ESD - O Controle escrita por SEPTACORE
A nossa viagem foi o máximo.
Assim que chegamos, os novatos, incluindo eu, descemos pro deck enquanto Felipe e Alexandre iam colocar o barco em terra, para guardá-lo na casa dos barcos. Devo admitir que o poder de Alexandre foi bem útil, ao formar uma rampa de terra que ia até o deck.
A fortaleza mutante que eu imaginava não era bem uma fortaleza. Na verdade, era uma mansão que presumi ter quatro ou mais andares, e é claro, as duas torres gêmeas que ficavam a oeste e leste da mansão. Deduzi também que fossem torres vigias, já que era enorme e havia duas pessoas em cada uma delas com armas a mão.
Saímos do deck acompanhados por uma moça muito linda de cabelos negros, uma pele muito branca e um sotaque encantador. Por mais que o Brasil seja um país de uma etnia estrondosa, aquele não era mesmo um dos nossos sotaques.
– Olá, sejam muito bem vindos! - ela nos levou até a porta da mansão como uma guia. O jardim e as árvores enormes deixavam o lugar verde demais. Não que eu não goste, mas há muitos animais selvagens, principalmente em uma área como essa, na região norte. - O meu nome é Sara Santos, portuguesa, no entanto aqui desde os meus 13 anos.
A mansão olhada de perto era ainda mais gigante. Sua aparência era a de uma forte e duradoura construção. Feita para resistir a ataques e séculos.
Sua cor era noventa por cento branco, com excessão da pintura que rodeava as inumeras dezenas de janelas do segundo andar. O telhado era um vermelho escuro e possuía uma passarelaque me lembrava uma muralha chinesa, feita de blocos de pedra.
Sara abriu a enorme porta dourada e uma visão de uma grande sala de estar nos fez ficarmos boquiabertos. A sala, além de grande, era bonita e tinha lareira, muitos sofás, mesinhas com revistas, televisão de setenta polegadas - que parecia mentira, mas não era. - e paredes brancas, beges, tapetes vermelhos e azuis, janelas e suas cortinas e é claro, lustres que reproduziam uma luz confortável.
– Essa é a nossa residência. - no fim da sala, onde na esquerda havia portas que provavelmente levariam a cozinha e mesas, havia uma escada gigantesca com um tapete cobrindo cada degrau. - Esse é o primeiro de quatro andares. O segundo são os dormitórios de todos; o terceiro e quarto são... Andares secretos que a maioria não tem permissão. E também não esqueçam que em mais ou menos dez ou doze horas chegarão mais pessoas, e enfim a escolha de ambos vossos dormitórios será tomada.
E ela saiu da mansão, deixando-nos enquanto Felipe e Alexandre chegam e se jogam no sofá. Alguns de nós fazemos o mesmo e segundos depois algumas pessoas aparecem descendo a escada.
– Não se joguem no sofá desse jeito. - diz um sujeito alto. - São novatos e já querem quebrar tudo?
– Não enche, Matheus Hipólito. - diz Bárbara, com todos os olhares voltados a ela, inclusive o de Matheus.
– Desculpe. O quê? - perguntou.
– Você me ouviu. Não enche.
A maioria de nós deu um riso abafado.
– Ah, telepatia. - diz ele, já próximo a porta, e aponta o dedo para a cara de Barbara. - Um poder um tanto grande para uma pessoa de... Aparência de mal caráter.
De seu dedo, sai um espinho que, por centímetros, não acerta Barbara, mas sim o sofá atrás dela. E sai, deixando Barbara nervosa.
– Quem ele pensa que é?
– Matheus Hipólito, um dos primeiros dessa geração a vir para a entidade. - responde Felipe. - Ele gosta de mandar, mas não confunda as coisas.
– Eu tô morrendo de fome. - diz André, mudando completamente de assunto.
– Eu também - completa Felipe, levantando do sofá e se esbarrando com a garota que descera a escada com Matheus. - Desculpe, Julia.
A garota pegou uma das revistas, disse oi para todos e se sentou numa das poltronas.
– Julia Luch, também uma das primeiras dessa geração. - avisa Felipe, chamando os que estão com fome para a cozinha. Eu, Barbara, Monique, André, Toni, Gorran, Ney e Mattheus o seguimos.
– Gente, isso aqui é enorme. - diz Monique, enquanto andamos no corredor no fim do primeiro andar. Chegamos a cozinha e tudo que vemos é uma organização inegável. Várias mesas estão espalhadas, e Felipe senta em uma delas.
– Prepare um sanduíche pra gente. - diz ele para Mattheus Marques. - Você se multiplica. Consegue fazer, vai.
