É Evans, Potter! escrita por Anchorage


Capítulo 4
Brigadeiro




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Lily

Dançávamos a música em nosso próprio tempo, meus braços apoiados em seu pescoço e minha cabeça em seu ombro. Ele estava com as maõs em minha cintura e ele mantinha sua cabeça apoiada na minha. Meu coração batia aceleradamente e eu levantei minha cabeça, notei que estávamos muito perto um do outro e engoli em seco.

– Desculpa... – James me encarou profundamente e falou baixinho em meu ouvido.

– Pelo quê? – Eu perguntei confusa.

– Por tudo, pelas provocações, por azarar o Snape, por sempre ser irritante. E o principal: pelo que eu disse antes das férias. – Nesse momento, eu percebi que ele não tinha feito nada demais ao me falar todas aquelas coisas. Eu nunca perdia a chance de “jogar a verdade” na cara dele. – Lily, eu queria que você entendesse que eu sou apaixonado pelo que você é. – Senti meu estômago revirar e minha garganta se fechou.

Ele disse que está apaixonado por mim? Ele realmente disse isso? MERLIN. Esse garoto quer me matar? Por que ele tinha que ser tão babaca com as garotas? Eu sabia que ele só queria que eu fosse a próxima da lista. E eu não deixaria isso acontecer. Não eu seria só mais uma na lista de James Potter. Mas ele realmente estava mostrando que ele era diferente. Eu nunca tive dificuldades para bloqueá-lo, mas nos últimos meses ele veio se aproximando de mim de um jeito que eu não conseguia impedir.

Senti as lágrimas brotarem em meus olhos e sai de perto dele. Caminhei pelo vilarejo, até que avistei um banco, no quintal de uma casa. James apareceu um tempo depois, ele se sentou ao meu lado e se aproximou de mim. Meu corpo travou, minhas bochechas queimaram e meu coração acelerou. Ele secou minhas lágrimas, percebi que nós estávamos a milímetros. Ele encarava descaradamente minha boca e eu estava com medo do que ele poderia fazer. Ele veio em minha direção e quando achei que ele fosse me beijar, ele desviou e beijou minha bochecha. Mais uma vez, uma corrente elétrica me envolveu.

– O que aconteceu? – Ele perguntou baixinho.

– Nada, é só que eu não estava pronta para ouvir aquilo... – Eu disse sincera. Meu rosto estava enterrado em seu pescoço para que ele não pudesse olhar nos meus olhos e perceber que eu...estava começando a amá-lo?

– Como assim?

– O que você disse ano passado era verdade, entende? E tudo ao seu respeito é verdade, James. E a verdade dói! – Eu sequei minhas lágrimas com as pontas de meus dedos e respirei fundo. A imagem de Stacia apareceu em minha cabeça dizendo todas aquelas besteiras e eu me lembrava de todas as meninas que choravam por causa dele. Dei um beijo em sua testa e sai dali o mais rápido possível. Eu estava andando quando alguém me agarrou pela cintura.

– Jam...Nicholas! – Eu disse sorrindo, mas por dentro eu estava desmoronando.

– Desculpa demorar assim. – Ele passou a mão pelo meu rosto, seu toque não era como o de James, era quente, mas não se comparava ao formigamento que eu sentia quando ele me tocava. – Minha tia precisava de mim para fazer umas coisas lá em casa. – Ele passou as mãos pelo cabelo e sorriu amarelo.

– Tudo bem! – Eu sorri gentilmente, enquanto lutava contra as imagens de James que apareciam em minha cabeça.

– Certeza? – Fiz que sim com a cabeça e ele voltou a sorrir. Seu sorriso era fofo, mas nem chegava aos pés do de James, que era caloroso e me contagiava. Meu inconsciente fazia diversas comparações entre os dois e, a parte consciente de meu cérebro, tentava bloquear esses pensamentos.

– Você está linda! – Ele me girou e beijou minha bochecha. Nós caminhamos pela praça, compramos coisas para comer e nos juntamos aos amigos de Nicholas.

