Tentação escrita por MePassaAManteiga


Capítulo 46
- Capítulo 46


Notas iniciais do capítulo

Oiii.

Esse não demorou tanto, mas talvez o outro demore. Desculpem por isso.

Beijos, beijos e boa leitura.



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Jess não estava em casa, isso significava que eu teria que ficar sozinha com Hanna. Ter um tempo com Hanna não seria a pior coisa do mundo, porque eu queria respostas e pensei que ela não hesitaria em me contar algo. A única pessoa que escondia algo de mim, para me proteger, era Jess. Mas Hanna não queria me proteger e ela era sempre direta, falava sem se preocupar.

– Kane deve estar com o celular. – Comecei a falar. – Eu ligaria para ele se não tivesse esquecido o meu em casa. – Trabalhei em uma expressão que deixasse meu rosto melancólico ao ponto de acender uma minúscula chama de pena em Hanna, com esperança de que ela me emprestasse o dela, mas não funcionou muito bem.

– Isso é ridículo. – Ela mostrou os dentes, não com um sorriso, aquilo não era um sorriso.

– Preciso falar com eles, Hanna. – Implorei.

– Isso é ridículo, de novo. – Ela tirou o smartphone do bolso de trás da sua calça de couro e o estendeu para mim.

– Obrigada. – Não foi um agradecimento tão profundo, mas foi.

Disquei os números na tela e esperei que Kane atendesse. Foram necessárias apenas duas chamadas para que a ligação fosse recebida, e a voz que atendeu não era a que eu esperava.

– Eles simplesmente estarão mortos em menos de trinta minutos, então eu aconselho que você apareça. – A voz grossa e talvez conhecida disse. – Eu sei aonde está e sei que seu namorado está em busca de pistas, mas isso foi apenas para afastá-lo um pouco enquanto eu faço negócios com você.

Minha boca se abriu automaticamente e meus olhos embaçaram-se com as lágrimas. Hanna parou de ajeitar as botas quando viu meu estado, seu olhar era confuso.

– Eu vou desligar e você vai vir para casa da minha querida Hanna, então conversaremos. – Ouvi seu riso abafado. – Mas lembre-se, você tem apenas vinte e nove minutos agora.

O celular ficou mudo. Eu não fiz nada de imediato, encarei Hanna sem dizer nenhuma palavra. Eles estavam mantendo meu irmão e minha mãe presos na casa da Hanna e ela poderia estar envolvida, ela poderia ser uma traidora, para mim ela sempre fora uma, mas para Jess não. Uma cena rápida passou em minha cabeça e eu não pensei duas vezes em repeti-la na vida real.

Estiquei meu braço para devolver o celular a Hanna, ela não pegou. Ela me olhou de sobrancelhas juntas como uma pergunta, como se estivesse perguntando o motivo das minhas lágrimas e porque eu não estava dando explicações a ela. Eu chacoalhei o celular para que ela o pegasse logo. Quando ela finalmente pegou o aparelho eu corri o mais rápido que pude e entrei em sua caminhonete, tranquei as duas portas e procurei pelas chaves. Elas não estavam no contato, mas eu sabia que Hanna não havia levado junto a ela. Abaixei minha cabeça para ver se ela estava no chão do carro e vi um pedaço metálico, puxei-o e eram as chaves.

Nesse pouco tempo, Hanna já estava do lado de fora da caminhonete, seus olhos não eram tão negros, mas as bolas deles haviam escurecido mais.

– O que está fazendo? – Ela gritou, tentando abrir a porta. Hanna não quebraria o vidro do seu próprio carro, pensei. Meu pensamento estava totalmente errado, ela preparou o punho para socar o vidro, com seu movimento eu liguei a caminhonete e consegui sair rápido, mas não tão rápido. Hanna conseguiu quebrar o vidro, os cacos voaram em minha direção, mas não foi o suficiente para me parar.

