Filhos do Medo escrita por Pégasus


Capítulo 7
Capitulo 7




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— Annie, hoje posso tirar um dia de folga? – Perguntou Lucy.

— Bom dia pra você também. - Respondeu Annie enquanto tomava café sentada à mesa.

Silêncio.

— Claro que pode. – Falou a patroa finalmente.

— Obrigada. - E Lucy se retirou.

Lucy colocou uma de suas melhores roupas e pegou um ônibus para o centro da cidade. Ao chegar ao endereço desejado tocou a companhia e logo uma senhora já de idade atendeu.

— Pois não?

— Olá, eu gostaria de entrar para conhecer as crianças.

— Só um minuto. – Disse a senhora entrando novamente dentro da casa.

Parecia que as pessoas que trabalhavam naquele orfanato não davam a mínima se as pessoas que vinham ver as crianças deviam ser bem tratadas ou não.

— Pode entrar, meu nome é Maria, como a Srta. Chama-se?

— Lucy, é um prazer, conhecê-la, Maria. – Disse apertando a mão de Maria.

— Igualmente. Você quer ser mãe, Lucy?

— Hum, sim... Na verdade, aqui morava uma garota que se chamava Annie, certo?

Silêncio.

— Você é da policia? Olha, eu não sei no que essa garota está metida.

— Eu não disse que você sabia, mas... Eu posso pagar por um pouco de informação.

— Tudo bem... O que você quer saber?

— Tudo.

Então Maria começou a falar tudo o que sabia.

"Os pais dela eram drogados, e não cuidavam dela, acho que ela era abusada pelo padrasto desde pequena, o pai ninguém nunca soube quem era, porque a mãe dormia com vários homens em troca de dinheiro. Então quando ela tinha seis anos fizeram uma denúncia de maus tratos e ela acabou vindo parar aqui. Tenho que dizer, a alma dela já estava morta a muito tempo. Annie não conversava com ninguém, sempre que alguém se aproximava ela reagia da forma mais agressiva possível, muitas crianças foram para a infernaria por causa dela, e deram sorte de um adulto chegar a tempo, caso contrario, ela poderia ter se tornado uma assassina mirim. Então as outras crianças começaram a se afastar dela, mas ela não parecia se importar, então um casal veio aqui num dia de inverno e viram Annie afastada das outras crianças, foi como ver Deus pra eles, você sabe como essa gente é " foi como se tudo estivesse planejado, destino blá blá blá" mas na verdade eles estavam levando uma bomba pra casa e por isso todos estavam afastados dela, acho que o casal meio que se apaixonou pela Annie, ela era uma criança muito bonita, e apesar de tudo era muito inteligente, eu me lembro quando ela aprendeu a ler, se o que disséssemos agora estivesse escrito ela leria, mas enquanto fosse dito ela iria nos ignorar. Era uma criança muito peculiar. Então esse casal a levou. Eram dentistas eu acho.

— Você sabe onde moram?

— Posso olhar para você

— Eu ficaria ainda MAIS grata. - Disse lhe entregando dinheiro.

A moça se levantou e em 15 minutos estava de volta com um papel nas mãos. Entregou disfarçadamente e pegou o dinheiro da outra mão de Lucy.

***

A casa grande e bonita que Lucy encarava era dos pais adotivos de Annie, então ela apertou a campainha com vontade. Uma mulher de meia idade atendeu.

— Olá?

— Oi, o meu nome é Lucy, você deve ser a Sra. Mason, certo? Estou aqui para falar da sua filha adotiva, será que posso entrar?

— An... Claro.

As duas sentaram em um confortável sofá.

— Então... Lucy, posso saber do que se trata?

— Eu sou empregada da sua filha, e... Tenho que dizer que não sei como fazê-la se sentir melhor, eu simplesmente não sei o que fazer, ela surta do nada! - Começou Lucy meio histérica.

A Sra. Mason ao perceber, pediu à empregada que trouxesse chá para acalmar a visita.

— Eu já temia que isso fosse acontecer outra vez.

— Isso já aconteceu antes?

— Sim, e pensar que todos aqueles anos de terapia não a ajudaram de verdade, nossa família quase faliu por isso.

— Terapia? A Srta. Annie já fez terapia?

— Hum, sim, ela teve uma infância traumática e a terapia foi necessária, era uma criança muito agressiva e calada.

— Isso não parece nada com como ela é agora.

—Digamos que a terapia funcionou, pelo menos foi o que achamos, mas foi uma época sombria.

— Por quê?

— Annie costumava matar todos os bichinhos que ganhava coelhos, cachorros, passarinhos, às vezes ela surtava e quebrava tudo, ela nunca dormia a noite, ficava debaixo da cama como se algo a fosse pegar já a pegamos escondendo facas, tesouras e agulhas no quarto, não demorou muito ate percebermos que havia alguma coisa errada com Annie, então o pai dela sugeriu terapia, o psicólogo nos disse que aquelas coisas que Annie fazia eram um reflexo do trauma que ela passou quando criança e que ela ainda poderia ser normal, pois não havia formado sua personalidade, então nós rezamos, rezamos para que nossa garotinha mudasse e... Eu achei que o Senhor tivesse nos ouvido, porque na terapia Annie fez amigos, David e Sara, os pais de David diziam que ele gostava de queimar coisas, mas que a terapia o estava ajudando, o que eu soube de Sara era pouco, ela se automutilava, era uma criança triste. Annie Sara e David viraram amigos inseparáveis, são tão inteligentes, acho que são amigos ate hoje se não me engano.

— Você sabe como ela ficaria melhor em relação a suas crises?

— Ela tomava um remédio, a deixava muito calma, vou te dar alguns comprimidos.

A senhora voltou com uma pequena caixa e entregou a Lucy.

— Obrigada.

— Posso te pedir uma coisa? – Perguntou à senhora.

—Claro.

— Cuide da Annie por mim, eu sei que um dia ela se verá longe desses demônios que a cercam a noite.

Lucy deu um sorriso fraco. Sinto muito, mas sua filha é o único demônio que cerca algum lugar. Pensou.

— Vou fazer o possível. - Disse abraçando a mãe adotiva de Annie. - Ate, mais e obrigado por tudo.


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