– Eu te levo em casa, Lily! – Nicholas insistiu.

– Nic, não precisa, de verdade. Meus amigos estão logo ali! – Eu disse apontando para o outro lado da praça.

– Certo, até outro dia, princesa! - Ele disse me dando um rápido selinho e um beijo na testa. Caminhei vagarosamente até meus amigos, minha cabeça estava a ponto de explodir. E eu estava extremamente confusa, notei que James mantinha seu olhar sobre mim, mas evitei qualquer contato.

– Já está ficando tarde, não acham? – Alice perguntou contendo um bocejo.

Os meninos fizeram questão de nos acompanhar até em casa, Remus passou um de seus braços por cima de meus ombros e me envolveu em um abraço.

– Porque vocês não passam o dia lá em casa amanhã? – Sirius falou quando estávamos nos despedindo.

– É, pode ser. – Eu respondi distraída.

– Até amanhã, meninas. – Eles disseram em coro.

Acordei no dia seguinte com uma vontade enfurecedora de ir ao banheiro. Quando olhei o jardim pela janela, vi que o dia amanheceu nublado e coloquei um moletom por cima do pijama. Desci as escadas cantarolando e tomei um susto quando percebi que James, Sirius e Remus estavam sentados na mesa da sala tomando café.

– Bom dia? – Eu ri.

– Lily, chegou uma carta! - Alice apontou para uma linda coruja branca. – Eu estou cozinhando panquecas, como você me ensinou! – Alice disse contente e eu revirei os olhos.

– Teddy deve estar adorando uma intrusa na cozinha. – Eu comentei baixinho e Teddy, o elfo dos Mckinnon, apareceu na sala e fez uma reverência.

Peguei a carta que estava ao lado da coruja e a acariciei. Pigarreei e comecei a ler.

Queridas Lene, Lily e Alice,

Estou enviando-lhes esta carta para informar que a missão está bem mais rigorosa, contando que os números dos ataques cresceram vertiginosamente. Nós voltaremos a nos ver no dia em que vocês regressam a Hogwarts. Tive a feliz notícia de que os meninos estão aí pertinho de vocês! Sejam educadas e os convidem para sair.

Qualquer coisa, mandem uma carta.

Beijos,

Sra. Mckinnon.”

– Como a Sra. Mckinnon sabe que vocês estão aqui? – Eu perguntei enquanto preparava meu café da manhã.

– Nossos pais trabalham juntos – Marlene disse enquanto descia as escadas. – Não sabia que tínhamos visita. – Ela disse com a cara fechada.

– A que devo a honra da adorável visita de vocês? – Marlene perguntou enquanto tomava um gole de seu suco de laranja.

– Nós viemos buscá-las. – James piscou e bagunçou seus cabelos arrepiados.

xx

– Bem vindas a minha casa. – James disse trancando a porta. A casa era deslumbrante, era ampla e moderna. Ele nos mostrou a casa e a cada cômodo eu ficava mais fascinada com a decoração.

O quarto de Sirius era branco, com uma única parede preta. Na parede colorida, tinham várias estantes cheias de miniaturas de motos. O vício dele por motos não era novidade pra mim, mas ao ver sua coleção eu tive certeza de que era mais do que um vício. Ele percebeu que eu encarava suas motos boquiaberta e então me contou um pouco sobre cada uma.

– Essa aqui é uma Iron 883. – Ele dizia enquanto eu analisava outra miniatura.

– Eu gostei dessa. – Eu balancei a cabeça animada. Na verdade, eu não conseguia mais notar a diferença entre as motos, pra mim, todas eram extremamente parecidas. Mas eu não falei nada, afinal eu nunca tinha visto Sirius tão animado.

James não quis nos mostrar seu quarto e isso fez com que minha curiosidade aumentasse em 110%, assim que ele apontou para a porta fechada de seu quarto, eu encarei a porta por alguns instantes. Ele apenas desviou o olhar e continuou a nos mostrar a casa.

