Still Into You escrita por dobrevastar


Capítulo 22
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

SENTIRAM SAUDADES AMORES??
Capítulo fresquinho pra vocês ;)



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– Não podem sair agora – diz um soldado do treze quando saímos do prédio.

– Por quê?- pergunto.

– Ordens da presidente Coin, todos devem ficar em casa até amanhã.

– Mas precisamos voltar para a mansão de Snow.

– Todos dentro de casa!- repete o soldado e eu levo Effie para dentro.

– Mas que merda – digo, colocando a mala dela sobre uma cadeira enquanto espero uma bronca, mas Effie não diz nada, ela se senta no sofá e fica olhando para o nada.

Eu fico ali, olhando para ela, esperando que faça algo, era estranho vê-la parada, sem estar olhando sua prancheta ou algo parecido, ela mesma disse que ficava louca sem ter algo para fazer. E ali estava Effie, perdida em seu próprio mundo, seus olhos vazios e palavras vagas.

– Pode dormir no sofá, é bem confortável, mas não é muito grande. Acho melhor colocarmos no meu quarto e eu durmo aqui, não é?- diz Effie, quando a noite caiu, mas não parecia estar falando comigo, e sim de mim.

– Effie, aqui está ótimo – digo.

– Ah, você está aí. Tudo bem, então... eu vou buscar algumas cobertas.

– Não precisa, está quente.

– Ta – diz Effie, ela balança a cabeça devagar e um tremor atravessa seu corpo, ela abraça a si mesma com força e olha para o chão por alguns minutos.

– Você está bem?

Mas ela não responde, fica ali, agarrando as mangas de seu vestido, sua pele levamente arrepiada, as mãos tremendo. Ela fecha os olhos com força.

– Effie?- chamo, tocando seu ombro. Ela se afasta por instinto, contendo um grito, e então abre os olhos e olha para mim.

– Desculpe, é que... – ela parece não saber se deve falar ou não, olha ao redor, certificando-se de que não há mais ninguém ali – Eu acho melhor ir para o meu quarto. Boa noite, Haymitch.

– Espere... – mas a porta já se fechou.

Deito no sofá e fico olhando para o teto, esperando o tempo passar, pois não consigo dormir no escuro, e, por garantia, peguei uma faca da cozinha.

Quando já passa da meia-noite, ouço gritos vindos do quarto de Effie, abro a porta, ela está suando, os olhos fechados, algumas lágrimas escorrendo pelas bochechas enquanto ela aperta o cobertor com força.

– Por favor, Kriss! Não, eu juro que eu não sei, por favor! NÃO! – ela começa a se debater na cama, soluçando.

– Effie!- digo, aproximando-me da cama, ela está tendo pesadelos – Effie! Ei!

Tento segurar seu braço, mas isso só a faz piorar.

– Eu não sei! Eu não sei onde ele está! Por favor!- grita ela e penso agora que seus pesadelos a fazem reviver as torturar que sofreu.

As torturas que sofreu por minha causa.

– Effie, está tudo bem agora, você está em casa, está segura.

Ela para de gritar, mas os tremores ainda percorrem seu corpo, tento tocá-la novamente, segurando sua mão, isso a deixa um pouco mais calma, mas suas mãos estão bem geladas.

Eu sabia que meu próximo ato traria confusões na manhã seguinte, mas isso não importava agora. Com cuidado, deitei ao lado de Effie, não a ponto de ficar grudado a ela, mas apenas para ela saber que eu ainda estava ali, que ela estava segura.

Effie parou de tremer e se mexer aos poucos, voltando a dormir profundamente, seus dedos entrelaçados aos meus.

– Você vai ficar bem – digo, dando um beijo em sua testa e tirando a peruca. Levo um susto quando vejo os cabelos de Effie, o belo louro, comprido e saudável, era agora um punhado de mechas curtas cortadas de qualquer jeito, partes carecas onde havia cicatrizes recentes e até mesmo sangue seco.

Cerro os dentes, o que fizeram com Effie, afinal? Que respostas eles queriam arrancar dela com tamanha crueldade?

