"A gente não faz ideia de como mudou até que a mudança já tenha acontecido."

— Anne Frank.

(Música do Capítulo)

Ponto de vista : Katherine Evans.

1 semana depois.

   Ajeitei o último grampo, que elaborou o penteado, que eu estava usando, e sorri para meu reflexo no espelho. O vestido se adequava perfeitamente ao meu corpo.

    Esperei um bom tempo para usá-lo. Necessariamente, esperei para usa-lo no dia que meus dois melhores amigos interpretariam Romeu & Julieta, e esse dia era hoje.

      Já com o que precisava em mãos, desci a escadaria de vidro da minha casa, para no fim dela, ser recepcionada por Dean, que já me esperava, trajando um belo terno. — a diretora exigiu que todos se vestissem a vigor, para esse evento. — Ele sorriu para mim. Um daqueles sorrisos que já continham um elogio incluso.

     Era incrível, como as coisas podiam se resolver, de maneiras que nem ao menos imaginávamos que aconteceriam. Em hipótese alguma, suspeitei que só acertaria minha relação com Dean, e meu passado conturbado, caso ele viesse para New Town. Era irreal. Mas, deu certo.

—Preparada para passar um tempo tedioso, assistindo uma peça chata? — questiona curioso.

—Bom, o fato dessa peça encerrar o primeiro semestre de aulas, me deixa bem animada. —debocho sorrindo, e ele retribuiu.

—E ai, já pensou o que vai fazer nas férias? — há alguns dias, ele havia me proposto, para ir com ele para Malibu. Só que depois de muito pensar, decidi que não. Não queria isso para minhas férias.

—Edward e eu vamos para Flórida...Admito, que a ideia de irritar a Marissa, depois de voltarmos o namoro, com essa viagem, foi o que me moveu a aceitar o convite dele. — conto e vejo Dean suspirar.

—Nada de Malibu então. — afirma.

—Não estou preparada, para enfrentar esse cenário... Pelo menos, não agora. — admito.

—Você não é mais a Katherine de Malibu, certo? —indaga, e então me oferece seu braço, para que possamos sair juntos — Meu pai estava em uma viagem, junto com Jasper, por isso, não compareceria ao evento. — Ele bem que queria, dizia que estava curioso para conhecer meu namorado, mas por hora, isso foi adiado.

   Aceitei o braço de Dean, com um sorriso maroto, e assim seguimos rumo a porta.

—Não ficou sabendo? Nunca existiu Katherine de Malibu...Ela era um fingimento...A Katherine de New Town é a versão original. — digo divertida.

[...]

        A escola estava mais movimentada, do que no dia da festa dos fundadores; Haviam várias pessoas espalhadas em frente a ela. Todos vestidos elegantemente e conversando entre si, de forma animada. Desci do carro de Dean, e juntos andamos por ali, nos infiltrando em meio aquele tanto de gente.

—Vou atrás das Maggie, ela deve estar surtando. — comunico a Dean, e então noto que desde que ela voltou a ser minha melhor amiga, é isso que faço; Corro até ela para que a mesma não surte.

—Tudo bem. — ele concorda, então vai procurar seu próprio rumo.

         Sorri para aqueles que conheço, e em passos rápidos alcanço a escadaria da entrada do colégio, e automaticamente, encaro o brasão desenhado em sua fachada. O famoso brasão da família Marshall. Figura que eu já encarei milhares de vezes.

         Sinto um arrepio percorrer todo meu corpo, e sem que eu note, meus pés ganham vida própria, e me fazem chegar ao corredor principal, que apesar de estar cheio de estudantes, para mim, está estranhamente silencioso.

     Olho para aquelas paredes, e aqueles armários, e tenho lembranças dos meus momentos nesse semestre. Principalmente dos meus momentos com Edward.

     Lembro perfeitamente das vezes que fui humilhada por Hillary ali, e de todas as vezes que me reergui.

—Esse olhar nostálgico é irritante. — me viro, e dou de cara com a dita cuja, a qual eu pensava.

—Existe algo m mim, que Hillary Potts não ache irritante? — indago, arqueando uma sobrancelha.

—Na verdade, não. — ela balança sua cabeça dramaticamente, e seus cachos perfeitamente moldados balançam.

—Isso é ridículo Hillary...Esse seu comportamento infantil, será que é tão difícil aceitar que Edward está comigo, não com você? Por que, não lida com o fato de que o cara que você dizia estar apaixonada, amadureceu e  não pode mais ser o cara que fazia coisas idiotas com seu grupinho? — pergunto, querendo compreende-la.

—Nem vem com esse papo cabeça, querida...Você roubou o Edward de mim. Eu devia ser a escolha dele. Eu sou perfeita para ele. — ela ainda está em negação.