– James, sua casa é linda! – Alice disse maravilhada.

– Tudo obra da minha mãe. – James riu.

– Vamos lá pra fora. – Sirius sugeriu. - Foxy! – Uma elfa muito pequena apareceu. Ela usava um vestidinho rodado rosa.

– Chamou, senhor? – Ela fez uma reverência.

– Foxy, eu tenho nome!

– Como quiser, senhor Sirius! – Ela deu outra reverência.

– Sem o “senhor”, Foxy! – Ele revirou os olhos.

– Não, senhor, Sirius. Diga a Foxy o que quer, pois Foxy tem muito trabalho a fazer.

– Você pode preparar um delicioso almoço para nossas convidadas, por favor? – James disse sorrindo, Foxy assentiu e saiu correndo para dentro da casa. Meus olhos estavam fixos em James, por mais que eu tentasse desviar o olhar, tinha algo que me prendia. Era mais forte que eu. Ele logo percebeu que eu estava hipnotizada e um sorriso provocativo surgiu em seus lábios. Eu revirei os olhos, mas não pude impedir o sorriso tímido que se formou em meu rosto.

James

Acordei cedo e resolvi ler o livro que eu havia pegado na biblioteca da escola: “O melhor do Quadribol”, o livro contava sobre todos os melhores lances, passes e os melhores jogadores do século. Eu estava tão entretido na leitura que só fui perceber que Almofadinhas tinha se jogado na piscina alguns segundos depois, quando as páginas amareladas do livro estavam molhadas.

– Almofadinhas, esse livro é da biblioteca! A Madame Pince vai me matar!

–Oh! Eu molhei seu livro, Pontas? Que descuido. – Ele debochou, me fazendo bufar. Coloquei o livro na grama para que ele secasse e me joguei em cima de Almofadinhas. Consegui prendê-lo em baixo d’água por uns 10 segundos até ele se desvencilhar. Aluado apareceu no quintal, sentou-se em uma poltrona e ficou observando a “briga” enquanto comia uma torrada.

– Será que elas vão vir? – Almofadinhas perguntou enquanto jogava água para todos os lados como um cachorro molhado depois do banho.

– Nós podemos garantir que elas venham. – Eu disse maroto. Contei a eles meu plano e em 5 minutos estávamos na casa de Marlene, conversando animadamente com Alice, que fazia panquecas enquanto esperávamos pelas outras meninas. Tomamos café por lá mesmo e depois fomos para minha casa. Lily ficou encantada com a casa que, eu tenho que concordar, é realmente linda. Subimos para mostrar a casa a elas. Sirius mostrou toda a sua coleção de motos para Lily e por incrível que pareça, Lene achou a coleção impressionante, mas acho que eu fui o único a perceber isso , Almofadinhas estava entretido em mostrar sua coleção para Lily. Achei melhor não mostrar meu quarto, do lado da minha cama, na mesa de cabeceira, eu guardava uma foto de Lily. Minha e dela, na verdade. Remus sempre adorou fotografia e nesse dia, ele tirou uma foto nossa. Eu mandei revelar e desde então eu sempre a carregava sempre comigo.

– Foxy! – Nossa elfa doméstica apareceu.

– Chamou, senhor?

– Foxy, eu tenho nome!

– Como quiser, senhor Sirius! – Ela se reverenciou.

– Sem o “senhor”, Foxy. –Isso nunca adiantou com Foxy...

– Não, senhor Sirius. Diga a Foxy o que quer, pois Foxy tem muito trabalho a fazer.

– Você pode preparar um delicioso almoço para nossas convidadas, por favor? – Eu disse simpático, evitando a demorada discussão entre Sirius e Foxy. Nessa hora, notei que Lily me olhava, eu a encarei e sorri. E ela sorriu de volta.

– Bom,estou morrendo de calor. – Alice tirou suas roupas e pulou na piscina. As meninas riram e Marlene acompanhou Alice, Lily estendeu sua canga perto da beirada da piscina e deitou de bruços para ler uma revista.

