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– Não, não estou brincando! Olhe para meu rosto e me diga, pareço estar brincando?

Elsa parou de rir, colocando a mão sobre a barriga e refletindo.

– Me desculpe, meu caro senhor, porém, essa história não tem cabimento! Você aparenta ser da minha idade!

– Se eu não lhe conheço Elsa, como poderia saber que quando você está brava, costuma franzir o nariz, assim como está fazendo agora? Ou que você tinha um ursinho de pelúcia, um coelhinho, para ser exato, seu Fluffy, com qual você dormia até seus onze anos?

Ela abriu sua boca, porém logo fechou novamente. Repetiu esse ato três vezes e logo respondeu:

– Você me espionava? Só pode! Como você sabe tanto sobre mim?

– Elsa, eu sei tudo sobre você! Entende? Sei como Anna ganhou aquela mecha branca. Sei como você ficou solitária quando seus pais morreram. Sei como você pensava ter um anjo da guarda. Sei tudo que você passou, Elsa. Sempre estive aqui.

Seus olhos marejaram e meu coração se apertou.

– Me desculpe, eu não quis...

Ela balançou a cabeça e me envolveu com seus braços, apertando-me. Suas lágrimas mancharam minha blusa e isso tirou-me de meu transe. Envolvi Elsa com meus braços, e a levei para a cama (sem intenção nenhuma). Ela chorou e perguntou-me:

– Você era meu anjo da guarda? Você cuidou de mim? Onde estava você quando eu precisei? Chorei por você depois da morte de meus pais! Pedi sua companhia! Você nunca me atendeu...

– Eu tinha medo...

– Do quê?

– De você se assustar e eu te perder-Respondi, olhando pra longe, começando a divagar- Sabe, você é minha única família agora. Mesmo você não sabendo disso...

– Agora eu sei.

Ficamos em um silêncio agradável, e observei seu rosto angelical. Seu rosto passou de branco, para verde, para vermelho.

– Você me via nua? Me acompanhava no banheiro? – indagou, começando a pontear cada final de frase com um tapa. Vendo minha cara de surpresa, continuou- Cafajeste! Desavergonhado! Asqueroso! Depravado! – continuou pronunciando cada insulto agora com socos.

No décimo quinto soco, eu segurei seus punhos e falei:

– Nunca desrespeitaria você desta forma, Elsa. Você é uma dama. Uma rainha. Nunca faria isso com você.

Seu rosto foi, novamente, ao vermelho. Porém dessa vez, de vergonha. Seu rubor fez com que meu estômago desse uma volta inteira.

– Obrigada- respondeu com um suspiro. Continuou:

– Agora, creio que está na hora de dormimos... Tem onde dormir?

– Não tem como. Ninguém mais me vê.

– Como assim?

– Só você consegue me ver. E isso é um enigma pra mim. Mas também foi minha salvação. Eu vivia vagando com raiva por aí. Eu sinceramente, era deprimido. Mas aí me veio você e meu tempo se tornou totalmente seu. Minha vida passou a se tornar a sua.

Ela corou ainda mais e abaixou a cabeça. Ainda com a cabeça abaixada, ela disse:

– Acho melhor eu...

Entendendo sua frase, me levantei rapidamente, notando o que tinha dito. Ruborizei também, querendo retirar aquilo disse, com medo de envergonhá-la ainda mais.

Ela se dirigiu a sacada e eu a segui. Lá, subi no parapeito, e disse:

– Boa noite, Elsa.

– Espera aí! Pode me relembrar seu nome?

– Meu nome é Jack Frost.

– Você vai aparecer amanhã?

– Sempre.

E nisso, pulei do parapeito, ouvindo seu arfar. Vendo que eu voava, ela soltou um suspiro, e balançou a cabeça negativamente, rindo.

– Boa noite, Jack.

Dito isso, se virou, entrando em seu quarto. Fechou a cortina lentamente, ainda me fitando.

Ri comigo mesmo, me dando conta de que nunca foi assim que eu imaginei meu encontro com Elsa.