Menino anjo escrita por Celso Innocente


Capítulo 18
Terroristas




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Regis chegou da escola apressado, muito ofegante, assustado e pedindo:

— Mamãe, precisa me levar! É importante!

Jaqueline, que já o conhecia muito bem, segurou em seus dois braços e abaixando-se à sua altura, negou:

— Não vou levá-lo a lugar nenhum! Se existe algo grave, deixe que a polícia resolva!

— Mas é preciso mamãe! É muito urgente!

— Nada é urgente! Eu vou levá-lo sim! Vou levá-lo comigo!

— Com você? No trabalho?

— Estou indo viajar. Vou a uma conferência pela empresa. Já estava em meus planos levá-lo comigo. Não tinha lhe falado, pois dependia de autorização do meu chefe. Pode tomar um bom banho, almoçar rápido, pois o avião sai às quatro horas, de Campinas.

— Vou com você? Para...

— Rio Grande do Sul.

— Porto Alegre? — Esboçou pequeno sorriso, o menino.

— É!

— De avião?

— Sim senhor! Surpreso?

Regis beijou o rosto de sua mãe.

— Esqueceu seu urgente? — Brincou a mãe.

— Não é importante — negou o menino com malícia.

Às quatro horas daquela tarde, seguido por Jaqueline, ele entrou em um avião comercial, que faz a rota Campinas, Porto Alegre. Na entrada, deparou-se com um homem, que sentava com dificuldades, amparado por uma bengala, que ofereceu para o menino segurar, enquanto ele se sentava. Regis levantou aquela bengala de madeira e acidentalmente bateu no corpo externo da câmera de vídeo, que monitorava aquela parte do avião, levando imagens para os tripulantes da cabine. Devido este pequeno incidente que ninguém percebeu, a câmera foi girada, passando a focalizar o teto da aeronave.

Com o homem já acomodado na primeira fila, Regis devolveu-lhe a bengala e seguiu a sentar-se com sua mãe, no final do corredor, onde ela lhe ofereceu a janelinha, mas ele recusou, preferindo permanecer do lado do corredor.

— Está com medo? — Perguntou-lhe Jaqueline.

— De voar? — Esboçou leve sorriso o menino. — Não! É meu sonho!

Aquela, realmente era a primeira vez que o menino entrava em um avião.

Quando a nave já estava estabilizada, seguindo sua rota normal, a pelo menos cinco mil metros de altura, um homem branco, alto, magro, de cabelos negros lisos, carrancudo, levantou-se do meio da nave e seguiu até o final, logo após a poltrona em que o menino estava com a mãe e permaneceu de pé. Outro homem, semelhante ao primeiro, que inclusive estava sentado junto, também se levantou, foi até a parte dianteira do avião, próximo ao homem de bengala. Outros dois homens: um, baixo, um pouco acima do peso, moreno e outro, também moreno, alto, cabelos compridos, também se levantaram do meio da aeronave e seguiram até à frente, forçaram a porta da cabine, enquanto ao mesmo tempo, sacaram de revólveres de cano curto, tipo escopeta, onde, um deles, anunciou gritando em um castelhano complicado:

— Nadie se plantearán! (Ninguém vai se levantar!)

Quando os passageiros se deram conta do que iria acontecer o homem continuou:

— Este avión será desviado de su curso! Lo tendremos a la ciudad de Montevideo en Uruguay, donde pousaremos y todos los pasajeros descienden, espero que lo ha salvado. No es que todo está bien con usted. Para mí, darle una oportunidad ahora incluso en la cabeza de cada uno, pero pra no corren el riesgo de dañar el avión y desestabiliza el mismo, y no hacerlo.

(— Esta aeronave será desviada de sua rota! Vamos levá-la para Montevidéu, no Uruguai, onde pousaremos e todos os passageiros descerão, espero que salvos. Não que a gente se importa com vocês. Por mim, daria um tiro agora mesmo na cabeça de cada um, mas pra não correr o risco de danificar a aeronave e desestabilizá-la, não faremos isso.)

Não se sabia como tais homens conseguiram embarcar no avião portando armas de fogo. Como poderiam passar pelo sensor de metal do aeroporto?

Uma aeromoça abriu por dentro a porta da cabine e dois dos sequestradores invadiram a mesma, dominando imediatamente o comandante e o copiloto. Enquanto, junto aos passageiros o outro homem continuou:

— Si yo pudiera, abriría la puerta de este avión y tirar por el aire, porque nadie aquí vale nada a nosotros. Sólo queremos incluso por lo que este avión, que guarda su propio patio trasero compañeros perdidos en algún lugar del Uruguay. Pero todos sabemos que no puedo abrir esta puerta, entonces me quiere dejar todos los guarde en Montevideo.

(— Se eu pudesse, abriria a porta deste avião e jogaria todos pelo ar, pois ninguém aqui dentro vale nada pra gente. Só queremos mesmo é a aeronave, para resgatarmos companheiros perdidos em algum lugar do Uruguai. Mas todos sabem que não posso abrir esta porta, então pretendo deixar todos a salvo em Montevidéu.)

— O que vai acontecer com a gente? — Perguntou um senhor de cabelos grisalhos, duas poltronas á frente de Regis.

— Llevará un disparo en la boca, cada una se atreve a mí la palabra!

(— Levará um tiro na boca, cada um que ousar me dirigir à palavra!)