– Fecha a boca, Pontas. Não precisamos de uma piscina de baba. – Aluado sussurrou marotamente, enquanto meus olhos estavam pregados no corpo de Lily. Ele me deu tapinhas nas costas e eu ri, sem mudar meu foco de visão. Quando Almofadinhas voltou com as bebidas e colocou os olhos em Lily, ele assoviou.

– Caramba, agora sim isso aqui ficou quente. – Lily corou furiosamente e percebi que ela me olhou com o canto dos olhos.

Todos já estavam na piscina, exceto Lily e eu. Lily estava sentada em uma cadeira, tentando fugir do sol. Aluado jogou água em Marlene, que tentou afundar Sirius. Alice pulou nas costas de Remus e os dois afundaram na piscina. A guerra havia se instaurado e Lily gargalhava, mas assim que jogaram água nela, ela começou a correr para dentro da casa. Eu fui mais rápido e a segurei pela cintura, peguei-a no colo e caminhei até a beira da piscina.

– Você tem duas opções: ou você pula comigo ou você pula comigo. Então, qual vai ser? – Eu sorri marotamente.

– Não, não! James, não! - Ela fincou as unhas em meu braço e arregalou os olhos.

– Então, ruiva, não vai escolher por bem?

– James, eu não... – Eu a peguei no colo e saltei. – JAMES POTTER! - Foi a última coisa que ouvi antes de afundar completamente na água. Lily ainda estava em meu colo e quando voltei a superfície ela estava gargalhando.

– Seu idiota! Eu falei pra você não me jogar. – Ela se desvencilhou de mim e jogou água no meu rosto.

– Ah, que ótimo isso aqui! – Aluado estava em um daqueles colchões que flutuam na piscina - era uma invenção trouxa e minha mãe ficou enlouquecida quando descobriu. Lene se aproximou sorrateiramente de Aluado e o afundou na piscina.

– O almoço está pronto, senhor. – Foxy cochichou em meu ouvido.

– O almoço está pronto! – Eu disse e todos se encaminharam para a sala.

– E a sobremesa? – Marlene disse olhando para Lily sugestivamente, após uma longa refeição.

– Foxy não preparou nada, não sabia, senhores, que era pra preparar. – Foxy começou a se desesperar.

– Não tem problema, Foxy! Eu posso fazer uma receita trouxa... – Lily disse tentando acalmá-la. Ela é linda.

– Isso! – Marlene bateu palmas.

– Desculpe a pobre Foxy! Ela não fez por mal.

– Foxy, não tem o menor problema! – Alice insistia. – Lily cozinha muito bem. Tenho certeza que ela vai fazer algo delicioso, não é foguinho?

– Foguinho? – Almofadinhas perguntou curioso.

– É, um dos apelidos que Marlene me deu. – Lily deu de ombros. – Eu vou pegar alguns ingredientes. Algum voluntário? – Ela sorriu e eu fiquei a observando. Aluado pigarreou, me olhou rapidamente

– Eu posso ir. – Eu disse tentando parecer indiferente e Lily me encarou por alguns segundos.

– Claro. – Ela sorriu.

Lily

– Então, o que a senhorita Evans pretende fazer? – James me perguntou brincalhão enquanto caminhávamos até a casa de Lene. Claro que ele tinha que ser o voluntário. Claro.

– É uma receita trouxa bem simples, na verdade, mas é a minha sobremesa favorita. – Eu ri.

– Mal posso esperar.

– Já estou avisando que sou uma das melhores cozinheiras desse mundo, então tente não se apaixonar perdidamente. – Eu disse sem pensar, James me encarou profundamente e eu desviei o olhar. Agradeci a Merlin por já estarmos perto da casa de Lene, minhas tirei a chave do meu bolso e abri a porta enquanto meus dedos tremiam de nervosismo. Teddy correu para ver quem estava em casa.

– Teddy, eu vim pegar algumas coisas da cozinha, tudo bem? – Ele assentiu com seus olhos grandalhões.