Todos sentamos em volta da mesa e conversamos enquanto vemos Mattheus e seu "clone" fazerem uma bagunça no balcão. Ainda sim, é trabalho para apenas duas pessoas, mas ninguém se importou.
– Aquela viagem foi sinistra. - exclama Toni. - É sempre assim?
– Depende - responde Felipe. - aquele túnel é uma das vinte e cinco passagens subterrâneas escondidas em cada estado do país. Seu tempo é reduzido em cada uma delas e nesse começo de 2015 é o ano em que mais chegará pessoas até muitos anos mais tarde. Fora os que já estavam aqui, como eu, que cheguei há menos de cinco meses, vocês; que são de São Paulo, são os primeiros. O restante chegará no fim da tarde ou nos próximos dias. É meio complicado.
– Você é de Santos. - Barbara diz.
– Eu vou te prender de cabeça para baixo em uma daquelas torres de vigia se continuar lendo minha mente. - avisa Felipe, com um tom sério, mas em seguida rindo.
– Ai que medo. - encena Bárbara, quando Mattheus traz o sanduíche de cada um nos pratos.
Todos se servem.
Algumas horas mais tarde, fomos apresentados á maioria. Sara nos chamou para visitarmos toda a entidade. Conhecemos primeiramente a horta, onde Americo - um sujeito alto e forte - carregada mais de 10 sacos de fertilizante. Depois, vimos Athos, um rapaz alto e magro com barba mal-aparada, desenhar na grama usando raios-laser que atirava pelos olhos. Passamos pelo campo de futebol e depois visitamos o lago, onde Isadora - uma menina morena de lábios muito vermelhos - estava sentada em uma árvore, rodeada de cobras de todos os tipos.
– Como ela consegue? - Pergunta Toni, aflito.
– Ela tem o dom de controlar serpentes e transformar-se em uma, se quiser - Diz Sara, pálida - Eu tenho fobia á cobras, então evito falar com ela.
Depois, entramos novamente na casa. O primeiro andar já havíamos conhecido. O segundo, era um corredor que parecia ser infinito e que, provavelmente, atravessava a mansão toda. Haviam vários outros corredores paralelos, que levavam todos á uma série de portas. Nessas portas, haviam quartos com no máximo 5 camas, onde um grupo de super desenvolvidos dormia.
– Mais tarde vocês poderão escolher seus dormitórios - Diz Sara - Agora, sigam-me para o terceiro andar.
O terceiro andar era igual ao segundo. Sò havíam menos portas, e quando Sara abriu uma delas, encontramos um ambiente com várias mesas e cadeiras, uma enorme lousa e várias estantes com livros.
– Esse é o andar dos estudos. Somos pessoas super desenvolvidas, mas não é por isso que devemos deixar de estudar.
Subimos para o ultimo andar através de outra escada. O quarto andar era um pouco menor do que os outros. Metade dele tinha mesas cheias de componentes e aparelhos estranhos que me lembravam química. E na outra metade, havia uma série de armas sendo testadas por Julia.
– O poder dela é super-inteligência - Diz Sara - Consegue desenvolver qualquer coisa com seu cérebro, além de resolver qualquer problema.
Um barulho de metal chama a nossa atenção. Tiago, um garoto alto com bochechas rosadas estava entortando uma barra grossa de metal no ar.
– Ele consegue manipular metal - Diz Sara - Bem, não vamos atrapalhá-lo. Alguma duvida?
Depois de alguns segundos de silêncio, Mattheus pergunta:
– Pra que servem essas armas se todos temos poderes.
Sara o observa com um olhar severo, depois responde:
– Nem todos conseguem se defender usando poder - Diz Sara - Felipe, por exemplo, não pode ferir ninguém usando a super visão, ou Toni, que se torna invisível.
SInto-me mal ao perceber que quase todos já sabem seus respectivos poderes. Ainda não compreendo muito bem o meu, só sei que, quando alguém me atinge, volta pra pessoa. Como aquele dilema: "tudo o que vai, volta".
Depois de mais algumas perguntas do tipo "posso ter uma espada?" ou "vocês têm skates voadores?", Sara nos liberou para fazer o que quiséssemos. Fui para a beirada do rio, junto com Toni, Mona, Ana e Gorran. Descobri que eu nãoera o único chamado de "anormal". Depois, eles ficaram conversando sobre seus poderes, e descobri que Ney quebrou o braço ao cair no telhado em uma tentativa de voo. Gorran quebrou sua TV sem querer quando soltou um raio de plasma. Mona quebrou a mesa de sua cozinha uma vez, quando seu braço se tornou metal. E Toni:
–...Fui brincar de esconde-esconde uma vez e tive de me render, pois ninguém me achava.
Todos rimos, e Mona pergunta:
– Também usava isso pra escapar dos valentões de sua escola?
