Tentação escrita por MePassaAManteiga


Capítulo 45
- Capítulo 45




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Acordar e sentir o cheiro de Jess foi muito bom, mas perceber que ele já não estava mais comigo me deixou um pouquinho chateada. Minhas mãos passaram pelo lençol da minha cama, onde Jess havia adormecido. O travesseiro tinha o seu perfume e eu sorria a cada respiração minha, relembrar o que havia acontecido na noite passada me deixava ansiosa, talvez por querer que acontecesse de novo o mais rápido possível.

Me levantei, alongando meu corpo. Eu estava usando a camisa do Jess, apenas a camisa dele. Depois de sorrir parada como uma estátua do lado da minha cama, ouvi uma tosse forçada. Hanna estava sentada na minha cadeira de pelúcias e os meus ursinhos estavam espalhados no chão.

– Encantada? – Hanna sorria, mas seu sorriso não era simpático, era nojento.

– Está fazendo o que aqui? – Perguntei, quase explodindo. Puxei meu edredom para cobrir meu corpo.

– Não é necessário se esconder. – Ela entortou a cabeça. – Não há nada aí que eu não tenha. – Ela apontou com seu indicador para minha parte íntima.

– O que... O que faz aqui? – Rosnei.

– Vim lhe buscar. – Ela se levantou.

– O que? – Fiz careta, não entendendo. – Porque?

– Problemas. – Ela esticou uma perna para o lado, de braços cruzados.

– Que problemas? – Perguntei, enrolada no edredom. – Jess mandou você?

– Talvez. – Ela se aproximou. – Podemos ir mais rápido? – Sua expressão era séria, mas mesmo sendo algo sério, ela não parecia tão preocupada. – Vista algo, vamos dar uma volta.

– Não vou a lugar algum. – Falei, me atirando para o banheiro. – Tenho aula, deveres. – Aumentei a voz depois de trancar a porta, deixando Hanna do lado de fora. – E minha mãe não vai gostar da minha saída, você sabe... – Hanna não me deixou explicar.

– Sua mãe não está em casa. – Sua voz estava abafada, pude ouvir seu ombro encostar na porta.

– Como? – Eu abri a porta, já esperando qualquer notícia ruim.

– Fique tranquila, ela está em boas mãos.

– Que boas mãos? O que está havendo? – Não havia tranquilidade na minha voz, eu estava pirando.

– Se vista. – Ela revirou os olhos e deu meia volta.

Não molhei o cabelo para poupar tempo, mas passei uma água em meu corpo porque eu estava precisando muito. Coloquei minhas langeries e saí do banheiro, Hanna não estava no meu quarto, aproveitei que ela estava ausente e vesti qualquer camisa, qualquer saia e qualquer sapato. Estava com muita pressa para sequer pensar em parecer bem arrumada.

– Para onde vamos? – Perguntei a Hanna, que se encontrava sentada no balcão da cozinha comendo biscoitos de chocolate. Ela limpou os lábios e jogou o pacote no granito escuro, seus pés bateram com força no chão, ela fez um sinal com a mão para que eu a seguisse.

– Entre. – Ela falou, entrando na caminhonete luxuosa que ela portava. Eu obedeci.

Hanna arrancou com a caminhonete e seguiu um caminho que eu já conhecia, estávamos indo para a casa do Jess.

– É o seguinte, - Ela começou. – Jess teve contato com um demônio.

– O que minha mãe tem a ver com isso? – Questionei, em choque. Ela podia estar correndo perigo.

– Não me interrompa. – Ela mostrou os dentes. – Esse demônio não se identificou, mas ele tem algo com o pai do Philip. Jess está à procura de respostas e ele decidiu manter vocês seguros.

– “Vocês”? – Minha família estava correndo perigo. – Onde está minha mãe? Meu irmão?

– Seguros. – Ela disse.

– Na casa do Jess? – Eu perguntei.

– Não. – Ela riu irônica. – Na minha casa. – Nunca pensei que Hanna tivesse uma casa, na verdade eu nunca pensei em pensar nisso. – A casa do Jess seria o último lugar para se fugir do perigo.

– Então porque está me levando para lá? – Surtei. – Eu deveria ir para a SUA casa, ficar com a MINHA família.

– E outra coisa, o suposto pai do Philip está querendo a sua cabeça.

– O que?

– Eu nem devia ter contado, mas o Jess não ia conseguir esconder por muito tempo.

– Ah meu Deus. – Uma lágrima molhou minha bochecha.

– Precisamos de um plano para matar o chefão.

– Chefão?

– O pai do Philip. – Ela sorriu de canto. Se não fosse sua ajuda, eu diria que Hanna iria adorar me ver ferrada.

A caminhonete parou na frente da casa do Jess. Hanna não usou o cinto de segurança, mas eu sim. Desconectei o cinto e puxei a tranca da porta, Hanna me olhou.

– Não sei o que ele viu em você. – Ela estava séria.

– Desculpe? – Não havia entendido a frase.

– Jess não transa com qualquer uma. – Ela ergueu as sobrancelhas.

– Qualquer coisa que queira falar, saiba que eu não quero ouvir. – Disse, saindo da caminhonete e fechando a porta com força.

– Não seja ignorante. – Ela veio logo atrás. – Ele realmente deve gostar de você.

– Sim, porque diferente de você, ele sabe amar.

– Aprendeu a amar. – Ela disse, com um tom de correção. – Jess não amava.

– Você não precisa dizer mais nada, poupe sua voz.

– Você é especial... – Ela me encarou. – Para ele, é claro. – Riu. – Eu não gosto de você.

– Porque será que eu não fiquei surpresa com isso? – Ironizei.

– Mas ele gosta, e isso é o suficiente. – Hanna parecia séria agora. – Por mais cretina que você seja, eu acho que ele está em boas mãos. Você o mudou e isso é bom, ele é melhor do que antes. E eu... – Ela pausou, parecia que iria engasgar. – Eu agradeço por isso. – Ela cuspiu as palavras. Hanna não era uma pessoa boa, ela era cruel e não se importava, mas quando tinha a ver com Jess ela sempre mudava, não completamente, mas ela parecia ser outra pessoa. Hanna fazia a coisa certa quando era para ajudar o Jess, e então eu percebi que não era só eu que me importava com ele, ela também se importava, tanto que conseguia fugir da sua personalidade cruel e ficar menos cruel, mas nunca deixava de seu mau.

– Está dizendo isso como uma despedida? – Eu perguntei em um tom divertido. – Porque eu realmente não quero minha cabeça longe do meu corpo, você quer?

– Talvez eu queira sim. – Ela riu e eu a acompanhei com risos. – Isso foi engraçado. – Ela continuou. – Mas eu realmente prefiro você sem a cabeça.

– Imaginei que sim.


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