Regis, ali sentado, percebendo que, como tinha um terrorista na frente e outro na parte traseira do avião, bolara um plano que já havia dado certo com ele antes, durante sequestro de Ribeirão Preto.

— Mamãe — pediu ele em voz baixa. — Confie em mim e não se levante por nada.

Embora assustado, levantou-se devagar e começou a caminhar rumo ao sequestrador terrorista, que nervoso, apontou a arma para sua cabeça, gritando:

— Punk imbécil ¿se siente usted ahora!

(— Moleque imbecil sente-se agora!)

Regis, ainda assustado, deu mais um passo adiante. O homem, também deu um passo á frente e gritou:

— Considera punk o reventar la cabeza

(— Sente-se moleque ou estouro sua cabeça!)

— No ve que el niño no entiende lo que le hable? — Reclamou uma senhora de uns quarenta anos, tentando um castelhano, quase certo.

(— Não vê que o menino não entende o que você fala?)

— Enviar que se siente o morirá! — Gritou o homem, muito nervoso.

(— Mande que sente-se ou ele vai morrer!)

Jaqueline ameaçou se levantar para socorrer o filho, mas este, sem mesmo olhar, fez sinal com a mão esquerda para que ela permanecesse sentada e deu mais um pequeno passo. O terrorista, nervoso, acionou o gatilho. Só a percepção paranormal de um menino como Regis, que pode lhe fazer cair ao chão, milésimo de segundo antes do gatilho martelar a espoleta, fazendo um estrondo ecoar mais forte por dentro de um espaço fechado, deixando que a bala passasse a menos de um centímetro de sua cabeça, acertando em cheio a barriga do outro terrorista que estava atrás de si, fazendo com que ele, antes de ouvir o estrondo do disparo, caísse, deixando sua arma voar longe.

Ao mesmo tempo, dois passageiros que estavam bem à frente naquela ala da aeronave, aproveitando a distração pelo tiro mal planejado, saltaram sobre o terrorista dominando-o e tirando-lhe a arma, enquanto que o outro, também sendo dominado no final do corredor, agonizava sobre muito sangue, consequência de hemorragia interna e externa.

Regis se levantou calmamente, voltando a se sentar ao lado da mãe, que chorando, o abraçou forte.

Os homens, usando pedaços de roupas, amarraram o terrorista no piso da aeronave, depois bateram forte na porta da cabine, permanecendo dois, um de cada lado da porta, empunhando as armas capturadas.

A porta se abriu bruscamente e o terrorista gordinho, invadiu apressado o local, sendo facilmente dominado pelos dois passageiros armados, que bateram a porta, arrastando o homem para o centro da aeronave.

Com três terroristas dominados, tornaram a bater na porta da cabine e esperaram por algum tempo. Como ninguém atendeu bateram novamente em vão. O que fazer agora?

Regis se levantou, seguindo até a porta da cabine e quando foi abri-la, um dos passageiros armados segurou-o.

— Você não vai entrar aí! — Negou o passageiro.

Ele apenas olhou sério para os dois homens, como se quisesse dizer: Essa missão é minha. Abriu lentamente a porta da cabine e entrou devagar.

— Qué es lo que quiere aquí chico? — Perguntou o terrorista, nervoso.

(— O que você quer aqui, menino?)

Regis continuou caminhando em direção aos dois tripulantes. O terrorista, nervoso, encostou o cano do revolver em sua cabeça e tornou perguntar:

— Por que te dejaban venir aquí?

(— Por que deixaram você entrar aqui?)

Regis continuava calado, porém assustado. Talvez indeciso em como agir.

— Não vê que o menino pouco entende do que você fala? — Reclamou o comandante da aeronave.

— Le digo que estoy sacando partido sus cerebros si no explicar lo que está sucediendo en la parte de atrás! — Gritou nervoso, o terrorista.

(— Fala pra ele que vou estourar seus miolos se não explicar o que está acontecendo lá atrás!)

— É só um menino! — Insistiu o comandante. — Deixe-o aqui!

O terrorista desviou o revólver para o peito do comandante e disse:

— Me deja que el chico y acabo con usted!

(— Eu deixo o menino e acabo com você!)

Pensou um pouco e tornou a desviar a arma para a cabeça do menino.

— Piense en ello, eres más importante en este avión de él!

(— Pensando bem, você é mais importante do que ele nesta aeronave!)

Regis franziu o lábio esquerdo, o terrorista, lentamente afastou a arma de sua cabeça, então tremendo e mesmo tentando evitar, virou-a contra seu próprio peito e sem pensar acionou o gatilho. Um estrondo alto na cabine fechada fez o terrorista ser jogado contra a parede, caindo ao solo com enorme buraco no peito, fazendo com que tivesse morte instantânea. Regis esboçou pequeno sorriso insinuando:

— Pelo menos ele nem sofreu.

De volta ao encontro aos demais passageiros, o menino voltou a sentar-se com sua mãe Jaqueline, enquanto os dois outros sequestradores permaneciam amarrados juntos, nas mesmas poltronas que iniciaram suas viagens e o outro, sem socorro médico, não suportando a hemorragia acabara morrendo, depois de agonizar por muito tempo.

O voo retornou a sua rota original, viajando sobre o mar, pousando tranquilamente na bonita Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, sem sequer ter atravessado a fronteira do Brasil com o Uruguai.


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Notas finais do capítulo

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