Assassinato em Minnesota - Interativa escrita por Mary CV


Capítulo 16
Crime Perfeito


Notas iniciais do capítulo

​"Somos suspeitos de um crime perfeito, mas crimes perfeitos não deixam suspeitos" - Engenheiros do Hawaii ♫

Boa leitura!



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​—Como assim? - Norman perguntou.

—Vocês todos são muito espertos. Admiro muito a capacidade que tem para terem bolado tudo isso.

—O que você quer dizer?

—Não se façam de desentendidos. Estão todos envolvidos nisso.

—Começando pelo pedido de um sonífero na cozinha - Matthew iniciou - Damos o primeiro papel ​à​ Hannah, que pegou esse sonífero e deve ter dado para Lucy, que acordava muito cedo e traria problemas com um tumulto logo de manh​ã.

—Também tem a coincidência das câmeras, de darem problema e o crime ocorrer bem nessa hora - Jack continuou - O outro papel vai para Vincent, que se encarregou de ocupar o segurança do segundo andar e desviar a atenção de John.

—Fred e Sophie também entram na história e distraem eu e o professor - Matthew falou e Thomas arregalou os olhos.

—E os outros, que mentiram, ganham o restante dos papéis - Jack falou e começou a ler as anotações de seu caderno - Assinalar no calendário das faxineiras; desativar as câmeras do quarto andar; evitar a minha aproximação do quarto, pois eu estou hospedado no mesmo andar; arrumar a cena do crime depois do assassinato, fazendo com que nós suspeitássemos de uma garota que a ameaçou; e é claro, tirar a vida de Lucy, que já sabia que ia ser morta.

—São essas informações e outras, que nos fazem ter certeza de que todos estão envolvidos - Matthew pegou sua garrafa de água.

Todos os alunos se assustaram com tudo o que o detetive e seu ajudante haviam dito.

—Caramba... - Sophie disse, com a mão na boca, e depois solta uma risada baixa - É de se esperar de um detetive com tanta fama como você.

—Vocês fizeram um incrível trabalho em equipe, pena que não foi para uma boa causa.

—Eu ainda não entendi o que você está quer... - Hannah falou, quase sussurrando.

—Foi exatamente isso que aconteceu - Sophie a interrompeu e todos os outros a olham, assustados.

—Ei Sophie, espera - Vincent tentou impedi-la.

—Deixa, Vicent - Sarah, que estava sentada, disse - Não há como enganar mais ninguém. Eu quero tomar as consequências dos meus atos, e vocês?

—Eu também - Ally falou, agarrando seu vestido com força - Eu não quero ser igual aos nossos pais, que só se importam com suas vidas e seus luxos. Eu irei admitir os meus erros, mesmo que isso custe anos e anos na cadeia...

—Também concordo - Henry disse, com uma expressão triste e assustada, que poucas pessoas haviam visto - Vocês tem noção do que fizemos para Lucy? Nós tiramos a vida dela! Ela sabia que íamos matá-la e não fez nada, porque também sabia que se a gente não tivesse feito... vai saber o que iria acontecer quando saíssemos do hotel! Ela pensou em nosso bem mais que qualquer um... até mais que nossos pais.

—Qualquer um quer nosso bem mais que eles - Vicent falou, secamente.

—Temos que agir diferente que nossos pais, eles são os nossos exemplos do que não fazer. Eu irei me entregar... - Alice falou, fechando os olhos com força - eu matei Lucy.

Em seguida, todos os outros foram repetindo o mesmo e se entregando. Alguns começaram a chorar, outros descontavam a raiva em algum objeto e uns se isolavam mentalmente.

—Alguém pode nos esclarecer o motivo e o que exatamente houve? - Jack solicitou, mesmo percebendo o estado em que estava todos eles.

—Sophie... - Sarah pediu, gentilmente.

—Tá bom - reclamou, se sentando na cadeira mais próxima de Jack - Primeiramente, eu achava que seria a oportunidade perfeita cometer um crime durante uma nevasca, porque não teríamos a interferência de policia alguma.

—Isso é o que pensávamos - Vincent completou e Sophie assentiu - Até descobrirmos que tinha uns detetives hospedados aqui. Vocês nos pegaram desprevenidos.

—Primeiro, eu planejei que se tirássemos a vida de Lucy no final da nevasca - prosseguiu, falando com um certo esforço - a gente poderia sair do hotel logo em seguida, sem deixar rastros e suspeitas, e sem ter que fazer os malditos interrogatórios. Iria ser o plano perfeito. Mas o problema foi Lucy...

—O dia em que vimos ela conversar com você - Fred falou, se direcionando a Matthew - Foi o dia que mudamos todos os planos.

—Então ela realmente já sabia... - Matthew falou e Sophie afirmou com a cabeça - Por isso que ela veio pedir ajuda.

