Por isso me apaixonei por você escrita por Bels


Capítulo 2
Refém do azar


Notas iniciais do capítulo

Olá babys, boa leitura!
Espero que gostem da Samantha.
Esse capítulo é o mais longo e é o que define muitas coisas na história. Eu sou detalhista e do tipo exagerada por isso está tão grande rs.
Mas não deixem de ler até o final.
Beijão.



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Era sexta-feira de manhã quando tudo começou a dar errado. Yeah, it's my life! Havia acordado extremamente atrasada e estressada com o despertador, ele já havia tocado pelo menos umas cinco vezes e meu inconsciente estúpido o ignorou todas as vezes me dizendo para voltar a dormir. Se tem uma coisa que eu faço sem culpa, esse negócio chama-se dormir mais do que deveria. Tanto que acordei num enorme sacrifício, após ter um insight de que não posso mais faltar aula (sim, é isso mesmo, eu cheguei no limite de faltas).

Nem fiz o esforço de me olhar no espelho, quis evitar grandes decepções logo cedo. Ok, nem era tão cedo assim, mas pra quê ficar dando ênfase nisso né? Vamos ignorar. Meu impulso foi ir direto para o chuveiro, durante o banho fui me lembrando dos compromissos que o dia de hoje me reservava. Faculdade. Trabalho. Academia. Balada. Amigos. Ih...O dia iria ser cheio e esperava que bom.

Após o banho, me vesti pela primeira vez no ano com a primeira roupa que vi. Sim, logo eu, que adoro estar "bem arrumada". Vesti um jeans surrado qualquer e uma blusa rosa de alça que estava jogada na poltrona - devo ter usado ela aleatoriamente. Joguei um moletom na bolsa, minhas apostilas e meu caderno. Fui até a cozinha e coloquei água numa chaleira para ferver, enquanto fervia fui procurar meu all star que deveria estar em algum lugar da casa. Procurei em todos os cômodos e não encontrava, puta merda, eu só tinha dez minutos para ficar pronta e sair de casa e o all star tinha misteriosamente sumido.

E é claro que o mundo precisava conspirar contra mim nessa manhã. Já estava quase surtando por não encontrá-lo. Mas ouvi a minha voz da razão, que no momento me mandava procurar me acalmar, já que não funciono sob efeito de estresse. Respirei fundo e me veio à memória de que havia jogado embaixo da cama um dia desses. Fui correndo até meu quarto e lá estava ele, embaixo da cama, o peguei juntamente com um par de meias e os calcei. Fiz meu café, o tomei e preparei dois lanches, peguei minhas coisas e sai correndo de casa.

Divido apartamento com minha amiga Camila, como hoje ela não tinha aul, ela aproveitou para ir pra casa dos pais dela, na cidade vizinha, pois eles iriam comemorar Bodas de Prata amanhã e ela quem estava organizando tudo. Eles fariam uma grande festa no sábado, da qual fui convidada e estou pensando seriamente em não ir, por motivos de: preguiça. Sim, esse com toda certeza é o meu maior defeito, seguido de: dormir demais.

Estava pegando um trânsito horrível logo na porta de casa pelo motivo de morar no centro da cidade, e aproveitei a lentidão do trânsito para comer o sanduíche que havia preparado. Assim que terminei de comer acabei perdendo minha paciência com o caos e decidi cortar caminho pela quinta vez consecutiva na semana. Tinha que costurar a cidade por meio das intermináveis ruas estreitas.

Cheguei à faculdade atrasada dois minutos e pra piorar - e eu achando que tudo que passei pela manhã já era o suficiente - o dia não estava bonito, estava nublado. Eu detesto dias nublados com toda minha força, sempre me deixa pregando como se eu não tivesse tomado banho por causa da umidade. Sem falar que meu cabelo fica péssimo cheio de frizz, por isso nem me dei o trabalho de arrumá-lo, apenas o prendi num coque desarrumado. Maquiagem? Nem sei o que é isso no dia de hoje.

Assim que cheguei no bloco em que estudo passei no banheiro para escovar os dentes - não rola ficar com gosto de café na boca e nem com o risco de ter alface preso no dente - e depois fui correndo pra sala. E é claro que a aula já havia começado e a querida aqui iria fazer a pachorra de interromper. 
— Com licença. Bom dia. - Disse baixinho à professora que apenas assentiu e continuou a explicação. Como de costume me sentei nas últimas carteiras, cumprimentei algumas pessoas apenas com um balançar de cabeça e pra fingir que estava interessada na aula, retirei o caderno e as apostilas da bolsa colocando-as sob a carteira. Não ia faltar com respeito né? Ela não precisa saber que hoje não tô afim de aula.

Havia sido convidada por um colega de sala para ir em uma festa hoje à noite, da turma dos calouros de medicina, a única coisa que me anima é que a atração da festa será um show de uma dupla sertaneja super legal. E daí que eu gosto de sertanejo? Sou eclética. Mas independente de gostar, ainda tenho que pensar se vou, acredito que eu tenha coisas melhores para fazer, como: dormir, comer e ver séries. Depois dessa minha confissão está claramente identificado o tipo de pessoa que sou. Jogada, antissocial e preguiçosa, isso mesmo, nem ligo.

Após o término da primeira aula, de Filosofia, da qual fui lançada a fazer muitas reflexões - fiquei até pesada com o tanto de questionamento que frutificaram naquela aula - fomos liberados para o intervalo.
— Oi Sammy, bom dia linda. - Ítalo me abraçou e beijou o topo da minha cabeça.
— Oi amigo! - O abracei de volta. - Como você está? - Perguntei enquanto juntava minhas coisas e colocava dentro da bolsa. -
— Ah... - Arrumou a alça de sua mochila e baixou a cabeça.- Dormi mal essa noite. Mas estou bem. E você?
— Somos dois, tô moída! Malhar acabou comigo ontem, e o dia hoje não começou legal.

