Meliandra começou a chorar. O que estava acontecendo com ela? Deveria estar sentimental por causa da gravidez. Ah, a gravidez...

Era o principal motivo para não se envolver com Henry. Não, Príncipe Henry, ela pensou, Não podia achar que tinha o direito de chama-lo assim, como se fosse alguém íntimo.

Mas eles se beijaram. Ele beijou ela! Meliandra ainda podia sentir a urgência dos lábios dele, a forma como ele a beijou... ela havia se derretido naquele momento. Por um segundo se permitiu esquecer de tudo e realmente se entregar. Mas o alarme insistente ficava lhe atormentando. Você está grávida. Não pode ficar com ele.

Era irritante.

Mas ainda bem que conseguiu recobrar a consciência e mordeu o lábio dele. Só não esperava que tivesse sido com tanta força.

Ela suspirou.

Ele podia estar só curtindo. Provavelmente ele não sente nada por ela. E mesmo que sentisse, iria continuar do mesmo jeito se descobrisse da sua gravidez?

Ela abraçou o travesseiro e deixou se afogar nas lágrimas. Por que tudo estava tão difícil?

Ela acordou sendo cutucada por Christina. A amiga não perguntou nada da noite anterior e nem sobre o rosto inchado de Meliandra, mesmo a curiosidade sendo notada em seus olhos. Meliandra agradeceu, realmente não queria falar nem pensar sobre ontem.

Ela correu para o banheiro e tomou um banho rápido e gelado. Não resultou muita coisa quando sua vontade era passar o dia na cama. Mas após o café da manhã – onde (in)felizmente Henry não estava – ela decidiu que seria melhor treinar. Por isso passou o dia no campo de Marte.

= Ω =

Henry não foi ao café. Ele preferiu passear um pouco pelo acampamento e tomar um pouco de ar. Clarear os pensamentos... Mas quanto mais andava mais ela lhe vinha a cabeça e o dia em que ela lhe fez um tour por lá. Então ele desistiu de tentar não pensar nela.

Por que ela lhe mandou embora daquele jeito? Não gostou do beijo? Não gostava dele? Por que ele sorria feito um bobo quando lembrava do sorriso dela? Argh, ele estava ficando louco! Aquele universo de mulheres era completamente maluco. Como seus pais queriam que ele encontrasse uma esposa em apenas um mês?! Um mês...

Foi esse o tempo que estipularam para ele encontrar uma noiva no acampamento. Seu pai estava doente e sua mãe não podia governar sozinha. Ele precisava se casar para assumir o trono. Mas como achar uma rainha valente, inteligente, bonita, corajosa e honesta? Essas eram as características que toda rainha romana deveria ter. Sua mãe era assim, e ele cresceu a admirando. Queria fazer uma boa escolha!

Mas toda vez que pensava nisso, seu cérebro parecia à beira de um colapso. Ele havia conhecido muitas garotas no acampamento – elas praticamente tentavam de tudo para ficar perto dele. Mas nenhuma lhe chamou a atenção. Então tinha ela, Meliandra... Ele a conhecia faz mal cinco dias, e ela já ocupava a maioria dos seus pensamentos. Entretanto ele sabia que não podia escolher alguém assim, sem nenhuma razão; apenas sentimento. E ela o chutou. Ela simplesmente o rejeitou! Ele precisava conversar com ela, entender tudo ou simplesmente pedir desculpas se ela não sentisse nada por ele.

Estava na hora do almoço, e ele avistou apenas Christina. Perguntou sobre Meliandra e ela deu de ombros. “Se realmente quer saber, a procure.”

E foi o que fez assim que a refeição acabou. Foi até o arsenal, procurou na Nova Roma e estava a caminho do campo de Marte quando acabou esbarrando em Julliene.

– Nossa, não esperava lhe encontrar tão cedo. – ela disse sorrindo para ele.

– Isso quer dizer que não queria me ver? – ele arqueia uma sobrancelha, de modo brincalhão.

– Claro que não! Senti falta de você com certeza. Mesmo só um dia. – ela diz piscando. Ele sorri de canto. Os dois ficam por um momento em silêncio, sem saber o que falar. – Você vai em algum canto?

– Hum... estou procurando uma pessoa. – ele responde.

– Sério? Quem é? Talvez possa ajudar.

– Meliandra Benett, conhece?

– Claro. – ela sorri contida. Por um momento parece desconfortável com algo, mas ele logo esquece a impressão. – Vi ela treinando aqui no campo. Posso te levar até ela se quiser.

– Irei adorar. – ele sorri agradecido. Ela também sorri e pega na mão dele o puxando para perto e levando-o pelo caminho. Ele não se sentiu muito confortável tendo ela tão perto, mas também não ligou muito. Iria falar com Meliandra. Esclarecer as coisas. Não ia desistir até conseguir o que queria. A verdade.