– Me desculpe – sussurro, cobrindo-a novamente e voltando para a sala.

No dia seguinte Effie passa por mim como se não tivesse visto que eu estava ali. Havia colocado novamente a peruca e uma roupa com mangas compridas.

– Tem café?- pergunto, seguindo-a para a cozinha. Effie me olha alarmada e depois balança a cabeça.

– Deve ter. Vou preparar, sente-se – disse ela apontando para uma das cadeiras da cozinha.

Ela parou em frente ao armário cheio de vidrarias da cozinha e o encarou por alguns minutos, eu estava prestes a perguntar o que ela estava fazendo quando Effie abriu as portas e começou a jogar todas as taças no chão.

Depois de quebrar todas as taças e tigelas que havia naquele armário, ela abriu outro, começou a quebrar tudo encontrava, e se não conseguia quebrar, a arremessava longe.

O chão da cozinha estava coberto de cacos de vidro e latas de comida, já não havia nada para quebrar ali, então ela partiu para a sala.

– Eu não aguento mais, todos esses anos... todos esses anos e olhe o que ele fez comigo! Eu não suporto mais isso – disse ela varrendo todos os vasos e porta-retratos no chão, seus ombros balançavam e ela chorava compulsivamente.

Quando ela termina de quebrar tudo que estava ao alcance, cai de joelhos no chão, escondendo o rosto nas mãos. Me aproximo cuidadosamente e me ajoelho ao lado dela.

– Effie, o que fizeram com você?- pergunto, depois de alguns minutos de silêncio, e vejo um tremor percorrer novamente o corpo de Effie.

– Eu... estou bem. Só... precisava fazer isso.

– Effie, eu vi as... cicatrizes.

– Estou bem agora, não se preocupe – diz ela, sem se virar para mim.

– Isso foi culpa minha.

Um longo silêncio se segue e minhas palavras pairam no ar.

– Sim, Haymitch, foi culpa sua – diz Effie.

– Eu não pensei que você... que eles fossem... – fecho a mão em punho.

– Eu já disse que estou bem agora. Não precisa se preocupar.

Ela seca as lágrimas com as costas da mão.

– Então, quer uma xícara de café?

– Eu acho que você quebrou a cafeteira – digo.

– Oh, eu tive que fazer isso, tinha que me livrar tudo que fazia eu me lembrar dele.

– Dele?

– Kriss. Meu ex-marido. Ele... estava lá.

Ela olha automaticamente para a marca de anel em seu dedo e eu trinco o maxilar.

– Foi ele? Ele fez isso com você?

Ela desvia do meu olhar e puxa a mão perto do corpo.

– Eu estou bem agora, Haymitch – ela repete o que agora devia ser seu mantra.

– Não, não está, Effie, olhe para você. Está tão diferente.

– Bom, não conheço ninguém que tenha sido torturado que está sorridente e totalmente igual. Olhe o Peeta, era um rapaz tão doce, e pelo que sei quase matou a Katniss. Eu pelo menos não pulei no seu pescoço, estava ocupada tendo um infarto – disse Effie.

Effie se levanta e vai para o quarto, volta alguns minutos depois com uma mala e fica olhando fixamente para mim.

– Me desculpe – digo.

– Só... esqueça o que quer que você tenha visto. Vai ficar tudo bem, quem sabe um pouco de maquiagem, ou algumas cirurgias...

Mas o olhar que trocamos dizia que tanto eu quanto ela sabíamos que aquelas cicatrizes jamais iriam desaparecer.

– Me desculpe – repito.

– Podemos ir? Acho que agora já irão nos deixar voltar para a mansão – diz Effie passando reto por mim.


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Notas finais do capítulo

Amores da minha vida, peço mil desculpas por ter demorado pra postar, mas sabe como é, semana de provas, entrega de trabalhos, etc, é claro que essa fic já está pronta há meses, mas eu gosto de fazer vocês esperarem pelos capítulos porque, repetindo pela quinquagésima vez, sou má (MUAHAHAHAHAHA)
Beijos, boa semana



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