Menino anjo escrita por Celso Innocente


Capítulo 8
A cadeia ou o inferno.


Notas iniciais do capítulo

No final deste capítulo encontrarás um link com o que deveria ser o prólogo desta estória. São apenas 12 minutos. Que tal conhecer o que teria acontecido ao pequeno Regis e que só ele sabe?



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Os quatro homens apareceram juntos. Eram todos muito semelhantes, como se fossem irmãos, ou pelo menos da mesma família. O mais jovem não teria mais do que dezoito anos de idade e era copia fiel do mais velho, com mais de trinta.

— Ganhamos de brinde mais uma mascote! — Disse o mesmo homem que amarrou Regis.

— Onde você arranjou este pivete? — Quis saber o mais velho.

— Entrou aqui de mão beijada! Pode ser bom, mas me deixou intrigado! Ele sabe muito!

— Então é melhor tirar ele dessa — advertiu o mais velho.

— Não ousariam fazer mal a mim! — retrucou o menino. — Não vê que sou apenas uma criança!

— Nunca planejamos fazer nada contra ti, pivete! — negou o mais velho. — Mas por que se atreveu a entrar aqui?

— Vim lhes trazer duas opções — repetiu o menino. — Rafael não lhe disse?

— Como se atreveu a revelar seu nome pra este pivete? — Gritou o homem ao companheiro.

— Não falei nada! — Negou Rafael.

— Conheço vocês — ironizou o menino apontando com a cabeça os bandidos. — Rafael, Juliano, Serafim e Natanael.

Juliano, o mais velho, se apavorou, prometendo:

— Vou lhe dar umas boas cintadas no traseiro, moleque!

— Já passei dessa fase — riu laconicamente, Regis.

— Quando isso acabar você estará morto!

— Não! Antes que isso acabe, você estará morto.

O homem avançou contra o menino, tentando dar-lhe um murro em seu rosto, mas foi impedido rapidamente e aparentemente involuntariamente por Natanael, o mais jovem.

— O que há com você, moleque? — Reclamou o companheiro.

— Não sei! Mas não precisa bater no menino!

— Tá apaixonado por ele? Leve pra você!

— A gente tá se descontrolando — advertiu Rafael.

— Cale a boca, idiota! Quem mandou você deixar este pivete aqui?

Rafael avançou contra o companheiro dando-lhe um forte murro na cara, que o fez cair no chão. Este se levantou apressado dando um pontapé em Rafael. Os outros dois companheiros tentavam em vão apartar aquela briga idiota e sem grandes motivos. De repente, nem se sabe de onde, um punhal surgiu nas mãos de Rafael, que descontrolado, acabou por desferir golpe fatal contra o peito de Juliano, que ficou agonizando no chão.

Rafael se levantou e só então percebeu a idiotice que teria feito, com isto, apavorado, começou a chorar, sentando-se sobre o chão daquele quarto, bem próximo à cadeira em que estava amarrado o menino. Os outros dois companheiros correram em socorro a Juliano, mas infelizmente não tinham muito o que se fazer; o companheiro acabava de morrer.

Ajudado pelos demais, Rafael se levantou e arrasados iam saindo do quarto, quando Regis, calmamente os advertiu:

— Vocês ainda têm duas opções.

Rafael, muito nervoso, se voltou para o menino, dizendo:

— Não tenho mais nada a perder! Vou acabar com você!

— Não é assim! — Insinuou o menino, com sorriso irônico — Vai acabar... Com você.

Arrastado pelos companheiros saiu da sala. Marcos Cesar, que estava apavorado, protestou:

— Menino, você não deve enfrentar estes caras! Eles são capazes de tudo.

Regis, forçou um pouco os punhos amarrados junto à cadeira e as correias se afrouxaram, com isto, conseguiu se soltar facilmente, levantando-se e ajudando Marcos Cesar a se desamarrar daquela cama. Se vendo livre, ele se levantou, apanhou sua própria camisa, jogada ao lado do corpo de Juliano e a vestiu.

