de cabeça e náusea que sentia, pensando que estava vivendo um sonho. Sim, um sonho. Eu bebi o dia inteiro, encontrei-me com Mestre Howard e Mestre Lee e provavelmente devo ter dormido ou desmaiado pela bebedeira na frente deles. Sim, um sonho. Isso tudo não passa de um...

–Shay, meu filho, depressa!

Shay suspirou. Ouvir a voz nítida de sue pai a gritar o tempo todo não o ajudava a clarear a mente. Esse sonho está tão real que cada vez mais sinto que não é um sonho. Mas como isso seria possível? Seu pai havia morrido quando ele tinha dezesseis anos!

Shay, que estava perto do timão, correu, enfrentando o balanço do navio – que ele reconheceu ser o mesmo que costumava trabalhar com seu pai na Marinha Mercante – e as fortes ondas, correndo para a vela desalinhada. No meio do caminho, a onda acabou por levar um tripulante, para tristeza de Shay.

–Se você demorar, muitas vidas se perderão! Vamos logo, Shay!

–Sim, senhor! – disse Shay, ainda trêmulo, amarrando a roldana como podia.

E horas se passaram, com a tempestade inquieta e feroz, a sacudir o navio Mercante. Shay notou que algumas coisas estavam... Estranhas. Enquanto amarrava uma corda, Shay percebeu que seus braços estavam mais magros. Havia um pouco de músculo, mas nada comparado àqueles que ele ostentava. Sua vestimenta também não era a mesma. Sua armadura desgastada de Mestre Templário tinha desaparecido, e ele agora usava roupas de marinheiro, que consistiam meramente em uma calça gasta, uma camisa clara e um colete. Uma espada simplória e velha também estava presa à sua cintura. Seu cabelo estava curto, como há muito tempo ele não usava. Quando tentou secar seu rosto de algumas gotas de chuva, Shay sentiu que havia também um pequeno vestígio de barba em seu rosto, mais precisamente em seu bigode. Há muitos anos ele não usava bigode...

O que era isto, afinal? Um delírio? Tinha a Maçã o levado de volta ao passado?

Mas como? E por quê justamente para este dia?

Shay olhou ao seu redor. O vento, os trovões a iluminar a embarcação, as ondas violentas... Aquele dia lhe era familiar... Sim, ele reconheceu. Aqueles ventos, aquele mar, aquela noite fria... Por Deus, pensou Shay, seria este o dia em que o oceano venceria e levaria meu pai para sempre?

Até que veio uma onda enorme. Desesperado, ao ver que seus esforços seriam em vão, Shay pensou em gritar, mas sequer teve tempo. O leme agora estava completamente vazio, e seu pai provavelmente tragado pela força do oceano.

–PAI!

Ainda assim, a ausência de seu pai do leme não deteve Shay. Mesmo diante da turbulência da tempestade, Shay avançou até a beira do navio. Como por milagre, ele pôde ver seu pai com uma mão segura à borda, prestes a escorregar. Ele ainda estava vivo!

–Pai! Segure-se! – pediu Shay, com os olhos lacrimejados.

–E-Eu estou vendo uma onda a estibordo! Está bem atrás você. Solte-me, Shay!

–NÃO! – gritou Shay, em vão. Ele tentou puxar seu pai para dentro do navio outra vez, mas percebeu que não tinha força o bastante. Claro. Ele era um jovem inútil e estúpido de dezesseis anos, com um corpo franzino e incapaz de suportar o peso de um adulto forte como seu pai. Ele amaldiçoou-se por estar naquela posição. O Shay atual, por mais velho que fosse, teria força o bastante até mesmo para puxar um homem do dobro do peso de seu pai. Mas não um Shay Cormac adolescente e magricela.

Apesar disso, Shay ignorou o apelo de seu pai e permaneceu tentando ajuda-lo.

–Não, pai! Eu não vou te abandonar!

Shay tentou usar toda a força de seu corpo, mas sentiu seus braços cederem. Aos poucos, seu pai estava mais próximo do mar, e seu corpo começava a encurvar. Os músculos de Shay ardiam no esforço.

–Onda forte à estibordo! – Shay ouviu um marinheiro gritar aos poucos que ainda resistiam. Como em um pisar de olhos, seu corpo estremeceu, e a mão de seu pai soltou-se por completo da sua.

.


Forte Arsenal, Nova York. 08 de Janeiro de 1779.



–Shay?

Shay soltou seus dedos da Maçã, em um forte suspiro. Ainda trêmulo, seus olhos se voltaram ao redor. O navio tinha desaparecido. O frio da tempestade tinha dado lugar ao calor da lareira do Forte Arsenal. Sua roupa de marujo, encharcada pela água do mar, tinha dado lugar outa vez à sua velha Armadura Templária. Não havia mais marujos ali, ao seu redor. Apenas Howard Davidson e Charles Lee, com olhares curiosos.

–O que houve, desistiu de usar a Maçã?

–De-desisti? Como assim? – perguntou-se Shay, ainda tentando processar os recentes acontecimentos.

–Ela parou de se iluminar, Mestre Davidson! – disse Charles. – Ele decerto também não é capaz de usa-la plenamente, assim como eu e você.

–Mas não pode ser... Eu a vi se iluminando quando ele a tocou. O que aconteceu, Shay, nos breves segundos em que você tocou a Maçã?

–Bre-breve segundos?

