O REVERSO DA MEDALHA - Fanfic Express escrita por Serena Bin


Capítulo 1
A Proposta


Notas iniciais do capítulo

FELIZ ANO NOVO TRIBUTOS.Ano Novo Fanfic Nova.Agora eu escrevo sobre o Peeta. O enredo compreende o período entre o resgaste da 2ª arena até o resgate do 13. Espero que gostem, escrevi com muito carinho.Boa leitura.:)



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EU OUÇO A VOZ DE KATNISS CHAMAR, mas depois de alguns minutos sua voz fica inerte. Ouço um estrondo e tudo na arena agora está em chamas.

No momento em que presto atenção no ocorrido, noto o campo de força a minha volta se desfazer em uma chuva de faíscas fluorecentes.

O aerobarco pousa rapidamente por entre as árvores. Corro em sua direção mas eventualmente sou impedido porque uma tora de madeira cai em labaredas bem a minha frente; não me resta muito a não ser observa-la levantar a pinça encarregada de tirar os tributos mortos da arena.

É então que noto. Os cabelos negros e cacheados balançando por entre as grades. Eu não quero acreditar, mas reconheceria aquelas mechas em qualquer lugar. Katniss. Explosão. Aerobarco. Pinça...

Morta.

Não há um som para que minha voz se faça audível, porque nesse momento um filme está rodando em minha cabeça.

É involuntário quando pulo a enorme árvore caída sob meus pés. As chamas ardendo em minha pele, minhas botas vermelhas pelas faíscas. A dor não é nada comparada com a sensação de ver a grade subir com o corpo dela. Eu corro, chamo por seu nome mas nada adianta. Em minutos o aerobarco desaparece pela fenda no céu. Me deixando completamente só.

Permaneço na inercia porque meu corpo perdeu a habilidade de se manter em pé. Com os olhos entre aberto miro tudo atônito. Vejo ao longe Enobaria se esconder em baixo de um tronco, tenho também a impressão de ver Finnick e Beetee subirem pela pinça também; então algo atinge minha cabeça em cheio, estou caído, minha cabeça explode de dor, então vejo uma pinça vindo em minha direção. Eu fecho os olhos.

–--

Ela corre ao meu encontro. Estamos na campina do 12, ela mantem os braços abertos e um sorriso nos lábios, e quando estamos perto o bastante um do outro, vejo seus lábios formarem um sussurro.

Não entendo as palavras porque não existe som algum, eu busco toca-la mas minhas mãos tocam apenas a névoa. Vejo o corpo de Katniss fugir por entre meus dedos, é quando sou puxado para longe dela, pouco a pouco tudo vai ficando escuro e nebuloso. A última coisa que vejo são seus olhos cinzentos ficando encharcados de morte. Morte, o cheiro da coisa é fatal. Quando perco o ar tudo se desfaz.

O quarto é branco. As paredes são feitas de algum material acolchoado, e há grades na pequena janela.

Estou desperto, e sinto que a dor já não é excruciante, então olho para meu braço e vejo o tubo que injeta morfina em minha corrente sanguínea.

Eu não morri. Eu venci afinal?

Estou pensando em tudo. As lembranças ainda vívidas em minha mente me fazem chorar.

Eu venci. Não quero vitória alguma sem ela.

Eu me debato por que a dor está voltando. Pensar que Katniss está morta é doloroso demais e saber que provavelmente não terei a chance de lhe dizer adeus antes de seu funeral, torna tudo insuportável.

Estou lutando contra os tubos em meus braços quando a porta se abre. De trás dela sai um homem alto com cabelos brancos, a quem julgo ser um médico.

Ele lança para mim um olhar desconfiado, avalia meu estado e imediatamente ordena a uma das enfermeiras que aplique mais medicação em mim.

O efeito da droga em meu sangue é instantâneo. É involuntário quando sinto que estou mais relaxado, no entanto ainda estou consciente quando ouço uma conversa entre o medico e a enfermeira.

– Ele está bastante fraco. - Diz a enfermeira - Está com um inicio de anemia.