– Sim, senhorita Evans. Fiquem à vontade. – Teddy fez uma reverência e se retirou apressado.

– Bom, James, eu vou precisar da sua ajuda. – Eu o conduzi até a cozinha e peguei um banquinho para alcançar os armários. Passei os ingredientes para James e ele colocou-os na bancada da pia. Quando eu estava descendo, me desequilibrei e cai. James tentou me segurar e acabou caindo junto comigo.

– Ai! – James estava em cima de mim e minha cabeça estava doendo, então eu comecei a rir.

– Você está bem?

– Sim, desculpa, eu me desequilibrei! – Eu voltei a rir e James me olhava um pouco preocupado.

– Eu sei, mas você está bem, de verdade? Não se machucou? – Ele retirou uma madeixa de meu cabelo que estava sobre a minha boca e me encarou. Ah, não. Por alguns instantes eu me senti perdida e de repente uma corrente elétrica passou por todo o meu corpo. Eu encarei seus olhos profundamente e senti todos as minhas inseguranças sumiram. E foi nesse exato momento que eu percebi que ele havia me conquistado. Eu mantinha minha respiração presa e meu olhar estava naqueles olhos castanho-esverdeados que deixam minhas pernas bambas toda vez que eu os encarava.

– A senhorita Evans precisa de ajuda? – Teddy perguntou baixinho, atraindo minha atenção. Empurrei James e sorri amarelo para Teddy.

– Não, Teddy. Obrigada. – O elfo fez uma reverência e se retirou, deixando-nos a sós novamente. James estava com as costas encostadas nos armários e os olhos fechados. Eu o encarava ofegante. Eu estava assustada com a intensidade daquele momento, com as descobertas que eu fiz. Eu gostava de James. Eu gostava de James. Eu gostava de James. Ao longo de todos esses anos, eu tinha feito de tudo para evitar isso e agora, justo agora, eu caí na armadilha. Eles respirou fundo e abriu os olhos e eu senti um arrepio por todo o meu corpo, peguei os ingredientes e saí correndo.

– Tchau, Teddy! Até mais tarde. – Bati a porta sem olhar para trás.

– Lily! – James gritou, virei o rosto em direção a ele e vi que estava correndo. Corri o mais rápido que eu pude, mas ele me alcançou com facilidade. – Ei, Lily! Para! – Ele se adiantou e parou na minha frente, bloqueando o caminho.

– Por favor, saia da frente.

– Não, só saio quando você me explicar o que aconteceu.

– Você não cansa de ser tão irritante? – Eu grunhi. – Eu não sou um troféu, Potter. Isso que aconteceu. Você não vai conseguir brincar comigo. Se você acha que eu sou que nem uma dessas idiotas que você conseguiu, eu não sou! – Eu bati minhas mãos em seu peito, empurrando-o para trás.

– Do que você tá falando, Lils?

– Para de me chamar de “Lils”, Potter, só para, ok? É Evans. Me deixa em paz! – Eu podia sentir meus olhos arderem e, um minuto depois, estava chorando. Como eu podia ser tão idiota? Eu sou apenas uma monitora certinha, adorada pelos professores. Não sou?

– Lily, que história é essa?

– Potter, para de ser cínico! O que você acha que eu sou?– As lágrimas rolavam pelo meu rosto descontroladamente.

Mesmo depois de todas as vezes que eu gritei com ele, das coisas que eu falei e das vezes que eu recusei sair com ele, James continuava tentando. E isso significava alguma coisa, no mínimo, ele se importava comigo a ponto de nunca desistir. Respirei fundo e controlei meus pensamentos.

– Natalie Chapman me explicou tudo. – Eu disse quase sem voz.

– Natalie? Lírio, me escuta. Você é um troféu, por ser quem você é! E eu faria de tudo pra conquistar um troféu como você.

