O sol nascia vermelho e impetuoso no horizonte, e pela janela de uma sala escura uma garotinha de pele morena e cabelos ondulados assistia mais um dia de dor, imaginou ela, ser adicionado a sua vida sem que pudesse fazer nada. Deveria ser bonito, mas a garota de 6 anos, só pensava que a sua vida não mudaria em nada, e que as coisas continuariam a serem ruins. Ela olhou em volta, estava sentada no chão frio, e apenas com o que lhe parecia uma blusa qualquer, seu padrasto dormia no sofá, enquanto sua mãe estava desmaiada na cozinha em estado de transe. Havia diversos tipos de drogas espalhados por todos os lugares da casa, cada cômodo parecia abandonado devido a sujeira e o cheiro do ambiente.
Fazia horas que a pequena garotinha não era alimentada, nem tomava banho ou sequer tinha sua existência notada, a não ser nas horas em que seu padrasto a visitava a noite após sua mãe limpa - lá, e ele a tocava como adultos costumam fazer.

Então a mãe da garotinha perdia a cabeça, e arremessava garrafas, pratos e jarros, na direção do companheiro, ele corria atrás dela e a segurava com força pelos braços, à batia com brutalidade e depois se drogava, a mãe fazia o mesmo, e no fim os dois drogados se esqueciam de tudo e caiam em delírio.

E a pequena garotinha que assistia a tudo sóbria, mais uma vez era esquecida ali. Violada, corrompida e destruída. Talvez fosse seu choro que incomodava os vizinhos que os levaram a pensar que ali havia algo de errado. Naquela manhã sem esperanças e sonhos, a porta da casa foi arrombada, e vários homens de farda que carregavam armas, prenderam os adultos da casa, mas foi uma mulher com uma expressão aterrorizada que tirou a pequena garota do chão, tirou sua jaqueta de policial e lhe cobriu o pequeno corpo, a garota ainda mais assustada resistia chorando e gritando ao mesmo tempo agressivamente.

Naquele dia a vida daquela menina mudou completamente, mas não mais do que a das pessoas que a conheceriam daqui para frente.