– Temos que deixa-lo inteiro até amanha à noite - o médico me encara, mas sua voz é sussurrada de modo que quase não entendo a última parte- Lembre-se, o presidente Snow quer uma aparição dele no programa de Caesar Flickermann.

A conversa continua, mas eventualmente um nome me chama atenção.

– Ele já sabe? - pergunta a enfermeira abafando a boca.

– Ainda não - responde o médico - Contarão a ele mais tarde.

Imagino que, o que tenha de ser a mim refere-se a morte de Katniss, então eu intervenho roubando-lhes a atenção:

– Voces conseguiram afinal...mata-la - Digo vagarosamente mas com firmeza.

Há raiva em minha voz. A dor agora é angustiante porque sinto vontade de saltar da cama de hospital e atear fogo em qualquer coisa simplesmente para vê-lo queimar- Snow- como eu estou queimando, como ela queimou. Mas eventualmente sou contido porque mais morfina vem ao meu encontro. Sei que estou ficando inconsciente quando a luz do sol torna-se apenas uma escuro negativo.

Não sei exatamente quanto tempo se passou até que eu finalmente acordasse, mas a julgar pela feridas cicatrizadas em minha pele, posso dizer que dormi por uns dois dias. Aliás eu estou bem melhor. A dor em minha cabeça já não existe, nem ao menos há um sinal de que eu estive na arena À poucos dias, então lembro-me do remédio instantâneo que cicatrizou minha perna em meu primeiro Jogos Vorazes. Claramente a medicina da Capital é um item ímpar.

Ao que parece andaram me alimentando também, talvez por uma sonda, porque me sinto satisfeito e forte fisicamente. No entanto minha mente ainda está quebrada. Pensamentos de como será minha vida a partir de agora, sem Katniss, tudo parece tão sem sentido agora.

Estou perdido em mim mesmo quando sou interrompido pelo som da porta abrindo. Quem entra é uma secretária que me conduz até uma sala de espera.

– Espere aqui - diz já rumando para a saída - Ele já vai atende-lo.

– Atender? Quem vai me atender? - Pergunto incrédulo, mas não há resposta por parte da mulher.

A porta se fecha e eu aguardo sozinho na sala grande e luxuosa. Observo atentamente cada detalhe. O tapete felpudo, o sofá de couro branco, as taças de cristal na mesa de centro, tudo leva a crer que a sala é um saguão; algo me é familiar nesse local, os móveis em mogno, a decoração clássica. Lembro-me de ter visto algo assim na última festa que participei, na mansão de Snow.

Paro e reflito um pouco, e sim, eu já vi essa mobília antes, reconheço que sala é essa.

Minhas expectativas são confirmadas assim que a enorme porta de madeira se abre atras de mim, revelando o que eu já esperava. A sala é um gabinete, e atras da luxuosa mesa de mármore eu tenho a visão de uma figura conhecida.

Ele está ali. Primorosamente bem vestido e bem apresentável, ostentando no peito suas inúmeras medalhas, acima da mesa uma rosa branca que exala um odor inconfundível, e, no rosto, um olhar predador, mortífero e impiedoso.

– Ora, meu rapaz! Que prazer em vê-lo! - Ele exclama com entusiasmo, mas estou perplexo demais para encara-lo, uma paralisia predatória me toma.
Snow. Olhos de serpente.

Aqui e agora, finalmente entendo a metáfora de Katniss.

Quando se diz que uma pessoa tem algo de sombrio no olhar, certamente imaginamos uma nuvem negra, algo como um ar mórbido, mas em Snow, o olhar sombrio vem pelo fato de ser claro como o cristal e isso é o que o torna tão maléfico e destrutivo.

Adentro à passos curtos e desconfiados preparando-me para uma possível rota de fuga caso tentem me matar. Mas nada acontece. Snow está sendo amigável comigo, me fazendo sentar e degustar biscoitos com chá de cidreira. Eu naturalmente recuso a oferta, não é seguro ingerir nada que venha das mãos de Snow.

Estou olhando fixamente para o chão, evitando seus olhos de serpente quando ele inicia:

– É bom te ver Sr. Mellark. - ele diz estendendo a mão, mas eu não ofereço a minha - Tenho duas notícias para lhe dar, uma boa e outra ruim, você é quem escolhe a primeira.