–James, por favor. – Eu supliquei olhando para o chão. Eu não queria ouvir nada daquilo. Eu continuei andando e ele me puxou pela mão.Colocou as duas mãos em meu rosto e me encarou. Beijou minha testa e passou os braços ao meu redor.

– Eu só quero que você saiba uma coisa, Lils. Eu sou perdidamente apaixonado por você. – Ele me abraçou mais forte.

– Vocês foram fazer esses ingredientes, é? – Marlene debochou quando entramos na casa dos Potter.

– Ah, desculpa. É que.... – Parecia que eu estava com uma rolha dentro da minha garganta, porque minha voz saiu totalmente engasgada.

– Lily, você estava chorando? – Alice me perguntou preocupada.

– Não! – Eu ri histericamente. – Eu vou pra cozinha. E eu vou estar cozinhando, então, não quero que ninguém entre lá, entendido? – Dei um sorriso pouco convincente, fechei a porta de comunicação da cozinha e desabei no chão.

– Toc! Toc! – Remus bateu levemente na porta da cozinha. – Posso entrar?

– É...Acho que eu preciso do meu melhor amigo agora.

– O que aconteceu, Lils?

– Remus, sabe quando tem uma coisa que você tem medo que aconteça? E você toma todas as medidas possíveis pra que isso não aconteça? – Ele fez que sim com a cabeça. – E ela acaba acontecendo. Pois é.

– Certo, vocês brigaram...? O que aconteceu pra você ficar assim? – Me senti aliviada por ele não ter mencionado o nome “J....”, porque essa palavra tinha deixado de existir no meu vocabulário há alguns minutos.

Contei para Remus tudo o que havia acontecido e como eu estava me sentindo diante de tudo aquilo. Quando me dei conta, já estava fazendo uma terceira panela de brigadeiro. Percebi que conversar com Remus me ajudou bastante, além de tudo, ele era um ótimo ouvinte.

– Você está fazendo isso errado. – Ele coçou o queixo e eu comecei a rir sarcasticamente.

– Remus, por Merlin, eu sei o que estou fazendo.

– Tem certeza? Eu acho que é assim!

– Não, Remus, você vai deixar queimar! – Ele puxou a panela com tanta força que ela escapou de suas mãos e virou em cima de mim. Ele arregalou os olhos e pediu “Desculpas!” enlouquecidamente. Eu comecei a rir e percebi que todos estavam parados perto da porta rindo da cena.

– Esse é o doce? - Sirius pegou uma colher e retirou um pouco de brigadeiro da minha roupa.

– Bom, era pra ser... – Cruzei os braços e bati o pé, Remus pegou uma colher e começou a retirar o brigadeiro de mim.

– Nossa, é realmente bom! – Sirius disse atacando as travessas de brigadeiro. James estava parado na porta me olhando, ele se aproximou e retirou um pouco de brigadeiro que tinha na ponta do meu nariz.

– Acho que nós precisamos conversar depois.

James

– Então, o que a senhorita Evans pretende fazer? – Perguntei fazendo graça.

– É uma receita trouxa bem simples, na verdade, mas é a minha sobremesa favorita. – Ela deu de ombros.

– Mal posso esperar.

– Já estou avisando que sou uma das melhores cozinheiras desse mundo, então tente não se apaixonar perdidamente. – Não me apaixonar perdidamente? Já era.

– Teddy, eu vim pegar algumas coisas da cozinha, tudo bem? – Lily cumprimentou o elfo dos Mckinnon.

– Sim, senhorita Evans. Fiquem à vontade.

– Bom, James, eu vou precisar da sua ajuda. – Ela me puxou até a cozinha, subiu em um pequeno banco e começou a me passar ingredientes. Quando fechou a porta do armário, Lily se desequilibrou e caiu. Graças aos meus reflexos, impedi que ela batesse com a cabeça no chão.

– Ai! – Eu estava sobre ela e a olhava preocupado.

–Você está bem? – Eu perguntei sem me mover.

– Sim, desculpa, eu me desequilibrei!