– Por acaso você é a Bah pra ler minha mente assim?
Voltamos a rir, até que Gorran nos interrompe.
– E você, James, que desastre aconteceu?
Não me lembro de nenhum, a não ser os recentes, que me levaram a ser achado por Fili.
– Joguei vôlei e acertei sem querer um garoto marrento da minha escola, depois a gangue dele me bateu e não senti dor alguma, e sim eles. E aí, fugi com meu professor, e derrotei uma mulher que soltava chamas sem querer.
Eles voltaram a rir, mas dessa vez eu não, pois isso realmente aconteceu.
– Parece que o sol está te fazendo mal, vamos entrar pra mansão e tomar uma limonada - Diz Ney.
Seguimos para a mansão. Fiquei sem contestar, deixando-os rirem da minha história. Quando eles compreenderem meus poderes, vão saber que falei a verdade.
Mais tarde, escolhemos nossos dormitórios. Acabei ficando no mesmo quarto de Toni, Mattheus e Gorran. Antes de escurecer, outra leva de alunos chegou na ESD. Esses, vinham de Minas.
Conheci Ricardo, um menino magro e de altura mediana, que hipnotizou Sara - pois esse era o seu poder. Depois, vi uma garota muito bonita apelidada de Lari quebrar a janela da sala sem querer, com seu grito supersônico. E por fim, avistei uma garota com uma blusa que continha dois cortes verticais nas costas. Ela era educada e gentil, apenas de estar inteiramente de roupa preta. Depois de um tempo, entendi o porquê daqueles cortes na blusa, pois de suas costas surgiram asas negras, muito grandes e belas.
Depois de conhecer mais algumas pessoas super desenvolvidas e com dons incríveis, minhas pálpebras começaram a pesar. Subi junto com meus colegas de quarto para o nosso dormitório. Mal cheguei na cama que havia escolhido quando adormeci.
***
A janela do meu quarto tem vista para o amanhecer da ESD, que é lindo. Os primeiros raios de sol surgem por trás das árvores da floresta que cerca a entidade.
Depois de meia hora, o despertador da ESD acorda todo mundo. É quando descubro que temos um galo.
– Bom... Dia - Gorran boceja.
– Dia, apenas - Diz Mattheus.
Toni, porém, não responde. É o mais esperto e corre para o banheiro.
– Ah, F.d.p! - Diz Gorran, apertado, quando bate de cara na porta.
Eu os esperei se arrumar - já que eu estava arrumado - E depois, fomos para a cozinha.
Ao chegar lá, nos sentamos em um espaço vazio em uma das grandes mesas. Havia de tudo nelas: todos os tipos de pães, frutas, iogurtes, cerais, frios, geleias, bolos e até algo verde dentro de pequenos copinhos, que eu não sabia o que era, mas me lembrava muito gelatina.
– É gelatina mesmo - Confirma Alexandre - Só que essa tem um ingrediente a mais. Não sei o que é, mas sei que nos dá energia.
Sirvo-me de uma dessas gelatinas e tive a sorte de pegar um dos meus sabores favoritos: limão.
– Me passa uma banana - Toni diz pra mim.
– Você gosta de banana não é mesmo? - Ri Barbara, no outro lado da mesa.
– Como você ouviu? - Pergunta Toni, mas daí lembra que ela é telepara - Ah, esquece.
Passo uma banana para ele. Nesse momento, Felipe chega e se senta no espaço entre eu e Alexandre.
– Hey, Pfeifer, me passe uma barrinha de ceral - Ele diz, olhando para uma garota de cabelos entre castanhos claros e olhos verdes - Essa daí, de chocolate e morango.
A garota, em vez de jogar, olha para a barrinha de cereais, e a faz flutuar até a mão de Felipe.
– Obrigado. A propósito, gostei da cor do seu sutiã.
Ana faz a barrinha acertar a cara dele e diz:
– Ridículo.
– Qual é a boa de hoje? - Pergunto.
– Vão ter alguns testes e vocês serão avaliados - Diz Alexandre.
Não sei que testes são esses, muito menos o que é War. Como sempre, sou o desinformado.
– Quando terminarem o café, todos os calouros devem se reunir na sala - Sara diz, em cima de uma cadeira.
Termino o café da manhã rápido, ansioso pra saber o que seria.
– Nós vamos agora para o a sala de treinamento - Diz Sara, quando cerca de 30 adolescentes se reuníram na sala, todos curiosos assim como eu.
Sara andou entre a multidão e foi até o final do corredor. Na parede, ela bateu três vezes e um captor de senhas apareceu. Ela digitou uma senha e o aparelho foi para o lado, no exato momento em que a parede amarelada tremeu e se expandiu para trás, revelando um enorme elevador que levava para o subsolo.
