Contos Da Terra Média escrita por Puella


Capítulo 1
As odiadas sardas de Nina


Notas iniciais do capítulo

Gente, esta fic eu já escrevia, só que eu exclui e resolvi respostá-la de novo com algumas mudanças, se trata de uma fic original inspirada na mitologia nórdica.... Boa leitura!



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I

Se esta história possui semelhanças com outras tantas, bem, até aí, é mera coincidência. Um conto de fantasia como qualquer outro, mas com sua singularidade, A história que lhes trago aconteceu há milhares de anos. O mundo era muito diferente do que estamos do qual estamos acostumados hoje. Nela seremos apresentados a duas figuras curiosas:

Uma jovem arqueira.

Um trapaceiro.

Mas antes de entrar nestas duas figuras, tentemos primeiro imaginar este cenário ao qual chamamos de Terra Média, ou Midgard, para os deuses, mais precisamente nas terras do Reino do Norte, onde encontramos alguns lugares interessantes como a Alameda dos lobos, uma região que esconde inúmeros atalhos para o Mundo Abaixo, em que pessoas normais não têm a mínima curiosidade de conhecer ou entrar.

Não muito longe dali temos o rio Pardo, que apesar do nome não tem nada de pardo. E finalmente, em sua margem esquerda encontramos um pequeno vilarejo chamado de Narvik. Um lugar calmo e tranquilo – tranquilo até demais. Ali todos se conheciam, o dono do açougue, da padaria, o ferreiro, as tecelãs e o curioso era que todos eram parecidos. Como posso dizer, em perfeita harmonia, exceto por um pequeno ruído, ou melhor, por uma menina, a filha do ferreiro.

Seu nome era Nina, e desde sua estranha aparição após ter sido encontrada numa cesta abandonada, os habitantes daquele lugar sempre a viam com desconfiança, não se sabe dizer, mas ela tinha alguma coisa que incomodava os habitantes daquele lugar. A única pessoa que não via esse incomodo era o velho Hans que a amava como se fosse sua filha de sangue. Mas, como eu mencionei, mesmo não acontecia  por parte do pessoal da vila.  A começar pelo fato de Nina não ter nascido ali,  afinal, forasteiros nunca eram bem quistos em Narvik.

E como se não bastasse isso, a garota parecia realmente seguir por lados que pareciam irritar a todos, a começar por seu  interesse anormal por leitura. As mulheres do vilarejo eram analfabetas e não podiam ler livros, era coisa de homem, mas ainda assim eles mal pegavam em um, tinham uma biblioteca quase que largada no meio da pequena cidade, e provavelmente Nina era a sua principal frequentadora. Hans parecia indiferente a isso, ensinou a ela o pouco que sabia sobre o universo das letras e de resto ela buscou por conta própria.

E a lista de motivos crescia ainda mais, além de ler, a pequena desde cedo demonstrava ter uma língua ferina e trejeitos de menino. Desde pequena queria usar calças e odiava vestidos. Era resmungona e grosseira com quem a irritasse, a única pessoa que conhecia o seu lado meigo e carinhoso, era Hans.

Mas ela tinha suas qualidades, sua sagacidade era espantosa, e tinha um espirito vivo e alegre. Quando tinha sete anos Nina descobriu o arco e flecha, nascendo assim uma de suas maiores paixões, treinava todos dias, se divertia acertando a placa do açougue e da padaria, irritando os seus respectivos donos. Sua dedicação converteu-a numa perita, assim ela achava. E por último, o que ainda incomodava as pessoas era a sua aparência física. Ela não se parecia fisicamente com ninguém ali, o moradores de Narvik eram tão semelhantes no aspecto físico quanto no seu comportamento, todos ali tinham os cabelos castanhos e olhos cinzentos.  Nina era bem diferente, tinham os cabelos longos cor de cenoura, incontáveis sardas que ela odiava por todo o rosto, e um tom incomum de olho azul muito próximo a turquesa. Mas havia uma razão para isso, falava-se de uma crendice muito forte sobre ela ser uma remanescente de seres malignos, que mexia com magias e coisas a fim. Embora Nina nunca tivesse demonstrado que era uma bruxa. O fato era que algo em sua aparência e olhar assustava aquelas pessoas.

Nina tinha poucos amigos – para não dizer dois – e muitos desafetos, que nem mesmo ela sabia explicar o porquê, mas entre essas muitas pessoas, citaria Ilsa, uma menina bonita e burra que todo ano ganhava o título de mais bela da vila, mas não satisfeita gosta de implicar com Nina. O velho Hans gostava de dizer que Ilsa tinha inveja de Nina, o que acabava por arrancar um riso da garota.   

O velho Hans era único ferreiro da aldeia, fazia panelas, utensílios e armas, com ele trabalhava um jovem aprendiz chamado Eric que era apenas alguns anos mais velho que Nina. Era alto e magro e trabalhava com seu Hans desde os treze. Ele era o outro amigo – além de Hans – que Nina tinha. Os dois se conheceram ainda pequenos em meio a uma disputa de bolotas de lama, ela tinha cinco e ele sete. A disputa terminou com uma vitória da garota. Nina não só ganhou a briga naquele dia com também o respeito de Eric, que dizia que ela havia nascido com a alma de um menino preso num corpo de garota. Depois de algumas trocas de ofensas iniciais os dois viraram amigos, apesar da pequena diferença de idade. Os dois apostavam corridas na lama, cavalgavam perto da Alameda dos Lobos, e então ela lhe contava as histórias que lia na biblioteca e Eric se encantava com todas elas. Histórias sobre os deuses antigos, sobre as fadas e outra criaturas mágicas, troll e goblins, de mundos que estavam para além da Terra Média, sobre a grande árvore.

Eric sentia-se contagiado por aquilo, mas não era todo mundo que gostava de imaginar. Achavam perca de tempo. Sim meu caro, naquela época imaginar era privilégio de poucos além de ser perigosa, tão perigosa quanto a curiosidade. E Nina tinha um pouco dos dois, ela sonhava com o dia que viria a experimentar o mundo afora, lugares e pessoas diferentes das de Narvik, estava cansada daquela vida pacata e sem graça.

Porem ela mal sabia que sua vida mudaria no dia da festa da colheita, no dia em que Ilsa ganharia outro concurso de beleza e se gabaria em cima de Nina. Pois então, naquele fim de tarde, ela receberia uma estanha visita.

E dessa visita, uma grande aventura iria surgir.


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