Não há uma resposta de minha parte porque nesse momento estou pensando que provavelmente a boa noticia que Snow se refere é a morte de Katniss e a má noticia...bem eu não faço a mínima ideia do que seja uma má noticia para Snow.

– Ok, rapaz - Snow diz sorrindo - Vou escolher para voce. A boa notícia para voce, é que sua amada noivinha Katniss está viva.

Viva.

A palavra que sai da boca de Snow coloca um status de felicidade sublime em mim, mas logo sou tomado pela angustia quando o presidente me dá a segunda notícia:

– E a má notícia... - Snow divaga - É que ela te abandonou. Sozinho ao Deus dará, e posso apostar que está neste momento planejando um ataque rebelde junto com as forças armadas do distrito 13.

Não vejo, mas sei que Snow está apreciando minha confusão.

Abandonado? Não acredito em tal possibilidade porque Katniss em todos os momentos julgava minha vida importante, não sei se porque há um envolvimento entre nós dois, mas se não for por isso pelo menos somos aliados; chego a conclusão de que tudo é uma grande mentira

– Mentira. - Respondo baixo, todavia Snow é atendo e entende minha palavra.

– Oh não meu caro rapaz. - o presidente diz se sentando novamente em sua poltrona atras da mesa - Receio que não seja uma mentira, porque eu realmente queria que ela tivesse morrido naquela arena, mas por algum motivo voces tiveram mais um Sêneca Crane para livrá-los.

– Sêneca? O idealizador chefe d0 74º Jogos? - pergunto confuso - O que ele tem haver com o fato de Katniss supostamente estar viva no 13?

– Oh, sim - Snow responde ironicamente - Ao que parece voces do 12 mantêm um efeito nocauteador sobre idealizadores dos jogos, sim porque tudo indica que um dos mandantes para o resgate de Katniss Everdeen tenha sido Plutarch Heavensbee.

Não há momento para que eu pense, porque Snow me atira mais e mais notícias que me fazem considerar a hipótese de abandono, mas não por parte de Katniss, definitivamente não por parte dela.

– Ah, e seu mentor está com ela no 13. - Snow lança para mim.

Não é segredo que Haymitch escolheu Katniss. Começo a pensar em nosso trato de mantê-la viva, de fazer o que fosse preciso para salva-la. De alguma forma ele cumpriu com o prometido, eu jamais posso culpa-lo por me abandonar num momento em que a unica pessoa que estava em perigo era ela, mas a sensação de ser descartado não é das melhores.

Me mantenho firme. Procurando não aceitar as afrontas de Snow, mas o presidente segue feroz em suas insinuações a cerca de todos os acontecimentos, então quando ele diz que ela já planejara tudo com antecedência, sinto o grito sair com raiva de minha garganta:

– Ela está morta! Voce a matou quando explodiu a arena! - estou de pé esbravejando minha verdade sobre um Snow perplexo - E mesmo que ela estivesse viva, como poderia ter planejado uma rebelião, quando ela estava preocupada em apenas se manter viva?!

Há uma reação involuntária de defesa por parte de Snow, porque no momento em que termino de dizer essas palavras, sinto mãos me segurando levemente.

– Porque ela agiu de maneira ordenada - Diz, mas não sei onde Snow pretende chegar.

– Como assim? - pergunto ainda com raiva.

– Estou dizendo que foi Katniss quem explodiu a arena. Com um fio e uma flecha.

O fio de Beetee. Me lembro de suas palavras.

"Um relâmpago tem um bilhão de wolts. Não vamos querer estar por perto quanto ele atingir a árvore."

Certamente um relâmpago poderia explodir o campo de força da arena, mas pensar que Katniss arquitetou isso vai além de minha compreensão. Eu a conheço e não acho que ela tenha pensado em faze-lo de propósito. Tenho mais certeza de que o impulso foi sua grande motivação, porque Katniss é do tipo que age e depois pensa.
Snow matém os olhos fixos em mim.

– E então meu rapaz, o que me diz? - pergunta com ar superior, talvez ele espera que eu acredite piamente em suas palavras mas eu quero provas de que Katniss esteja viva. Quero ter certeza de que foi ela quem causou a explosão da arena para depois olhar nos olhos de serpente de Snow e ainda sim protegê-la. Porque é isso o que fazemos, protegemos um ao outro.