—Sim, e por isso que tivemos que adiar o crime... antes que ela falasse mais - Ally falou, fechando os olhos com força.

—Então, mudamos todos os planos fazendo com que todos nós participássemos do crime de maneira quase igual - Sophie falou - Aconteceu quase tudo o que você disse. A Hannah jantou com ela no dia anterior e colocou um sonífero na sua comida.

—Eu lembrei que aquele dia, eu acordei bem cedo e ela já estava no restaurante... - Matthew falou, se lembrando do dia do café da manh​ã.

—Sim, ela devia estar com insônia ou algo do tipo.. - Norman disse.

—Bom, a Alice ficou observando você, detetive Jack, na sala de espera porque se caso você subisse ela o distrairía. Fred, como vocês disseram, distraía Matthew e eu conversava com Thomas, fingindo ser uma boa aluna... - Sophie fez uma cara de culpada olhando para Thomas, e o mesmo bufou.

—Entendo... - Jack falou, absorvendo as informações - Vocês estavam mantendo nós três longes da cena do crime. Prossiga...

—Ally foi quem assinalou o calendário das faxineiras e depois ficou do lado de fora do quarto de Lucy, evitando que qualquer um se aproximasse.

Jack observou os alunos, e percebeu que dessa vez eles não mentiam.

—O Peter foi quem trocou os fios das câmeras para que não funcionassem - o garoto agarrou o próprio cabelo com força e Sophie prossegue - Vicent, então, desceu para que Thomas o visse e sugerisse para John que o ajudasse com elas.

Matthew ficava impressionado com o trabalho em equipe que fizeram e com o incrível plano bolado por eles. Era realmente um crime perfeito.

—Henry e Norman ficaram com o trabalho mais sujo... tirar a vida de Lucy com o cachecol do Fred, para vocês suspeitarem, como já devem ter imaginado. Por fim, Sarah foi quem arrumou a cena do crime, colocando as ameaças de morte que Lucy nunca viu e os papeis queimados, fechou os olhos dela e a encaixou dentro do armário.

Sarah apertou uma mão contra outra e encolheu os ombros. Alice a abraçou por trás, acalmando a amiga.

Apesar de que nem todos fossem amigos da vítima, a perda de uma pessoa que conheciam pesava sobre cada um deles.

—A gente não queria ter feito isso... - Fred disse, arrumando o cachecol que Lucy havia lhe dado - Devíamos ter pedido a ajuda deles...

—O que a gente estava pensando, obedecendo eles sem contestar, sabendo que a vida de Lucy seria eliminada? - Sarah se perguntou, arrependida.

—Não adianta se arrepender só agora... - Vincent disse, grossamente.

—Detetive, isso tudo foi armação dos nossos pais - Peter não falou só por falar, mas disse como se fosse um pedido de ajuda.

—Peter, eles não vão acreditar - Norman disse, vencido.

—Acredito sim - Jack falou, assustando a todos, novamente - Eu já havia percebido nos interrogatórios, pelos seus sobrenomes e características físicas... são todos filhos de grandes empresários. Donos de várias lojas de roupas, cosméticos e aparelhos eletrônicos.

—Inclusive Lucy... - Matthew concluiu, olhando para seus sapatos.

—O que houve para chegarem a esse ponto?

—Dinheiro, egoísmo, ganância - Norman falou, fechando os punhos.

—Basicamente isso... - Hannah concordou. Sua armadura de uma garota forte havia caído. A jovem estava com os olhos vermelhos, por causa das lágrimas - Nossos pais são todos donos de grandes lojas, como o detetive disse. Quase um ano atrás, eles fizeram uma espécie de aliança, e lhe deram o nome de "Foster" que é o sobrenome da família de Lucy, porque era até então a loja mais rica e de mais sucesso. Porém, com a chegada dos chineses, uns três meses atrás, a venda de todas lojas da aliança caiu drasticamente.

—Os chineses vendiam e vendem até hoje, seus produtos bem mais baratos que os nossos - Ally continuou - Então depois de dois meses da chegada deles, a aliança inteira faliu. A melhor alternativa, para que em nossas famílias não faltasse dinheiro, era vender a aliança para os chineses que estavam dispostos a comprá-la.

—Mas os pais de Lucy se recusaram a vender - Hannah falou - Eles temiam que os chineses dominassem o mundo, ou algo do tipo. E como as palavras deles tinham o poder maior, pelo fato de estarem no topo da aliança, nossos pais foram a loucura querendo a grande quantia de dinheiro que receberiam vendendo-a.

—Eles preferiam esse dinheiro do que nada - Norman continuou - Mas os pais de Lucy não se cansavam de dizer não. Isso fez com que nossos pais tomassem uma medida extrema e idiota. Eles solicitaram uma viagem escolar só entre nós em um período de nevasca para ninguém interferir. Tudo isso sem o conhecimento dos pais de Lucy.

