Mais que uma garota. escrita por Débora Costa


Capítulo 7
Que comece o show!




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Cai da cama com o susto que levei, um alarme tipo sirene soou, Luna já quase pronta e Rock que acordou com minha queda, alias eu ainda estava deitada no chão arfando com a mão no peito, mas pude ouvir que soltaram juntas “novatas”, voltando a fazer o que estavam fazendo, se arrumar e dormir.

Em relação a esses alarmes pra tido que mais parecem uma sirene o internato mais me parecia com uma delegacia, tratei de me levantar e pegar o uniforme horroroso, afinal hoje é o dia que oficialmente começam as aulas e é claro, teriam vários rostos novos.

Acabei de me arrumar no banheiro e quando sai Rock ainda estava dormindo sem se importar com o horário e Luna já estava impecavelmente arrumada, parece estar animada com o inicio das aulas, eu estava apavorada, não com medo, mas ainda assim apavorada se é que dá pra entender.

“Esse uniforme é bem feio.” Disse me analisando no espelho de corpo inteiro.

“Comparando com outros que já vi, esse é até decente, mas Helena, você não precisa manter o cabelo preso, ainda mais em um coque mal feito.”

“Luna, você tem seu cabelo e eu tenho o meu, então cuida do seu, que o meu está muito bem de coque.”

“Ai! tá bom não está mais aqui quem falou.”

Disse voltando a escovar seus longos cabelos que batiam na cintura, cansei só de olhar.

Assim que não tínhamos mais nada para fazermos nos dirigimos para o jardim, onde pela janela pudermos ver que estava cheio, fomos lado a lado, Luna sempre cumprimentava quem passava por ela e eu fingia que não via ninguém, assim que chegamos ao jardim, um pânico tomou conta de mim, eram muitos adolescentes e apenas alguns adultos que deviam ser os professores.

“Helena, está tudo bem?”

“Eu esqueci uma coisa no quarto, já volto.”

“Nada disso, pode vindo, logo você se acostuma, conta até três, respira e vai.”

Não teve jeito Luna ficou me segurando pelo braço para que não fugisse, quando parei de resistir ela finalmente me soltou mas não tinha mais como voltar, eu já estava no meio daqueles adolescentes que pelo menos não me davam muita atenção, eu aparentemente não tinha nada de muito especial e agradeci por isto.

“Atenção, atenção, alunos, por favor, atenção.” Senhorita Ramirez estava em cima de um palco improvisado e tentava sem sucesso, parecendo constrangida, senti pena dela, até que uma senhora robusta de cabelos grisalhos presos em um coque e óculos maiores que seu rosto, pegou o microfone de sua mão.

“Queridos alunos ela disse ATENÇÃOOOOOOOOOO! Obrigada.”

As conversas cessaram imediatamente e todos encaravam boquiabertos e até parecendo um pouco assustado a mulher que devia ter ficado sem voz após o grito que deu, pois até eu que já estava prestando atenção, tentei prestar mais ainda.

Senhorita Ramirez voltou a pegar o microfone parecendo um pouco desconcertada, olhou para todos ali presente, respirou fundo e parecia estar nervosa, como se fosse a primeira vez que fizesse aquilo e não duvido que fosse.

“Bom dia, alunos e funcionários, sei que querem que este ano seja um ano muito proveitoso para todos e que nos lembremos de agradecer por ele, pois como os antigos sabem, perdemos nosso querido Dr R.R como gostava de ser chamado, no fim do ano letivo anterior, foi uma grande perda para todos nós...”.

“Que era esse?” perguntei cochichando para Luna.

“Era o dono e também o avô da senhorita Ramirez, eles eram muito próximos, dizem que ela perdeu os pais logo após nascer e só lhe restou o avô, ela deve estar sofrendo muito, afinal ninguém merece ser órfão... quer dizer, eu não quis dizer isso, desculpa Helena.”

“Tudo bem Luna.”

“... espero que ninguém se esqueça das regras que já estarão presas nas portas de seus quartos e os horários e cadeados para seus armários que para, que não haja discursões desnecessárias já foram selecionados, serão devidamente entregues em seus quartos. Agora conheçam seus novos colegas e aproveitem o banquete de boas vindas que será servido na cantina.”

Todos a aplaudiram e eu só me lembro da palavra banquete na cantina, comida é comida e estou faminta, Luna já estava conversando com um grupo de garotas, então a deixei e fui sozinha em direção a cantina, acabei encontrando Rock pelo caminho com o uniforme, mas parecia outro uniforme, o dela estava completamente amassado, com uma meia em cima e outra em baixo, botões do blazer aberto e a camisa branca para fora da saia, sem falar na cara de vou te matar que ela estava demostrando, eu ri.

“Então o que perdi?”

“Nada de mais, só as boas vindas, agora está tendo um banquete na cantina, e o que talvez lhe interesse as regras e tudo mais será entregue nos quartos.”

“Regras, são feitas para serem quebradas.”

“Eu que o diga.”

Encaramo-nos e sorrimos juntas, aparentemente ela gostou da minha resposta e me abraçou pelos ombros, como se fossemos melhores amigas, não me importei, Rock estava longe de ser uma Luna, então como eu esperava aquele braço rapidamente saiu do meu ombro.

A palavra banquete fazia jus ao que havia na cantina, nunca vi tanta comida junta de graça em um lugar só, me senti uma criança vivendo um sonho. Peguei uma bandeja e fui pegando um pouco de tudo, em seguida já me dirigi pra uma mesa vazia, a mais distante e sentei quase chorando de tanta alegria com tanta coisa gostosa na minha frente.

Já ia mordendo um cupcake que dava até pena de tão bonito, quando o senti ser puxado da minha mão, já virando em direção do louco que havia feito isso, mas assim que virei gelei.

Um garoto alto, negro de fartos cachos até a altura dos ombros, que havia pegado meu precioso cupcake, estava entregando-o nas mãos de ninguém menos que Brandon.

“Desculpa o idiota do meu amigo Helena, Chas adora implicar com as novatas.”

“Que seja.” O tal Chas não parecia muito satisfeito e nos deu as costas.

“Aqui está mademoiselle seu cupcake recuperado.”

Ele segurou minha mão que devia estar gelada a abriu e colocou o cupcake nela, sorrindo e me fazendo derreter inteira por dentro me sentia uma poça de gelatina.

“Brandon olha isso!” ouvi alguém gritar, mas não consegui desviar meus olhos dele.

“Até Helena, preciso ir.”

Se já não bastasse, ele ainda se inclinou e beijou minha bochecha, senti meu rosto queimar e fiquei vendo-o ir e o pior eu não havia conseguido dizer nada.

“Tá o carinha já foi, agora limpa essa baba e tenha mais amor próprio.”

Rock se jogou na cadeira em frente a minha e começou a comer, de uma forma nada feminina e não parecia que se importasse, mas vela comer me fez voltar atenção para minha bandeja e claro que eu deixei o cupcake pro final e só comi por que iria estragar.


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