Antes de sair da sala cumprimentei as meninas com um leve acendo de cabeça e sorrisinho falso - fazendo de educada que nem papai ensinou -, depois fomos até o outro bloco para pegarmos alguns livros na biblioteca.

Ítalo é um amor de pessoa, o conheci no meu primeiro dia de aula, depois disso não consigo mais desgrudar, pois adoro a companhia dele. Enquanto passávamos entre as mesas da biblioteca fui tentando procurar algum rosto amigo, e agradecendo mentalmente por não encontrar nenhum conhecido, já que eu não estava nos meus melhores dias e não queria ser vista por ninguém.

Num momento de distração acabei passando por uma mesa e derrubei um livro enorme. Levei um susto com o baque do livro ao cair no chão e entrei em pânico ao ver todos da biblioteca me olhando. Me abaixei rapidamente e me esforcei para pegar o livro.
— Ops, me perdoe! - Dizia enquanto me levantava completamente sem graça.
— Tudo bem. - Estiquei meus braços para devolver o livro e olhei para a pessoa que sorria a minha frente. Bonito. Olhei rapidamente para o livro e era sobre anatomia. Ergh.
— Me desculpe. - Sorri sem graça e o olhei rapidamente para admirar seu sorriso.

Sai de fininho e pude sentir ele me olhando, só de pensar que aqueles olhos estavam me seguindo minha perna bambeava, detesto quando ficam me olhando. Devo ter algum tipo de fobia social, não suporto ser avaliada e observada. Apressei Ítalo e fomos fazer registro dos livros que iríamos pegar para sair logo dali.

Após a aula fui para casa almoçar e me vestir mais adequadamente para o trabalho. Sou secretária numa grande empresa da cidade, irei permanecer lá até poder estagiar, só precisava esperar que o quarto semestre chegasse logo para que isso ocorresse. O meu chefe é um amor de pessoa (comigo), consegui cativá-lo rapidamente quando o conheci através do meu pai. Ele é um velho amigo do papai e já me adora muito - minha única sorte desde que me mudei -. Cheguei como de costume quinze minutos adiantada no trabalho. Precisava demonstrar pontualidade pelo menos no trabalho né minha gente?!

Enquanto a tarde passava numa torturante lentidão fiquei pensando se iria ou não na bodas de prata no dia seguinte e se não fosse, o que eu faria mais tarde. Tirei o convite da bolsa e fiquei olhando por um longo tempo, até minha atenção instintamente ser voltada para o celular que vibrava em cima da mesa. O peguei e o atendi rapidamente.
— Alô?
— Oi filha, como você está? - Era a Mami, toda entusiasmada. Não puxei o entusiasmo dela com a vida, não mesmo.
— Oi Mami, estou bem e você?
— Bem também. Você vem pra cá quando? Hoje ou amanhã?
— Não sei ainda se vou...
— Como é? Não sabe? Posso saber por quê? - Questionou ela.
— Preguiça. - Disse naturalmente. E foi aí que ela começou o chilique.
— Samantha, o que deu em você menina? Se esqueceu de que eles são seus padrinhos? Você vai vir sim! Vem após o trabalho ou amanhã de manhã! Isso é uma ordem!
— Ah mãe... Não tô muito afim de ir não. - Disse manhosa.
— Não perguntei se estava afim ou não. Pode vir pra cá. Quanta ingratidão, Samantha! Poxa filha, não esperava isso de você.
— Mãe, sem esporro, por favor. -Me irritei. - Estou no meu ganha pão.
— Às sete eu te ligo pra você me confirmar que horas você vem.
— Ok. -Assenti e revirei os olhos.-
— Beijos, bom trabalho, te amo.
— Também te amo.
— Sem papo furado pra cima de mim ein.

O telefone da empresa tocou e tive que desligar com a mamãe. Atendi e era a filhinha do Sr. Filinto. Ele não estava então ela deixou recado, pedindo para avisá-lo que era pra buscá-la mais cedo no colégio.

As minhas amigas da minha cidade natal estavam em êxtase ao saber que eu passaria o final de semana lá. Portanto, estava decidido, logo após o expediente eu partiria para Cuiabá. Quando o Sr. Filinto chegou aproveitei para repassar o recado da filha dele, as ligações perdidas dos clientes e alguns relatórios que ele havia pedido essa semana.
— Bom, você pode fechar mais cedo hoje, vou ter que sair. - Disse ele.
— Nossa, eu já ia pedir permissão pra isso. -Falei animada.- Vou pra Cuiabá ainda hoje.
— Que coincidência. -Sorriu. - Também estou indo. Quer carona? Não gostaria que fosse sozinha.
— Não, tudo bem, vou sozinha. -Ah qual é, jamais admitiria pro meu chefe que tenho medo de pegar estrada sozinha, muito menos demonstraria fraqueza. Prefiro manter minha pose de garota forte que se vira sozinha. É, sou uma idiota mesmo.
— Posso pedir para meu filho acompanhá-la.
— Não, tudo bem. -Dei de ombros e me toquei que ele havia citado a palavra FILHO. Opa, ai o bagulho já fica diferente. Não, ok, parei ainda tenho que ir sozinha.— O senhor tem filho?
Perguntei num misto de surpresa e curiosidade.
— Sim, vocês não foram apresentados ainda por ele ter se transferido agora pra cá. Ele estava fazendo faculdade no Rio de Janeiro.
— Porque ele voltou? - Indaguei confusa.
— Uma longa história Sam... - Respondeu ele sem graça.
— Ah. -Pigarreei. Que intrometida eu sou!— Me desculpa por ter perguntado.
— Logo logo irei te apresentar à ele, tenho certeza que ele vai adorar te conhecer. - Desviou o assunto me deixando mais confortável.
— Ah, tudo bem. -Sorri ainda sem graça por ser intrometida. -
Ele se despediu e saiu. Aproveitei e repassei a orientação que fecharíamos mais cedo para o restante dos funcionários. Atendi alguns telefonemas, salvei os relatórios que havia feito, desliguei o sistema, fechei a sala do Sr. Filinto e fui às pressas para casa.