Eu continuei acelerando, ela estava com as mãos na porta, quase sendo arrastada. Algumas árvores cercavam a estrada de terra, virei o volante em direção a elas, Hanna percebeu o movimento e pulou do veículo. Respirei fundo com dificuldade e olhei pelo retrovisor, ela estava no meio da estrada puxando o celular do bolso, pude ver seus movimentos. Ela não estava nem um pouco feliz.

Mas um problema ridículo apareceu, o que adiantaria essa minha fuga se eu não sabia onde ficava a casa da Hanna?

Com o pé no acelerador, eu vasculhei o porta luvas dela afim de achar algum aparelho celular. Ela não teria apenas um aparelho ou teria?

Meu corpo todo se esquentou, eu estava prestes a explodir. Como fui tão burra, eu precisava dela para chegar até o local, mas ela não era confiável, algo me dizia que ela tinha a ver com tudo o que estava acontecendo naquele momento. Não era tão aceitável saber que o desgraçado que queria me matar descobriu o local onde eles estavam escondidos. A casa dela talvez fosse o local onde eles todos armavam todos os planos.

Meus olhos encheram de lágrimas mais uma vez, eu estava com raiva por não saber onde ir e me culpei por toda essa confusão perigosa que havia metido minha família e meus amigos. A palavra amigos me fez mudar o destino, que nem eu mesma sabia que estava pegando, indo para a casa do Louis.

O tempo não estava bonito quando saí da caminhonete, nada estava bonito. Eu corri para a porta da frente e bati várias vezes com muita força.

– Um instante. – Uma voz feminina abafada.

Eu estava com muita pressa para esperar um instante, virei o trinco da porta e abri-a com força.

– Desculpe. – Falei, tentando respirar. – Louis? Louis está? – Perguntei a mãe dele, que se assustou com minha entrada brusca.

– Ora, Mag. – Ela disse em um sorriso. – Querida, o que houve?

Demoraria muito tempo se eu esperasse por ela. Meus olhos enxergaram um telefone fixo em uma pequena mesa do lado do balcão da cozinha. Eu corri até ele tirando-o do gancho, precisava ligar para o Kane e pedir informação para quem quer que atendesse.

– O que está acontecendo? – Ouvi a voz de Louis, mas ele não era prioridade naquele momento.

– Espero que seja importante. – A voz disse do outro lado da linha.

– Me diga aonde você está.

– Isso já foi dito claramente. – A voz era calma.

– Eu não sei onde fica a porcaria da casa da Hanna. – Explodi em lágrimas.

– Meu Deus, eu não estou entendendo. – Disse a mãe de Louis com uma mão em seu peito e uma na boca, ela estava em choque, mas não tanto quanto a mim.

– É a única galeria de arte que se situa no meio do nada. Você tem dezoito minutos. – Ele desligou.

Esqueci de respirar por alguns segundos. A galeria em que Jess havia me levado era a casa da Hanna, eu precisava chegar lá o mais rápido possível.

Soltei o telefone e corri para fora, ouvi passos atrás de mim, mas não parei para ver quem era. Entrei na caminhonete com toda pressa e dei partida, ela só pegou na terceira tentativa. A porta do outro lado se abriu e Louis sentou do meu lado.

– Me conte que droga está acontecendo com você. – Ele gritou, segurando o volante.

– Não tenho tempo. – Empurrei-o com toda minha força. Ele puxou o cinto e prendeu-o. – Você não pode ir. – Falei impaciente, quando percebi que ele estava disposto a ir junto.

– Você assustou minha mãe e a mim. – Ele estava exaltado. – Eu estava prestes a voltar para clínica, estava fazendo as malas. Decidi voltar mais cedo. – Se ele estava esperando eu dizer algo sobre sua saúde, ele estava enganado.

– Dane-se então.

Acelerei bruscamente a caminhonete e segui o caminho que Jess seguiu quando fomos ter nosso primeiro encontro. A toca da Hanna era na galeria e eu pretendia chegar lá em menos de dezoito minutos. Jess estava em algum lugar, talvez sendo espionado por demônios, mas isso não era tão importante. Se eu me entregasse logo, nada aconteceria com ele, isso tudo acabaria. Ele estaria livre de tanto trabalho e minha família ficaria a salvo.


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