Um minuto depois, entrou Rafael e Serafim, que, vendo os reféns desamarrados, Rafael apontou sua arma, calibre trinta e oito para o menino, gritando:

— Quem desamarrou vocês?

— Calma — apavorou-se o empresário. — A gente não vai a lugar nenhum! As correias estavam bambas...

— Cale a boca ou estouro os miolos desse menino!

Aproximou-se de Regis, colocando o cano da arma sobre sua testa e ameaçando atirar.

— O que você veio fazer aqui, moleque? Fale ou estouro seus miolos!

Chegou a forçar o gatilho da arma. Marcos Cesar, apavorado, tentou avançar contra o bandido; este, também sem saber o que fazer virou-se rapidamente e atirou...

... A bala passou de raspão sobre a face do empresário refém e derrubou Serafim, que estava atrás do homem, fazendo com que ele levasse um tranco, caindo de costas, quase sobre o corpo do outro cadáver. Em sua testa, um rombo profundo, fazia um sangue muito escuro derramar sobre o chão do quarto.

Rafael cometera outra loucura e apavorado chorava muito.

— Quem é você moleque? — Perguntou ele em estado de ira. — O demônio?

— O demônio não está em mim! Mas em você! — Insinuou Regis, muito calmo. — Ainda lhe restam duas opções.

Rafael, desesperado, avançou novamente contra o menino, tornando a colocar o cano da arma sobre sua testa e insinuando.

— Você fez as coisas saírem do normal! Ninguém deveria se ferir e agora não há mais volta!

Lentamente, tremendo muito de medo, ódio e desespero, por suas próprias atitudes, tentava apertar o gatilho da arma. Regis franziu o lábio esquerdo e Rafael tirou o cano do revólver da sua testa e lentamente, desesperado, o colocou sobre sua própria garganta e sem hesitar apertou o gatilho.

O terceiro mentor daquela tragédia estava agora no chão, sob uma poça de sangue escuro.

Embora Regis, continuasse muito calmo, Marcos Cesar estava desesperado. Sabia que aquilo lhe era uma ajuda, mas duvidava de onde poderia vir o poder do menino, que certamente dominava a mente dos opressores, como se fosse um mentalista.

— Vamos sair daqui! — Insistiu o empresário.

Segurou o menino pelas mãos e se retirou daquele quarto, encontrando Natanael na sala, desesperado, chorando muito, sobre um dos sofás.

— Todos meus irmãos estão mortos! O que foi que eu fiz?

— Você? — Alegou Marcos Cesar. — Muito pouco!

Regis voltou ao quarto, apanhou uma correia, retornou à sala e pediu que Marcos Cesar amarrasse Natanael, bem forte, deixando-o deitado naquele chão, então se retiraram da casa, onde na rua, Regis insinuou:

— Ele aceitou a opção menos triste. Agora é só chamar a polícia.

Marcos Cesar, estando agora mais calmo, baixou para ficar na mesma altura do menino e lhe questionou:

— Quem realmente é você, menino? Meu anjo da guarda?

— Anjos são dóceis — alegou Regis, com imperceptível sorriso triste.

Mesmo sacrifício da viagem de vinda, Regis teve que retornar à sua casa de ônibus, pois sua mãe, embora soubesse onde ele deveria estar, não sabia o local exato e como Ribeirão Preto é considerada uma grande metrópole, não se atreveria em procurá-lo.

Chegando à sua casa no início da noite, pediu calmamente e até com certa tristeza:

— Mamãe, me perdoe ter pegado novamente seu dinheiro emprestado, sem lhe avisar.

Jaqueline o abraçou dizendo:

— Não é com isto que estou preocupada. Quando vou conhecê-lo novamente?

— Sou eu mamãe! Regis! Seu filho! Já me conhece!

Click e assista ao prólogo da estória que só Regis pode saber.


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Notas finais do capítulo

Um comentário. Não me deixe... como diz o popular, no vácuo.