—Ele não é uma coisa, para ser roubada...E você nunca foi perfeita para ele,nem nunca será...Você sempre despertou os piores sentimentos do Edward, nunca apoiou as escolhas dele, nunca tentou entender quem ele era de verdade, e que ele merecia muito mais do que tinha. — discurso e ela ri com escárnio.

—Você acha que ele te ama, dessa forma toda intensa, essa forma que ele expõe esse sentimento...Mas, não sabe da missa metade...Edward, nunca te disse porque se aproximou de você, certo? Bom, eu direi, Edward, ele... — Hillary não tem oportunidade de terminar, pois meu namorado, surge do fim de corredor, e a interrompe.

—Hey, Katherine, estava te procurando. — ele me conta, e me dá um selinho, na frente da loira amarga.

—Acabei de chegar...Hillary estava conversando comigo e eu tenho a impressão que queria me contar algo importante. — digo a ele de forma calma e ele se mexe desconfortável.

—Deve ser alguma besteira, não é Hillary? — fuzila ela com o olhar. — Depois, ela pode falar...Agora, acho melhor você ir atrás da Maggie, algo aconteceu com o vestido da Julieta e ela está aos gritos. — me conta.

—Sim, Katherine, vá atrás da sua amiguinha...Garanto, que o que eu tenho para te dizer, será dito logo logo. — Hillary anuncia com um sorriso malicioso.

            Hesitante, concordo em seguir Edward, até onde Maggie está, e no caminho noto, que ele está estranho.

—O que você acha que Hillary queria me dizer? — questiono, e ele engole a seco.

—Como eu disse, deve ser uma besteira. — reafirma seu comentário, me fazendo suspirar.

            Parei de andar, e Edward fez o mesmo. Logo, me virei e encarei sua face, que tentava esconder uma expressão de preocupação.

—Se acha que eu não percebi, que desde que voltamos...Você está nesse modo preocupado, é porque não me conhece de verdade. — digo sincera. — Não vou te pressionar para me dizer o que há, só te direi, que independente do que for, eu entenderei...E nós poderemos passar por isso. Você sabe disso. — de forma carinhosa, ele segurou meu rosto, e encostou sua testa na minha.

—Às vezes, acho que não mereço uma garota como você. — Edward murmura.

—Eu é que não mereço um cara como você. — afirmo, e ele sorri.

—Eu te amo, sabe disso, não sabe? — pergunta, ainda em tom baixo, assinto rapidamente. — Eu vou te amar para sempre, Katherine. — me conta.

—Para sempre é muito tempo. — digo sorrindo.

—Não é tempo o suficiente. — o Richards fala convicto.

[...]

—Isso é um desastre. — ouço Maggie gritar, assim que chego ao camarim improvisado, nos fundos do teatro da escola. A loira, andava de um lado para o outro, roendo as unhas, que com certeza demorou horas para fazer.

—O que aconteceu? — assim que nota minha presença, ela direciona seu olhar para mim, e faz sua melhor expressão de drama.

—Aconteceu que um aluno incompetente, que ficou responsável pela produção da peça, sujou meu vestido. — ela berra de novo.

—Foi só uma manchinha de café, já está na secagem rápida. —uma aluna que não sei o nome, diz isso, e Maggie a olha brava.

—Okay...O problema já está resolvido...Tudo vai ficar bem...A peça será maravilhosa. — decreto, segurando Maggie pelos ombros.

—Como tem tanta certa? — ela indaga curiosa.

—Porque, meus melhores amigos são os protagonistas dela, e eles são muito talentosos. — digo sorrindo.

—O mundo está do avesso; Katherine está sendo fofa. — dramatiza.

—Só use todo o potencial que eu sei que você tem. — aconselho.

—Obrigada por estar aqui... — agradece, um pouco mais calma. — Blair ficaria feliz de saber o quão bem você está agora.  — tinha me aberto completamente sobre a história da Blair para ela.

—Bom, Blair era minha melhor amiga, e nunca esquecerei dela...Mas, agora, Maggie...Você é minha melhor amiga...Porque desde que voltei a New Town, me senti perdida...E você, Nick e Edward foram minha luz. — admito e ela me fita com os olhos marejados.

—Isso está ficando bonitinho demais, volte a ser você. — ela pede, e em resposta a isso, eu a abraço, e demonstro o quanto me importo, com essa garota divertida.

—Eu amo você. — digo sincera, e ela funga.

—Eu também te amo. — fala de volta.