Ao chegar em casa tive uma crise ao me lembrar que não tinha um vestido para usar na festa, precisava muito chegar em Cuiabá a tempo para ir ao shopping procurar. O relógio marcava cinco horas, ótimo, eu tinha apenas alguns minutos para arrumar minhas coisas na mala e partir - sou péssima pra isso, sempre saio com a sensação que estou esquecendo algo - .

Peguei uma mala pequena de rodinhas e fui colocando tudo que eu achava que precisaria. Quase me esqueci de pegar sapatos. Arrumei a necessaire com meus produtos e desci para colocar tudo no carro. Dei uma ajeitada rápida na casa, lavei a louça e peguei algumas coisas para comer no caminho. Tranquei tudo e deixei avisado para o porteiro que passaria o fim de semana fora.

Peguei estrada e pretendia chegar em duas horas e meia, à 100 km/h. Fui escutando música e falando sozinha. Minha ansiedade estava me matando, às vezes é um sofrimento, tive que buscar me concentrar totalmente na estrada. Estava quase chegando, passando pela BR para entrar em Cuiabá quando...
— NÃO ACREDITO QUE O PNEU FUROU! - Gritei e dei seta para estacionar no acostamento extremamente revoltada.

Meu psicológico falhou. Gente, que dia lixo! Desci do carro e comecei a fazer o maior escândalo. Chutar o ar, espernear, gritar e fechar a mão com força. Mas depois a voz da razão me mandou parar e procurei me acalmar. Sinalizei o local com aquela merdinha de triângulo, coloquei o carro em alerta e então me dei conta que não sabia direito como trocar pneu (fodeu) e nisso decidi pegar meu celular para buscar ajuda.

Fiquei rezando a espera de uma boa alma para me ajudar. Mas absolutamente nada acontecia. Fui tentar encontrar rede para ligar para alguém, mas quando eu conseguia e ia discar o número a rede acabava. Me senti frustrada. E pra tornar tudo ainda pior, algumas vezes os carros passavam e diminuíam a velocidade, me iludindo, me fazendo pensar que iriam parar para me ajudar, mais na verdade era só pra ver o que acontecia, bando de panacas, curiosos sem coração.

Me sentei no capô do carro, derrotada, fechei os olhos, inspirei e respirei mais de mil vezes buscando me acalmar e emitir energia positiva para que alguém me ajudasse. De repente uma luz forte bateu no meu rosto me cegando por alguns segundos, instintivamente tampei meus olhos com as mãos protegendo-os e tentei olhar o que era. Um carro havia finalmente parado. Oh Deus. Milagres acontecem.
— Oi? Precisa de ajuda? - Uma voz suave e grossa ecoou em meio aos barulhos de carro passando pela rodovia.
Não, não, resolvi parar aqui no acostamento e correr risco de vida. É que sou vida louca, vivo perigosamente, que pergunta mais idiota! Claro que preciso de ajuda. Ok. Para. Para Samantha, sua ingrata. Apenas responda.
— Sim. Graças a Deus alguém resolveu me ajudar. Meu pneu furou.
Espera aí... E se ele for um psicopata? E se ele tiver más intenções? E se ele for me roubar? Puta merda! Sai correndo feito doida e entrei no carro para me trancar. Pude perceber que ele não mexeu um músculo se quer por dois longos minutos.
— O que foi? - Perguntou a voz masculina do lado de fora da minha janela.
Preferi não responder.
— Você quer a minha ajuda ou não? -Parecia impaciente.- Achei que precisasse de ajuda. E estou aqui pra te ajudar.

Tenho spray de pimenta em algum lugar..Mas onde...Lembra Sam...Lembra...Olhei em baixo do banco, no porta luvas e acabei me lembrando. Atrás do banco de passageiros! Peguei e pedi para que o cara se afastasse. Sim, tive a capacidade de dizer "Você pode se afastar por favor!?". Guardei as chaves do carro e fiquei o olhando com os olhos semi cerrados. Não que eu enxergasse ele, porque até agora não tinha conseguido ver o rosto dele direito. Só sabia que era um homem alto.

Cheguei em Cuiabá às 20h. O rapaz trocou o pneu enquanto eu ficava de longe olhando. Ele foi super eficaz e respeitoso, reconheci a voz dele de algum lugar... Parecia familiar.

Fui direto ao shopping onde Cami e Bia me esperavam. Eu estava toda largada, mas não estava importando muito pra isso. Quer dizer, meu dia tinha sido lixo, dane-se tudo.

Encontrei-as numa loja separando vestidos. Experimentei alguns modelos que elas haviam separado e vi defeitos em todos. Fomos em mais duas lojas e já estávamos ficando sem paciência. O vendedor nos mostrou vários vestidos e não fiquei completamente satisfeita com nenhum. Até que eles me mostraram um que uma cliente estava experimentando mas não serviu. Me apaixonei! Foi aquele mesmo, acabei conseguindo 35% de desconto e até que saiu em conta o vestido e nem precisou de ajustes. Ótimo.

Ao chegar em casa e estacionar o carro na garagem, vi Bibi correndo em minha direção. Minha afilhada. Não sabia que ela estaria aqui, ela com certeza tornou meu dia mais feliz. Desci do carro e a peguei no colo, ela abriu um sorriso lindo.

