Eu nunca achei que uma fofoca pudesse ir tão longe como a minha foi, mas é verdade. Minha mãe sempre me disse que a mentira tem pernas curtas, mas pra uma menina que nunca teve porquê mentir (a não ser sobre meus namorados falsos para minhas tias), eu não sabia o que podia me esperar.

Eu começo esse... Bem, acho que isso é um tipo de relato... Começo esse relato dizendo que eu não me arrependo do que fiz (da maioria do que eu fiz, pelo menos) e que eu estou aqui simplesmente pra contar a verdade e não para me desculpar. Afinal, certamente ninguém me desculparia por fingir e mentir para todo mundo que eu conheço, até para meus pais.

Eu poderia começar isso falando dos meus vários defeitos, mas a verdade é que vocês só precisam saber do básico. O que eu fiz foi relacionado com o que as pessoas fizeram de mim e eu nunca achei que o mundo poderia me fazer fingir ser quem eu não sou, mas eu fingi e fingi bem. O que estou dizendo é que eu nunca tinha beijado ninguém, eu nunca sequer tinha dado um selinho ou algo do tipo, eu era invisível. Ao menos eu era, mas isso mudou drasticamente.

Quando eu entrei no ensino médio, eu entrei achando que eu iria viver grandes aventuras e que iria me apaixonar por alguém que se apaixonasse por mim também, mas não foi bem isso que aconteceu. Ao contrário, eu continuei invisível. Vocês não precisam saber meus inúmeros apelidos, mas podem saber que meu nome é Caroline Campbell e eu não gosto (e nem preciso) que me chamem por outro.

Essa era a Caroline de antes, invisível e desleixada, mas Caroline passou de virgem nojenta e nerd pra vadia namorada do cara mais gostoso da escola em questão de dias, ou minutos se preferir, talvez segundos, eu ainda não descobri quão rápido pode se alastrar uma fofoca pelos corredores da Ethan West High School, ou Ethan West para os preguiçosos.

Sei que é bobo, mas é que quando você passa a vida toda sendo uma estúpida, você passa todo o primeiro ano tentando de todos os jeitos ser popular. Só que, no primeiro ano, eu não sabia que o melhor jeito de ser falada é se envolvendo no que as pessoas falam.

No começo do segundo ano do ensino médio, eu prometi pra mim mesma que não deixaria as ofensas e o sonho de ser "popular" me desviarem do meu sonho maior de ser jornalista. E, até maio, eu estava levando aquilo muito a sério. E foi aí que aconteceu.

Eu estava depois da aula na biblioteca. Sei que pode parecer estranho, mas meus pais não gostam de usar Internet nem televisão, pois dizem que nos deixa burros, e por isso eu tenho que usar a biblioteca da escola para fazer todos os meus trabalhos. Eu já estava saindo, não tinha quase ninguém mais na escola naquela hora e eu até estava gostando da paz, mas estava morrendo de sono por ficar estudando a noite toda pra uma prova oral naquele dia mais cedo (ocasião em que eu fui novamente zoada). Eu não sei como eu não a vi, mas ela estava lá e eu empurrei ela com força quando levantei da cadeira. E quando olhei para o lado aquela cara pouco maquiada estava bem ali me olhando com os olhos vermelhos de pura raiva e ódio, era Ísis, uma garota popular da minha sala, e ela estava toda molhada de café.

– Olha o que você fez! - ela gritou a plenos pulmões. - Essa blusa custa mais que a sua vida!

E ali começava minha "nova vida".