Aquilo era uma coisa incrível, e o primeiro grupo de alunos entra no elevador. Depois de umas cinco viagens, finalmente chegou a minha vez de ir. As portas se chefaram e com uma velocidade de fazer beijar o teto, chegamos á sala de treinamento.
As portas se abriram e todos saíram. - Sejam bem vindos á Sala de Treinamento.
Era uma sala de paredes de metal totalmente cinzas e algumas delas alcançavam dez metros de altura, tendo vários aparelhos, tais como máquinas de atirar dardos, alvos, armas, tubos e sacos de pancada.
Todos nos espalhamos para conhecer melhor o local, no entanto Sara chamou nossa atenção, e me surpreendi mais ainda quando a vi em cima de um palco que havia aparecido por meios de botões. Ao seu lado, havia uma garota de aparência pouco mais velha que eu.
– Para os que se perguntam, eu sou Linna Christye, e meu poder é curar e detectar doenças.
Muitos de nós novatos aplaudiram.
– É esse o espírito. - anunciou Sara, que entregava uma caneta e papéis que continham os vossos nomes. - O primeiro a ser chamado é?
Sara olhou para Linna e depois sentou em uma das cadeiras.
– O prim... - começou Linna, mas foi interrompida por um barulho fortíssimo que deixou todos na sala de ouvidos tapados. - Mas o que significa isso?
Sara levantou, e ela se aproximava mais em minha direção enquanto o barulho continuava, e os raios eram ouvidos do subsolo.
– Venha. - por um momento pensei que estivesse falando comigo, porém um garoto loiro e de altura mediana surgiu de trás de mim e a acompanhou. Suas mãos tremiam e as máquinas em todo o centro tremiam também, até que Sara o acalmou e o barulho cessou. - Lyn, anote aí. Ele é um manipulador novato.
– Do que exatamente? - perguntou Linna.
– Coloque Manipulação de Aparelhos. - Sara recomendou para que o garoto, que eu conhecia como Gabriel Bolzan, fosse deitar um pouco.
Ele pegou o elevador e as portas se fecharam. Sara voltou ao seu lugar e Linna anunciou o próximo:
– Stefani Santos - uma garota de cabelos castanhos e enrolados se aproximou do segundo palco montado para os novatos e ficou calada. Tempo de um tempo se concentrando, Stefani foi encolhendo aos poucos, até ficar da altura de um copo.
– Consegue alterar seu tamanho - diz Linna. - Por acaso consegue ficar maior também?
Stefani volta ao normal, e depois responde:
– Ainda não, mas acho que consigo ficar mais alta se eu me esforçar.
– Vai sonhando. - Ri uma garota ao meu lado. Ela é alta, tem a pele bem clara e cabos ruivos e enrolados. Também é a proxima a ser chamada.
– Letícia de Lima - diz Lyn.
Enquanto Stefani desce, Letícia sobe. Ela mal chega ao palco e sem querer aciona um dispositivo no teto.
– CUIDADO! - diz Sara, mas já é tarde.
Letícia mostra o seu poder no momento. O dispositivo atira uma bolinha de tinta, que se espalha no ar, enquanto a garota erque os braços. Posso ver a barreira invisível em que a tinta se espalhou.
– Campos de força - diz Sara.
– Próximo, Luiz Felipe Timbó.
Um garoto magricela, moreno e de óculos quadrados sobe ao palco. Ele caminha até a parede de metal e muito lentamente a atravessa.
– Muito bom, consegue atravessar sólidos - diz Lyn. - Próximo: James Camões.
Nesse momento, meu corpo gela. Demora alguns segundos até subir ao palco. Lá, não faço nada, por muito tempo.
– Já pode demonstrar o seu poder - diz Sara.
– Bem, não sei exatamente o que eu faço - digo. - Atirem fogo e mim, por favor.
A sala inteira ri, inclusive Linna. Depois, um garoto um tanto baixo e moreno, com uma expressão de desprezo, sobe ao palco.
– Você não foi chamado - diz Sara.
– Não preciso disso - diz ele. - Sou Dollohov. Algusto Dollohov.
Depois, ele se vira pra mim, e levanta sua mão direita.
– Terei o prazer de atender o seu pedido.
Sara e Linna tentam impedílo, mas quando vão pará-lo, as chamas já estavam vindo em minha direção. Usando o braço direito, rebato as chamas para o lado, e elas correm em direção á parede.
Tudo o que vejo é a cor laranja em contraste com o amarelo. Depois disso, não vejo mais nada, pois assim como antes, eu desmaio.
Pelo menos tenho certeza de que não morri.
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O capítulo não foi editado, desculpem a demora para postar, e a partir de agora nenhum via ser editado. Esperamos que gostem e se acostumem :D