Entrei com ela no colo pra dentro de casa. E lá estava meus pais e minhas avós sentados no sofá da sala.
— Oiii gente!
Abracei meus pais e cumprimentei o resto da família com um forte abraço.
— Cadê o Guga? - Perguntei.
— Jogando bola. -Respondeu papai.
— Vou lá malhar e na volta trago ele.
Meu irmão mais novo Guga tem 15 anos e sim é uma peste. Mas como sou apaixonada por crianças, acabo mimando ele  - eu sei, ele não é mais uma criança -. Peguei minhas coisas no carro, mostrei o vestido pra minha mãe e subi para me trocar.
— E aí Bibizinha, como você está meu bebê? - Perguntei enquanto me trocava.
— Bem. - Ela sorriu. - Porque você não veio mais me buscar?
Eu busquei Bibizibha duas vezes já, para ela passar o final de semana comigo lá em casa, foi bem divertido. 
— Ah me desculpa! - A abracei. - A Samy está com muitos trabalhos para fazer e acaba não dando de vir pra cá. Vou vir te buscar mais vezes, tá bom?
— Tá! - Assentiu animada. - Amanhã eu tenho um 'niversário'. Da minha amiguinha que é da minha sala. Ela é meio gordinha. -Deu uma risadinha- Às vezes acho que ela não gosta de mim, porque sou magrela. Isso não pode ser de verdade né? Porque eu gosto muito dela.

Enquanto eu trocava de roupa ela me contou sobre o colégio novo, as amiguinhas, os professores, ela é bem falante e mexeu em tudo no meu quarto. Levei ela comigo pra academia e ela ficou esperando sentada num banquinho do lado de fora jogando no Ipad. Troquei uma ideia rápida com o personal lindo e gostoso enquanto malhava, e quando ia encher minha garrafinha no bebedouro aproveitava pra falar com a minha pequena.

Meu treino de hoje durava apenas uma hora, por isso quando terminei fui até a quadra onde meu irmão estava jogando e me sentei na arquibancada. Pude avistar dois amigos meus jogando também, mas eles nem me viram.

Quando o jogo acabou o Guga olhou pra arquibancada e ficou confuso. Foi engraçado. Ele veio andando até mim com o cenho franzido, não acreditando no que via e então pulou a cerca da quadra.
— Sammy? - Perguntou incrédulo.
— Euzinha! - Sorri e o puxei para um abraço, mesmo ele estando fedido e transpirando feito um porco.
— Oiii! - Me abraçou. - Mamãe nem disse que você viria.
— Surpresaaa!
— Surpresaaa! -Gabi disse também.
Guga foi abraçar Gabi e ela saiu correndo correndo dele.

Os meninos finalmente me avistaram e vieram pra me abraçar. Até me esqueci que eles estavam ensopados de suor e não estava nem um pouco cheirosos, não me contive, a saudade falou mais alto.
— Que saudadeee! Deus me livre esse odor de macho pós jogo. - O Vitor e o Gabriel me abraçaram forte e beijaram meu rosto um de cada lado rindo do que eu havia falado.
— Cara, senti muito sua falta. -Disse Vitor.
— Também senti Vitinho!

Fomos conversando até a saída e os chamei para ir lá em casa. Mas não colou, pois eles tinham uma festa pra ir, que Biel estava organizando. Tentei resistir, mas eles gastaram um bom tempo tentando me persuadir a ir. E sim eles conseguiram, sempre conseguem. Me despedi dos meninos e na volta pra casa passei na pracinha perto de casa pra comer espetinho enquanto Gabi ia pular no pula-pula.
— E aí maninho, como tá o colégio? - Perguntei enquanto tomava um gole do suco.
— De boa, minhas notas melhoraram. - Comentou ele.
— Ah que ótimo! Já sabe que curso vai fazer?
— Ainda não me decidi, queria fazer Direito para tentar CFO.
— Ih cuidado ein, são dois cursos super concorridos.
— Tô tentando me decidir logo, pra focar nos estudos.
— O que te fez mudar de ideia? Antes você não tinha muito interesse em resolver isso.
— Sei lá... A vida.
— Hum... tem menina no meio não é?
— Nem tem. - Deu de ombros. - Na verdade... - Riu. - Tem sim, tem muitas. Muitas meninas. Mas, pode relaxar, que essas aí nem valem a pena, são só pra ficar mesmo.
— Oi? - Disse perplexa. - Só pra saber, quantas meninas você já beijou Gustavo? - Perguntei sem realmente ter certeza se estava pronta para a  resposta. Era estranho ver que o neném tinha crescido e já beijava várias meninas por aí.
— Tem certeza que quer ouvir a resposta? - Ele deu um daqueles sorriso de lado com jeito safado.
— Nossa maninho. - Disse surpresa.
— Ah é até engraçado, eu não preciso fazer nada. São elas que chegam em mim. Eu fico na minha curtindo a resenha.
— Você não bebe nessas resenhas né? - Perguntei. - Me diz que não!
— Bebi uma vez, pra experimentar. Mas fica tranquila que eu não quis mais.
— Por quê?
— Você disse uma vez, que pra tudo tem seu momento. Tô tentando respeitar isso.
— Own, te amo. - O abracei e ele ficou tentando se soltar. - Olha Guga, vou te falar uma coisa. Não é legal usar as pessoas. Eu entendo que você esteja na fase de querer experimentar coisas novas, e pra você é novo ter que lidar com o interesse de tantas meninas por você. Mas não fica pilhado demais com isso, é pra ser leve, não precisa entrar nessas competições idiotas que homens fazem de quem fica com mais meninas etc. Você ainda é novo, sai o quanto quiser, vai nas resenhas, faz muitos amigos, curte as festas. Trate bem todas as meninas que se interessarem por você e só se envolva com aquela que você realmente tiver vontade. Não seja um cuzão! -Sempre exagero nos sermões. Mas não queria que ele fosse o típico hétero top que usa e ilude as garotas só por ego e status.
— Ah, não sei se eu penso assim. - Disse ele pensativo.
— Me explica. - Questionei intrigada.
— Ah... Todo mundo só quer beijar e zoar, Samantha. É normal. Não é? - Respondeu Guga.
— É normal sim. Quando você não brinca com o sentimento de uma outra pessoa ou quando você não ilude, é ok. O contrário disso não é normal. Você como homem precisa entender que não é porque todos os caras são um babaca que você também precisa manter essa estrutura de babaquice. Sacou? Você precisa respeitar as mulheres, sempre! Entendeu?
— E eu respeito! Só que às vezes é foda ficar me importando com tudo e todas o tempo inteiro. Sou muito foda-se.
— Você pode ser foda-se e ainda assim se importar com as pessoas, Gustavo. Pense nisso.
— Realmente, vou pensar. - Suspirou. - Sinto sua falta aqui. - Admitiu ele. 
— Também sinto! - Peguei sua mão e a beijei. -
— Madinha - Gritou Gabi do pula-pula toda alegre. A olhei e acene. - Olha o que eu sei fazer! - Ela deu duas cambalhotas e ficou rindo. Porque tão meiga???? Linda demais.