– Eu sei, mas você está bem, de verdade? Não se machucou? – A proximidade entre nós era uma tentação gigantesca pra mim, sua boca parecia convidativa demais. Eu não queria me levantar. Eu a encarei profundamente e ela não desviou o olhar dessa vez. Quando meus olhos finalmente encontraram os dela meu mundo parou. Eu só conseguia pensar em como ela era linda. Seu cabelo estava perfeitamente esparramado pelo chão, sua boca entreaberta e suas bochechas coradas. Mas, o melhor disso tudo, ela correspondeu meu olhar com a mesma intensidade e foi a primeira vez que isso aconteceu.

– A senhorita Evans precisa de ajuda? – O elfo dos Mckinnon apareceu na cozinha e ficou um pouco constrangido com a cena.

– Não, Teddy. Obrigada. – Lily se mexeu desconfortavelmente embaixo de mim e me empurrou. Eu continuei sentado no chão da cozinha tentando entender o que havia acontecido. – Tchau, Teddy! Até mais tarde. – Lily saiu apressada da cozinha e eu suspirei.

– Lily! – Corri atrás dela. Ela olhou para trás e tentou correr mais rápido. – Ei, Lily! Para! – Parei em sua frente bloqueando o caminho.

– Por favor, saia da frente. – Ela disse fria.

– Não- Não, só saio quando você me explicar o que aconteceu. – Cruzei os braços e a encarei.

– Você não cansa de ser tão irritante? Eu não sou um troféu, Potter. Isso que aconteceu. Você não vai conseguir brincar comigo. Se você acha que eu sou que nem uma dessas idiotas que você conseguiu, eu não sou! – Ela me empurrou para trás.

– Do que você tá falando, Lils? – Troféu?

– Para de me chamar de “Lils”, Potter, só para, ok? É Evans. Me deixa em paz! – Ela tentou me contornar, mas eu apenas bloqueei sua passagem.

– Lily, que história é essa?

– Potter, para de ser cínico! O que você acha que eu sou? – Lily começou a chorar. Não. Eu não sabia lidar com isso. – Natalia Chapman me explicou tudo.

– Natalie? Lírio, me escuta. Você é um troféu, por ser quem você é! E eu faria de tudo pra conquistar um troféu como você.

– James, por favor. – Ela disse baixinho. Certo, tentar explicar o que eu sinto por ela usando a palavra “troféu”definitivamente não foi uma boa ideia. Ela abaixou a cabeça e passou por mim, eu a puxei pela mão, depositei um beijo carinhoso em sua testa e a envolvi em um abraço.

– Eu só quero que você saiba uma coisa, Lils. Eu sou perdidamente apaixonado por você. –Ela suspirou fundo e colocou os braços em meu pescoço, me puxando para perto dela.

– Vocês foram fazer esses ingredientes, é? –Marlene perguntou assim que entramos pela sala.

– Ah, desculpa. É que... – Lily disse com uma inevitável voz de choro.

– Lily, você estava chorando? – Alice perguntou preocupada. Nessa hora, percebi que Aluado e Lene me olhavam com as sobrancelhas alteadas.

– Não! Eu vou pra cozinha. E eu vou estar cozinhando, então, não quero que ninguém entre lá, entendido? - Ela riu histericamente.

– Seu miserável, o que você fez com ela? – Marlenevoou para cima de mim, mas Almofadinhas a puxou pelo braço.

– Ei, ei, calma aí! – Ele soltou Lene, que me olhava com raiva.

– Certo, o que aconteceu? – Alice perguntou pacífica.

– Bem, como vocês sabem nós fomos pegar uns ingredientes. E teve uma hora, quando nós estávamos na cozinha e rolou um clima, sabe? Um clima de verdade...

– Ok, podemos deixar esses detalhes toscos para mais tarde, Pontas. – Almodafinhas debochou.

– O único tosco é você que nunca vai entender o que é se importar de verdade com alguém. – Marlene respondeu fria, o que fez com que Sirius piscasse assustado.

– Continuando, por favor – Aluado disse impaciente.

