"Nico, como posso começar essa carta? Eu não sei.

Escrevo isso para me despedir. A essa hora você já deve ter percebido o que fiz, mas não importa. Não me arrependo de absolutamente nada. Aliás, estou feliz pela decisão que tomei.

Não sei se essa dor vai cessar, mas eu realmente espero que sim. A verdade, Nico, é que fui medrosa e covarde pela minha decisão. Por isso, peço que diga a todos que não sou uma heroína, que não sou corajosa. Sou uma covarde, nada mais que isso.

E peço também que cuide de Jason. Sei que ele tem a Piper, e dois acampamentos de amigos, mas sei que ele gosta de você, se preocupa com você. Talvez ele olhe para você e veja um irmão mais novo. Mas irmãos mais novos também tem que cuidar dos mais velhos, eu sei disso.

Sabe, deve estar se perguntando o porque dessa carta destinada á você, já que nunca trocamos mais do que poucas palavras. Bem, a resposta para essa pergunta é a resposta para muitas outras perguntas. Vou ser bem direta.

Eu te amo Nico.

E isso não faz bem para mim e não fará bem para você. Sabe, essa dor que sinto? A causa dela é esse amor. Toda minha culpa, tristeza, solidão... tudo isso, Nico, é culpa do amor que sinto por você, e isso tem que acabar, sem um final trágico demais.

Por isso, essa carta é a primeira e última que lhe escrevo. Peço-lhe que não me procure. Acredite, estará melhor sem se lembrar da minha existência, então simplesmente esqueça que eu existo. Se quiser, queime essa carta, minhas últimas palavras para você, assim se esquecerá disso tudo.

Adeus Nico.

Thalia."

Thalia deixou a carta na cama do filho da morte e andou com passos lentos até a saída do chalé. Ela olhava cada canto do acampamento, se perguntando se sentiria saudades ou talvez se esqueceria de tudo.

Ela andou até a praia, sorriu. O cenário era lindo, perfeito, na verdade.

- Eu te amo, Nico. - Sussurrou suas últimas palavras, antes de atravessar uma flecha em seu próprio coração.

E tudo ficou escuro.

~^~

Nico estava se sentindo mal, mas não entedia o porquê. Ele resolveu voltar para seu chalé, quem sabe se dormisse não se sentiria melhor? Olhou para sua cama e estranhou um papel dobrado em cima dela. Sentou-se do lado dele e o pegou.

Leu-o inteiro três vezes, até ter certeza do que lera. Entendia agora o motivo de seu mal-estar. Apesar de tudo, ele estava feliz, Thalia o amava.

Alguém bateu na porta de seu chalé. Nico abriu a porta e se deparou com um Jason mais pálido que o normal e com olhos arregalados. Entendia o que o loiro sentia, ele já se sentira assim antes. Mas não podia ficar para confortá-lo, como Thalia disse, ele tinha dois acampamentos de amigos mais a Piper, não iria precisar dele. Continuou andando, e se virou, sem parar de andar.

- Onde ela está? - Gritou para Jason, que se virou.

- Na praia. - O loiro respondeu ainda em choque. Nico começou a correr e antes que percebesse já estava lá. Não tinham muitos campistas em volta do corpo e ele pôde vê-la claramente.

Sua pele mais pálida que a dele, seus cabelos mais negros do que nunca, seus olhos azuis ainda estavam abertos e se fixavam no nada acima dela. Em seu peito, uma flecha de ouro estava cravada, uma de suas próprias flechas.

Calmamente Nico andou até ela, retirou a espada de seu peito e fechou seus olhos. Olhou para seu rosto mais uma vez e beijou de leve seus lábios gelados. Se levantou e desapareceu nas sombras.

Ele era Nico di Ângelo, o filho de Hades, não obedecia ninguém.

E ele não obedeceria Thalia quanto a não ir procurá-la. Nico iria até o fim do mundo atrás dela sem hesitar e nada que alguém fizesse iria pará-lo.

Porque, deuses, ele a amava.