Terminamos de jantar e levei a Gabi pra casa dela, prometi que iria buscá-la amanhã pra tomarmos banho de piscina. Ela ficou toda feliz, me despedi dela com um abraço e a beijei no rosto.

Ao chegar em casa tomei um banho e fui me vestir para a festa. Após ficar pronta, passei na casa do pessoal para buscá-los e fomos pra festa. Estávamos eu, Biel, Vitinho e Bia. Daqui uns meses Bia vai morar comigo e com a Cami, esperava ansiosamente por isso, ela só está esperando sair a papelada toda da transferência da faculdade.

Chegamos da festa de manhã um pouco antes de amanhecer. Impossível chegar cedo de uma festa quando se sai com eles. Sério! Meus pais sempre reclamavam quando eu era mais nova, a festa só era boa quando ficávamos até o final, quando dançávamos todas as músicas e quando os meninos conseguiam conhecer alguém novo na festa. Eu dancei muito, aproveitei bastante, nem precisei beber. Me senti tão bem saindo com eles, eu sentia tanta falta daquilo.

Ainda quando era quatro e pouco da manhã, invadimos o Clube dos Bombeiros (onde eu malhava) e entramos na piscina. Parecíamos adolescentes rebeldes, alguém avisa? Ainda por cima quando estávamos indo embora o guardinha do bairro quase nos pegou. Isso foi ÉPICO!

Dormi somente até as onze da manhã pois a Mami me acordou para almoçarmos. Almoço em família. Eu adoro! Depois dormi a tarde toda, acordei super atrasada para o horário marcado no salão. Eu estava com olheiras, com o cabelo oleoso e com uma cara péssima. Olhei meu celular e tinha mais de dez chamadas não atendidas da Cami. Oh Deus, tô ferrada. Sem falar que havia esquecido de buscar a Gabi. Sério gente, qual o meu problema? Alguém manda um link de um EAD de gestão de tempo? Porque tá foda.

Tive que ligar pra mãe dela me desculpando e remarcar. Fui dirigindo até o salão falando com a Cami no telefone, minha mãe queria morrer por eu estar fazendo isso. Ela acha suicídio dirigir e falar ao mesmo tempo. Assim que cheguei avistei a Cami pirando com a organização das Bodas de Prata, desabafando com a moça do salão. Sempre que Cami fica sob estresse e ansiedade ela fica uma tagarela! Tentei acalma-la umas mil vezes e a proprietária do salão vendo nosso desespero, deu a Cami uma massagem de cortesia. Achei chique.

Mami estava deslumbrante, sério! Recentemente ela havia cortado o cabelo bem curtinho que a deixou com a aparência mais nova. Seu vestido era azul cobalto, longo de cetim, tomara que caia com um belo decote em v. Ela tinha emagrecido 3kg desde que eu fui morar sozinha. Ela resolveu ser fitness e faz caminhada três vezes na semana. Rainha faz assim!

Estávamos todos prontos, o papi e o maninho estavam elegantíssimos! E depois de tantos dias de humilhação, finalmente meu dia de glória havia chegado, me senti uma deusa com a maquiagem e o vestido. Ele era com renda branca, a costura formava pequenas florzinhas brancas e o tecido verde água, longo com a calda cobrindo um pouco o salto alto, com detalhes de perolas, e decote nas costas coberto com tule. Já meu penteado era um coque com uma trança lateral, e a maquiagem clara com cílios postiços. Gente, é isso mesmo, o narcisismo veio com força.
— Vamos Sammy!  -Minha mãe estava há meia hora me apressando. Coisa que eu detesto. Ela sabe, mas quem disse que evita? Ok. Respirar e inspirar...
— Tô indo.
— Tá indo e não sai do lugar? Vamos chegar atrasados, vamos ficar de pé, não vai ter lugar, vamos perder a cerimônia e você aí perdendo tempo.
A ignorei e terminei de calçar o sapato. Passei perfume e fomos todos no carro do papis.

Chegamos à cerimonia e só posso dizer que fiquei extremamente emocionada e louca pra encontrar um amor pra viver tudo isso. Lá vem eu romantizar tudo, isso mesmo. A tia estava maravilhosa com seu vestido deslumbrante, era simples e perfeito! 