—Não seria bem mais fácil, eles contratarem um assassino profissional para matá-la? - Matthew perguntou.

—Não, a intenção era apenas ameaçá-la de morte para fazer os pais de Lucy mudarem de ideia a força, eles não queriam realmente matá-la - Alice tentava se convencer do que acabara de dizer.

—A ganância já tomou a cabeça deles faz muito tempo - Henry falou, passando a mão na cabeça da menina e com um sorriso triste.

—Chegamos aqui e dois dias depois, eles ficaram sabendo da presença de vocês dois no hotel - Sophie continuou - Como os pais dela não reagiram a ameaça, recebemos a ordem para tirar a vida dela. Falamos para eles que faríamos com que o crime acontecesse apenas no final da nevasca, para sairmos intactos, como já havia dito. Eles concordaram, mas o Fred deixou sair a informação que Lucy já sabia do que faríamos e que conversava com os detetives. O que fez com que eles mandassem a gente adiar o crime e tentar fazer a cabeça de vocês nos interrogatórios.

—Desculpa... desculpa, desculpa... - Fred começou a repetir diversas vezes - Se eu não tivesse falado, seria a oportunidade perfeita para que fossem presos e Lucy estaria viva agora... Droga, droga, droga!

—Relaxa, amigo - Matthew o consolou, batendo em seu ombro - Mesmo se os pais de vocês estivessem presos, eles arranjariam um jeito de sair e se vingar de maneira pior.

—O sacrifício de Lucy foi necessário... - Ally concluiu, com uma certa dor ao falar.

Jack passou a mão no rosto. "Como existem pessoas como essas? Para sujar o nome de seus filhos e tirar a vida de uma garota na flor da idade... e tudo isso por dinheiro" é o que pensava no momento.

—E agora? Vão nos prender por termos sido usados? - questionou Sophie, com um olhar baixo.

—Seria uma opção - disse Jack, olhando de lado para Matthew.

—Mas não a mais correta - completou seu ajudante, mostrando a todos uma noticia no computador do detetive - Seus pais já estão sendo procurados pela policia, nós ligamos para a central. Eles terão que esperar a nevasca acabar para nós voltarmos e comprovarmos o crime.

—Saibam que, quando chegarmos em Rochester, iremos ao julgamento. Não posso garantir que todos vocês se sairão bem.

—Nós não sairemos nada bem - Norman falou se direcionando a Henry, que assentiu.

—Ninguém vai - disse Sophie, fechando os olhos com força.

—Tudo depende, vamos ver como o juiz lidará com um caso desse - o detetive falou - Eu irei tentar defendê-los. Coloco meu voto de confiança em vocês.

—Obrigado, senhor Jack - Ally e Henry agradecem verbalmente, mas todos ficaram agradecidos, no fundo.

—Onde deixaram o corpo dela? - perguntou Henry, um pouco receoso ao falar.

—Nós a envolvemos em um pano e a trancamos em um quarto sem hóspede do terceiro andar.

—Como se ela fosse fugir - Vincent falou.

—Vincent! - Sarah o repreendeu mas Jack riu do comentário do rapaz.

—Não sabíamos do que vocês eram capazes de fazer - Matthew falou.

—Exatamente - Jack disse - Eu aconselho que não vão visitá-la, no momento, e que a vejam apenas no funeral. Ela não está em um estado muito apresentável...

—Se vocês estivessem pego outro detetive, teriam passado ilesos - John afirmou, orgulhoso de seu amigo.

—Não diga isso, meu caro, ainda existem muitos bons detetives por ai.

Todos alunos viram que Jack era uma pessoa boa. Provavelmente, uma das melhores que já haviam conhecido dentro desse mundo de ganância e egoísmo que viviam. Ele era alguém que queria paz e justiça, alguém que se podia confiar.

{...}

Dois dias depois, a nevasca cessou e a policia chegou no hotel. Todos alunos são levados e Jack e Matthew os acompanham.

O caso vai ao tribunal e o juiz entende que os jovens foram usados pelos pais. Ele decide então, que eles apenas façam trabalhos voluntários em diversas cidades de Minnesota. Já os pais foram presos, culpados por homicídio doloso indireto, tentativa de homicídio dos pais de Lucy e formação de quadrilha.

A justiça foi feita, mas a perda da garota estará sempre na memória daqueles jovens.


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Notas finais do capítulo

​Heey, o que acharam?? Odiaram? Amaram? Ficou cãofuso? Comente, que eu posso tentar arrumar algumas partes!!

Queria fazer um agradecimento especial a Abbey, pelo apoio desde o primeiríssimo capitulo até agora nos últimos, pois nunca deixou de comentar! Obrigada, querida ♥

Bom, ainda tem o capitulo extra, então não vou me despedir agora! Devo postá-lo na semana que vem.

Obrigada por lerem! Bjs bjs ♥ ♥



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