Shay estava assombrado. Segundos? Ele tinha passado horas em alto-mar, ajudando a manter o navio de seu pai estável durante a tempestade. No entanto, seus esforços foram em vão, e seu pai morreu mais uma vez, diante de si. No entanto, Shay não se lembrava de ter segurado em sua mão. Apenas veio a onda forte, e seu pai desapareceu. Ele não se movera, lembrava-se bem, porque estava em choque. Quase foi levado pela próxima onda, se um dos marujos não tivesse lhe pedido para assumir o leme – no que tinha sido a primeira vez em sua vida que ele conduziu sozinho um navio.

Mas o que ele acabara de ver... Não era nada parecido com a morte de seu pai. Era verdade que a tempestade era a mesma. Mas ele fez algo diferente. Ele correu, ao ver que seu pai tinha desaparecido. Correu, e pôde ver seu pai ainda vivo, tentando se salvar. Esta ação, sabia Shay, só foi realizada porque Shay sabia que seu pai morreria. Ele sabia, porque já tinha vivido isto antes. Seu gesto de desespero, entretanto, trouxe como recompensa apenas a sensação do fracasso, de ter dado a seu pai apenas mais alguns segundos de vida.

Então é este o poder desta Maçã... Mudar minhas ações no passado.

–Nada. – mentiu Shay.

Howard deu um soco na mesa. – Maldição! Parece que voltamos à estaca zero.

–O que faremos agora, Grão-Mestre? – perguntou Charles Lee.

–Eu não posso desistir. Muitas vidas de irmãos templários se perderam, muito dinheiro foi gasto para que pudéssemos obter esta Maçã. É errado admiti-la como fracasso apenas porque eu e um grupo pequeno não somos capazes de usá-la. O Rito Colonial está cada vez menor, graças aos Assassinos. Terei de procurar ajuda na Inglaterra, então. Decerto hei de encontrar alguém que saiba usá-la adequadamente lá, e quando isto acontecer, eu trarei esta pessoa comigo. Com esta Maçã e a pessoa certa, abriremos o Templo, obteremos o que a Primeira Civilização tão bem escondeu e então, viraremos a Guerra, e voltaremos a dominar a América. Posso sentir que esse artefato nos ajudará. Bom, muito obrigada por sua participação, Shay. – disse Howard, apertando sua mão.

–Eu fiz o meu melhor, sir.

–Sim, eu sei disto. Agora, pode se retirar, Shay. Tenha uma boa noite, e obrigado pela ajuda.

Shay fez um breve aceno com a cabeça, deixando o local. Com o fechar da porta, Howard virou-se para Charles.

–O que você tinha de tão importante para conversar comigo, Charles, que não poderia ser na frente de Shay? Ou pensa que não notei que você se interrompeu assim que ele apareceu?

Charles grunhiu, resignado.

–Eu não confio nele, sir.

–Entendo. Embora Shay seja o nosso mais dedicado soldado, não podemos esquecer de suas raízes Assassinas. Muito tenaz e astuto, e sabe, tipos assim são sempre os mais perigosos, para não mencionar que ele tem uma certa inclinação à insubordinação, mas felizmente pouco tenho a reclamar, ao menos por hora. Mas o que há de tão importante a ser dito que Shay não deve saber?

Charles olhou para os lados, temendo ser visto.

–Um dos meus contatos ouviu uma estranha conversa entre o filho de Haytham Kenway e uma... Assassina. Inclusive, conseguimos detê-la com pouca dificuldade, pois ela estava bastante distraída. Pelo que parece, passou por uma... Briguinha de namorados com o filho de Kenway.

Charles Lee e Howard Davidson deixaram escapar alguns risos.

–Essa Assassina está em nossas masmorras, agora, mas não é esta a maior notícia que tenho para te dar. Ao que parece, esta Assassina é... É filha de Shay.

–Filha?! Mas como?!

–Não sei. O fato é que o filho de Kenway contou a ela sobre sua paternidade, assim um de meus subordinados ouviu. Parece que a mãe era de Portugal. E não foi difícil saber quem é esta Assassina, a julgar por sua fama bastante peculiar. Ela se chama Amália Lawler e é dona de um pub chamado The White Falcon, perto do Mercado Principal de Nova York. Ela mora atrás do pub, e é conhecida na vizinhança por ser bastante... Singular. Arranjava encrenca com alguns Casaca-Vermelhas, defendendo prostitutas e moleques de rua, gente de laia inferior. Veste-se quase como um homem, inclusive, além de usar o Manto algumas vezes.

–Agora entendo o que quer dizer. Você teme que Shay Cormac não consiga matar sua própria filha, é isto?

–Sim. Sabemos que solidão é um de seus maiores problemas. Ele é um dos poucos homens de nossa Ordem que não é casado e nem tem filhos. Se ele souber que tem uma filha, e que ela pertence aos Assassinos... Ela pode tentar convence-lo a mudar de lado, em prol da família. Além disso, os Assassinos podem usar a moça para manipular Shay, ou mesmo obter informações secretas.

–Então, o que pretende fazer?

–Eliminá-la, o quanto antes.

–Não poderia recomendar melhor plano, Charles.


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Notas finais do capítulo

Oh, droga!!! Eles pegaram a Amália!!!

Algo me diz que isso não vai prestar...

E o que será que o Shay irá fazer, agora que reconhece os perigos da Maçã?
Algo me diz que ele irá se movimentar. E vocês??

Obrigada por acompanharem, e reviews são sempre bem-vindos!!!
Até o próximo!!!



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