Ao chegarmos na festa fiquei impressionada, Cami tem um gosto indescritível! A cor das toalhas de mesa era bordô, com vasos longos enfeitados por rosas brancas. E a festa com muitos lustres, a mesa cheia de doces e rosas, com detalhes prateados. Oh Deus preciso parabenizá-la. A encontrei numa mesa conversando com seus primos.
— Amiga! - Gritei. - Você nasceu pra isso, tá tudo muito lindo!
— Ah, que isso! - Fez careta. - Ok, talvez seja um dom. - Disse se sentindo superior me fazendo rir.

Nós fomos a recepção da festa e fiquei fazendo companhia a ela enquanto dava boas vindas aos convidados.
— Sammy do céu, você tem que ver os dois gatinhos que chegaram! Mais gato que o Gabe. Depois que esses dois chegaram Gabe pra mim não é nada.
— Ata Camila, ata! Beleza! Mente. Mente pra você! - Disse zombando e rindo dela.

Meus pais me chamaram até a mesa para tirar foto e uma sessão infinita de fotos, já não aguentava mais sorrir. E quando finalmente as fotos acabaram, meus pais saíram apresentando eu e Guga pra todos os amigos que estavam presentes. Me desculpa pai, me desculpa mãe, mas que coisa chata! Não nasci pra fazer networking, sempre tenho que me esforçar muito para isso, por conta da popularidade dos meus pais e por saber que isso pode ajudar pra caramba para construir uma carreira.
— Carlos! Olá, tudo bom? Quanto tempo....
E foi nesse momento que meu pai o cumprimentou que avistei meu boss na festa. Como não me liguei que íamos pra mesma festa??? Preciso ter mais atenção com os acontecimentos. 

Estou pensando aqui, eu bem que poderia ter aceitado a carona da qual meu boss tinha comentado e ter me livrado do sufoco de ter que parar no acostamento. Olha, francamente, só Deus na minha causa.
— Eduardo! -Disse ele alegre. - Sente-se conosco! 
— Oi Lulu. - Fui na direção da filha do boss para abraça-la.
— Oi Sammy. Nossa como você tá linda, menina! Eu juro que quando eu crescer quero ser igualzinha você. - Disse Lulu alegremente e meus pais riram.
— Vocês nem sabem o quanto a Lu adora a Samantha, toda vez que ela sai da aula quer passar na empresa para vê-la. - Justificou o boss achando uma graça.
— Oh meu Deus, que linda. - Mamãe comentou.-
— Obrigada meu amor. Tenho certeza que você vai ser ainda mais linda! - Agradeci sorrindo e acariciando o braço dela.
— Lu, acompanha a Sam, e vão chamar o Lucas para ficarmos todos juntos. - Disse Sr. Filinto para a filha pequena.

Logo Lulu pegou na minha mão e foi me guiando entre a multidão. Quem será esse garoto ein?
— Onde seu irmão está? - Perguntei.
— Ele estava conversando com um amigo. Bem ali - Apontou e fiquei me perguntando qual daqueles caras eram o Lucas, o bendito filho do Sr.Filinto. As possibilidades eram: um cara com uma barba ridícula, alto e magricela, um loiro mal vestido e baixinho e uns moreninhos charmosos que não fazem meu tipo. Ok, tenho certeza que não é nenhum desses. Lu abriu caminho entre as pessoas, me guiou até o bar e cutucou um cara que estava conversando.
— Maninho. - Lu o chamou e ele a olhou. 
— Oi mana. - Desceu do banco do bar e a puxou sorrindo, passando logo depois o olhar pra mim. Oh meu senhor amado. Que vergonha. O cara do livro.
— Oi?! - Engoli seco. Ainda bem que sou morena, pois meu rosto estava queimando de vergonha. -
— Essa é a Sammy, trabalha com o papai e também é minha amiguinha.
— Prazer Sammy. Me chamo Lucas. - Se aproximou, colocou uma de suas mãos firmes em minha nuca e beijou meu rosto. - Ouvi falar de você...
— O prazer é meu. - Sorri. -
— Finalmente te conheci!
Ele se despediu de seu amigo e voltou a olhar pra mim. Lembra que eu disse que ele era bonito? No dia da biblioteca. Sim o cara da biblioteca que derrubei o livro. Então... acho que me precipitei. Ele não é bonito. Ele está muito além da palavra bonito! GATO PRA CACECTE! LINDO E UM TESÃO NAQUELE TERNO.
— Na verdade...Já te conhecia né? Você. A garota da biblioteca, que derrubou meu livro.
— Nossa, estava torcendo para que você não se lembrasse. - Disse sem graça.
— Ah, relaxa, acontece.
— Acontece? Então, não é bem assim. Porque isso o tempo todo acontece comigo, por eu ser extremamente estabanada. É foda. Me coloca em situações constrangedoras all the time. 
Ele riu e voltamos pra mesa onde nossos pais estavam numa conversa super divertida, riam sem parar.

Nos sentamos e me dei conta que o Lucas estava olhando pra mim. Alguém fala pra ele parar? Estou sem graça! De uma forma totalmente espontânea olhei para sua mão esquerda e lá estava: o famoso anel de compromisso. Ótimo. Maravilhoso. Ele já tem uma namorada. É, tudo bem, era de se esperar. Mas o mais engraçado é que o Sr. Filinto falava certas coisas propondo a ideia de Lucas e eu como um bonito casal. Qual o problema dele? Eu hein.

Aproveitei a primeira brecha que apareceu e sai jogada da mesa que estávamos para ir a procura dos meus amigos. Os encontrei e logo em seguida fomos jogar conversa fora no bar. Que a propósito foi um ótimo point para ver caras bonitos, e ainda trocar ideia com os barmans gostosões.