—Que momento estranho, essa é mesmo a Katherine, abraçando alguém? — Nick coloca cabeça na porta do camarim. — a garota que eu não sabia o nome, devia ter dito que todos estavam vestidos aqui. — Nós duas gargalhamos, por essas palavras.

             Sinalizei com a mão para que ele se aproximasse, e assim iniciamos um abraço triplo, com choro e risadas.

[...]

    Sorri de forma divertida, quando vi minha sogra se afastar do seu filho, e acenei para ela com ironia, enquanto ela revirava os olhos para mim. Edward me puxou pela cintura, e me levou até onde assistiríamos a peça.

       O professor Xavier adentrou ao teatro, com uma prancheta em mãos, e sorriu para mim, me fazendo sorrir de volta.

—Acho que ainda não disse...Mas, você está linda hoje. — Edward diz sentado ao meu lado, e eu aperto sua mão.

—Obrigada. — agradeço.

         Passo meus olhos por todo teatro, e vejo que a maioria das pessoas, já estão acomodadas em seus lugares, todos a espera do espetáculo começar. Me sinto feliz, por notar que isso dará certo para Maggie. Afinal, ela merece.

        A diretora Hastings, com sua postura elegante e séria de sempre, subiu ao palco, e segurou o microfone em mãos, começando o discurso sobre como estava feliz, por aquele evento estar acontecendo.

            Foi ai que notei, que na escada do canto, Hillary tentava subir lá sem ser percebida, com um sorriso maldoso nos lábios, só que a mesma fora impedida de fazer o que quer que fosse, quando um Harry sério e convicto, a segurou pela braço e a puxou para fora dali.

          Edward, não notara nada disso.

           Suspirei, engoli a seco, e fiz a pergunta:

—Quando iria me contar que apostou que ficaria comigo? — indaguei séria, e meu namorado arregalou os olhos.

        Flashback on.

    Digitei uma mensagem curta para Larysse, destacando os inúmeros motivos para dizer porque não podia falar com ela, naquele momento, e assim continuei, procurando por o maldito crachá que eu usava na biblioteca, e que parecia ter sumido da minha bolsa.

     O refeitório não estava tão cheio, os únicos que se destacavam ali, eram os populares, que estava quase de costas para mim, enquanto eu fuçava minha mochila.

           Nem estava prestando atenção na conversa fiada deles, mas, quando meu nome fora mencionado, fiquei atenta. Harry e Hillary comentavam sobre como havia sido um erro, Edward me livrar do meu quase atropelamento.

“ — Uma aposta, como nos velhos tempos. — Harry disse, em determinado momento.

— Que aposta? — Edward perguntou interessado.

— Eu aposto 200 dólares que você não consegue a conquistar, antes do primeiro semestre acabar. — Harry ofereceu e devido a personalidade sem dignidade do Richards, ele aceitou.”

Engoli a seco, por notar o que eles queriam fazer comigo, mas, em seguida sorri...Era um jogo...E eu adorava jogar.

Flashback off.

—Você sabia? — ele questiona quase sem voz.

—Eu sabia,desde o começo. — admito, e ele ofega.

—Como? — quer se martirizar.

—Eu estava lá, quando você a fizeram...Eu era, bem...invisível, vocês não notaram minha presença. — digo dando de ombros.

—Eu... — ele não sabe o que dizer.

—Eu esperei, que em algum momento você me dissesse. Mas, não aconteceu. Era isso que Hillary queria me dizer, não é? —indago calma e Edward suspira.

—Você confiou em mim, mesmo sabendo dessa maldita aposta...E nunca me acusou sobre ela... Por quê? — está atordoado.

—Porque eu te amo...Porque você mereceu que eu confiasse em você...E porquê eu sinto, com cada célula do meu corpo, que você me ama também...E que essa aposta só significou algo para você, no começo...Porque o que sei, é que o que temos é muito mais que um clichê adolescente...Somos fortes, e melhores pessoas, juntos...E não seria uma pessoa como eu, que cometeu vários erros, que desistiria de você, sabendo que cometeu esse. E se for para termos um para sempre, que ele comece sem segredos. — decreto e ele fica estático por um momento.

—Eu realmente não mereço você. — é o que ele diz, antes de me beijar da forma mais amorosa que pode.

[...]

   A peça ocorreu da maneira mais bela, que poderia ter acontecido, e quando um dos beijos do espetáculo aconteceu, todos notaram que Maggie e Nick não estavam interpretando nada, eles realmente se amavam. Bom, no fim o clichê aconteceu, e Romeu e Julieta morreram. Mas, na versão real, Maggie e Nick continuaram a se beijar após o fim da peça, provando que só as histórias fictícias tinham um fim trágico. Na realidade, tentamos dar um jeito para fazer dar certo.

 Segunda temporada.