Faking escrita por Linnet


Capítulo 2
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Continuação de quando a Carol jogou café na blusa da Isís kkkk
Eu troquei esse capítulo de lugar, não fiquem confusos, desculpa! :3



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– Desculpa! - defendi-me. - Eu não te vi aí, eu juro! Eu não teria feito isso se tivesse te visto!

– É óbvio que você não me viu e esse é o problema! Você não é enxergada, você não é nada! Mas eu sou, e você tem que me ver, sua filha da puta nojenta!

– Você me chamou de quê? - Eu me senti ofendida mais do que o normal, quase nunca um deles fala diretamente comigo e sempre que falam sai alguma coisa desse tipo, mas nunca cruel assim.

– Eu te chamei de filha da puta, sua imbecil! Você é tão inteligente na sala, puxa saco de professor, mas aqui você não é nada, você não tem ninguém pra te defender!

– Por favor, Ísis, me deixa em paz e finge que não me vê como sempre - revirei os olhos e, quando já tinha pegado minha bolsa para ir embora e me virado, ela agarrou meu pulso.

– Eu vou acabar com você, otária! Vou transformar sua vida num inferno!

– Deixa de ser imbecil, Ísis! - gritei também. E, em um momento de adrenalina tudo o que estava preso em mim estava finalmente livre. - Todo mundo sabe que você parcela suas roupas em seis vezes e que você deixa de comer pra comprar roupas de grife! Mas isso nem tem muito problema pra você, já que você é anoréxica, não é? - Ela me olhava jogar tudo na cara dela incrédula. - Você não sabe, mas todo mundo fica falando quando você recusa comida e seu namorado de traí toda semana com a secretaria do pai dele, mas nunca te contou! A escola inteira sabe, mas ninguém te conta nada por que todo mundo tem pena de você! Eles dizem que tem medo que você se corte, que você se mate, mas na verdade eles só não ligam o suficiente pra te dizer a verdade.

Eu podia ver as lágrimas se formando nos olhos dela, seu pulso ia soltando da minha mão aos poucos, ela tremia. Mas eu não ia parar.

– E sabe o que seu namorado diz quando perguntam pra ele o porquê? Ele diz que é por que ele não tem nada pra segurar de tão magrela que está por não comer pra tentar manter essa fama de usar roupas de grife! Suas amigas nunca te contariam, mas TODAS elas já pegaram ele de todos os jeitos em todos os lugares! E você até hoje não sabe disso! - Ela estava chorando muito e eu queria rir. Depois de tudo, depois de todos os insultos e tapas, eu estava falando tudo o que eu queria falar. - Mas sabe o que é o mais legal? Você não pode transformar minha vida num inferno, POR QUE ELA JÁ É!

E eu segurei minha bolsa com força e saí da sala sem olhar pra trás. A porta bateu quando eu fechei. Eu nunca me senti tão feliz, mas também nunca me senti tão horrível por dentro. Eu queria desabar na minha cama, me jogar no chuveiro, eu tinha escrito minha própria sentença de morte. Pior que não ser notada era finalmente ser notada pelos populares por ter xingado um de cima à baixo.

Meus olhos se encheram d'água e eu não enxergava mais nada. Eu tentava limpá-los, mas as lágrimas saiam como se não acabassem e quando eu percebi tinha batido contra outra pessoa.

– Ei, cuidado por onde anda - disse uma voz que eu já conhecia.

Aquilo já era demais! Trombar em dois populares em um dia?! A vida tinha como ficar pior? Limpei meu rosto em segundos e empurrei as lágrimas de volta para onde elas vieram, eu não iria chorar na frente de Daniel Chevark.

– Desculpa - sussurrei.

Eu devia ter dado as costas e ido embora, mas eu fui idiota em achar que eu poderia ficar apenas 5 segundos sozinha com Daniel Chevark num corredor vazio. Bem, eu achei que estava.

– Tá chorando? - ele perguntou, e seus olhos de estreitaram fixados nos meus. Eu tentei desviar, mas eles me seguiam.

– Não, uma aranha pulou em mim e eu comecei a chorar - menti. E menti muito bem, pois pela cara dele parecia ter acreditado. Não acredito que eu tiro nota máxima em todos os exames de todas as matérias e não consigo inventar uma desculpa descente.

Ele riu baixo.

– Tem medo de aranhas?

– Tenho - menti de novo, e com essa são mais dois pontos, pois ainda consegui rir para ele e fazer charminho.

Eu estava pedindo pra ir embora do fundo do meu coração. Quando ele iria dizer "então tchau, eu te vejo arrebentando em outro teste de química qualquer dia"? Me deixa ir, me deixa ir, repetia pra mim mesma.

Não dizíamos nada um para o outro, ele só ficava me olhando e eu tentando desviar o olhar. Ele esticou a mão pra me tocar e eu reagi achando que ele fosse me bater. Ele riu.

– Fala sério, tem tanto medo de mim assim? Não sei nem quem você é, não vou fazer nada.

Aquilo bateu em mim como um caminhão em alta velocidade. Em uma hora que eu já estava péssima ele diz isso. Era ridículo. Ele estudava comigo há um ano e meio e joga isso na minha cara como se eu não fosse nada. Eu senti as lágrimas saindo e a raiva subindo, mas ainda estava me segurando, sabe sei lá que coisas horríveis eu poderia dizer a ele naquele momento.

E então ele fez a coisa mais inesperada pra mim: colocou a mão entre os fios milimetricamente penteados do meu cabelo e o jogou para o lado, como se eu fosse uma modelo. Eu nunca tinha feito aquilo, achava bonito em outras pessoas, mas nunca arrisquei no meu. O bom e velho corte no meio com o cabelo ora solto, ora preso, parecia o melhor pra mim.

– Assim está melhor - ele falou.

– Tá bom - eu disse, tentando fugir dele. - Eu tenho que ir.

E sem dizer mais nada eu revirei os olhos e saí da frente dele, continuando a andar pelo corredor.

– Espero que tenha gostado do encontro! - gritou Daniel rindo lá atrás.

E eu, que já estava me acabando pra não chorar, dei uma risada. Eu ri por que era tão ridículo, quando eu menos esperava o sonho de toda caloura acontece: trombar com um dos caras mais gatos da escola e ele finalmente falar com ela. Eu passei um ano inteiro tentando fazer qualquer garoto me notar e o único que eu consegui foi Allan Werneck, um nerd qualquer. E agora, como num passe de mágica meus sonhos viraram realidade.

Eu estava andando pelo corredor quando percebi que alguém estava me observando andar. Uma garota chinesa, coreana, não sei, uma dos olhinhos puxados, estava me olhando com uma cara pasma. Ela parecia totalmente surpresa e a cada passo que eu dava sua boca parecia cair mais. Eu a encarei e ela fez um sinal de "joinha" pra mim, ainda com aquela cara de totalmente descrente. Eu a lancei o melhor olhar de "que merda que você tá fazendo?".

E quando ela sumiu e eu saí da escola, eu me sentia pior que nunca. Ísis Okland estava chorando por minha culpa, eu era uma pessoa horrível. Eu só fiz com ela o que eu odiava que fizessem comigo e eu achei que aquilo ia me fazer sentir melhor, mas não. Aquilo só me tornou uma hipócrita medíocre.

Fui para casa e tentei me asfixiar no meio dos meus travesseiros sem que meus pais percebessem. Ao perceber que não daria certo, eu só virei pro lado e chorei até desidratar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, comentem *00*



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