– E de repente, ela saiu andando. Eu perguntei o que tinha acontecido e ela falou que não era um troféu, que a Chapman já tinha explicado tudo.

– Ah, não! – Marlene, Alice e Aluado se entreolharam preocupados.

– Por que eu sinto que vocês sabem alguma coisa que eu não sei?

– Vou falar com a Lily, vocês duas expliquem para ele. – Aluado entrou na cozinha.

– Me explicar o quê?

– O que Natalie disse para Lily ano passado. – Alice disse reticente.

– No começo do ano passado, a Lily estava pensando em sair com você, ela tinha começado a reparar que você tinha mudado. – Marlene disse – E a Natalie, uma das suas amiguinhas nojentas da Sonserina, a ouviu conversando sobre isso com a gente . Então, ela resolveu ter uma conversinha com a Lily.

“- Então, a ruivinha mais famosa da escola resolveu dar uma chance pro futuro 'garanhão' da escola? – Natalie se aproximou de Lily após a aula de Poções.

– Desculpa, o quê? – Lily respondeu confusa.

– Ouvi hoje mais cedo que você está pensando em sair com James Potter, o futuro 'garanhão' da escola. Esqueceram de te contar, queridinha? Você acha mesmo que ele quer você, que ele em alguma hipótese iria se interessar por uma menina que nem você? – Ela riu maldosa. – O objetivo dele é simplesmente usar você, levando em conta que você é a única menina que o recusou, não é? Então, tenta se valorizar. Afinal, você não é um troféu, que ele usa, completa a lista dele, vira o 'garanhão' da escola e joga fora, ou será que é? Lily, Lily, pobre Lily, eu se fosse você iria reconsiderar minhas opiniões. – Ela continuou andando enquanto ria de Lily.”

– Até eu queria socar aquela garota. – Alice disse frustrada.

– Depois desse dia, Lily resolveu não pensar mais nisso.

– Eu não consigo acreditar...Lily ia finalmente aceitar sair comigo!

– Sim, mas James, Lily não desistiu dessa ideia apenas pelo que a Natalie disse. Você também contribuiu. – Alice disse cabisbaixa.

– Acho que você se lembra do que você falou pra ela no final do ano passado, não lembra? – Lene perguntou. – E você falou todas aquelas coisas depois dela ter te dispensado. Ou seja, isso só reforçou que você queria usá-la.

– Eu sei que também foi minha culpa. Mas porque a Natalie faria uma coisa dessas? – Eu perguntei mais pra mim do que pra elas. Marlene e Almofadinhas se levantaram e seguiram para a cozinha.

– Acho que você tem outras preocupações agora, James. Por exemplo, explicar as coisas para Lily? Ou tudo o que a Natalie disse é verdade? – Alice me indagou extremamente atenta.

– Lógico que não, Alice. Pelas barbas de Merlin! Você sabe o quanto eu amo ela, o quanto eu mudei por ela, você sabe tudo que eu faço por ela.

– Você tem que falar isso pra ela, não pra mim! Eu já sei disso tudo. – Ela se levantou e bagunçou meus cabelos. Fiquei sentado na sala por alguns minutos pensando. Caminhei calmamente até a cozinha a tempo de ver Almofadinhas raspando o brigadeiro de Lily.

– Esse é o doce? – Ele perguntou saboreando.

– Bom, era pra ser... – Ela deu de ombros. Os outros pegaram colheres e começaram a comer o doce que estava em Lily.

– Nossa, é realmente bom! – Almofadinhas disse. Eu estava apoiado na soleira da porta observando Lily. Como ela pôde acreditar no que Natalie disse? Eu precisava resolver isso o mais rápido possível. Aproximei-me dela e retirei um pouco do doce que estava em seu nariz.

– Acho que nós precisamos conversar depois. – Eu a encarei profundamente.

xx


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo aí!!!!!! Espero que gostem (sim, eu sempre falo isso) e que deixem muitos comentários.
Bjs,
Mi.



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