– Eu quero vê-la. - Digo abruptamente.
Minha voz é firme e não há dúvidas que um novo Peeta surgiu. Agora sou como um leão, capaz de qualquer coisa para proteger sua leoa. Snow dá um leve sorriso sarcástico e pronuncia:

– Então veja. - ele diz ligando a televisão fixada entre duas colunas de mármore preto.

Estou mirando a tela, logo quando a insignea da Capital aparece e mostra a arena. Verde e viva como era, e então, num close posso ver Katniss no momento em que chama o meu nome logo após ouvir uma pequena explosão. Me recordo dessa cena, porque nesse momento eu havia acabado de matar Bruttus.

Mas o mais curioso acontece quando Katniss encontra o fio de Beetee atado a uma lança de madeira. Então se confirma. Snow falava a verdade afinal, foi Katniss quem explodiu a arena ,porque em segundos uma de suas flechas voa para o céu levando consigo o fio de metal, fazendo com que no momento seguinte as câmeras percam a transmissão.

Muito bom - Penso comigo.

Em algum lugar da minha mente eu a parabenizo pela coragem e inteligencia, apesar de saber que tudo fora motivado pelo calor do momento.

Sim, pelo calor do momento. O que me faz ter a certeza de que Katniss nunca participou de nenhum planejamento rebelde, se ela realmente fora levada pelos revolucionários, foi completamente às escuras. Katniss é inocente e eu preciso provar isso a Snow, porque o jogo ainda esta correndo, e o presidente não pode jamais achar que o ato foi intencional como fora o caso das amoras das primeira arena.

– Agora voce vê? - diz - Quem é verdadeiramente Katniss Everdeen? Ela desafiou a capital duas vezes e saiu ilesa, mas eu sinceramente me sinto triste por ela. Porque eu a avisei, não uma, não duas, mas muitas vezes que seus atos mesmo que inconscientes trariam consequências...

Snow mantem agora aquela mesma expressão da noite de meu noivado. Frio, devastador.

Eu sei de qual preço ele fala. Talvez ele queira dizer que pode me matar ou matar a familia dela ou até mesmo Gale, isso com certeza seria um preço alto, mas nenhuma de minhas alternativas estão corretas, porque a morte de qualquer pessoa ligada a Katniss é algo muito trabalhoso para Snow, pelo menos nesse momento de inicio de revolução.

A consequência de Snow é a mais imediata possível. A tela atras de sua silhueta mostra cenas de um bombardeio, aeronaves soltando bolas de fogo, pessoas correndo. Por um momento tenho a sensação de estar assistindo a famosa destruição do distrito treze, mas algo me faz pensar que não é o treze. Definitivamente não é.

Minha mente ainda esta processando cada imagem, quando vislumbro ao longe os escombros de o que seria uma padaria tenho a nítida certeza de que não se trata de um filme de guerra apenas, tão pouco se trata do lendario distrito treze.

É o 12. Queimando. Sendo miseravelmente destruído.

– Mas como sou uma pessoa generosa, Sr. Mellark - Snow continua - estou dando um último aviso à Katniss e seus colegas de quadrilha.

Estou enfurecido e extasiado ao mesmo tempo, permaneço vendo cada cena de terror transmitida pelo vídeo, enquanto Snow continua seu monólogo:

– Voce terá um encontro com Caesar Flickermann esta noite, e poderá apresentar Katniss como uma pobre garota grávida se quiser. Porque os jogos ainda não acabaram. A missão de evitar uma rebelião nos distritos depende de voce, e posso dizer que seus passos dependem dela - Snow olha em meus olhos e se levanta, quando está a ponto de alcançar a porta ele conclui - Se é que voce me entende.

Eu entendo. Mastigo e engulo cada imagem dolorosa, agora tenho de lutar por ela mais do que nunca. Saio da sala antes que a gravação termine, deixando para tras as imagens do meu distrito sendo reduzido a pó.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, se gostou já sabe. Deixe um comentario, é tão rapidinho :)



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