Era meia noite e o cerimonial já havia iniciado a prestar homenagens ao casal, foi tudo muito lindo e especial. Teve carta de homenagem da Cami aos pais, fotos, vídeos e tudo bem elaborado. Foi super bacana, me emocionei bastante, essas coisas mexem comigo de verdade. 

Após a parte das homenagens a festa começou de verdade. Resolvi beber caipirinha de limão, e juro que estava deliciosa, o barman que me serviu já não bastava fazer uma caipirinha deliciosa ainda tinha um olhar misterioso, foi gentil e não pude deixar de reparar a tatuagem que iniciava no pescoço. Deixo aqui registrado a vontade de ver o restante hahahaha. 

Com o álcool no sangue já fui ficando mais soltinha e alegre, aproveitei pra ir pista de dança. No momento uma dupla sertaneja estava tocando, meu irmão me tirou pra dançar e bem sei dizer o quanto fiquei surpresa por ele saber me guiar. A parte ruim na festa era lidar com o vestido longo e justo que eu estava que me atrapalhava muito, meu Deus, horrível.
— Dança comigo? - Perguntou Lucas parando do meu lado, olhou para mim e depois para Guga. - Me permite? - Guga me olhou, olhou pro Lucas, olhou pra mim e disse:
— Toda sua. - Meu irmão beijou minha mão num gesto completamente delicado, e antes de se misturar pelo meio da multidão dançante, piscou com um sorriso estampado no rosto.
Qual o problema do meu irmão? Toda sua? Han? Merece um esporro! Ele que me espere. Sorri sem graça pro Lucas e percebi que ele estava se divertindo com algo.
— O que foi? Qual o motivo desse sorrisinho aí? - Arqueei a sobrancelha.
— Nada. -Continuou sorrindo. -
— Diz. Não me faça sofrer de curiosidade.
— Ah, então, você é curiosa?
— Muito! Conta aí vai, por favor. - Pedi com um jeitinho meigo.
— Eu nunca disse que era um cara bonzinho, meu bem.
Meu queixo caiu e automaticamente estapeei o braço dele, na verdade foi bem no bíceps e espera aí...Agora que reparei...Ele estava sem o terno. Meu Deus. Que charme. Que pecado. Sim, pecado cobiçar o namorado alheio. Mas, não vem ao caso, porque sempre admirei o belo. E ele é belo. Ou seja, não pequei.

Lucas usava uma camisa slim fit que a medida fica certinha no corpo, parecendo que foi feita pra ele aquela camisa. E a calça a mesma coisa. Que menino fino! Eu amo homens que se vestem bem, me dá um tesão da porra. E o sorriso? Quantos clareamentos aquele imbecil faz no ano? Sem condições. Ele fazia muito o meu tipo! Quer dizer, e aquele cabelo castanho bem claro com um corte super charmoso que fica meio bagunçadinho e lindo? Me ganhou demais. Sexy. Ok, eu não deveria estar fazendo esse tipo de comentário. O que estou fazendo? Seremos apenas amigos. Ou nem isso. Deus esse é o momento que o Senhor me ajuda, pois estou precisando.
— Então me diz, você é uma pessoa má? Ah, conta outra vai.  - Confesso que tô de saco cheio pra papo furado, mas se ele quiser eu quero. Tá parei.
— Achei engraçado seu irmão dizer que você é toda minha. -Admitiu sem mais nem menos. Assim, de repente. Nisso ele me girou, me puxou e fiquei dançando de costas pra ele. Caralho, para tuo. Sentir a respiração dele na minha nuca foi o auge da noite. Ele está apelando com essa proximidade. Irmão, VAZA, ninguém é de ferro! 
— Por quê? - E a pergunta escapou sem dar tempo nem de eu pensar. 
— Ah... Não sei.
— Não sabe? - Perguntei e ele me girou novamente ficando novamente um de frente pro outro. Que conversa esquizofrênica é essa???? Não pude deixar de reparar na pegada firme dele, enquanto me guiava mantinha todo o tempo contato visual. Eu mal conseguia manter contato visual, era demais pra mim.
— Talvez eu saiba...E...Não queira falar.
— Vai esconder seus pensamentos de mim? - Perguntei brincalhona e ele semi cerrou os olhos.
— Eu sei que você notou a aliança no meu dedo. - Comentou ele me fazendo dar risada. Uma risada nervosa. Eita, que rumo essa conversa está levando, Deus? — Então seria estranho se eu te contasse o que eu pensei...
— Quer dizer que se eu não tivesse notado você me contaria? - Questionei.
— Não. - Respondeu ele rapidamente.
— Ah. - Automaticamente fiz bico. Ai que mania ridícula que tenho de fazer isso... Eu sou manhosa demais.
— Não faça isso! - Disse angustiado, mas sorrindo.-
— Por que não? - Franzi o cenho.
— Olha, você faz perguntas demais! Tá me deixando maluco!
— A conversa teria mais nexo se você respondesse cada pergunta que eu já te fiz.
— Você faz perguntas que não posso responder.
— Claro que pode! O que te impede?
Esse assunto já tá chato. Ele não mete a cara tapa e nem sai do lance. Se decide, porque na boa, sem tempo irmão. A música foi trocada e era um pouco mais lenta, não curto ritmos lentos, são de cortar o coração, me fazem lembrar que não tenho um par. Olha a carentona aparecendo aqui aff. Corta o alcool.
— Caso eu te responder, você poderia fazer o favor de não me julgar? - Perguntou ele de forma receosa.
— Sem julgamentos! - Levantei as mãos rapidamente como se estivesse me rendendo.
— Tudo bem então. Aliviado que posso ser transparente com você sem ser julgado. - Comentou ele me deixando instigada.
Ele me girou lentamente e me puxou logo depois com os braços firmes em minha cintura. Um oportunista mesmo. O-p-o-r-t-u-n-i-s-t-a.
— Bom, como sou sincero e pelo que eu pude perceber você adora sinceridade... Eu... Imaginei rapidamente, nada demais, cogitei algumas cenas quando seu irmão usou aquelas palavras. -Disse pensativo. - Nada de mais. -Repetiu ele.- Mas, como eu tenho namorada, e a amo, vai ficar subentendido que não presto etc. Por isso que antes eu não queria revelar.
— Que meigo, então, você a ama? - Sorri e retirei uma de minhas mãos que apoiavam seu ombro para apertar sua bochecha. Preferi ignorar seus pensamentos perversos, não valia a pena. Ele já deixou claro que ama a namorada. É alivio ou frustração que estou sentindo? Acho que um misto de sensações.
— Sim. -Disse sem graça. -
— E como sabe disso?
— Ah...Não sei te dizer, eu simplesmente sei. Ela não é uma mulher qualquer. É especial!
Ao mesmo tempo que achei fofo o que ele disse, achei meio machista. Como assim "ela não é uma mulher qualquer"? Todas nós mulheres somos especiais. Mas tudo bem, deixei passar e me fiz de sonsa, até porque senti muito amor na forma com que ele falou dela.
— Ah, que legal! É bom quando encontramos alguém especial né? 
— E você? Encontrou alguém especial? - Perguntou com um ar curioso.
— Você tá vendo alguma aliança no meu dedo? -Questionei mostrando minha mão com anéis, mas sem aliança.
— E Ficante? Rolo? Amizade colorida? - Perguntou rindo.-
— Ficante? Fico com os meus livros todos os dias. Rolo só se for com o edredom e amizade colorida... no momento não faz meu tipo, querido. Posso mudar de ideia? Posso. Mas ainda não mudei. É isso.
— Engraçada. -Riu e fez gesto negativo com a cabeça. Não querido, isso não é engraçado, não me parece ter graça alguma.

