Athena e Eu escrita por Naiane Nara
Notas iniciais do capítulo
Saint Seiya não pertence a mim, mas ao tio Kuru, que é quem enche os bolsinhos.
Perséfone
Olho para a balança, que se equilibra. Impossível. Ela não pode se equilibrar, é claro que Palas tem maldade no coração, ela matou...
Mas a balança não mente. Ela é a encarnação atual de Têmis, a Titânide da justiça, assim como o báculo de Athena é a encarnação de Niké.
Não entendo essa nova moda em voga entre as deusas de encarnar em objetos; sagrados, mas objetos. Talvez daqui por diante eu também faça a mesma coisa, já que tenho que viver eternamente sem ele.
Não posso me perder em pensamentos; Athena está agonizando em minha frente, e ela não é culpada – não posso deixá-la morrer.
Pego seu coração de volta e o recoloco em seu peito, curando a ferida. Percebo que seus Cavaleiros estão no auge da tensão, quase atacando, quase chorando, quase se jogando aos pés dela para que não sofra mais nenhum segundo.
O que os conteve? Não sei, só sei que eles viram sua deusa ser torturada na sua frente, e aparentemente, sem motivo algum. O rapaz que está com a armadura lendária do Pégaso corre à frente de todos e aninha Palas nos braços. Que bom, agora sei que ela é bem cuidada por esses Cavaleiros, tal qual era no Olimpo, aonde nós duas não vamos a tanto tempo.
Palas está desacordada, e preciso desesperadamente conversar com ela.
– Pégaso.
O rapaz me olha com a mesma ferocidade que a minha, momentos atrás. A ferocidade de quem ama. E então eu vejo toda a beleza de um humano em seus olhos castanhos e límpidos. Seus lábios estão crispados, e passa pela minha cabeça a expressão como se fosse me matar. Não pude evitar um breve sorriso. Pensei em como eu era dura e forte, mesmo sem invocar o Poder. A idéia de um humano me matar era completamente hilariante.
Entretanto, não longe de ser possível, levando em conta que esses Cavaleiros mataram diversos deuses. Estremeci com o pensamento, sem saber por que o fiz. Não devia me assaltar nenhuma preocupação comigo mesma. Não me interessa mais viver.
– Você pode trazê-la ao meu quarto? Por favor.
Ele levanta e sai com ela nos braços sem nem me olhar. - Não se esqueça de que não sabe onde fica. – lembrei, entre a ternura e a vergonha.
– Eu encontro. – Foi a única resposta que obtive.
*****
Seiya
Não posso acreditar no quanto fui covarde. Como pude deixá-la sofrer, nem que fosse pelos curtos momentos em que seu coração foi pesado pelo bem de todos? Mesmo a pedido dela, eu não podia ter ficado parado.
Olho seu semblante adormecido, exaurido em meus braços, por quanto tempo mais essa cena vai se repetir? Não aguento vê-la sofrer de novo, de novo e de novo...
Pérsefone logo nos alcança para abrir as portas de um suntuoso aposento. A riqueza presente em cada pedaço desse palácio é óbvia demais em qualquer cômodo que se vá. Deito a minha deusa com todo cuidado na majestosa cama que foi oferecida, e com um olhar, dividi com meus irmãos a distribuição da segurança dela. Casualmente, como se nada de extraordinário tivesse acontecido, Ikki sai da sala e fica no corredor, na ala oeste, assim como Hyoga, que para na ala leste do corredor, enquanto Shiryu volta ao salão onde estávamos a pouco. Permanecemos eu e Shun ao lado de Athena, e também de Perséfone, pois esta não manifesta nenhuma intenção de sair dali.
O quarto é gigantesco, rico em ouro e pedrarias. A decoração é alegre, ao contrário do que eu pensava. Ela olha para Shun, depois para mim, em seguida para Athena, e os olhos se banham em lágrimas.
– Vocês não vão entender, tampouco eu tenho explicações a dar. Mas preciso desesperadamente que alguém me diga que não enlouqueci. Palas entenderia, mas ela deverá repousar por muito tempo ainda, e espero que me perdoem a cena da véspera. – Virou-se de costas para nós e continuou – Por favor, acreditem que eu não sou assim. Meu coração pode estar endurecido, mas eu, assim como Héstia e Hilda, compartilho o mesmo ideal de Palas. Eu não vou fazer mal a nenhum dos humanos.
– Palas - refleti em voz alta sem pensar – por que a chama assim?
Ela sorriu deslumbrantemente, recordando-se.
– É seu nome mitológico: Palas Athena, vocês não sabiam? Trata-se do nome de uma amiga de Athena, a que era a predileta dela entre as mulheres humanas. Em um dia em que as duas brincavam nos belos prados da Grécia, Athena, com sua enorme força, matou-a sem querer. Claro que não era culpa dela, os deuses tem mesmo esse poder descomunal, mas vocês a conhecem. Se sentindo culpada e extremamente arrependida, começou a usar o nome da sua amiga à frente do seu próprio, para que os humanos não tivessem medo e entendessem que ela os amava mais do que a si mesma.
– Acho que já ouvi algo assim – sussurrou Shun, trocando um olhar tranquilo comigo, para em seguida se levantar e sair do quarto. O que ele quis dizer com aquele olhar? Que Athena estava segura, que eu podia acreditar na deusa de cabelos ruivos?
Não. E flexionei o maxilar com tamanha força que minha cabeça inteira doeu. Não vou deixá-la sozinha, já me basta ter permitido que ela sofresse por essa mulher que está à minha frente. Nenhum deus merece ser salvo pelo sofrimento de Athena.
– Pégaso?
De novo Perséfone me chama. Não se cansa de dizer meu nome?
– Não vou sair daqui, se é o que quer perguntar.
– Eu já sabia que não. – Ficou séria de repente – Mas posso sentir que você ficou com medo nesse exato instante. É de mim?
Permaneci em silêncio. Ah, toda essa convivência com deuses está me deixando complexado, ou ela ouve pensamentos?
– Não ouço pensamentos – diz ela, em ironia – mas sinto o os sentimentos que as pessoas emanam. E você está com medo.
– Meu maior medo já passou – disse rapidamente, na esperança de que isso a satisfizesse.
– Não. Não minta, eu posso ver. – e seus olhos cor de violeta assumiram um tom bem forte, ficando sem foco. – Seu maior medo ainda está por vir, Cavaleiro.
Eu não sei por que, mas começo a me sentir inseguro. Estou realmente com medo, apavorado. Não entendo o motivo. É como se eu estivesse prestes a magoar alguém. Isso me tortura de uma forma horrenda.
– Vejo seu casamento, seus filhos com Ela. Você entrará para uma família muito grande, e a sua união trará a paz.
Agora eu tinha certeza de que essa mulher havia enlouquecido. Como é que ela podia falar de coisas tão terríveis? Jamais compartilharei o amor de uma mulher, meu amor já tem uma dona.
E já que não posso tê-la, não serei ninguém, não serei de ninguém, apenas ficarei ao seu lado.
Não quero, não posso ser de ninguém!
– Você se tornará um deus, Seiya. E já como um deus, vai abandonar sua deusa.
Como ela sabia meu nome? Como ela sabia essas coisas? Não pude suportar essa profecia terrível e finalmente fiz o que ela tanto desejava, saí correndo daquele quarto, tampando os ouvidos.
*****
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Desculpem a demora pessoal!!! os demais capítulos estão no forno e vão ser muito mais rápidos
:*
PS: estou tão carente de reviews!