Apresentei o Lucas aos meus amigos e eles se curtiram, ficaram um tempão trocando ideia.
— Amiga, me lembre que ele tem namorada. Porque olha...Tá difícil resistir a tentação desse cara ai. - Disse Cami somente entre nós.-
— Nem me fale... -Comentei enquanto analisava Lucas de longe.
— Então, quer dizer que você curtiu? - Perguntou divertindo-se.
— Ah, ele até que dá pro gasto.
— Beleza, Samantha! -Riu.-
— Mas não importa. Ele já tem o outro lado da laranja dele. Foda-se também.
— Porque você é tão brega? - Disse colocando uma sua mão sobre a testa se lamentando. - Mas, nunca se sabe vai ver a metade da laranja dele é limão.
— Ok, vamos parar por aqui. Você passou dos limites da breguisse.
— Procurei ele nas redes sociais e olha...o cara é popularzissimo. Vamos colar nele que é sucesso.
— Que interesseira! - Afirmei rindo.- Amei?! 
— Sem falar que ele é um cara super legal, bacana... etc. - Acrescentou rindo.
— Pois é, quem sabe andando com ele podemos atrair caras melhores.
— Ah amiga, nosso destino é ser rica, morar juntas pra sempre com muitos cachorros e gatos, em uma mansão. Foda-se homens. - Falei.
— Ai não, ninguém merece, não, não mesmo! Morar com você pra sempre? Nem a pau. Você é insuportável, eu te aguento porque não tenho escolha. Se Deus quiser, o cara certo vai chegar logo logo e eu me caso. Adeus. - Cami resmungou com deboche. — Tava pensando aqui, acho que por eu nunca ter namorado, o primeiro cara que aparecer já vai ser meu destino me casar com ele. Sei lá. - Acrescentou ela.
— Vai ser assim mesmo. - Concordei sem ânimo.
— Oi amigas - Disse Bia se achegando toda animada. Ela estava sendo paquerada na festa pelo amigo do noivo da prima da Cami. -
— Como foi lá? - Perguntei. -
— Até curti ele. Alto, costa larga, emprego estável, divertido e mora sozinho. Acabei passando meu número e ele até já me mandou mensagem. Será que ele está interessado? 
— Hummmm. Toda festa tem um cara que se interessa por você Bia, que mel é esse? Algum desses tem que dar certo né, pelo amor de Deus.
— Pois é! - Ela riu.- É sempre uma aventura. Eu nunca sei o que esperar. Já apareceu de tudo. Esse aí tinha um papo bom, falou sobre sucesso, propósito de vida, sonhos, perguntou sobre mim etc. Ah, no fim, todos querem a mesma coisa, a diferença está na forma como cada um tem de tentar conseguir. Mas a maioria é um lixo. - Reclamou Bia.

A festa foi incrível, ficamos até o final, já eram 5 da manhã, prestes a amanhecer, geral embriagado esperando uber. Nos despedimos de todos e antes de irmos meu pai convidou os velhos amigos para passar a tarde de domingo em nossa casa. Obrigada pai. Vou ver o Lucas sem camisa. Era tudo o que minha mente fertil e fantasiosa precisava. 
— Te vejo amanhã. - Lucas me abraçou e beijou o topo da minha cabeça. Fofo. Queria o beijo um pouco mais pra baixo, mas tá. Despediu-se da Bia e da Cami e deixou claro o quanto adorou conhece-las. Por quê tão encantador? 

LUCAS VOCÊ NÃO TEM PERMISSÃO PARA TRANSITAR ENTRE MINHAS FANTASIAS. ISSO É UMA ORDEM, VAZA! E esse foi meu último pensamento antes de desmaiar de bêbada na cama.


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Notas finais do capítulo

Uffaa!! Se você chegou até aqui considere-se um(a) guerreiroa(a) e já gosto muito de você por gostar de ler.
Até o próximo capítulo que está incrível!
Um beijão.



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